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Transcrição:

GLT/16 17 à 22 de outubro de 1999 Foz do Iguaçu Paraná - Brasil GRUPO III GRUPO DE ESTUDOS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO (GLT) AUMENTO DA CAPACIDADE DE TRANSMISSÃO DE LINHAS AÉREAS, UTILIZANDO CABO CAA DE LIGA DE ALUMÍNIO TERMORRESISTÊNTE () Carlos Alexandre M. do Nascimento* Edino B. Giudice Miguel A. Mourão José M. C. Brito José M. Assunção Beline Q. A. Fonseca Valério O. Albuquerque Helder Lara Ferreira COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS CEMIG Alexandre Queiroz Bracarense UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG Sidnei Ueda FURUKAWA RESUMO Neste trabalho técnico apresentará os resultados da pesquisa desenvolvida na CEMIG em parceria com a Furukawa e UFMG para avaliação da aplicação do cabo CAA 4/ de Liga de Alumínio Termorresistente- e do mesmo cabo de liga Tradicional, os quais foram submetidos à alta temperatura de operação durante um(1) ano. A metodologia adotada para análise dos testes nos cabos serão relatadas nesse trabalho para apresentar os resultados encontrados no experimento, bem como apresentar as vantagens e desvantagens na aplicação dessa nova tecnologia de cabos no sistema elétrico da CEMIG. Palavras-chave: Linhas de Transmissão, Cabos Condutores Aéreos, Liga de Alumínio. 1 - INTRODUÇÃO Mudanças notáveis aconteceram nas concessionárias desde que Thomas Edison começou a comercialização da energia elétrica há mais de 1 anos atrás. Uma das áreas que sofreram grandes inovações tecnológicas é a dos tipos de cabos disponíveis para transmitir e distribuir energia elétrica. Anteriormente à grande utilização do alumínio, o cobre foi o primeiro material utilizado para transmitir eletricidade, durante o desenvolvimento da indústria elétrica na década de 188. As dimensões dos cabos de cobre eram dimensionadas principalmente em função das considerações mecânicas, por causa da desproporcional relação entre a alta condutividade e a resistência mecânica, surgindo, então, a necessidade de revisão dos critérios de utilização de cabos aéreos. A dimensão dos condutores utilizados eram geralmente maiores que o necessário do ponto de vista da eficiência da condutividade elétrica. Por causa do peso, os comprimentos dos vãos eram pequenos e aumentavam o custo global das linhas de transmissão[1]. Os critérios de seleção do tipo de cabo para uso em linhas de transmissão e de distribuição se tornaram uma ciência. A seleção do tipo e do tamanho de cabo ótimos para uma determinada linha requer uma compreensão completa das características físicas de todos os cabos disponíveis. Essa compreensão tem que englobar não apenas os conhecimentos físicos, elétricos, mecânicos e térmicos do cabo, mas também as relações entre essas variáveis, para encontrar a melhor relação custo/benefício na seleção do cabo a se utilizar exemplificadas abaixo. estabilidade da linha x corrente que transporta; operação econômica x carregamento térmico; carregamento mecânico x altas temperaturas; vida útil x fadiga do material. Mais recentemente, novos projetos de cabos foram desenvolvidos para as concessionárias de energia elétrica, novas ligas estão sendo desenvolvidas, buscando avanço nas propriedades mencionadas acima. *Departamento de Engenharia de Linhas de Transmissão ER/LT Av. Barbacena, 12 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil - CEP 3.97-123 Fone: 55 31 349-3382 Fax: 55 31 349-3791 - e-mail: caxandre@cemig.com.br

2 Buscando sempre estar presente no desenvolvimento tecnológico de novos materiais e equipamentos para LTs, a CEMIG desenvolveu, em parceria com a FURUKAWA, a avaliação de cabos CAA com liga de alumínio termorresistente () submetido ao clima tropical. A temperatura normal de operação desse cabo pode atinge 15 C, valor mais elevado que 9 C, o qual é utilizado no tradicional cabo CAA de liga de alumínio (). A LT Experimental da CEMIG foi utilizada para instalação dos cabos CAA de Liga Termoresistente- e de Liga Tradicional, objetivando uma comparação de funcionalidade entre os mesmos. LT Experimental foi readaptada para a execução do procedimento experimental proposto. 2.2 Sistema de Energia A corrente na LT Experimental é regulada através dos reguladores de tensão que mantém um nível de tensão na linha praticamente constante, dessa forma é controlado o valor máximo de corrente na linha (Imax=68 A). A Figura 2 mostra o transformador e os reguladores de tensão utilizados. A Figura 1 mostra a configuração de instalação dos cabos CAA 4/ (Penguin), que foram submetidos a alta temperatura por um (1) ano. LIGA - novo LIGA - novo LIGA - novo LIGA - velho 122 m 89 m FIGURA 1 - DIAGRAMA DE CONFIGURAÇÃO DOS CABOS CAA 4/ (PENGUIN) NA LT EXPERIMEN A Furukawa Electric Co. desenvolveu a liga de alumínio termorresistente-. Devido as características física da liga, um cabo com liga termorresistente pode transportar energia em regime contínuo normal de operação, com a temperatura do cabo alcançando até 15 C, observando-se que a sua vida útil deve ser preservada nas mesmas proporções da liga. FIGURA 2 - SISTEMA DE ENERGIA DA LT EXPERIMEN. 2.3 Sistema de Monitoramento em Tempo Real Para monitorar a temperatura superficial e corrente dos cabos instalados na LT Experimental foram instalados 6 (seis) sensores Power Donut, equipamento mostrado na Figura 3, os quais trabalham em contato com o cabo e transmitem as informações via onda de rádio para uma estação terrestre de aquisição de dados. 2 - PROCEDIMENTO EXPERIMEN A avaliação das propriedades mecânicas dos cabos instalados na LT Experimental, submetidos a altas temperaturas, foram analisados na CEMIG e UFMG, adotando a seguinte metodologia de procedimentos descritos abaixo. 2.1 Linha Experimental A LT Experimental Nova Lima-Bonsucesso foi adaptada para receber os novos cabos condutores tipo CAA 4/ Penguin de liga de alumínio termorresistente e com liga tradicional com as mesmas características construtivas e geométricas. Para isso a FIGURA 3 POWER DONUT - SENSOR DE TEMPERATURA E CORRENTE DO CABO 2.4 Estação Meteorológica

3 Para monitorar as informações meteorológicas locais na LT Experimental foi utilizado uma estação terrestre composta de sensores de velocidade e direção do vento, temperatura ambiente e radiação solar. FIGURA 4 ESTAÇÃO METEOROLÓGICA INSADA NA LT EXPERIMEN 3 - DADOS DE CAMPO Os cabos foram mantidos em alta temperatura para comparação de desempenho entre o cabo de liga e o cabo de liga tradicional. A Figura 5 mostram os perfis das variações da temperatura e corrente média do cabo e da velocidade média horária do vento para o local. Percentual (%) Percentual (%) Percentual (%) 2 15 1 5 4 3 2 1 3 2 1 Distribuição dos valores de temperatura do cabo 5 6 7 8 9 1 11 12 13 14 Temperatura do Cabo (ºC) Distribuição dos valores de corrente na LT Experimental 52 53 54 55 56 57 58 59 6 Corrente (A) Distribuição dos valores de velocidade do vento 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 Velocidade do Vento (m/s) FIGURA 5 - DADOS OBTIDOS PELO SENSOR DONUT-1. E ESTAÇÃO METEOROLÓGICA. 4 - ANÁLISE DOS TESTES NOS CABOS Para comprovar as característica mecânicas dos cabos fornecidos pela Furukawa, foram desenvolvidas várias séries de testes de laboratório, os quais foram desenvolvidos em instalações da CEMIG e UFMG. Os ensaios foram realizados em três etapas distintas de acordo com o tempo de utilização dos cabos na LT Experimental, ensaios antes da instalação, com um terço (4 meses) e no final da experiência (12 meses). 3.1 Ensaio de Análise Química As análises químicas foram realizadas em amostras retiradas dos cabos antes de suas instalações na LT Experimental. Pequenas amostras foram preparadas em forma de limalha para saber quais os principais elementos químicos presentes nas ligas de alumínio termorresistente, liga tradicional e do aço. A Tabelas 1 mostra os principais elementos químicos encontrados nos materiais analisados, observando que há pouca diferença no teor dos elementos químicos, que formam os cabos termorresistente- e o tradicional. TABELA 1 RESULTADOS DAS ANÁLISES QUÍMICAS NO ALUMÍNIO E AÇO. Amostra de Alumínio teor (%) Liga Liga Mg.3.1 Si.823.898 Cu.2.1 Amostra de Aço teor (%) Liga Liga C.777.762 S.18.12 P.13.1 Mn.458.387 Si.267.211 A Tabela 2 mostra o teor de Zircônio (Zr) presente nas ligas de alumínio em análises, permitindo avaliar a diferença principal na composição química entre as ligas e. TABELA 2 RESULTADOS DAS ANÁLISES QUÍMICAS POR ESPECTROMETRIA. Liga Teor de Zr 169 µg/g < 7 µg/g A adição de Zircônio(Zr) nas faixas entre.1 e.3% é utilizado para formar uma fina camada entre os contornos dos grãos da liga de alumínio inibindo o recozimento e a recristalização do material,

4 aumentando consequentemente a temperatura de recozimento, podendo assim aumentar a temperatura de operação dos cabos que utilizam esse tipo de liga[2]. 3.2 Ensaio de Tração nos Cabos Os ensaios de tração foram realizados para medir a tensão de ruptura dos cabos. Nesses ensaios foram observados os valores de alongamento e tensão de ruptura. A vida útil de um cabo pode ser medida através desse ensaio, uma vez que, a perda de resistência mecânica é um fator de envelhecimento do mesmo, sendo mais crítico que as perdas de outras características do cabo. As amostras foram retiradas dos cabos para todas as etapas da experiência. Os ensaios de ruptura foram realizados no conjunto liga de alumínio e aço, na máquina de tração horizontal de 4 toneladas, onde 8 metros de cabo foi tracionado até sua ruptura, como mostra a Figura 6. Aproveitando a experiência, um cabo de Liga de mais de 15 anos também foi testado e ficou parte energizado e outra parte desenergizado. A Tabela 4 mostra as análises de perda de resistência mecânica para esse cabo. TABELA 3 PERCENTUAL MÉDIO DE PERDAS DE RESISTÊNCIA MECÂNICA Cabo Novo 4 meses 12 meses kgf 399 3778 3636 % 5.3 8.9 kgf 381 3825 3913 % TABELA 4 PERCENTUAL MÉDIO DE PERDAS DE RESISTÊNCIA MECÂNICA DO CABO USADO 15 anos 15 anos Cabo energizado desenergizado kgf 3786 4118 % 8 Comparando os resultados mostrados nas Tabelas 3 e 4, concluiu-se que depois de um(1) ano de uso do cabo novo, apresentou praticamente o mesmo nível de perdas mecânicas que um cabo de 15 anos de uso, sendo assim o cabo usado apresentou uma performance muito boa no experimento. 3.3 Ensaio de Tração nos Fios de Alumínio e Aço Os fios de alumínio e aço dos cabos também foram ensaiados em máquina de tração vertical de 1 toneladas, mostrada na Figura 7. FIGURA 6 MÁQUINA HORIZON DE MEDIÇÃO DE TENSÃO DE RUPTURA. Os valores de ruptura dos cabos foram superiores aos valores normativos, dessa forma tanto os cabos novos quanto os usados passaram no ensaio de ruptura. Mas, pode-se observar uma perda de resistência mecânica no cabo CAA de liga Tradicional, devido a operação em altas temperaturas. A Tabela 3 mostra a evolução das perdas de resistência mecânica observadas durante a energização de um (1) ano da LT Experimental, nos cabos fornecidos pela Furukawa. Observa-se que as perdas no cabo tradicional de liga são significativas (8.9%) e que no cabo de Liga Termorresistente- não apresentou perdas mecânicas, isto é, não houve variação média na tensão de ruptura, as diferenças registradas estão relacionadas com a precisão do processo de medição da tensão de ruptura. Os resultados dos ensaios de tração de rupturas foram realizados no Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear CDTN, em Belo Horizonte, MG. FIGURA 7 MÁQUINA VERTICAL DE MEDIÇÃO DE TENSÃO DE RUPTURA. A Tabela 5 mostra a evolução das perdas de resistência mecânica nos fios de alumínio. Observa-se

5 que a perda média de resistência mecânica na liga tradicional foi significativa (53%) e que na Liga Termorresistente- apresentou perdas mecânicas de (37%), isto é, a perda de resistência na liga foi 16% menor que na liga tradicional Al 135. A Tabela 6 mostra a evolução das perdas de resistência mecânica observadas durante a energização de um (1) ano da LT Experimental, para o cabo usado, com mais de 15 anos. Observa-se que a perda de resistência mecânica (47%) nesse cabo foi proporcional em relação a um cabo novo com a mesma liga após um ano de uso(53%). TABELA 5 PERCENTUAL MÉDIO DE PERDAS DE RESISTÊNCIA MECÂNICA NA LIGA. Liga Novo 4 meses 12 meses σ rup (kgf) 322.5 127.5 151 Perdas (%) 6 53 Along.(cm).45 1.62 1.15 Along.(%) 2 8 6 σ rup (kgf) 323.6 275.4 23.4 Perdas (%) 15 37 Along.(cm).52.5.89 Along.(%) 3 2 4 TABELA 6 PERCENTUAL MÉDIO DE PERDAS DE RESISTÊNCIA MECÂNICA DO CABO USADO 15 anos 15 anos Cabo energizado desenergizado σ rup (kgf) 164 37 Perdas (%) 47 Along.(cm).99.44 Along.(%) 5 2 As Figura 8 e 9 mostram os diagramas tensão x deformação para as ligas de e. Observou-se que depois dos 4 meses de operação o cabo foi submetido a um tratamento térmico, devido a variação de temperatura na linha. Carga Aplicada (kg 35 3 25 2 15 1 5 -Novo -4 meses - 12 meses.2.4.6.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 Deformação (cm) FIGURA 9 RESULTADO DAS ANÁLISES DE TRAÇÃO NOS FIOS DA LIGA. Para os fios de aço foi executado o mesmo procedimento descrito para os fios de alumínio, e foi concluído que o aço não alterou suas propriedades mecânicas durante o experimento. 3.4 Ensaios de Metalografia As metalografias foram realizadas nas amostras dos fios de alumínio e do aço. A formação dos contornos dos grãos dos materiais analisados foram observadas e as diferenças entre as estruturas das ligas de alumínio termorresistente e liga tradicional foram registradas. Como o fio de aço possui a mesma formação química nos cabos instalados na LT Experimental, observou-se apenas a diferença entre a formação dos grãos em relação ao processo de laminação durante a fabricação. 3.5 Outros testes em execução Os ensaios de fadiga forçada acelerada estão programados para realização na Ontario Hydro Technologies verificando o comportamento dos cabos em vão de laboratório, simulando o comportamento de vibração eólica de uma linha em operação. A fadiga mecânica dos fios de alumínio do cabo é determinante na sua vida útil de operação. Sendo assim os ensaios serão realizados para verificar se a alteração da composição química na liga pode afetar em sua vida útil. Carga Aplicada (kg 35 3 25 2 15 1 5.2.4.6.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 Deformação (cm) -Novo - 4 meses - 12 meses - 15 anos (energizado) - 15 anos (desenergizado) FIGURA 8 RESULTADO DAS ANÁLISES DE TRAÇÃO NOS FIOS DA LIGA. 5 - ANÁLISES ELÉTRICAS DOS CABOS Para o cálculo de perdas e regulação de tensão foi utilizado programa de computador considerando os acréscimos da resistência elétrica do condutor devido ao conseqüente aumento da temperatura, objetivando o aumento do carregamento. A Tabela 7 mostra os resultados encontrados para a simulação de vários comprimentos de linhas e para a condição radial, isto é, a pior condição para perdas e regulação de tensão em uma linha.

6 TABELA 7 SIMULAÇÃO DE PERDAS ELÉTRICAS PARA CIRCUITO RADIAL, POTÊNCIA CALCULADA COM VENTO (1 m/s). D TP PE RT RS (km) ( C/MVA) (%) (%) (Ω/km) ACSR 75 / 94.85 1.33.267 6 14 / 154 2.12 2.91.399 ACSR 75 / 94 1.72 2.75.267 12 14 / 154 4.41 6.2.399 ACSR 75 / 94 2.64 4.29.267 18 14 / 154 6.92 1.17.399 ACSR 75 / 94 3.6 5.95.267 24 14 / 154 9.74 14.89.399 ACSR 75 / 94 4.6 7.75.267 3 14 / 154 12.97 2.8.399 NOTA: D Extensão da linha TP Temperatura de Projeto e Potência PE Perdas Elétricas RT Regulação de Tensão RS Resistência Ôhmica 6 - SIMULAÇÃO DE APLICAÇÃO A simulação de aplicação será realizada na hipótese de construção de uma nova LT de 138 kv utilizando o cabo 4/ (Penguin) em um perfil real de uma linha existente de 6 km de extensão. Para efeito de comparação da funcionalidade entre os cabos de liga e liga serão mostradas as principais características térmicas e mecânicas tais como: temperatura de operação; capacidade de transmissão, flechas, perdas elétricas e regulação de tensão. A Figura 1 mostra o resultado do programa de tensões e flechas aplicado no projeto da linha, esse programa contempla o comportamento dinâmico do cabo e o desnível do relevo. Flecha (m) 35 33 31 29 27 25 23 21 19 17 15 13 11 9 7 5 3 Penguin - 18.5% e 75 C Penguin - 18.5% e 14 C Penguin - 22% e 14 C Penguin - 25% e 14 C Potência (Penguin - 18.5% e 75 C) Potência (Penguin - 18.5% e 14 C) Potência (Penguin - 22% e 14 C) Potência (Penguin - 25% e 14 C) 2 25 3 35 4 45 5 55 6 Comprimento de Vão (m) FIGURA 1 COMPARAÇÃO DAS FLECHAS x COMPRIMENTO DE VÃO - CAA 4/ PENGUIN. TABELA 4 COMPARAÇÃO DA CAPACIDADE ADMISSÍVEL DE TRANSMISSÃO. Cabo TP EDS I % de PE RT Penguin C/MVA (%) (A) Aumento Liga 75 / 94 18.5 394.85 1.33 - Liga 14 / 154 22 646 2.12 2.91 61% 7 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES A aplicação da liga em climas tropicais é perfeitamente adaptável, uma vez que, os valores de esticamento do cabo podem ser ampliados para compensar o aumento da flecha em alta temperatura de projeto, sem perda de confiabilidade da linha. Em países tropicais a ocorrência de neve é praticamente desprezível. O aumento da capacidade de transmissão, proporcionada pela utilização da liga, é viável economicamente, uma vez que, as condições e restrições de projeto são atendidas, isto é, utiliza-se as mesmas estruturas e flechas do cabo de liga Al 135[3]. O custo final do cabo de liga é 1% maior, mas o aumento no carregamento em 6% já justifica sua aplicação. As linhas em fase de estudos de recapacitação, recondutoramento, poderão ter cabo de liga, objetivando a redução do diâmetro dos mesmos para uma mesma potência a ser transmitida ou o aumento de potência para o mesmo diâmetro de cabo. Apesar das ligas e terem perdido resistência mecânica, no conjunto cabo, essa influência foi praticamente nula, observando que a perda de resistência mecânica da liga compromete a vida útil da liga. Mecanicamente os cabos passaram pelos ensaios de tração de ruptura normativos. As perdas elétricas e regulação de tensão mais que duplicam com o aumento da temperatura, mas o aumento na potência é expressivo, buscando otimizar os investimentos na expansão do sistema elétrico. A Tabela 4 mostra os carregamentos máximos admissíveis da linha considerando a utilização do cabo de liga e de liga tradicional