Artigo Original. Reduction mammoplasty with combined Pitanguy technique and Silveira Neto flap for nipple-areolar complex elevation

Documentos relacionados
Modification of the mastopexy technique described by Longacre

ANDRÉ, Fernando Sanfelice Membro Titular da SBCP. FERNANDO SANFELICE ANDRÉ Hospital Regional Hans Dieter Schmidt

Abdominoplastia e lifting do púbis

Artigo Original. Mamoplastia/mastopexia com implante: técnica Lockpocket. Mammoplasty/mastopexy using implants: the Lockpocket technique

Artigo Original. Cinta do músculo peitoral maior nas mamoplastias: experiência pessoal

Artigo Original. Descritores: Periareolar; Mastopexia; Ptose; Implante; Cônico; Poliuretano.

Mamoplastia após grande perda ponderal

Artigo Original. Reconstrução imediata de mama com uso de expansores permanentes. Immediate breast reconstruction using permanent expanders

Abordagem do segmento superior do corpo em pacientes ex-obesos com cirurgia única: toracobraquio-mamoplastia

Mastopexia com retalho de pedículo superior e implante de silicone

RETALHOS ÂNTERO-LATERAL DA COXA E RETO ABDOMINAL EM GRANDES RECONSTRUÇÕES TRIDIMENSIONAIS EM CABEÇA E PESCOÇO

Original Article. 340 Rev. Bras. Cir. Plást. 2017;32(3):

Artigo Original. Abordagem vertical do peitoral maior nas inclusões mamárias. Vertical approach to the pectoralis major in breast implant insertion

Tratamento da ptose mamária e hipomastia utilizando técnica de mamoplastia com pedículo súpero-medial e implante mamário

Mastopexia após perda ponderal maciça: suspensão dérmica, remodelação do parênquima e aumento com tecido autógeno

ANEXO A: TÉCNICA CIRÚRGICA

Inervação do complexo areolopapilar após mamoplastia redutora: estudo histológico

DISCURSIVA CIRURGIA PLÁSTICA CRÂNIO MAXILOFACIAL

Incisão transareolopapilar para mamoplastia de aumento: experiência dos últimos 10 anos do Instituto Ivo Pitanguy

Exérese Percutânea de Lesões Benignas de Mama Assistida à Vácuo

TÉCNICA PARA CORREÇÃO DE PTOSE MAMÁRIA MASCULINA PÓS-GRANDES EMAGRECIMENTOS*

Mastoplastia de aumento com inclusão de implante de silicone associado a mastopexia com abordagem inicial periareolar (safety pocket)

RESUMO EXPANDIDO. Arquivos Catarinenses de Medicina. Reconstrução nasal complexa: Série de 10 casos. Complex Nasal Reconstruction: Series of 10 cases

Autonomização da cicatriz umbilical: técnica segura para abdominoplastias secundárias

Using prosthesis in breast reduction

Mastoplastia redutora associada a implante de silicone: quando indico?

Suturas. Carlos Mesquita. Hospitais da Universidade de Coimbra

Departamento de Clínica Cirúrgica

SUTURAS DESCONTÍNUAS

Aplicação do Retalho Labial Superior para a Correção Cirúrgica da Hipertrofia de Pequenos Lábios

Artigo Original. Mamoplastia de aumento: correlação entre o planejamento cirúrgico e as taxas de complicações pós-operatórias

Mastopexia com prótese: técnica em D espelhado

Tatuagem associada ao retalho em C-V para reconstrução do complexo areolopapilar em tempo único

DEBATE SOBRE USO DE IMPLANTES DE SILICONE

Reverse cervical rhytidectomy

TIPOS DE SUTURAS. Edevard J de Araujo -

Reconstruções auriculares após lesões traumáticas

CIRURGIA DO CONTORNO CORPORAL APÓS GRANDES PERDAS PONDERAIS

Tratamento de mamas tuberosas com incisões combinadas

Simastia pós-mamoplastia de aumento com implantes de silicone: tratamento com suturas de adesão

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ODONTOLOGIA

RESUMO EXPANDIDO. Arquivos Catarinenses de Medicina. Retalho em Porta Giratória na Reconstrução do Pavilhão Auricular

Relato de Caso. Correção da hipertrofia do lóbulo auricular. Earlobe hypertrophy correction

Carlos Del Piíío Roxo? Orido Pinheiro! Dilia Almeida"

Graduações de Ptose Mamária Sandro Cilindro de Souza 1

1 Anatomia da mama. 5 Serrátil anterior 6 Reto abdominal 7 Inserção tendínea do reto abdominal 8 Músculo oblíquo externo do abdome

Transareolopapilar incision for breast augmentation: 10-year experience at the Ivo Pitanguy Institute

Artigo Original. Revisitando a puboplastia pós-bariátrica. Revisiting Postbariatric Monsplasty

Como obter melhor cicatrização nas incisões das cirurgias estéticas corporais

CIRURGIAS OFTÁLMICAS ENUCLEAÇÃO 10/8/2018 CIRURGIAS OFTÁLMICAS CIRURGIAS OFTÁLMICAS CIRURGIAS OFTÁLMICAS CIRURGIAS OFTÁLMICAS PRINCÍPIOS E FUNDAMENTOS

DISCIPLINA DE OTORRINOLARINOGOLOGIA UNESP- BOTUCATU

ORIENTAÇÃO A PACIENTE QUE SERÁ SUBMETIDA À CIRURGIA DE MASTOPEXIA COM PRÓTESE

DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA EM CIRURGIA PLÁSTICA E ESTÉTICA

Como as técnicas de oncoplastia e reconstrução mamária podem influenciar na avaliação ultrassonográfica das mamas?

Ideias e Inovações. A península na ritidoplastia. The peninsula in rhytidoplasty

Reconstrução da papila e imediata tatuagem do complexo areolopapilar: técnica, resultados e revisão de literatura

Abdominoplastia Associada à Cirurgia Ginecológica Cavitária

CIRURGIAS DO TRATO URINÁRIO

SISTEMÁTICA CIRÚRGICA EM PACIENTES EX-OBESOS

QUESTÕES PROVA DISCURSIVA TEMA 2018

tudo o que você precisa saber sobre o aumento das mamas Por Dr. Eduardo Braga

RINONEOPLASTIA TOTAL NA LEPRA (Método Indiano)

Avaliação das técnicas de mamoplastia quanto a sua influência tardia na distância do complexo areolopapilar ao sulco inframamário

Avaliação dos resultados do mini-lifting modificado: estudo prospectivo

Lifting do púbis após grande perda ponderal

Dr. Maurino Ribeiro Grossi CRM 34289MG. Clin Plastic. Cnpj /000134

Plicatura da base umbilical: proposta técnica para tratar protrusões e evitar estigmas pós-abdominoplastia

PROIMPERIO - CURITIBA - IN SURGERY

Classificação cirúrgica de Firmin para deformidades de orelha: análise crítica de série de casos operados no Brasil

RESUMO EXPANDIDO. Arquivos Catarinenses de Medicina. Tratamento cirúrgico da microstomia com técnica de Converse

especial verão 44 Plástica & Beleza

Mastopexia associada a implante de silicone submuscular ou subglandular: sistematização das escolhas e dificuldades

CIRURGIA PEDIÁTRICA HÉRNIAS

PLANILHA GERAL - CIRURGIA I 6º Periodo 1º 2018

Uso de duas telas de polipropileno na área doadora do TRAM para reconstrução mamária: avaliação na incidência de hérnia e abaulamento abdominal

Retalho médio-frontal tunelizado para reconstrução nasal e em canto de olho em único tempo: uma série de casos

Artigo Original. Simetrização com implantes submusculares na busca de resultados duradouros em reconstruções mamárias

Artigo Original TUMORES DO PALATO DURO: ANÁLISE DE 130 CASOS HARD PALATE TUMORS: ANALISYS OF 130 CASES ANTONIO AZOUBEL ANTUNES 2

FORMULÁRIO TERMO DE CONSENTIMENTO BIÓPSIA: DE LINFONODO SENTINELA. No. IDENTIDADE ÓRGÃO EXPEDIDOR DATA NASCIMENTO No. PRONTUÁRIO QUARTO / LEITO ANDAR

Terapia conservadora da mama em casos multifocais/multicêntricos

Dermatologia Cirúrgica

LIPOASPIRAÇÃO 01) P: QUANTOS QUILOS VOU EMAGRECER COM A LIPOASPIRAÇÃO?

CONDUTA NO TRAUMA DE EXTREMIDADE DISTAL DOS DEDOS

MÉTODO. Figura 1 - Possibilidades de marcações das mamas para ressecção do excesso de pele. Figura 2 - Ressecção dos excessos de pele.

Excisões circunferenciais no tronco e associações em pacientes ex-obesos. Circumferential excisions in the trunk and associations in ex-obese patients

Artigo Original. Reconstrução de mama com miniabdominoplastia reversa Breast reconstruction with reverse mini abdominoplasty

Onfaloplastia: estudo comparativo de técnicas

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ Hospital Walter Cantídio Serviço de C.C.P

Texto Dr. Hermes Marrero

Transcrição:

Artigo Original Mamoplastia redutora com realização de técnica de Pitanguy, associada ao retalho de Silveira Neto para ascensão de complexo areolopapilar Reduction mammoplasty with combined Pitanguy technique and Silveira Neto flap for nipple-areolar complex elevation LUCIANA ABDALLA ROSA GASPARONI 1,2 * FARID HAKME 3 Instituição: Hospital da Plástica, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Artigo submetido: 14/7/2016. Artigo aceito: 19/9/2016. Conflitos de interesse: não há. DOI: 10.5935/2177-1235.2017RBCP0058 RESUMO Introdução: A hipertrofia mamária é uma alteração do contorno corporal bastante frequente, e de grande importância clínica, já que repercute na mulher tanto psicologicamente como funcionalmente, em especial nas grandes hipertrofias. Para evitar o sofrimento vascular e necroses nos casos de mamoplastias redutoras em grandes hipertrofias e ptoses severas, uma opção segura é a realização de mamoplastia redutora a Pitanguy, associada à confecção de retalho dermoglandular areolado superomedial de Silveira Neto. Métodos: Foram realizadas, no período de abril de 2014 a julho de 2016, 14 mamoplastias redutoras utilizando a técnica descrita. A ressecção de parênquima variou entre 900 gramas a 1.800 gramas, e a distância de deslocamento superior do complexo areolopapilar variou entre 5 e 15 centímetros. Observou-se a incidência de complicações vasculares e cicatriciais do complexo areolopapilar. Resultados: Todas as pacientes referiram satisfação com o resultado estético e funcional obtidos pela cirurgia. Em quatro pacientes, houve pequena área de epidermólise na região de encontro do sulco submamário com a cicatriz vertical, que cicatrizaram por segunda intenção, sem causar grandes sequelas estéticas. Em nenhum dos casos houve epidermólise ou necrose parcial ou total do complexo areolopapilar, apesar de grandes ascensões dos mesmos. Houve dois casos de hipocromia em pequena área da margem areolar. Conclusão: Para o tratamento de grandes hipertrofias mamárias, a combinação das técnicas selecionadas foi bem-sucedida em possibilitar grandes reduções volumétricas, correção de ptoses severas, com elevação do complexo areolopapilar por distâncias significativas, com segurança. Desta forma, foram obtidos bons resultados estéticos e funcionais, sem sofrimentos vasculares do complexo areolopapilar. Descritores: Mamoplastia; Mama/anormalidades; Procedimentos cirúrgicos reconstrutivos; Retalhos cirúrgicos; Aréola. 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2 Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 3 Hospital da Plástica, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 346 Rev. Bras. Cir. Plást. 2017;32(3):346-352

Mamoplastia redutora com realização de técnica de Pitanguy ABSTRACT Introduction: Mammary hypertrophy is common, and has great clinical importance, affecting women both psychologically and functionally, especially when severe. To avoid vascular compromise and necrosis associated with reduction mammoplasty in cases with severe hypertrophy and ptosis, a safe option involves combined use of Pitanguy technique and a Silveira Neto areolar superomedial dermoglandular flap. Methods: Fourteen reduction mammoplasties were performed between April 2014 and July 2016 with the combined technique. Parenchymal resection ranged from 900 to 1,800 g, and the superior displacement distance of the nipple-areolar complex ranged from 5 to 15 cm. Vascular and scarring complications of the nipple-areolar complex were evaluated. Results: All patients reported satisfaction with the aesthetic and functional results obtained with surgery. A small area of sloughing where the inframammary crease and the vertical scar intersect was observed in 4 patients; healing occurred by second intention, without significant aesthetic sequelae. Neither sloughing nor partial or total necrosis of the nipple-areolar complex were observed, despite the significant elevation. Two cases of hypopigmentation of a small area at the areolar margin were observed. Conclusion: The combined technique was successful in the treatment of prominent mammary hypertrophy, enabling safe reduction of large volumes, correction of severe ptosis, and significant elevation of the nipple-areolar complex. Good aesthetic and functional results were obtained, without vascular compromise of the nipple-areolar complex. Keywords: Mammoplasty; Breast/abnormalities; Reconstructive surgical procedures; Surgical flaps; Areola. INTRODUÇÃO A hipertrofia mamária é uma alteração do contorno corporal de elevada frequência no Brasil. Apresenta grande importância clínica, já que repercute na mulher tanto psicologicamente, pelo efeito estético indesejado, como funcionalmente, por distúrbios posturais, desconforto físico e até mesmo respiratório nas grandes hipertrofias 1,2. Nas últimas décadas, foram desenvolvidas diversas técnicas cirúrgicas para correção desta deformidade mamária, pela redução do volume glandular e correção da ptose, visando obter um melhor resultado estético, com maior segurança e menor índice de complicações no pós-operatório. Dentre as complicações observadas nas mamoplastias redutoras, em especial nos casos de grandes hipertrofias mamárias, estão as cicatrizes inestéticas e alterações de sensibilidade do complexo areolopapilar, porém, as complicações mais graves e temidas são representadas pelo sofrimento vascular do complexo areolopapilar, com consequente epidermólise e necrose parcial ou completa do mesmo, gerando importantes sequelas. Para evitar o sofrimento vascular e necroses nos casos de mamoplastias redutoras em grandes hipertrofias e ptoses severas, as quais demandam grandes ascensões do complexo areolopapilar, uma opção segura é a realização de mamoplastia redutora à Pitanguy, associada à confecção de retalho dermoglandular areolado monopediculado de base medial, desenvolvido por Silveira Neto 3. A classificação utilizada para graduação da ptose mamária foi a de Regnault (Quadro 1). A mesma classifica a ptose verdadeira em três graus, baseando-se na posição da aréola em relação ao sulco mamário, pele e glândula mamária. Regnault faz ainda a definição de ptose parcial (ou ptose glandular) e pseudoptose 4. OBJETIVO Descrever as características pré e pós-operatórias das pacientes submetidas à técnica de mamoplastia redutora a Pitanguy, com associação de retalho dermoglandular areolado superomedial de Silveira Neto, para grandes ascensões do complexo areolopapilar, visando Rev. Bras. Cir. Plást. 2017;32(3):346-352 347

Gasparoni LAR et al. www.rbcp.org.br quantificar a frequência de complicações vasculares e cicatriciais do mesmo. MÉTODOS O trabalho seguiu os princípios de Helsinque. Todas as pacientes assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram realizadas, no período de abril de 2014 a julho de 2016, no Hospital da Plástica, Rio de Janeiro, RJ, 14 mamoplastias redutoras utilizando a técnica de Pitanguy, associada à confecção de retalho dermoglandular areolado monopediculado de base medial de Silveira Neto. As pacientes selecionadas tinham idades entre 19 e 56 anos. Os critérios de indicação cirúrgica foram a presença de hipertrofia mamária e ptose severa, graus II e III de Regnault (Figura 1 e Quadro 1) associadas a queixas estéticas ou álgicas pelas pacientes. Critérios de exclusão utilizados foram pacientes com pseudoptoses, ptoses parciais e ptoses grau I de Regnault (Figura 1 e Quadro 1), pacientes já submetidas a cirurgias mamárias prévias, tabagistas e vasculopatas. Avaliação pré-operatória foi feita por meio de exame físico, fotografias pré-operatórias em posição ortostática em incidências frontal oblíqua direita e esquerda e perfil direito e esquerdo. Realizados exames laboratoriais, risco cirúrgico, raio X de tórax e exames de imagem mamária, sendo ultrassonografia para pacientes com menos de 35 anos, e mamografia para pacientes com mais de 35 anos. As pacientes foram operadas sob anestesia geral ou peridural alta associada à sedação. A posição operatória adotada foi semissentada, com os braços abduzidos em 90 graus. A marcação cirúrgica foi realizada com azul de metileno, seguindo a técnica de Pitanguy, com a marcação do ponto A (Figura 2), que reflete a projeção do sulco submamário sobre a linha hemiclavicular Pelo pinçamento digital (Figura 3) estima-se a quantidade de tecido a ser ressecada, sendo marcados os pontos B e C, formando um triângulo com o ponto A, em seguida, marcam-se os pontos D e E (Figura 4), que correspondem aos limites medial e lateral da incisão horizontal. Marca-se a primeira mama e transfere-se a marcação através de fios ou compasso para a mama Fonte: Regnault P. Breast ptosis: definition and treatment. Clin Plast Surg. 1976;3(2):193-203 4. Figura 1. Regnault - Classificação de Ptoses mamárias. contralateral 1,2 (Figura 5). Realizada tatuagem com perfurações de agulha de calibre de 0,7 mm. Realizada infiltração das mamas com solução de soro fisiológico e adrenalina a uma concentração 1:200.000. Iniciam-se as incisões pela aréola (Figura 6), com realização de manobra de Schwartzmann de desepitelização da região periareolar, com preservação do leito vascular dérmico 5. Realizada ressecção de parênquima mamário restrita ao polo inferior da mama, de maneira plana ou em forma de quilha de navio invertida 1 (Figura 7). Confecção de retalho dermoglandular areolado monopediculado de base medial, (Figura 8) mantendose uma espessura total de aproximadamente 2 a 3 centímetros (Figura 9), com rotação do mesmo lateralmente e ascensão do complexo areolopapilar até o ponto A (Figuras 10 e 11). Realizada a revisão de hemostasia, aproximação dos pilares medial e lateral do parênquima mamário. Realizada aproximação dos pontos C e D à linha horizontal, montagem da mama com o uso de pontos simples e separados nas incisões vertical e horizontal (Figura 12) e Quadro 1. Classificação de Regnault para ptoses mamárias. Grau I Aréola na altura do sulco mamário e acima do contorno da glândula Ptose completa ou verdadeiras Grau II Aréola abaixo do sulco mamário e acima do contorno da glândula Grau III Aréola abaixo do sulco mamário e do contorno da glândula Ptose parcial Aréola acima do sulco mamário e ptose da glândula Pseudoptose Aréola acima do sulco mamário. Pele frouxa por hipoplasia (por exemplo, perda de peso acentuada, pós-gestacional) 348 Rev. Bras. Cir. Plást. 2017;32(3):346-352

Mamoplastia redutora com realização de técnica de Pitanguy Figura 4. Marcação à Pitanguy-Marcação clássica de Pitanguy. Figura 2. Marcação do Ponto A - Projeção do sulco submamário na linha hemiclavicular. Figura 5. Marcação pela técnica de Pitanguy. Figura 3. Marcação dos pontos B e C - Manobra de pinçamento digital. posterior marcação da localização definitiva do complexo areolopapilar com auxílio de areolótomo na localização mais harmônica (Figura 13). Não foram utilizados drenos. Realizada a síntese por planos, utilizando fios de nylon 3.0 e 4.0 e síntese da pele com sutura intradérmica com monocryl 4.0. Realizado curativo compressivo e alta hospitalar após 24 horas de pós-operatório. Rev. Bras. Cir. Plást. 2017;32(3):346-352 A ressecção de parênquima variou entre 900 gramas a 1.800 gramas, e a distância de deslocamento superior do complexo areolopapilar variou entre 5 e 15 centímetros. Os pontos de sutura externos são retirados até 14º dia de pós-operatório. São realizadas consultas semanais até o 30º dia de pós-operatório e, posteriormente, com 3, 6 e 12 meses de pós-operatório. RESULTADOS As 14 pacientes foram submetidas à associação de técnicas cirúrgicas descrita. A ressecção de parênquima variou entre 1000 gramas a 1.800 gramas, e a distância de deslocamento superior do complexo areolopapilar variou entre 5 e 15 centímetros. Todas as pacientes referiram 349

Gasparoni LAR et al. www.rbcp.org.br Figura 6. Manobra de Schwartzmann de decorticação da região periareolar. Figura 8. Desepitelização do pedículo areolar superomedial. Figura 7. Ressecção parenquimatosa plana. satisfação com o resultado estético e funcional obtidos pela cirurgia (Figuras 14 e 15). Em quatro pacientes houve pequena área de epidermólise na região de encontro do sulco submamário com a cicatriz vertical, que cicatrizaram por segunda intenção, sem causar grandes sequelas estéticas. Em nenhum dos casos houve epidermólise ou necrose parcial ou total do complexo areolopapilar, apesar de grandes ascensões dos mesmos. Houve dois casos de hipocromia em pequena área da margem areolar (Figura 16). DISCUSSÃO A mamoplastia redutora é uma das cirurgias mais comuns na prática do cirurgião plástico. A escolha do procedimento cirúrgico para cada caso específico deve Figura 9. Confecção pedículo areolar superomedial. levar em conta a indicação cirúrgica, a segurança do método, as complicações pós-operatórias e os resultados tardios. O tratamento de grandes hipertrofias mamárias consiste num desafio ainda maior para o cirurgião, pois, nesses casos, a ptose normalmente é mais severa, e há a necessidade de grandes ressecções parenquimatosas, o que torna mais difícil a ascensão do complexo areolopapilar e seu posicionamento no local adequado. Desta forma, há a necessidade de se realizar técnicas que utilizem pedículos vasculares para garantir um suprimento sanguíneo adequado, e evitar sofrimentos e necroses areolares. Foram descritas diversas técnicas, baseadas sobretudo na vascularização do complexo 350 Rev. Bras. Cir. Plást. 2017;32(3):346-352

Mamoplastia redutora com realização de técnica de Pitanguy Figura 10. Rotação do pedículo lateralmente, com elevação do complexo areolopapilar até o ponto A. Figura 12. Montagem do cone mamário com pontos simples nas incisões vertical e horizontal. Figura 11. Aspecto final demostrando elevação do complexo areolopapilar sem tensão. areolopapilar. Essas podem ter dois pedículos transversais, a exemplo da técnica descrita por Pitanguy 1,2 ou verticais, como na técnica de McKissoc 6 ou baseado em um pedículo, como a exemplo da técnica de Skoog 7,8, que utiliza um pedículo lateral, ou a técnica de Silveira Neto 3, que utiliza um pedículo medial. A técnica selecionada para as pacientes deste trabalho, de confecção de retalho dermoglandular areolado monopediculado de base medial, descrita por Silveira Neto em 1976 3, tem por base a vascularização da artéria mamária interna. A técnica se mostrou eficaz para o tratamento de casos de grandes hipertrofias, com o Figura 13. Posicionamento da marcação da aréola através de areolótomo. uso de um seguro retalho areolado, que permite grandes deslocamentos superiores do complexo areolopapilar, com baixo risco de complicações isquêmicas e deformidades relacionadas à tensão. Esta se mostrou uma excelente alternativa aos enxertos livres de aréola para os casos mais difíceis, com a vantagem de promover, no pós-operatório, maior qualidade estética e melhor sensibilidade da região areolar. Rev. Bras. Cir. Plást. 2017;32(3):346-352 351

Gasparoni LAR et al. www.rbcp.org.br CONCLUSÃO Figura 14. A, B e C: Pré-operatório; D, E e F: Pós-operatório de 6 meses. Figura 15. A e B: Pré-operatório; C e D: Pós-operatório de 1 mês. Para o tratamento de grandes hipertrofias mamárias, a combinação das técnicas selecionadas foi bem- -sucedida em possibilitar grandes reduções volumétricas, correção de ptoses severas, com elevação do complexo areolopapilar por distâncias significativas, com segurança. Desta forma, foram obtidos bons resultados estéticos e funcionais, sem sofrimentos vasculares do complexo areolopapilar. LARG FH COLABORAÇÕES Análise e interpretação dos dados; concepção e desenho do estudo; realização de cirurgias; Redação do manuscrito. Revisão crítica e aprovação final do manuscrito. REFERÊNCIAS 1. Pitanguy I. Une nouvelle technique de plastie mammaire. Étude de 245 cas consécutifs et présentation d une technique personnelle. Ann Chir Plast (Marseille). 1962;7(3):199-208. 2. Pitanguy I, Salgado F, Radwansky HN. Reduções mamárias: técnicas pessoais sem descolamento cutâneo. In: Mélega JM, ed. Cirurgia plástica: fundamentos e arte. Cirurgia Estética. Rio de Janeiro: Médica e Científica; 2003. p. 477-84. 3. Silveira Neto E. Mastoplastia redutora setorial com pedículo areolar interno. In: Anais do XIII Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica e I Congresso Brasileiro de Cirurgia Estética; Abr 1976; Porto Alegre, RS, Brasil. EMMA. 4. Regnault P. Breast ptosis. Definition and treatment. Clin Plast Surg. 1976;3(2):193-203. 5. Schwarzmann E. Die technik der mammaplastik. Chirurg. 1930;2:932-43. 6. McKissock PK. Reduction mammaplasty with a vertical dermal flap. Plast Reconstr Surg. 1972;49(3):245-52. PMID: 4551235 DOI: http://dx.doi.org/10.1097/00006534-197203000-00001 7. Skoog T. A technique of breast reduction; transposition of the nipple on a cutaneous vascular pedicle. Acta Chir Scand. 1963;126:453-65. PMID: 14072329 8. Skoog TG. Breast hypertrophy. A method of reduction. In: Skoog TG, ed. Plastic surgery: New method and refinements. Philadelphia: Saunders; 1974. p. 333-80. Figura 16. Complicações pós-operatórias. *Autor correspondente: Luciana Abdalla Rosa Gasparoni Rua Visconde de Pirajá, 351, sala 614 - Ipanema - Rio de Janeiro, RJ, Brasil CEP 22410-906 E-mail: lucianabdalla@hotmail.com 352 Rev. Bras. Cir. Plást. 2017;32(3):346-352