TRABALHADORES FAZEM HISTÓRIA



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Transcrição:

Publicação do Sind-Saúde MG - Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais - Belo Horizonte - MG - Dezembro/2012 Av. Afonso Pena, 578-17º andar - Centro - Telefone: (31) 3207-4800 - Fax: (31) 3207-4814 - Site: www.sindsaudemg.org.br Jornal SAÚDE & LUTA TRABALHADORES FAZEM HISTÓRIA As lutas que os trabalhadores da saúde estadual fizeram em 2012 representaram um momento histórico em Minas Gerais. Há muitos anos não se via uma greve tão forte como a que ocorreu em junho e julho. Grandes passeatas, manifestações, vigílias e assembleias foram realizadas em Belo Horizonte e em várias cidades do interior, demonstrando à sociedade a enorme insatisfação dos servidores com os péssimos salários, más condições de trabalho, desrespeito aos direitos trabalhistas, assédio moral extensa jornada de trabalho e diversos outros problemas. A histórica mobilização garantiu alguns avanços para os servidores, como aumento da gratificação complementar para os trabalhadores da Fhemig, implementação de gratificações para Funed e Hemominas, pagamento de direitos como abono de urgência e emergência e adicional noturno e revisão da base de cálculo do adicional de insalubridade. Os trabalhadores da Secretaria Estadual de Saúde, da Escola de Saúde Pública e do campus da Unimontes ainda não foram contemplados e aguardam a proposta de reajuste prometida pelo governo. No âmbito geral, o governo insistiu em zero de reajuste na data-base de outubro. Para 2013, é fundamental que os trabalhadores continuem mobilizados e dispostos a lutar, pois ainda há muito o que melhorar na saúde pública de Minas Gerais. CALOTE Governo de Minas descumpre lei e manobra para não investir mínimo em saúde Página 03 PLANO DE CARREIRA Sind-Saúde/MG apresenta proposta para melhorar evolução do trabalhador Página 04 PRIVILÉGIO Governos municipais e estadual não praticam isonomia e não entendem saúde como uma área multidisciplinar Página 05

2 SAÚDE & LUTA @ Diz aí! Gostaria de parabenizar o Sind-Saúde pelo excelente trabalho que está sendo realizado em prol dos profissionais de saúde, em destaque a enfermagem, que vem sofrendo há muito tempo diante do descaso deste governo e das gestões hospitalares particulares, estaduais e municipais. Com esta iniciativa de luta sentimos que temos voz e não somos mais um grito no escuro! Meus sinceros agradecimentos e respeito Alexandre de Oliveira Deixe sua opinião conosco. Envie para imprensa@sindsaudemg.org.br ou em nosso site e seu comentário poderá ser publicado aqui. ESTÁ NO AR O NOVO SITE DO SIND-SAÚDE/MG EDITORIAL O dever de ir à luta Diariamente. Está na rotina do Sindicato ir a luta e defender os trabalhadores. Essa não é uma batalha fácil e os desafios são colocados a prova em todos os momentos. Nesta edição do jornal que vem com uma proposta renovada temos um recorte de como é dinâmico e intenso a luta dos trabalhadores da saúde em Minas Gerais. A vida do servidor público da saúde seja ele vinculado ao município ou ao Estado é repleta de grandes desafios. A falta de recurso está no início do problema. A saúde no Brasil amarga o pouco investimento e governos que a exemplo do de Minas Gerais fazem malabarismos para negar os recursos à saúde, valorizar os servidores e buscar de fato um serviço de qualidade. Denunciamos isso neste jornal. Os trabalhadores estaduais vivenciaram uma greve histórica neste ano e, com isso, também sofreram a mão pesada da coerção do Estado que utilizou de estratégias perversas como o corte de salários, demissões de contratos administrativos e ameaças para intimidar a organização dos servidores. Mas ao invés de desistir, como o governo tenta impor aos trabalhadores, novas mobilizações se iniciam no âmbito estadual: a exigência pela imediata negociação com a SES e a ESP, o novo plano de carreira da saúde e a busca por reajustes salariais dentro da nefasta política remuneratória. É fundamental que o servidor estadual acompanhe os desdobramentos desta nova batalha. Nos municípios também vivemos um momento importante. As eleições municipais são fundamentais na vida do servidor público e entender os projetos que estavam em disputa para a saúde e o funcionalismo é crucial para enfrentar o próximo ano. Nesta edição também abordamos temas que estão no dia a dia do servidor da saúde municipal. A saúde do trabalhador, a luta pela redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais a todos os trabalhadores da saúde, a isonomia de tratamento entre as diferentes funções na saúde e as conquistas dos Agentes de Combate à Endemias (ACE) e dos Agentes Comunitário de Saúde (ACS) que pouco a pouco começam a brotar em Minas Gerais são as bandeiras perseguidas pelo Sindicato como vocês verão neste jornal. Neste contexto importante que os trabalhadores da saúde estão vivendo, o Sind-Saúde/MG se renova. Estamos apresentando também uma relação mais próxima com os filiados. Para dar mais dinamismo às lutas e mobilizações, a comunicação do Sindicato está de cara nova e presente na internet com o novo site do Sind-Saúde e com as páginas nas redes sociais Facebook e Twitter. A diretoria do Sind-Saúde reassume o comprimisso e o dever de lutar pelos direitos e conquistas dos trabalhadores da saúde. Por isso, nosso jornal ganha um novo nome. É Saúde e Luta. Nosso dever e nossa determinação. Diretoria colegiada do Sind-Saúde/MG Expediente Órgão informativo do Sind-Saúde-MG Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais WWW.SINDSAUDEMG.ORG.BR Conselho Editorial: Érico Moraes Colen, Maria Lúcia Barcelos, Neuza Freitas, Lionete dos Santos Pires, Paulo Venâncio de Carvalho, Reginaldo Tomáz de Jesus e Renato Almeida de Barros Jornalistas: Mariana Arêas - 11.880/MG Bráulio Siffert - 16.1125/MG Diagramação: Mariana Arêas e Bráulio Siffert

SAÚDE & LUTA 3 Governo de Minas tenta dar calote na saúde Uma terra sem lei. O governo de Minas Gerais amarga esse triste rótulo por descumprir leis federais e até mesmo a Constituição para impedir recursos e investimentos para aréas como saúde, educação e valorização do funcionalismo. Descumprindo a emenda constitucional (EC) 29, o governo de Minas retirou da saúde mais de R$1,5 bilhão nos últimos quatro anos. Só neste ano serão R$ 700 milhões que deveriam, por lei, ser aplicado na àrea está de fora do orçamento. Para manter o sucateamento da saúde o governo buscou uma manobra junto ao Tribunal de Contas Estadual (TCE). Com um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) o governo quer ficar fora da lei, pelo menos até 2014. A TAG foi questionada pelo Sind-Saúde/MG, CES/MG por deputados de oposição ao governo estadual e pelo Ministério Público (MP), que entrou com ação e conseguiu liminar para que o governo cumprisse a Constituição. O governo conseguiu derrubar a liminar, mas o MP recorreu. O Sind-Saúde/MG sempre denunciou a falta de investimentos na saúde e as maquiagens que o governo de Minas utilizava para aumentar os índices. Dados do Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (Siops) mostram que Minas Gerais manteve uma média de 7% dos recursos à saúde. Quase a metade do mínimo obrigatório. Essa falta de investimento colocou Minas no penúltimo lugar na comparação com os estados de 2003 à 2008. Entenda: A EC 29 estabele os MÍNI- MOS constitucionais para investimento em saúde. Ela foi criada há 11 anos, mas só no final do ano passado ganhou força de lei. Mesmo com todos esses anos para se adequar, a desculpa da regulamentação sempre foi usada pelo governo de Minas para negar os 12% de investimento em saúde. Com a Lei Complementar 141 em vigor, o governo de Minas dá um novo golpe para tirar o recurso da população. A TAG foi aprovada pelo Tribunal de Contas, cujo os conselheiros são indicados politicamente. Enquanto isso, nos hospitais... Colchões empilhados no HJK Cozinha improvisada no João XXIII Paciente no chão no HGV Banheiro no HGV Pacientes apertados no HMAL Obra interminável no João Penido Lixo acumulado no HJK Pacientes aguardam na porta do HGV Desespero no CGP por falta de pessoal Infiltração no HJK perto de materiais Alagamento no HJK Falta de materiais no João XXIII Materiais indisponíveis no SIAD: - Conjunto para auto-hemotransf. - Arteriofix 10g e 20g - Dreno de tórax nº 28 e 32 - Agulha 25x7, 25x8 - Agulha raqui 26 - Cânula traqueostomia c/ balão - Esparadrapo; - Jelco 22 e 20 - Extensor de equipo 60cm - Dreno de Pevirose nª 2 e 3 - Lâmina para bisturi nº 20 - Luva cirúrgica 6,5 - Sonda Foley 2 vias nº16 - Fita cardíaca; - Surgidry - Tudo endotraqueal. (...) Chefe de enfermagem, 22/06/12

4 SAÚDE & LUTA Fórceps é um instrumento obstétrico utilizado para retirar um feto em partos difíceis. Essa expressão foi tomada emprestada durante o movimento reivindicatório de 2012 para demonstrar a força e luta dos trabalhadores, que tiveram que fazer três longas semanas de greve para arrancar do governo estadual direitos trabalhistas e alguns avanços. A histórica luta começou com a entrega da pauta de reivindicação de todos os trabalhadores em fevereiro de 2012 pelo Sind- Saúde/MG e teve somente no dia 11 de novembro a aprovação final do projeto de lei sobre o acordo de greve aprovado na Assembleia Legislativa (ALMG). Em 06 de dezembro, o governador, enfim, sancionou a lei que recebeu o número 20.518. Foi nas ruas e com muita força que os trabalhadores da saúde conseguiram arrancar conquistas importantes, apesar de não terem sido atendidas todas as reivindicações nem os avanços terem sido concedidos à todos. É evidente que se não fosse a luta dos trabalhadores e a disposição de manter uma greve com essa força histórica, o governo não apresentaria um segundo acordo. É claro também que ainda é preciso avançar mais, mas a proposta gerou ganho para os trabalhadores da Fhemig, Funed, Hemominas e Hospital Universitário da Unimontes. Os trabalhadores da SES, da ESP e do campus da Unimontes foram deixados de fora e diante das manifestações e da exigência do Sind-Saúde, o governo se comprometeu a apresentar ainda em 2012 uma proposta específica para essas categorias. O que disse o acordo de greve: Discussões do Plano de Carreiras na mesa do SUS; Base de cálculo do adicional de insalubridade passará para R$660,00 para todos; Aumento, para Fhemig, da gratificação complementar para 40% do salário-base em agosto desse ano e para 50% em agosto de 2013; Para Funed e Hospital Universitário, criação da GC nos mesmos percentuais da Fhemig e na Hemoninas a criação da gratificação com percentuais diferenciados de acordo com o cargo; Pagamento do abono de urgência e emergência para trabalhadores que atuam nos setores de urgência e emergência e aumento de seu valor em 50% a partir de agosto de 2012, com possibilidade de revisão anual; Pagamento de adicional noturno de 20% sobre o valor da hora noturna a partir de agosto de 2012; Encaminhamento dos pagamentos de insalubridade e abono de emergência não concedidos por problemas administrativos; Ajustes na tabela dos profissionais da enfermagem; Inclusão, no novo estatuto do servidor, da regulamentação das férias dos trabalhadores da radiologia, conforme o artivo 79 da Lei Federal 8.112/90; Ajuste das cotas por nível de escolaridade da GIEFS na Funed. Na Hemominas, aumento dos interníveis das tabelas salariais das carreiras auxiliares, assistentes técnicos e analistas de hematologia e hemoterapia de 18% para 22%. Na Unimontes, pagamento de vale alimentação no valor de R$200,00/mês e vale-transporte no valor de R$4,20 por dia nos termos da legislação vigente, como autonomia no âmbito do Acordo de Resultados. O suor da luta Nos bastidores da luta empreendida ao longo de 2012, existiram muitas pressões para desmobilizar a categoria e estratégias de descaracterizar o importante momento que os trabalhadores da saúde estavam passando. Perseguição, ameaças, desgaste e corte de salários foram arduamente superados. Os trabalhadores se mostraram aguerridos e, por esse motivo, o governo deu um passo à frente na proposta inicial, ainda que aquém da necessidade da categoria que amarga anos de enforcamento de seus salários por causa do famigerado choque de gestão.

SAÚDE & LUTA 5 EXCLUÍDOS PELO GOVERNO Mesmo com toda pressão exercida pelos trabalhadores da saúde durante o movimento reivindicatório deste ano, a estratégia do governo foi tentar dividir os servidores e descaracterizar a saúde do Estado como um sistema único. Na proposta apresentada pelo governo, os trabalhadores da Secretaria de Saúde, da Escola de Saúde Pública e do campus da Unimontes foram deixados de fora e ainda mais: os representantes do governo se negavam de todas as formas discutir itens que tivessem relação com estes trabalhadores mostrando a face injusta e maquiavélica do governo. A imposição irresponsável do governo não impediu que o Sind-Saúde buscasse a mobilização dos excluídos e organizasse uma batalha política na Assembleia Legislativa (ALMG). Com apoio de deputados de oposição, o Sind-Saúde conseguiu a realização de uma importante audiência pública onde os trabalhadores relataram denúncias que chocaram os parlamentares. Durante a tramitação do Projeto de Lei que previa o acordo de greve, o Sind-Saúde conseguiu arrancar do governo um documento, assinado pela Seplag e pelos líderes do governo na ALMG, com o compromisso de apresentar propostas que atendam os trabalhadores da SES, ESP e campus da Unimontes. O Sind-Saúde reafirma sua defesa intransigente de todos os trabalhadores da saúde. A reunião foi adiada para o dia 26 de dezembro e até o fechamento desta edição o Sindicato não foi informado sobre a proposta prometida. Fique sempre atento e atualizado com os comunicados e as informações publicadas no site do Sind-Saúde. Aposentados O governo mais uma vez excluiu os aposentados dos ganhos dos servidores da ativa. Essa política da segregação escancara a estratégia do governo para encobrir os aposentados. O Sind-Saúde/MG não aceita esse desrespeito com os servidores que tanto já contribuíram para o Estado. Vamos nos mobilizar para impedir que o trator do governo passe novamente em 2013.

6 SAÚDE & LUTA Política remuneratória: Governo faz manobras e dá ZERO reajuste Como o Sind-Saúde já previa, o governo empurrou goela abaixo a famigerada política remuneratória como pretexto para arrochar o salário dos servidores. Logo na primeira data-base do funcionalismo estadual, o governo de Minas mostrou sua intenção e deu ZERO de reajuste. Isso mesmo: em 2012, o salário-base dos servidores públicos estaduais ficou estagnado! Mesmo tendo margem para dar cerca de 10% de reajuste segundo cálculos do Sindifisco- MG o governo fez manobras e, após enrolar um mês para se reunir com os sindicatos, apresentou argumentos insustentáveis e deu a péssima notícia. Vale ressaltar que ao contrário de outros entidades e associações, o Sind-Saúde, Sindifisco, SindUte e Sindpol desde o Trabalhadores reivindicam revisão no Plano de Carreira Devido às distorções e injustiças causadas pelo Plano de Carreira dos servidores estaduais instituído em 2005, o Sind-Saúde e os trabalhadores da saúde reivindicam que o governo implemente um novo Plano, que corrija os reposicionamentos equivocados, seja justo e indique mais possibilidades e rapidez para evolução na carreira. Após ampla discussão com a categoria, uma comissão de servidores elaborou a proposta do Sind-Saúde de revisão do Plano. A proposta foi apresentada e debatida na Mesa Permanente de Negociação do SUS, que conta com a participação de representantes do governo e das gestões, que também fizeram proposta. O relatório final das discussões da Mesa foi encaminhado à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) em outubro. O Sind-Saúde ficará atento e irá cobrar para que o governo apresente a proposta final o quanto antes, e para que essa proposta corresponda com os anseios e necessidades dos trabalhadores. começo foram contrários a essa política remuneratória, questionando os cálculos do governo e reforçando que ela oficializaria o arrocho salarial, que é o que de fato vem ocorrendo na prática. Desmascarando o governo: o 5% dado em abril foi parte do reajuste conquistado em 2011; a terceirização e os incentivos fiscais para grandes empresas tiram muito dinheiro do governo; aumento salarial traz retorno para a economia; a arrecadação de Minas em 2011 foi elevada, dando margem para reajuste; o governo tem que usar 100% da variação positiva de arrecadação dos impostos para a política remuneratória, e não só 55%; gratificação complementar não é salário (arrocha os dos aposentados); mais uma vez o governo não negociou, apenas mostrou os números e impôs a proposta. Confira alguns pontos presentes na proposta do Sind-Saúde: Tabelas propostas: - Percentual de 4% para progressão (intergrau) e percentual de 25% para promoção (internível) (percentuais iguais para todas as tabelas das carreiras da saúde); - O servidor, quando de sua aposentadoria, será posicionado no último nível e grau da sua carreira de acordo com a escolaridade exigida; - Possibilidade de progressão e promoção por pontos; - Fará jus à progressão o servidor que cumprir o interstício de UM ANO no mesmo Grau e receber uma avaliação de desempenho individual satisfatória, a partir da última progressão; - Para promoção de nível por tempo de efetivo exercício, o servidor deverá comprovar a escolaridade mínima exigida para o nível, ter cumprido o interstício de TRÊS anos no mesmo nível e ter recebido E aí governador, o que mais tem para nós esse ano? Empresários Servidores públicos três avaliações periódicas de desempenho; - O valor da hora trabalhada deverá ser o mesmo para servidores da mesma carreira independente da carga horária semanal; - O servidor que tiver acima de nove anos de exercício será reposicionado no nível IV, grau A e contar-se-á um grau para cada interstício de um ano de efetivo exercício, computados a partir de nove anos de efetivo exercício; - Rever posicionamento dos ocupantes de cargo de provimento efetivo da carreira de ATHH e que ingressaram por meio do concurso público de 2001; - Jornada de trabalho de no máximo 30 horas semanais, sem redução salarial, para todas as carreiras; - Regulamentar a aposentadoria especial. E para nós? FUNDAMENTAL MÉDIO SUPERIOR R$ 8,45 bilhões em benefícios fiscais Ah, pra vocês num tem nada não... NÍVEL DE ESCOLARIDADE Fundamental Incompleto Fundamental Incompleto Fundamental Incompleto Fundamental ou Intermediário Fundamental ou Médio Médio ou Superior NÍVEL DE ESCOLARIDADE Médio Médio Médio ou Profissionalizante Médio ou Profissionalizante Médio ou Profissionalizante ou Superior Superior Superior ou Lato Sensu NÍVEL DE ESCOLARIDADE Médio Médio Médio ou Profissionalizante Médio ou Profissionalizante Médio ou Profissionalizante ou Superior Superior Superior ou Lato Sensu NÍVEL I II III IV V VI NÍVEL I II III IV V VI VII NÍVEL I II III IV V VI VII Obs.: A tabela dos Profissionais de Enfermagem (PENF) é outra, com níveis de I a XI

Em 2013, a mobilização tem que continuar Os trabalhadores da saúde pública de Minas Gerais incluindo os municipais tiveram alguns avanços em 2012. Mas ainda há muito o que conquistar. Num geral, os salários continuam baixos, as condições de trabalho não são boas, há muito assédio moral, faltam profissionais e muitos direitos não estão sendo respeitados. Por isso, é fundamental que em 2013 a mobilização dos trabalhadores continue, pois só assim os gestores recuam. O Sind-Saúde,sobretudo por meio de seus diretores e delegados sindicais, reforçará ainda mais a sua presença e atuação nas bases, vendo de perto os problemas, angústias e necessidades dos trabalhadores. Assim como no ano que passou, o Sindicato será o porta voz dos servidores da saúde e tomará todas as medidas necessárias para que as reivindicações sejam atendidas. Assembleias, manifestações, reuniões e vigílias continuarão sendo feitas para que a categoria participe dos rumos dos movimentos e para que os governos escutem a voz dos servidores da saúde pública. Além disso, em SAÚDE & LUTA 2013 provavelmente será realizado o 8º Congresso do Sind-Saúde, onde os delegados discutem questões de grande relevância para a organização do Sindicato e das lutas empreendidas. O Sindicato e as lutas dos trabalhadores são construídos pelos próprios trabalhadores! O Sind-Saúde conclama todos os servidores da saúde a fazer parte da entidade, trazendo críticas, sugestões e elogios e, sobretudo, somando forças para que os trabalhadores tenham a valorização que merecem! 7 Confira os principais pontos que o Sind-Saúde irá buscar em 2013 em benefício dos servidores do Estado e das várias Prefeituras que o Sindicato representa: - Reajuste dos salários com ganho real para todos trabalhadores da saúde; - Isonomia de tratamento, com reajuste para os servidores não contemplados em 2012; - Punição das práticas de assédio moral; - Melhoria das condições de trabalho; - Concurso público para todas as áreas; - Pagamento e/ou aumento de direitos, como insalubridade, vale-transporte, vale-refeição e adicional noturno; - Melhoria dos Planos de Cargos, Carreiras e Salários existentes e implantação nos locais onde ainda não existe; - Regularização do regime jurídico dos ACS e ACE; - Discussão e defesa da saúde dos trabalhadores da saúde; - Redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais para todos; - Aumento do repasse do Estado ao Ipsemg, melhorando a estrutura e o atendimento e impedindo o início da cobrança por cada atendimento; - Cumprimento da Constituição, investindo pelo menos 12% do orçamento na saúde.

8 SAÚDE & LUTA Plano de carreira para trabalhadores do SUS: valorizar a carreira, motivar o crescimento profissional e criar identidade Uma das maiores reivindicações dos trabalhadores do SUS federais, estaduais e municipais é pela implementação ou melhoria dos Planos de Carreira, Cargos e Salários, para que o tempo de trabalho seja de fato valorizado, que o servidor vislumbre perspectivas de evolução na carreira, que tenha aposentadoria digna e que seja efetivada uma identidade e uma cultura própria dos trabalhadores do SUS. Um Plano de Carreira adequadamente estruturado valoriza o tempo que os servidores se dedicam à instituição e possibilita que eles possam programar o tempo necessário para alcançar seus objetivos, estimulando-os a adquirir mais conhecimentos para evoluir na carreira. O Plano ajuda o trabalhador a ter controle sobre seu presente e futuro profissional, fazendo-o vislumbrar evoluções por tempo de serviço e, se o interessar, ir atrás dos conhecimentos necessários para progressão por escolaridade. Com o Plano a maior beneficiada é a gestão: fixa os trabalhadores, diminui a rotatividade, dá estímulo aos trabalhadores e aumenta a qualidade dos serviços prestados, entre outros benefícios. O Sind-Saúde luta para que o Plano de Carreira dos servidores da saúde seja implementado nas cidades onde ainda não há e que seja modificado onde estão mau estruturados, como é o caso do sistema estadual de saúde (veja matéria na página 6), sempre cobrando que haja conformidade com as diretrizes nacionais do SUS. Os trabalhadores cobram que estejam presentes nos novos Planos questões como ascensão funcional, jornada de trabalho de 30 horas semanais, equivalência de remuneração entre os três Poderes, menor tempo para promoção, financiamento dos planos de carreira, garantia de direitos adquiridos e correção dos reposicionamentos que tiverem sido feitos com erros. Saúde a VÁRIAS mãos Jaleco de ouro: Benefícios concedidos apenas aos médicos*: Reajuste diferenciado; Remuneração do plantão; Jornada dupla; Horários e normas para o repouso; * Essa realidade pode mudar dependendo da localidade A saúde é um setor multiprofissional e essa percepção está na base do SUS. Porém, a desigualdade de tratamento das prefeituras e governo do Estado fazem com os trabalhadores mostram bem o tamanho da luta que a saúde ainda tem que enfrentar para mudar a cultura curalista do século. Quem acompanha a rotina dos trabalhadores da saúde entende: as funções são diferentes, a responsabilidade e compromisso com a vida são iguais e o contracheque o divisor de águas. Não são poucos os exemplos de profissionais que trabalham no setor de urgência e emergência, que estão expostos as mesmas pressões típicas do local de trabalho, e são tratados de forma diferente ao receber o adicional de urgência e emergência. Algumas cidades diferenciam por nível de escolaridade, o que também é um erro. O atendimento de urgência de um paciente no SUS passa por diversos profissionais que precisam prestar o serviço de saúde de forma ágil e integrada. A obviedade disso não sensibiliza a maioria dos gestores que mantêm benefícios só para a área médica. O Sind-Saúde entende que os benefícios criados são uma necessidade importante e atende a uma demanda dos trabalhadores da saúde com base em suas funções, sem distinção de cargo. A luta dos trabalhadores é para que os adicionais façam parte de uma política de valorização de todos, para uma saúde de mais qualidade. Trabalhadores cobram incentivo a formação A Escola de Saúde Pública de Minas Gerais (ESP-MG), por exemplo, oferece diversos cursos de educação permanente e técnica para qualificação e formação de profissionais da área de saúde pública. Porém, a ESP sofre com grande falta de profissionais e de investimento. Segundo o Departamento de Recursos Humanos da ESP, o Gestores privilegiam a área médica e ferem a isonomia ao conceder benefícios e gratificações Nos âmbitos municipal, estadual e federal existem programas e recursos para a formação e qualificação dos servidores públicos. Porém, em Minas os trabalhadores não se sentem estimulados a se capacitarem, visto que o plano de carreira não indica perspectivas de evolução, a jornada extensa não deixa sobrar tempo para o estudo, instituições não liberam para dia de prova e faltam projetos para custear a formação. Para Mozart Sales, secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (Sgtes) do Ministério da Saúde, um dos maiores desafios da saúde pública brasileira é ampliar a formação técnica para o SUS, favorecendo a fixação e o aumento de profissionais de saúde. Formação em Minas Em Minas Gerais existem algumas escolas que oferecem cursos para qualificação dos servidores (confira abaixo), mas a falta de profissionais, de investimento e de divulgação dificultam a funcionabilidade das instituições. Falta ao governo implementar uma política ampla de valorização, investindo na formação e fazendo um plano de carreira que estimule a qualificação. Unimontes: O Sind-Saúde Núcleo Unimontes conseguiu que a reitoria da Universidade implementasse, em parceria com a Universidade Aberta do Brasil, pós-graduação em Gestão Pública, voltada prioritariamente para servidores. concurso público para a Escola enfim foi autorizado pela Seplg e ofertará 46 vagas para cargos de nível médio e superior. A previsão é que o concurso seja realizado em 2013. A Fundação João Pinheiro também oferece, por meio da Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho, cursos de qualificação para os servidores. Alguns cursos, como formação de pregoeiros, gestão de convênio e captação de recursos, são abertos aos servidores e à sociedade em geral. Outros obedecem a critérios da Seplag, que também escolhe os servidores do Estado que irão participar. Mais no site: http:// www.eg.fjp.mg.gov.br/

SAÚDE & LUTA 9 Saúde do trabalhador As péssimas condições de trabalho influenciam o risco de doenças que acontecem por causa ou até mesmo durante o trabalho. Segundo a pesquisadora Denise Cheavegatti, algumas vezes o trabalhador tende a negar que os problemas de adoecimento têm relação com seu trabalho. Os trabalhadores da saúde de Minas vivem em permanente estado de acidente. Essa é a afirmação da engenheira de segurança do trabalho Marta de Freitas. Segundo ela, essa situação é desecadeada pelas péssimas condições d trabalho. O número insuficiente de trabalhadores, a jornada de trabalho estressante, as instalações inadequadas, os desgastes físicos e mentais, baixos salários, mais de um vínculo empregatício, o assédio moral e os riscos de agressão expõem os trabalhadores da saúde ao risco de acidente de trabalho. O adoecimento pode ser tanto por ordem física ou psíquica. Além da contaminação biológica, LER/DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho), acidentes com perfuro cortantes e transtorno mental, as lesões na coluna estão cada vez mais presentes na vida dos trabalhadores da saúde. A falta de notificação e a tentativa do governo de esconder o acidente de trabalho elevam o tamanho do problema. Acidentes em números Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 100 trabalhadores na região sudeste um é portador de lesões de esforço repetitivo (LER) e Minas ocupa o segundo lugar deste ranking. Mais de 700 mil brasileiros são vítimas de acidentes trabalho e quase quatro mil morreram. A maioria das vítimas tem entre 20 e 35 anos. A reivindicação pela jornada máxima de 30 horas semanais para todos os profissionais da saúde é uma luta histórica e que ganha cada vez mais corpo. Todos sabem que o trabalho na área da saúde é extremamente cansativo e estressante, e essa situação é ainda mais agravada em Minas Gerais, onde há falta de profissionais, de equipamentos e de leitos, fazendo com que os servidores fiquem ainda mais sobrecarregados. Qualidade de vida Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) sobre o trabalho e o tempo livre publicada em março,mostra que se a jornada fosse reduzida, mais de 60% dos trabalhadores dedicariam o tempo livre a outras atividades, como estudo, lazer, atenção à família e práticas esportivas. A pesquisa mostra ainda que cerca de 40% dos entrevistados disseram que o tempo dedicado ao trabalho compromete a qualidade de vida. Luta Algumas categorias, como assistentes sociais, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais já conquistaram o direito da jornada máxima de 30 horas, o que demonstra que a lei tem reconhecido que é impraticável a jornada 30 horas é o limite! Saúde luta por jornada máxima de 30 horas sem redução salarial de 40 horas na saúde. Outras categorias ainda estão lutando para que sejam aprovadas as leis que estendam o direito. A Organização Mundial de Saúde (OMS) também recomenda o limite máximo de 30 horas semanais na saúde. Redução sem redução salarial Muitos governantes e gestores têm optado por dar a opcionalidade para o servidor escolher se quer trabalhar 40 ou 30 horas, porém, com redução salarial CONVÊNIO SIND-SAÚDE/MG caso reduza a jornada. Assim, os salários, que já são ruins, ficam péssimos, e o trabalhador passa dificuldades. Mesmo assim muitos profissionais optam pela redução, demonstrando que ninguém mais está agüentando a jornada de 40 horas. A luta do Sind-Saúde nas Prefeituras e em todo o sistema estadual de saúde é e continuará sendo pela redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais sem redução salarial.

10 Servidores municipais na luta O Sind-Saúde ampliou e reforçou a sua representação junto aos servidores municipais de várias cidades do interior de Minas. Além de organizar a luta dos trabalhadores da saúde em locais onde já tinha núcleos, como Sete Lagoas, Vespasiano, Betim, Ribeirão das Neves e Montes Claros, o Sind- Saúde passou a representar servidores de diversas cidades do norte de Minas e outras espalhadas pelo Estado, como Corinto, Matozinhos e Pedro Leopoldo. Em todas essas cidades houve assembleia, reuniões, manifestações e negociações e alguns avanços foram obtidos. Mas em 2013 a luta no interior irá se reforçar ainda mais. Um grande avanço do Sind-Saúde/MG Núcleo Regional Betim foi a ampliação da representação em cidades do Vale Paraopeba. Sarzedo (foto), Mário Campos e São Joaquim de Bicas foram as primeiras e já comemoram algumas vitórias importantes. No ano de 2013 a expectativa é crescer ainda mais e organizar trabalhadores de mais cidades do Vale. Assim, o Núcleo se torna mais forte e compartilha boas experiências de luta por toda região. O Núcleo Regional Betim prepara para os primeiros meses de 2013 uma intensa rodada de negociação com as prefeituras. Fiquem alertas para as convocações de assembleia de votação da pauta de reivindicações 2013 e para toda mobilização da campanha salarial no próximo ano. Juntos somos mais fortes! Além de várias conquistas para os servidores, o Núcleo de Ribeirão das Neves organizou debate com todos os candidatos à prefeito Servidores da saúde de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, se filiaram em massa ao Sind-Saúde Servidores de várias Prefeituras do Norte de Minas decidiram ser representados pelo Sind-Saúde, se filiaram e fizeram várias lutas. Fotos (de cima para baixo):mato Verde, Espinosa, Januária, Janaúba e Lontra. Outra cidade que já recebeu o Sind-Saúde foi Brasília de Minas Núcleo de Vespasiano fez várias lutas em 2012, inclusive pela regularização do regime jurídico dos ACS e ACE e pela correção no pagamento das férias Os servidores da saúde de Montes Claros já são há mais tempo organizados pelo Núcleo Regional do Sind-Saúde e ao longo de 2012 lutaram por melhores salários e condições de trabalho. Na foto acima, ACS e ACE em passeata pela cidade reivindicando reajuste salarial.

Agentes lutam por regularização Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE) de todo o Estado vêm lutando pela regularização do regime jurídico e assim se tornarem cargos públicos estatutários e terem os mesmos direitos que os servidores efetivos das Prefeituras. A regularização está prevista na Emenda Constitucional 51 e na lei 11.350/2006, que regulamentou as profissões e especifica as funções, prevê o processo seletivo após 2006 como forma de ingresso e garante o vínculo por cargos ou empregos públicos. Apesar de alguns municípios não cumprirem, a lei é de caráter nacional e deve valer para todos. Em vários municípios mineiros, agentes que estão há anos na função e que muitas vezes já passaram por processo seletivo não estão efetivados e continuam geridos por contratos administrativos precários, perdendo vários direitos como férias, FGTS, carreira, quinquênio e 13º salário. Ao longo de 2012, o Sind-Saúde e os ACS e ACE de várias Prefeituras lutaram pela regularização do regime jurídico. Em Vespasiano, na região metropolitana de BH, cerca de 150 agentes foram considerados aptos pela Comissão Certificadora para serem efetivados. Em várias cidades do norte de Minas houve a regularização: Em Janaúba o número foi de 88; na cidade de Lontra todos os ACS e ACE passaram para o regime estatutário; e os agentes de Januária também foram efetivados. Salários e condições de trabalho Os agentes também sofrem com os péssimos salários e condições de trabalho. O Sind-Saúde reivindica que os R$ 871,00 que o Ministério da Saúde envia aos municípios por cada ACS seja integralmente repassado para os trabalhadores. Além dessa quantia, as Prefeituras também não repassam o incentivo de final de ano que o Ministério encaminha a todos municípios. Os trabalhadores também acompanham a tramitação na Câmara dos Deputados da Emenda Constitucional 63, que visa garantir o piso salarial nacional e o plano de carreira dos ACS e ACE. Outro problema constante enfrentado pelos agentes são as más condições de trabalho, com falta de equipamentos (inclusive os de proteção individual), falta de protetor solar (visto que os servidores andam o dia todo debaixo do sol e muitos já apresentam câncer de pele) e pontos de apoio precários, além da tão comum pressão das chefias. O Sind-Saúde está lutando junto com os agentes para que essas profissões tão fundamentais para o cuidado e acompanhamento da saúde da população sejam efetivamente valorizadas e respeitadas, com situação jurídica regulamentada, salário digno, boas condições de trabalho e o reconhecimento de que os agentes são servidores da Prefeitura e não uma categoria isolada. Trabalhar, sim correr risco, NÃO Crescente número de agressão aos servidores da saúde têm como causa a insegurança nas unidades e o sucateamento da saúde Os casos de agressão física e verbal aos trabalhadores da saúde tem aumentado de forma preocupante e a categoria precisa ficar atenta. Os motivos podem variar de uma situação a outra, mas na maioria das vezes, escondem a má gestão e o sucateamento da serviço público. O trabalhador da saúde está na berlinda, na linha de frente do descontrole da gestão e da intolerância do cidadão. Seja em redes hospitalares ou em centros de saúde, a realidade é a mesma: trabalhadores convivem a beira de ataques de violência. A falta de segurança leva os trabalhadores ao stress diário. Os motivos são muitos: a falta de profissionais para atender a demanda grande pelos serviços de saúde; a falta de leitos e estrutura física que os governos insistem em não investir e a própria violência social que tem uma das portas o atendimento nas unidades de saúde. HGV: mau exemplo Recentemente, com a motivação do Sind-Saúde, a grande imprensa noticiou os casos quase que diários de agressão no Hospital Galba Velloso (HGV), da Rede Fhemig. Sem um sistema de segurança e com déficit de trabalhadores - sobretudo de homens, para impor respeito -, o HGV pisquiátrico além das urgências recebe pacientes viciados em crack com internação compulsória encaminhada pela Justiça. E o setor ortopédico recebe vários acidentados que possuem ligação com consumo ou até mesmo tráfico de drogas. A realidade é dura e tem consequências no aumento sistemático de ocorrências policiais dentro do hospital. Ameaça com armas de fogo, luta corporal e combate ao tráfico de drogas dentro do hospital são situações infelizmente rotineiras para os trabalhadores. Sem ação efetiva, a direção da Rede Fhemig convive com estas denúncias há meses e só agora, após muita reivindicação do Sindicato, começa a tomar medidas. A mesma insegurança pode ser percebida em hospitais municipais e centros de saúde. Com inúmeras denúncias de agressão de pacientes contra trabalhadores, o Núcleo Regional Betim do Sind-Saúde reivindica dapprefeitura que guardas patrimoniais fiquem em tempo integral durante periódo de atendimento. A agressão da chefia Outro caso grave de agressão aconteceu na Fundação Ezequiel Dias (Funed). Um chefe direto deu um tapa uma servidora. O caso foi acompanhado pelo Sind-Saúde/ MG e também ganhou repercussão na mídia. A agressão ocorrida dentro do local de trabalho após uma discussão funcional, escancara a fragilidade das relações de trabalho no serviço público mineiro. O assédio moral, que na maioria das vezes não chega às vias de fato, é uma grande preocupação do Sindicato, que reivindica punição mais severa aos assediadores. O governo estadual publicou o Decreto que regulamenta a Lei 116/2011, que dispõe sobre o assédio moral. No Decreto, de número 46.060, o governo cria prazos e procedimentos para investigar denúncias sobre assédio moral. O Sind-Saúde/MG ressalva que com a regulamentação o governo não prevê nenhuma punição criminal e responsabilização civil ao assediador. O governo, com sua política de desrespeito ao servidor público, é na verdade conivente e muitas vezes responsável pelo assédio moral e agressões sofridas pelos trabalhadores. Imprensa retratou a insegurança e agressões vividas por trabalhadores da saúde 11

12 Uma linda caminhada em 2013 É o que deseja o SIND-SAÚDE O tempo muito me ensinou: Me ensinou a amar a vida, Não desistir de lutar, Renascer na derrota, Renunciar às palavras e pensamentos negativos, Acreditar nos valores humanos, E a ser OTIMISTA. Aprendi que mais vale tentar do que recuar... Antes acreditar do que duvidar, Que o que vale na vida, Não é o ponto de partida e sim a nossa caminhada. Cora Coralina FILIE-SE ao Sind-Saúde e fortaleça a luta dos trabalhadores estaduais e municipais da saúde de Minas Gerais! Ligue para (31)3207-4800 e saiba mais informações. Se você já é filiado, entre em contato para fazer o recadastramento de seus dados.