O USO DA INFORMÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA NA UFPA 1 RESUMO



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Transcrição:

O USO DA INFORMÁTICA NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA NA UFPA 1 João Carlos Ribeiro Machado 2 NPADC/UFPA, SEDUC-PA j_axe3381@yahoo.com.br RESUMO Este trabalho investigou os olhares dos alunos e professores do curso de Licenciatura em Matemática da UFPA, em relação à informática, enfatizando o uso de softwares e da Internet. Utilizamos como metodologia o estudo de caso. As informações foram obtidas por meio de questionários aplicados aos alunos, no segundo semestre de 2004, e aos professores no primeiro semestre de 2005. Observamos que alunos e professores consideram importante a inserção efetiva da informática no currículo, e destacaram sua necessidade na formação dos professores de Matemática, pois, pode contribuir para melhorar o processo de ensino-aprendizagem além de ser uma ferramenta indispensável para a Educação. Palavras-Chave: Informática Educativa e Matemática. Formação de Professores de Matemática. Metodologia Realizamos um estudo qualitativo apoiando-nos em André e Lüdke (1986). As informações foram obtidas mediante questionários, semi-abertos, direcionados aos alunos (40 questionários) em duas turmas: uma de Trabalho de Conclusão de Curso e outra de Evolução da Matemática, ambas formadas em sua maioria por concluintes. E questionários abertos aos professores, embora tivéssemos enviado questionários para todos os professores do curso, por três vezes, obtivemos respostas de apenas 5 dos mesmos. O Curso de Matemática da UFPA foi criado em 1955 e hoje possui 37 professores efetivos, 59,4% doutores e 37,8% mestres. Na UFPA também há 1 Este tabalho é parte da dissertação de mestrado: O Olhar dos Alunos e dos Professores sobre a Informática no Curso de Licenciatura em Matemática na UFPA, NPADC/UFPA, 1º semestre de 2005 2 Mestre em Educação em Ciências e Matemáticas - NPADC/UFPA

2 dois cursos de Mestrado voltados para profissionais de Matemática: Mestrado em Matemática Aplicada e Estatística, e o Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas ambos reconhecidos pela CAPES. Os professores sujeitos de nossa pesquisa são todos efetivos, com no mínimo 10 anos de magistério superior, mestres e doutores, ministram aulas na graduação em Matemática e nas Pós-graduações (Especializações e no curso de Mestrado em Matemática Aplicada e Estatística da UFPA). E em 2005 ministraram as seguintes disciplinas na graduação: Professores Disciplinas P.1 Cálculo IV, Funções de uma Variável Complexa, Matemática para Contadores, Introdução à Análise Real P.2 Estruturas Algébricas, Álgebra (Abstrata), Álgebra Linear, Cálculo I, Evolução da Matemática P.3 Cálculo I, Álgebra Linear P.4 Cálculo I, Prática de Ensino P.5 Tópicos em Matemática Aplicada, Matemática Financeira, Cálculo I, Álgebra Linear Quadro I - Disciplinas ministradas pelos professores Optamos por um estudo de natureza qualitativa (PATTON, 1990, ANDRÉ; LÜDKE, 1986), e o procedimento metodológico escolhido foi o estudo de caso, trabalhado por André e Lüdke (1986) e André (1995), visto que a metodologia investigativa é capaz de proporcionar a apreensão dos significados de uma determinada realidade cotidiana no espaço acadêmico. Objetivos A nossa investigação teve os seguintes objetivos: Analisar como vem se desenvolvendo a formação dos graduandos em Matemática frente as possibilidades do uso do computador no processo educativo; Investigar como é utilizada a informática no curso de graduação em Matemática na UFPA; Refletir como é construída a relação entre o aluno e as novas tecnologias (o computador e a Internet) com a mediação do professor em aulas de Matemática.

3 O olhar dos Alunos Os alunos apresentaram as seguintes características: Não possuem computadores em casa 75% Acessam a Internet apenas dos laboratórios da UFPA 47,5% Utilizam o computador para realizar pesquisas em Matemática 15% Tabela l Na tabela abaixo, verificamos o percentual de alunos que possuem conhecimento de alguns softwares matemáticos: Matlab 40% Mathematica 25% Mupad 22,5% Cabri Géomètre 7,5% Linguagem Logo 2,5% Latex 30% Régua e Compasso 5% Poly 2,5% Graphequation 2,5% Winplot 2,5% Tabela 2: Softwares matemáticos Os percentuais de alunos com algum conhecimento de ferramentas da Internet foram os seguintes: E-mail 95% Sites de busca 95% Chats 75% Forum 35% Tabela 3: Conhecimento de ferramentas da Internet Para os alunos a escola deve acompanhar o desenvolvimento tecnológico da sociedade, caso contrário, corre o risco de se tornar uma máquina excludente. E no mundo globalizado os docentes deveriam ter pleno domínio da informática (A.25) 3. Os alunos consideraram que o curso deveria oferecer: Ensino de softwares matemáticos 70% Investimento em equipamentos de laboratório de informática 30% Preparação para o avanço da tecnologia 12,5% Tabela 4 3 Nas questões subjetivas designarmos os alunos com a seguinte notação: A.1, A.2,... A.40

4 Para 82,5% dos alunos, o currículo não contempla a utilização do computador e da Internet, eles declararam também que o uso do computador é muito importante, que os professores devem ser preparados para usá-lo e devem lutar para que os computadores cheguem nas escolas principalmente às públicas. Para D Ambrosio (1990, p. 17): [...] um dos maiores males que a escola pratica é tomar a atitude de que computadores, calculadoras e coisas do gênero não são para as escolas dos pobres. Ao contrário: uma escola de classe pobre necessita expor seus alunos a esses equipamentos que estarão presentes em todo o mercado de futuro imediato. O olhar dos Professores Ao perguntarmos se utilizam os recursos da informática, as respostas foram as seguintes: O P.2 4 declarou: Já utilizei em Cálculo I, para que os alunos aprendessem a plotar gráficos. Isso fez com que eles assimilassem melhor o conteúdo programático. O P.3 disse: Não utilizo, no entanto reconheço a importância da informática no desenvolvimento de certas disciplinas, inclusive já propus um curso de Cálculo I que inclui atividades de informática. Desta forma: Os professores devem encontrar caminhos para motivar, estimular e desafiar os estudantes, usando a mais recente tecnologia disponível em sala de aula. Deve-se ensinar a usar grande variedade de formatos e mídias, pelo desenvolvimento de habilidades para acessar, trocar, compilar, organizar e sintetizar informações (SILVEIRA; JOLY, 2002, p. 75). O P.5 informou que: A informática é útil como ferramenta prática que vai dar auxílio para interpretação de resultados e modelos matemáticos. Para Maltempi (2004, p.273), o uso da informática: [...] permite o desenvolvimento de projetos pessoais que podem facilmente ser testados, corrigidos e mostrados a outras pessoas. A idéia do aprendiz mostrar o projeto a outras pessoas está relacionada com receber feedback, que o favoreça a progredir no processo de construção de conhecimento e compreensão de idéias. Neste sentido, a programação é singular pois a execução pelo computador oferece um feedback imediato e fiel, desprovido de 4 Designarmos os professores com a seguinte notação: P.1,..., P.5.

5 qualquer interferência intelectual ou emocional. Além disso, provê o registro das idéias que constituem a solução do problema em questão. Os professores foram unânimes em preocuparem-se com o aprendizado da informática, para eles: Os recursos computacionais podem promover um salto de qualidade na formação (P.1). Sem a informática não se pode ensinar de forma adequada e convincente nas áreas afins, ou seja, nas engenharias, na Física, etc. Pois todos trabalham com o auxílio de computadores (P.5). É necessário que o professor que atuará no ensino fundamental e médio, tenha formação em informática para motivar seu aluno a fazer uso adequado da informática (P.2). Com o acesso, cada vez maior, das escolas de Ensino Médio e Fundamental à informática torna-se fundamental na formação do professor de Matemática (P.5). acreditam: Quanto a Informática no Currículo de Matemática, os professores que o aprendizado de informática deve-se dar, tanto em disciplinas específicas, como é o caso de Introdução à Ciência dos Computadores, assim como inserido em outras disciplinas do curso, como é o caso das disciplinas do Cálculo. Na prática, na disciplina Cálculo I, por exemplo, que tem carga horária semanal de seis horas, duas delas poderiam ficar reservadas para o aprendizado de informática relacionada ao Cálculo. (P.2) Também disseram que os alunos são bastante interessados e em certos casos, são eles que solicitam ao professor o uso de computadores em determinadas disciplinas (P.2), inclusive, alguns realizam pesquisas na Internet sobre o conteúdo programático da disciplina que estão estudando (P.2). Sobre pesquisa virtual, Silveira e Joly (2002, p. 72) nos advertem que: O desafio maior e atual é ensinar aos estudantes como tomar a decisão sobre a fonte de pesquisa virtual, já que muitas delas não são documentadas, nem revisadas e, tampouco, confiáveis. Para tanto, a Universidade do Estado de Michigan (USA), em especial a Biblioteca Terry Link, sugere que se examinem alguns fatores quanto à avaliação da qualidade dos endereços virtuais da Web, tais como, verificar se a fonte é de autoria segura, com identificação de autores, além de confiável e atual; verificar a relevância do material e a imparcialidade de opiniões; se há uma ordenação lógica no conteúdo disponibilizado, além de clareza nas informações e validade dos fatos apresentados.

6 O P.1 advertiu: alguns pensam que a informática irá de forma mágica resolver por eles, problemas intricados. O P.3 ressalva: é notório o interesse dos alunos. No entanto percebe-se um grande bloqueio, que é o desconhecimento de programas e aplicativos. Este se dá, no entendimento de P.4, por culpa dos próprios professores: nós professores, em sua maioria, não procuramos orientar os alunos no sentido do uso da tecnologia nas suas futuras aulas. Os professores ressaltaram que deveria haver durante a graduação: Ensino de um editor de textos matemáticos para auxiliar os alunos na elaboração de seus trabalhos escritos, utiizando a simbologia matemática. A criação de um canal de ensino e divulgação de conhecimentos sobre programas e aplicativos da Matemática, que poderia ser um site. Laboratórios com computadores funcionando, e pessoas habilitadas para gerenciá-los. E que os professores deveriam estar sempre abertos a Novas Tecnologias de Ensino, seja na informática ou outras metodologias que possam vir a auxiliar o desenvolvimento do ensino (P.5). Conclusão Nossa pesquisa revelou um quadro preocupante sobre a preparação dos futuros professores de Matemática para o uso do computador e da Internet em sua profissão. Pudemos notar nas respostas dos pesquisados, que as ferramentas da informática ainda são pouco utilizadas na graduação. O conhecimento dos alunos se restringe, quase que exclusivamente, às ferramentas de pesquisa na Internet. Embora, os formadores considerem importante o uso da informática pelos forrmandos, só recentrmente o curso de Matemática ofereceu uma disciplina com essa finalidade, a qual chama-se: Informática no Ensino da Matemática, que foi implantada no 1º semestre letivo de 2006. Sobre a reforma curricular, acreditamos que as recomendações do

7 NCTM 5 podem ser uma direção a ser seguida. Para o NCTM a grade curricular deve se adaptar às mudanças introduzidas pela informática. As universidades deverem ter revisões curriculares de maneira a adequar conteúdos de Matemática às mudanças trazidas pelas novas tecnologias. Revisões curriculares devem incluir alguns tópicos e eliminar outros que já não são úteis. Deveria haver adição de tópicos que adquiriram uma nova importância, entre eles citamos estudos relativos à Teoria do Caos, Geometria dos Fractais, Algoritmos Genéticos e a Computação Científica. E retenção de tópicos que se mantêm importantes, como Geometria Euclidiana, Álgebra, etc. Uma advertência feita sobre o uso de linguagens de programação no ensino de Matemática, que acreditamos ser válida de modo geral como diretriz para o uso das tecnologias no ensino é a seguinte: No ensino da matemática os computadores devem ser auxiliares do ensino, e não o objectivo do ensino. De modo idêntico, as actividades de programação de computadores na aula de matemática devem ser utilizadas para apoiar o ensino da matemática; não devem ser o objectivo do ensino. A quantidade de tempo lectivo gasto pelos alunos na aprendizagem de uma linguagem de programação deve ser consistente com os ganhos esperados na compreensão matemática (UNIVERSIDADE DE COIMBRA, 2004). Acreditamos que as ações, voltadas para a inserção efetiva do uso do computador na Educação Matemática, se darão a partir de um projeto político pedagógico em que participem os professores, principalmente os responsáveis pela Prática de Ensino, pela Didática, pela Metodologia e também os alunos, não esquecendo que: [...] o desenvolvimento profissional do professor se dá na sua prática docente, na sua ação individual, nos movimentos de ações coletivas, nas reflexões sobre a prática e nas pesquisas que têm como objeto de estudo seu trabalho docente. É nesse processo que o professor constrói sua competência profissional. (GONÇALVES, 2000, p. 20) Esperamos que o presente trabalho possa inquietar os professores formadores no sentido de mudança de atitude no que se refere ao uso das novas tecnologias de maneira efetiva e não pontual no currículo da Licenciatura 5 National Council of Teachers of Mathematics (Conselho Nacional de Professores de Matemática dos Estados Unidos)

8 em Matemática, com vistas a melhorar a formação inicial do professor formador, no caminho de aquisição de conhecimentos sobre o computador e a Internet no ensino da Matemática. Dentro desta proposta Papert nos adverte que os computadores deveriam servir às crianças [jovens e adultos] como instrumentos com os quais trabalhar e pensar, como meios para realizar projetos, como fonte de conceitos para pensar novas idéias. [...] Tornei-me obcecado pela pergunta: Poderia o acesso a computadores permitir às crianças [jovens e adultos] algo semelhante ao impulso intelectual que senti ter obtido como o acesso aos computadores no MIT? (PAPERT, 1994, p. 148) Referências ANDRÉ, M.E.D.A. Etnografia da prática escolar. Campinas: São Paulo: Papirus, 1995. ANDRÉ; LÜDKE, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: E.P.U., 1986. D' AMBROSIO, Ubiratan. Etnomatemática: arte ou técnica de explicar ou conhecer. São Paulo: Editora Ática, 1990. GONÇALVES, Tadeu O. A formação e o desenvolvimento profissional de formadores de professores: o caso dos professores de Matemática. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Educação. Campinas, 2000. MALTEMPI, Marcus V. Construcionismo: pano de fundo para pesquisas em informática aplicada à Educação Matemática. In: BICUDO, Maria Aparecida Viggiani e BORBA, Marcelo de Carvalho (org.). Educação Matemática: pesquisa em movimento. São Paulo: Cortez, 2004. PAPERT, Seymour A Máquina das Crianças: Repensando a Educação na Era da Informática. Tradução Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. PATTON, M. Q. Qualitative Evaluation and Research Methods. Second edition. London: Sage Publications, 1990. SILVEIRA, Márcia A da. JOLY, Maria Cristina R. A. A Tecnologia e o Ensino Universitário: avaliando perspectivas educacionais. In. JOLY, Maria Cristina R. A. A Tecnologia no Ensino: Implicações para a aprendizagem. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.

9 UNIVERSIDADE DE COIMBRA. O Uso dos Computadores na Aprendizagem e no Ensino da Matemática. In: Folha Informativa do Projecto Computação no Ensino da Matemática. Disponível em: www.mat.uc.pt/~jaimecs/nonius/nonius11_2.html. Acesso em: 13/05/2004.