RELATÓRIO DE FUNDAMENTAÇÃO DA PROPOSTA DE PRORROGAÇÃO DE MEDIDAS PREVENTIVAS NA ÁREA ADJACENTE AO MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA 1. INTRODUÇÃO A presente proposta vem consubstanciar a revogação parcial das medidas preventivas que incidem sobre parte da área de intervenção do Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana das Janelas Verdes (PPRUJV), nos termos previstos no Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial em vigor, na revisão operada pelo Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, doravante abreviado RJIGT, artigo 141.º n.º 4. Fundamenta-se nos estudos entretanto desenvolvidos, plasmados no programa base que se anexa, confinando-se assim à extensão adequada à satisfação dos fins a que se destina, vg. a ampliação do MNAA e o reordenamento dos respetivos acessos. Procedeu-se ainda à adequação dos limites desta área ao esboço de cadastro verificado, designadamente na parcela da avenida 24 de Julho 98-98B. A proposta prevê ainda a prorrogação das mesmas medidas, por um ano, nos termos do disposto no RJIGT, artigo 141.º n.º 1, por se manterem os demais pressupostos conforme se segue, e conforme o disposto no n.º 7 mesmo artigo. 2. ANTECEDENTES E ENQUADRAMENTO Assinala-se, em 2012, a aprovação da Revisão do PDM de Lisboa assim como a classificação de uma percentagem elevada do território da cidade como Área de Reabilitação Urbana (ARU) que conta com uma alteração e aprovação de Operação de Reabilitação Urbana Simples em 2015 (Aviso n.º 8391/2015 - Aprovação da Alteração à Delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Lisboa, publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 148, de 31 de julho de 2015). Os últimos anos registam igualmente a aprovação das alterações ao Regime Jurídico da Reabilitação Urbana (Lei n.º 32/2012, de 14 de agosto), da Lei de Bases Gerais da Política Pública de Solos, do Ordenamento do Território e do Urbanismo (Lei n.º 31/2014, de 30 de maio), a alteração e republicação do Regime Jurídico da Urbanização e Edificação (Decreto-lei n.º 136/2014, de 9 de setembro), a revisão do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (Decreto-lei nº 1
80/2015, de 14 de maio), as alterações do Regime Jurídico da Instalação, Exploração e Funcionamento dos Empreendimentos Turísticos (Decreto-Lei n.º 15/2014, de 23 de janeiro). Nestes diplomas, é refletida a prioridade que vem sendo dada à Reabilitação Urbana como estratégia de intervenção extensiva a toda a cidade, com especial relevo nas áreas históricas e frente ribeirinha de Lisboa, onde se regista concentração de património cultural relevante incluindo edifícios e espaços públicos de reconhecido valor histórico-patrimonial, classificados ou que simplesmente integram a Carta Municipal do Património Edificado e Paisagístico de Lisboa. A elaboração do plano na modalidade de Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana, como forma de intervenção municipal no território, operacionaliza a Estratégia de Reabilitação Urbana 2011-2024, aprovada através da Deliberação n.º 11/AML/2012, de 20 de março. Tendo em atenção a manifestação de intenções de intervenção na área, quer públicas quer privadas, o futuro PPRUJV desenvolverá soluções para a preservação e para o restabelecimento do equilíbrio volumétrico e da coerência formal do conjunto, conciliando o potencial turístico da zona, a reabilitação de imóveis e espaços públicos de valor patrimonial, a redução de riscos de sinistros associados a incêndios, derrocadas, sismos e deslizamentos, a utilização de energias renováveis, a melhoria das condições de estacionamento e mobilidade e o apoio às instituições presentes na área. O desenvolvimento do MNAA surge como motor para a revitalização da área e passa necessariamente pela ampliação do edifício e pela reorganização dos seus acessos. A resposta da cidade ao crescimento da procura turística de Lisboa (e do museu) e a resolução dos constrangimentos de instalações e de acessos ao MNAA, situado na zona ribeirinha, convergem e enquadram-se no dossiê LX-Europa 2020 - Lisboa no quadro do próximo período de programação comunitário - Áreas de Intervenção na Cidade de Lisboa que inscreve a Ampliação do Museu Nacional de Arte Antiga no projeto estruturante da cidade de Lisboa Afirmação do Turismo na base económica de Lisboa. O edifício do museu, também designado Palácio Alvor, na rua das Janelas Verdes, freguesia da Estrela, encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público (IIP), conforme publicado pelo Decreto n.º 516/71, de 22 de novembro, publicado no Diário do Governo n.º 274, I Série; pela Portaria n.º 512/98, de 10 de agosto, publicada no Diário da República n.º 183, na I Série B, foi delimitada a Zona Especial de Proteção Conjunta que abrange, no total, 14 imóveis classificados. 2
3. FUNDAMENTAÇÃO DA PROPOSTA A reabilitação e ampliação permitirão ao museu dispor de uma estrutura que, valorizando o património arquitetónico da cidade, continuará o movimento iniciado de expansão da projeção cultural no plano nacional; por outro lado permitirá adequar a sua resposta à procura turística da cidade Lisboa e contribuir para o aumento do suporte às atividades económicas locais e para a sustentabilidade territorial, em termos económicos, sociais e culturais, promovendo a revitalização e vivificação de toda a área envolvente. Considera-se que existe manifesto interesse público na urgente dinamização da ampliação e reabilitação do imóvel do Museu Nacional de Arte Antiga e seus acessos, objetivo este inscrito nos Termos de Referência do Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana em elaboração. Com a ampliação e reabilitação do museu pretende-se criar condições de acessibilidade pela avenida 24 de Julho em articulação com a avenida de Brasília, com vista a reduzir os constrangimentos existentes para os autocarros turísticos e ainda melhorar o estacionamento dos visitantes. A concretização desta opção mostra-se incompatível com a realização de quaisquer operações urbanísticas que, à sombra do Plano em vigor (o PDM) possam impossibilitar a viabilização da requalificação prevista nos objetivos do PPRUJV. Atenta esta excecional circunstância que resulta da alteração significativa das perspetivas de desenvolvimento económico e social locais entendeu-se dever adotar medidas preventivas em área delimitada adjacente ao MNAA, que entraram em vigor em 8 de março de 2016, pelo prazo de dois anos, e, nos termos previstos no n.º 2 do artigo 134.º do RJIGT, suspender a eficácia do plano territorial em vigor para a área abrangida por estas medidas preventivas: o Plano Diretor Municipal de Lisboa. Considerando a permanência dos fundamentos e das circunstâncias acima descritas, urge agora prorrogar estas medidas, nos termos da Lei. A evolução dos estudos, conforme programa base que ora se anexa, permite redelimitar, com revogação parcial da área abrangida, a área sujeita a 3
restrição e adequar a mesma ao esboço do cadastro predial. Por outro lado, não se alteram, por tal se não justificar, as normas aplicáveis, aprovadas pela AML em 2016. 4. MEDIDAS PREVENTIVAS 4.1. Enquadramento Legal As medidas preventivas são medidas cautelares que vêm consagradas no RJIGT (atualmente a par das normas provisórias, previstas no mesmo diploma) e têm como fim último evitar a alteração das circunstâncias ou das condições de facto existentes, alteração de circunstâncias esta que, a verificar-se, seja limite à liberdade de planeamento ou possa comprometer ou tornar mais onerosa a execução do plano (artigo 134.º, n.º1, parte final). As presentes medidas preventivas obedecem ao regime previsto no RJIGT, no seu capítulo IV- Medidas cautelares (artigos 134.º a 145.º) em tudo o que não esteja expressamente referido neste relatório de fundamentação. 4.2. Objetivo A prorrogação das medidas preventivas agora proposta manterá o contexto normativo de fundo que tornará viável a intervenção urgente para a concretização de um dos objetivos assumidos com carácter prioritário no PPRUJV: o da ampliação do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA). À adoção destas medidas preventivas presidiu o objetivo do futuro PPRUJV de ampliação do MNAA; na ponderação da adoção das medidas, foram tidos em atenção estes objetivos e a convicção e verificação de que a aplicação do regime do atual PDM compromete esses objetivos e prejudicaria a estratégia para a revitalização e requalificação do MNAA, o que se pretende assim acautelar, pelo que tais medidas se continuam a considerar indispensáveis. A revogação parcial, pela redução da área sujeita às medidas conforme delimitada na planta anexa mostra-se compatível com os objetivos do futuro plano, designadamente a salvaguarda e reabilitação dos imóveis em causa. 4
4.3. Pressupostos de validade No caso presente ponderou-se, indo ao encontro dos princípios da necessidade e da proporcionalidade, ínsitos no artigo 139.º do RJIGT, que as medidas são as que estritamente acautelam os objetivos em vista, ou seja, os objetivos do futuro plano; por sua vez foi ponderado o prejuízo que resultaria da inviabilização das intervenções de regeneração/reabilitação dos edifícios e das parcelas, circunstâncias de excecional interesse para o município, e do território em que se inscrevem, face à vantagem que se crê continuar a advir da prorrogação das medidas preventivas. Em observância do que é exigido no n.º 2 do artigo 139.º do RJIGT, a prorrogação das presentes medidas preventivas apresenta claras vantagens, tendo em atenção que as operações urbanísticas e de reabilitação para a ampliação do museu e reordenamento dos acessos a desenvolver na sua vigência, não acarretam inconvenientes de ordem económica, técnica, social e ambiental porquanto as mesmas serão sujeitas a diversos níveis de controlo da sua adequação em termos urbanísticos e ambientais. A intervenção para ampliação do museu e reconfiguração dos acessos irá, em posterior execução do PPRUJV, concretizar-se em operações urbanísticas as quais obedecem ao regime jurídico relativo aos estudos, projetos, obras ou intervenções em bens culturais classificados ou em vias de classificação, contido no Decreto-Lei n.º 140/2009, de 15 de junho, regime que desenvolveu os mecanismos de controlo prévio e de responsabilização em relação a obras ou intervenções no património cultural, já esboçados na Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, e estando sujeitas ao parecer prévio da Direção Geral do Património Cultural (DGPC). A área em causa está abrangida por medidas preventivas desde há cerca de dois anos, pelo que se encontra observado o disposto no n.º 1 do artigo 141.º do RJIGT. As presentes medidas são as que estritamente acautelam os objetivos do futuro plano, que se encontra em elaboração, e atendem ao princípio da proporcionalidade, quer na vertente necessidade, quer na vertente adequação, que suporta as medidas cautelares de carácter antecipatório. 5
4.5. Âmbito material Nos termos do n.º 4 do artigo 134.º do RJIGT, as medidas preventivas podem determinar não só a proibição, como podem estabelecer limitações ou sujeitar certas operações urbanísticas a parecer vinculativo; materialmente, as presentes medidas preventivas consistem na proibição das ações previstas nas alíneas a) a d) do n.º 4 do artigo 134.º do RJIGT, com exceção das intervenções de conservação, não sujeitas a controlo administrativo prévio, e das intervenções urgentes para a salvaguarda da integridade física e da segurança de pessoas e bens, designadamente por risco de ruína ou ruína iminente de edifícios ou partes de edifícios. Ficam excluídas do âmbito de aplicação das medidas preventivas as ações validamente autorizadas antes da sua entrada em vigor, bem como aquelas relativamente às quais exista informação prévia favorável válida (artigo 134.º, n.º 5 do RJIGT). Quando o estado dos trabalhos de elaboração do PPRUJV o permita, pode a entidade competente para a aprovação das medidas preventivas alterar a proibição de realização de todas as operações urbanísticas, pelo facto de a referida proibição se revelar desnecessária, sujeitando-as a parecer prévio da CML e da DGPC. 4.6. Âmbito territorial A área sujeita às presentes medidas preventivas, na sua forma reduzida pela presente proposta, encontra-se delimitada na planta anexa, tem cerca de 0,6 hectares e abrange parte da freguesia da Estrela, inserindo-se em parte da UOPG 8 Campo de Ourique/ Santos, e vem reduzir a anterior delimitação em 44%. 4.7. Âmbito temporal As medidas preventivas têm sempre carácter e duração temporária, e observam o limite de dois anos constante do texto legal, presentemente prorrogados por mais um. Com a entrada em vigor do plano que motivou a adoção das presentes medidas preventivas - o PPRUJV - as mesmas caducam, o que decorre do artigo 141.º, n.º 3, alínea c) do RJIGT. 6