ANÁLISE MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO IGARAPÉ AMARO, ACRE-BRASIL

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Transcrição:

ANÁLISE MORFOMÉTRICA DA BACIA HIDROGRÁFICA DO IGARAPÉ AMARO, ACRE-BRASIL Elisandra Moreira de Lira Universidade Federal do Acre elisandrageo@yahoo.com.br Francisco Ivam Castro do Nascimento Universidade Federal do Acre ivam.nc@gmail.com Gleiciane Oliveira de Almeida Universidade Federal do Acre gleiciane.almeida@ac.gov.br EIXO TEMÁTICO: GEOECOLOGIA DAS PAISAGENS, BACIA HIDROGRÁFICAS, PLANEJAMENTO AMBIENTAL E TERRITORIAL Resumo: O processo de ocupação do espaço amazônico trouxe vários prejuízos ao meio ambiente e sociedade, pela rápida degradação do espaço. A busca de informações sobre as condições ambientais de bacias hidrográficas fornece subsídios para ações mitigadoras de possíveis impactos negativos. O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise morfométricada Bacia Hidrográfica do Igarapé Amaro, localizada na cidade de Rio Branco, no Acre. O índices morfométricos foram encontrados através de análise Linear, Areal e Hipsométrica, para tanto, fez-se necessário levantamento cartográfico da área em estudo, confecção de mapas temáticos, utilizando o software ArcGis 10, Spring 5.1 e Surfer 10, além do trabalho de campo, para verificação in locusda área em estudo. Os resultados apontaram que a Bacia do Igarapé Amaro possui uma área e 602 Km² e forma triangular. O comportamento hidrológico foi considerado baixo (Densidade de rios de 0,0006Km), os estudos mostraram um baixa densidade de drenagem (1,48 Km/Km²). Possui escoamento lento, considerando os baixos índices de amplitude altimétrica máxima (42 m), a relação de relevo (6,99 m/km) e o índice de rugosidade (28,38). Com os resultados da pesquisa espera-se que os gestores públicos possam atuar com mais rigor no se que refere à conservação de áreas já protegidas por lei. Palavras-chave: Bacia Hidrográfica, Morfometria, Acre. Abstract: The process of occupationof the Amazon regionbroughtmoredamageto the environment andsociety,the rapid degradationof space.the search forinformation onthe environmental conditionsof watershedsprovidesgrants formitigation actionspossible negative impacts. The aimof this study wasamorphometric analysis of thebasinigarapéamaro, located in the city ofrio Branco, in Acre. Themorphometric indiceswere foundthrough analysislinearandarealhypsometric,somuchit was necessarymappingthe area of study, preparation of thematic mapsusing thearcgis10, SpringSurfer5.1 and10, in addition to field workfor verificationin locusof the study area. The results showedthatamaroigarapébasinhas an areaand 602km² anda triangular shape. Thehydrological behaviorwas considered low(density of 0.0006km²rivers), studies have shown alow drainage density(1.48km/km²). It hasslowrunoff, considering the low rates ofaltimetric amplitudemaximum(42m), the relief ratio(6.99m/km) and theroughness index(28.38). Withthe survey resultsis expected thatpublic managerscan actwith morerigor in that respct to conservation areas already protected by law. Keywords: hydrographic Basin, Morphometry,Acre. 606

Justificativa e Problemática Para Tucci (1993), a Bacia Hidrográfica (BH) é o elemento fundamental de análise do ciclo hidrológico, principalmente na sua fase terrestre que engloba a infiltração e o escoamento superficial. Já sobre o estuário, Guerra (1997, p. 258) caracteriza como sendo as porções finais de um rio, estando sujeitos aos efeitos das marés. Por conseguinte, o estuário de um rio é a parte vizinha da costa invadida pelas marés, correntes e vagas. Vilella e Mattos (1975), afirmam existir uma grande correspondência entre as características físicas de uma BH e o regime hidrológico, pois através de relações e comparações entre esses dois elementos pode-se determinar indiretamente valores hidrológicos em regiões onde esses dados são escassos. Neste sentido, o estudo de Bacias Hidrográficas tem se tornado freqüente nos últimos anos, em face da escassez e mau gerenciamento dos recursos hídricos, ocasionado pelo fenômeno da expansão urbana acelerada e desorganizada, levando à ocupação irregular do solo às margens de rios e igarapés, contribuindo para degradação do ambiente natural de bacias hidrográficas localizadas em áreasurbanas e rurais. Nos dias atuais, apesar das inúmeras instituições governamentais e não governamentais envolvidas na questão ambiental, podemos ainda constatar intervenções antrópica acontecendo em nosso dia a dia, principalmente às margens de rios e igarapés, cujos danos podem causar transtornos e consequências irreparáveis ao meio ambiente, e conseqüentemente prejuízos ao próprio Homem. Objetivo O presente trabalho teve como objetivo realizar uma análise morfométricada Bacia Hidrográfica do igarapé Amaro, localizada no meio urbano e rural da cidade de Rio Branco-AC, a partir de software de geoprocessamento e produtos de sensoriamento remoto, obtendo assim, os índices de análise Linear, Areal e Hipsométrica. Materiais e Métodos A bacia do Igarapé Amaro está localizada no município de Rio Branco, entre as coordenadas geográficas de 10 00 35,7 S e 67 50 59,1 W em sua nascente, e 09 57 21,5 S e 67 50 33,4 W na foz, localizada entre a zona urbana e rural da capital (Figura 1). 607

Figura 1: Localização Geográfica da Bacia Hidrográficado Igarapé Amaro, Rio Branco-AC, Brasil. Para o desenvolvimento do presente trabalho foram adotados alguns procedimentos necessários para a execução do mesmo, como: pesquisa bibliográfica sobre o assunto, além de pesquisa cartográfica em órgãos públicos do Estado; trabalho de campo, com visita aos afluentes e nascentes do igarapé Amaro para levantamento da rede hidrográfica, e demais características físicas; elaboração de dados cartográficos, confeccionados no Laboratório de Geomorfologia da Universidade Federal do Acre, utilizando ferramentas do ambiente SIG (ArcGIS 10, Spring 5.1 e o software Surfer 10), onde primeiramente se fez a delimitação da bacia do Igarapé Amaro através do seu divisor de águas, identificado em imagens de SRTM (Shuttle Radar TopographyMission),com resolução espacial de 30 metros, nos permitindo mapear a rede de drenagem, e posteriormente a construção do modelo numérico do terreno com a ajuda do softwaresurfer 10; o mapeamento do uso e ocupação da terra na região do Igarapé Amaro se deu com a interpretação de imagens FORMOSAT do ano de 2008 com resolução espacial de 2 metros. Resultados e Discussão Análise Morfométrica da Bacia Hidrográfica do Igarapé Amaro As bacias hidrográficas possuem geometrias e morfometrias diferentes, assim como outros padrões. Os cálculos realizados no processo morfométrico servem de base para uma melhor aproximação com a rede de drenagem, embasando e fundamentando ações no âmbito da mesma. Segundo Cristofoletti (1980) a análise morfométrica de uma bacia hidrográfica pode ser dividida em três itens a saber: análise linear, areal e análise hipsométrica. Essas três análises podem ser vistas nas tabelas 1, 3 e 4. A pesquisa sobre as características morfométricas da bacia resultou em um conjunto de informações detalhadas sobre a mesma. Entre as variáveis analisadas constam: Perímetro da bacia 608

(km), Comprimento do rio principal (km), relação de bifurcação, Índice de sinuosidade (%), Relação entre o comprimento médio dos canais de cada ordem (m), Ordem da bacia, Área da bacia (km²), Forma da bacia, Densidade de rios, Densidade de Drenagem (km/km²), Amplitude Altimétrica (m), Relação de relevo (m/km) e Índice de rugosidade. Análise linear - A análise linear refere-se aos índices e relação ao longo do fluxo da rede de drenagem, como relação de bifurcação, relação entre o comprimento médio dos canais de cada ordem, comprimento do rio principal, perímetro e o índice de sinuosidade. Tabela 1 Análise linear da bacia hidrográfica do Igarapé Amaro Acre Características Físicas Resultados Perímetro (km) 13,940 Comprimento do rio principal (km) 6,790 Relação de Bifurcação 2 Índice de sinuosidade (%) 10 Relação entre o comprimento médio dos canais de cada Ordem1 Ordem 2 Ordem 3 ordem (m) 475 2150 2500 Ordem da bacia 3ª Comprimento do canal principal - O perímetro da bacia do Igarapé Amaro atinge13,940 metros e o comprimento do canal principal, que é a distância que se estende ao longo do curso de água desde a nascente principal até a desembocadura, é de quase 7 km. Relação de bifurcação - Definida por Horton (1945) apud Christofoletti (1980), a relação de bifurcação pode ser definida como sendo a relação entre onumero total de segmentos de certa ordem e o numero total dos de ordem imediatamente superior. Onde: Nu é o número de segmentos de determinada ordem e Nu+1 é o número de segmentos da ordem imediatamente superior. Rb: relação de bifurcação Nu: número de segmentos de determinada ordem; Nu+1: número de segmentos da ordem imediatamente superior Segundo Horton (1945apudChristofoletti, 1980) em uma bacia determinada, a soma do numero de canais de cada ordem forma uma série geométricainversa, cujo primeiro termo é a unidade de primeira ordem e a razão é a relação de bifurcação. 609

No caso em estudo, a Relação de bifurcação da bacia do Igarapé Amaro apresentou valor de 2,0 indicando que se trata de uma bacia com mediano grau de dissecação do relevo. Considerandose a metodologia exposta por Strahler (1952) para a ordenação dos canais da bacia, esses índices podem ser vistos na tabela 2, que também é demonstrada na figura ilustrativa de hierarquia e ordem dos canais da bacia hidrográfica do Igarapé Amaro (figura 1). Tabela 2 Ordem, número de canais, extensão e relação de bifurcação da Bacia Hidrográfica do Igarapé Amaro, Acre. Ordem (Strahler) Numero de canais Extensão (km) Relação de Bifurcação 1 4 1,9 2 2 4,3 2 3 1 2,5 2 Figura 2Hierarquia fluvial e ordem dos canais da bacia hidrográfica do Igarapé Amaro Índice de Sinuosidade - Segundo Pissara (2004) o índice de sinuosidade é a relação entre a distância da desembocadura do rio e a nascente mais distante (equivalente vetorial), medida em linha reta (Ev), e o comprimento do canal principal (L). O índice de sinuosidade possui algumas classes: Tabela 3Classes do índice de sinuosidade Classe Descrição Limites I Muito reto <20% II Reto 20-29% III Divagante 30-39,9% 610

IV Sinuoso 40-49,9% V Muito sinuoso >50% Is: Índice de sinuosidade L: Comprimento do canal principal Ev: Medida em linha reta da bacia (comprimento vetorial) Portanto, a bacia do Igarapé Amaro apresentou um índice de sinuosidade de 10% indicando que os cursos d água da bacia são muito retos. Relação entre o comprimento médio dos canais de cada ordem (m) - No tocante a relação entre o comprimento médio dos canais de cada ordem (m) da bacia hidrográfica do Igarapé Amaro utilizou-se a seguinte formula (Christofoletti, 1980): Lm: Cumprimento médio dos seguimentos fluviais Lu: Soma total dos cumprimentos dos canais de cada ordem Nu: Seguimentos encontrados na respectiva ordem. Este cálculo nos dá aproximadamente o cumprimento médio dos canais de cada ordem. No caso da bacia do Igarapé em estudo foi feito o cálculo de ordem da bacia, chegando ao seguinte resultado: os canais de 1.ª ordem apresentaram um comprimento médio de 475 m, os de 2.ª ordem 2150 m e os de 3.ª ordem 2500 m. Já em relação à ordem da bacia, a mesma foi classificada como de é de 3.ª Ordem. Análise areal - A Análise areal abrange vários parâmetros nos quais intervêm medições planimétricas, além de medições lineares. Tabela 4 Análise areal da Bacia Hidrográfica do Igarapé Amaro Acre Características Físicas Resultados Área da bacia hidrográfica (km²) 602 Forma da bacia Triangular Densidade de rios (km) 0,006 Densidade de Drenagem (km/km²) 1,48 Área da bacia hidrográfica - Segundo Christofoletti (1980) a área da bacia é toda área drenada pelo conjunto do sistema fluvial, projetada em plano horizontal. A área pode ser calculada de forma manual 611

ou através de técnicas mais sofisticadas com uso do computador. No caso da bacia do Igarapé Amaro, aárea foi calculada via software chegando a um valor de aproximadamente602 km². Forma da bacia - Para obter a forma da bacia utilizamos o método desenvolvido por David R. Lee e G. Tomas Salle, 1970apudChristofoletti (1980), onde primeiramente delimitamos a bacia, após a delimitação traçou-se uma figura geométrica (triângulo, retângulo ou circulo), procurando cobrir a bacia da melhor maneira possível. Depois relacionou-se a área englobada simultaneamente pelas duas com a área total pertencente à bacia e/ou à figura geométrica obtendo assimum índice de forma,de acordo com a fórmula: If: índice de forma K: área da bacia L: área da figura geométrica Figura 3Determinação da forma da bacia segundo metodologia de Lee & Salle (1970apudChristofoletti,1980) Este método nos permitiu obter os seguintes valores: para a área do Triângulo (figura A), o valor foi de 0,601, o circulo (figura B) 0,670 e o retângulo (figura C) 0,618. Portanto, seguindo o critério deste método que diz que, quanto menor for o índice de forma, mais próxima da figura geométrica respectiva estará a forma da bacia, podemos afirmar que a forma da bacia hidrográfica do Igarapé Amaro é a triangular.considerado um valor de forma baixo, a Bacia do Igarapé Amaro está menos sujeita a enchente do que outra com a mesma forma, porém com um fator maior (Vilella & Matos, 1075). Estudos realizados por Lira et al. (2010) na Bacia Hidrográfica do Igarapé Judia, no mesmo Estado, apresentou também baixo valor de forma (0,590). O que nos revela menor probabilidade de enchentes nestas bacias. 612

Densidade de rios - A densidade de rios é a relação existente entre o numero de rios ou cursos de água e a área da bacia hidrográfica. Sua finalidade é comparar a freqüência ou a quantidade de cursos de água existente em uma área de tamanho padrão como, por exemplo km². A densidade de rios é calculada pela seguinte formula (Horton, 1945 apud Christofoletti,1980): Dr: Densidade de Rios N: Numero total de Rios ou cursos de água A: Área da bacia considerada Segundo Christofoletti (1980) o calculo de densidade de rios é importante por que representa o comportamento hidrográfico de determinada área. Quanto menor o valor encontrado, menor será a capacidade da bacia hidrográfica de gerar novos cursos da água. No caso do Igarapé Amaro a densidade de rios é de 0,006 km, indicando que a mesma possui uma densidade de rios pequena em relação a área da bacia. Estes índices evidenciam que esta bacia é bastante antropizada. Densidade de drenagem - A densidade de drenagem foi primeiramente proposta por Horton. Com issohorton (1945 apudchristofoletti, 1980) afirma que a densidade de drenagem correlaciona o comprimento total dos canais de escoamento com a área da bacia hidrográfica. Este índice é calculado pela seguinte equação: Dd: Densidade da drenagem Lt: Comprimento total dos canais A: Área da bacia Segundo Pissara (2004)a densidade de drenagem pode variar de 0,5 km/km² (bacias mal drenadas devida a elevada permeabilidade ou precipitação escassa) a 3,5 km/km² (bacias excepcionalmente bem drenadas ocorrendo em áreas com elevada precipitação ou muito impermeável). Na bacia hidrográfica do Igarapé Amaro o valor encontrado para a densidade de drenagem foi de aproximadamente de 1,48 (km/km²). Isto ajuda a evidenciar que a bacia é mal drenada possuindo poucos canais. 613

Análise Hipsométrica A hipsometria analisa as inter-relações existentes em determinada unidade horizontal de espaço no tocante a sua distribuição em relação às faixas altitudinais, indicando a proporção ocupada por determinada área da superfície terrestre em relação às variações altimétricas a partir de determinada isoípsa base. Os dados hipsométricos da bacia do Igarapé Amaro podem ser vistos na tabela 5. Tabela5 Análise Hipsométrica da Bacia Hidrográfica do Igarapé Amaro - Acre Características Físicas Resultados Amplitude altimétrica (m) 42 Relação de Relevo (m/km) 6,99 Índice de Rugosidade 28,38 Amplitude altimétrica máxima - A amplitude altimétrica máxima (Hm) corresponde a diferença altimétrica entre a desembocadura e o ponto mais alto da bacia. Christofoletti (1980) ainda afirma que a amplitude altimétricapode ser caracterizada pela diferença altimétrica entre a altitude do ponto mais alto encontrado em qualquer ponto da divisória topográfica e a altitude da desembocadura. Hm: Amplitude altimétrica Hmax: Altitude máxima Hmin: Altitude mínima A amplitude altimétrica da bacia do Igarapé Amaro corresponde a 42 metros, muito próxima ao nível do mar, o que nos remete uma área bastante plana. Este resultado foi ainda menor quando comparado ao valor encontrado para Bacia Hidrográfica do Igarapé Judia no mesmo Estado, que foi de 99m (Lira et. al., 2010). Relação de Relevo - Schumm (1956, 612), propôs inicialmente a relação de relevo, considerando o relacionamento existente entre a amplitude altimétrica máxima de uma bacia e a maior extensão da referida bacia, medida paralelamente à principal linha de drenagem, sendo calculada pela formula: Rr: Relação de relevo H m : amplitude topográfica máxima L h : comprimento da bacia Estudando a relação de relevo da bacia hidrográfica do Igarapé Amaro encontrou-se o valor 6,99 (m/km), indicando que a mesma possui um escoamento lento, não deixando de considerar 614

também a declividade e a altimetria, fatores que contribuem muito ao escoamento de uma determinada bacia.quando comparamos aos estudos realizados por Salgado et. al. (2009) na bacia do Córrego Santana, na Barra do Piraí/RJ, verificamos que a bacia do igarapé Amaro possui realmente um escoamento lento, pois o valor encontrado para o índice Rr na bacia do Córrego Santana foi de 75,80 m/km, apresentando um escoamento rápido na bacia. Índice de rugosidade - Para expressar um dos aspectos da análise dimensional da topografia de uma bacia hidrográfica, o índice de rugosidade proposta inicialmente por Melton (1957,apudChristofoletti, 1980)combina as qualidades de declividade e comprimento das vertentes com a densidade de drenagem, expressando-se como número resultante do produto entre a amplitude altimétrica e a densidade de drenagem, de modo que: Ir: índice de rugosidade H: amplitude altimétrica Dd: densidade de drenagem Para o Igarapé Amaro encontrou-se o valor de 28,38 permitindo concluir que a área da baciaapresenta um índice de rugosidade pequeno, refletindo vertentes de baixa declividade e de pouca extensão. Conclusões 1. A Bacia Hidrográfica do Igarapé Amaro possui uma área de 602 Km², classificado como de 3.ª Ordem, ou seja, de poucos afluentes, e forma triangular. Apresenta grau de dissecação do relevo mediano e índice de sinuosidade baixo, indicando cursos d água bastante retos; 2. A densidade de rios foi de 0,006 Km, demonstrando um comportamento hidrográfico baixo, pois a densidade dos rios foi considerada pequena em relação a área da bacia. Este indicador também revela alto grau de antropização; 3. A densidade de drenagem foi de 1,48 Km/Km² indicando que a bacia é mal drenada; 4. Com base nos resultados encontrados sobre as características morfométricas da Bacia do Igarapé Amaro, é possível concluir que se trata de uma área que merece atenção pela sua fragilidade hidrológica, merecendo recuperação e monitioramento; 5. Esta pesquisa servirá como base para próximos estudos na área de Bacias Hidrográficas, para que os gestores públicos possam monitorar seus recursos, no sentido de reter a ação antrópica degradatória em áreas legalmente protegidas por lei. 615

Referências Bibliográficas CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia. 2 ed., São Paulo, SP: Edgard Blucher, 1980. GUERRA, A. T.; GUERRA, A. J. T. Novo dicionário geológico e geomorfológico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. HORTON, R.E. Erosional development of streams and their drainage basins: hidrophysical approach to quantitative morphology. Bull. Geol. Soc. Am., 56:275-370, 1945. LIRA, E. M. et. al. Correção da Rede de Drenagem e Morfometria da Bacia do Igarpé Judia Acre Brasil. In: VIII Simpósio Nacional de Geomorfologia, I Encontro Íbero-Americano de Geomorfologia III, Encontro Latino Americano de Geomorfologia, I Encontro Íbero-Americano do Quaternário. Recife: Universidade Federal do Recife, setembro de 2010. 20p. PISSARA, T.C.T. POLITANO, W. FERRAUDO, A.S. Avaliação de características morfométricas na relação solo-superfície da bacia hidrográfica do córrego Rico, Jaboticabal.São Paulo.R. Bras. Ci. Solo, 28:297-305, 2004. SCHUMM, S. A., Evolutionofdrainag systems andslopes in badlandsat Perth Amboy, New Jersey, Bul. Geol. Soc. Amer., 67, 597-646, 1956. SALGADO, M. P. G. et. al. Caracterização de uma microbacia por meio de geotecnologias. Anais... XIV Simpósio Bras. de Sensoriamento Remoto. Natal: INPE, p. 4837 4843, 2009. STRAHLER, A.N. Hypsometric (area-altitude) analysis of erosion al topography.geol. Soc. AmericaBulletin. n. 63, p. 1117-1142, 1952. TUCCI, C.E.M. (Org.). 1993. Hidrologia: Ciência e Aplicação. 2ª ed., Editora da Universidade, 943p. VILELLA, S.M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. São Paulo: McGraw-Hill, 1975. 616