ENTREVISTA COM LUCAS LIMA 2º lugar AFRFB / 10º lugar ACE (MDIC) Olá, amigos do Estratégia Concursos! Como vão os estudos? Sei que vocês estão em um ritmo alucinante, mas agora eu lhes peço licença para podermos conversar com mais um aluno do Estratégia Concursos que alcançou a tão sonhada aprovação. O Lucas Lima tem apenas 22 anos e já vem colecionando aprovações nos principais concursos do Brasil. Em 2012, ele foi aprovado em 10º lugar no concurso de Analista de Comércio Exterior do MDIC e, logo em seguida, em 2º lugar no concurso de Auditor-Fiscal RFB. Que chato! O cara vai ter que dispensar um desses cargos! Ricardo Vale: Grande Lucas! Satisfação enorme conversar contigo! Parabéns pelas grandes conquistas que você obteve! Realmente, ser aprovado no concurso do MDIC e no concurso da RFB não é pra qualquer um! Pra começar nossa entrevista, gostaria que você nos contasse um pouco da sua trajetória até chegar aqui. Lucas Lima: Obrigado, Ricardo! Fico feliz por poder contar experiências que talvez ajudem de alguma forma aqueles que ainda estão na luta por uma vaga. Em março de 2011, concluí minha graduação em Ciência da Computação na UFRN. Eu estava meio perdido quanto ao meu futuro profissional, porque não gostava de trabalhar com computação. Decidi então fazer o curso de Ciências Contábeis e, ao mesmo tempo, estudar para concursos da área fiscal. Mas logo abandonei o curso, porque não estava conseguindo me concentrar nos concursos. Nessa época abri mão também de assumir o cargo de escriturário do BB, concurso que eu tinha feito há alguns meses, para que pudesse manter dedicação exclusiva aos estudos. A partir daí fiz um curso telepresencial para a área fiscal e depois fiquei estudando em casa por mais um ano. Meu objetivo era o concurso da RFB, mas no meio do caminho foram aparecendo vários concursos bem similares e eu escolhi dois deles
para fazer (fiscal de Parnamirim/RN e Analista de Comércio Exterior do MDIC). Fui aprovado nesses concursos. No caso do ACE/MDIC, que me interessava bastante, foi necessário me dedicar de forma específica por 4 meses. Logo em seguida, retomei o foco no AFRFB e consegui a aprovação nesse último. Ricardo Vale: Lucas, você foi aprovado em 2 concursos dificílimos: Analista de Comércio Exterior e Auditor-Fiscal RFB. As provas tiveram muitas matérias em comum, mas gostaria que você falasse sobre as peculiaridades de cada um desses concursos. Qual a diferença entre estudar para o MDIC e para a RFB? Lucas Lima: Realmente a ESAF aproximou muito as matérias desses dois concursos! A diferença é o conjunto das disciplinas mais importantes para a pontuação final. No MDIC, normalmente as matérias-chave são comércio internacional e relações econômicas internacionais, enquanto na RFB são direito tributário e contabilidade. Outro detalhe é que o candidato a AFRFB tem um maior leque de disciplinas a estudar, o que torna a preparação mais demorada. Ricardo Vale: Se você tivesse que orientar um candidato a se preparar para o MDIC, quais dicas você daria? E para a RFB? Lucas Lima: Na preparação para o MDIC, o candidato deve tentar estudar todas as matérias, sendo o foco maior para comércio internacional e relações econômicas internacionais. No último concurso, essas disciplinas foram responsáveis por uns 50% dos pontos, contando com a prova discursiva, sem falar que o nível de dificuldade com que elas são cobradas é bem superior ao das demais. Por isso, acho interessante se aprofundar em todos os tópicos dessas duas disciplinas, inclusive aqueles pouco usuais. Quanto à RFB, quase ninguém consegue estudar tudo! O negócio é construir uma boa base nas disciplinas básicas e mais importantes, e só depois ir introduzindo as demais. Pessoalmente, acho até desnecessário estudar por completo as matérias de menor peso, se o tempo para completar o estudo das outras estiver escasso. Por exemplo, abdiquei de estudar direito penal e administração pública, que juntas valeram apenas 2,5% do total de pontos do concurso, e isso me deu um bom fôlego para me dedicar às matérias novas e mais importantes. Só é preciso tomar cuidado com a pontuação mínima de 40% por bloco de matérias, coisa que não existe no concurso do MDIC. Ricardo Vale: O que você achou do nível de dificuldade da prova de Auditor-Fiscal RFB 2012? Você acha que a ESAF realmente pegou pesado? O que os candidatos devem esperar para o próximo concurso? Lucas Lima: Sim, acho que a ESAF exagerou na dose, por ter eliminado um grande número de candidatos que poderiam estar bem classificados. Acredito que a ESAF só manterá esse nível no próximo concurso se forem ofertadas poucas vagas (para preencher mais de 300 vagas, terá que pegar mais leve). De qualquer forma, os concurseiros devem ficar atentos ao alto número de jurisprudências, nas provas de direito, e à grande cobrança de contabilidade avançada, em detrimento da contabilidade geral. Ricardo Vale: Já fiz essa pergunta para o Rafael Garrido (3º lugar AFRFB), mas gostaria de fazê-la também a você. No início dos meus estudos para concurso, lá
em 2007, eu comecei todo errado (rs). Lembro até hoje! Comprei uma apostila de umas 400 páginas que se propunha a ensinar todo o conteúdo do edital da Receita Federal! Aí quando fui fazer um simulado, não sabia nada! rsrs... No seu caso, como foi que você começou a estudar para concursos? Já começou certo? Lucas Lima: Confesso que, logo que decidi estudar, comprei algumas dessas apostilas pela internet (hoje já devidamente incineradas, rs). Por sorte, isso não me atrapalhou, porque poucas semanas depois entrei num curso telepresencial. Lá fui apresentado a livros e cursos em.pdf, e ouvi dicas sobre como estudar para concursos. Ricardo Vale: Como era sua rotina de estudos? Você fez alguma modificação depois do edital? Lucas Lima: Eu estudava todos os dias da semana, normalmente das 14:30 à 0:30 (com várias pausas para fazer refeições, relaxar ou resolver algo), e dormia das 2:30 às 12:00 (não descansava bem com menos de 9h de sono). Em média, isso dava 5 horas líquidas de estudo por dia, no cronômetro que eu usava. Não modifiquei os horários depois do edital. Ricardo Vale: Na sua preparação, você fez cursos presenciais ou estudava apenas por vídeo-aulas e cursos em.pdf? Qual dessas modalidades de curso você prefere? Lucas Lima: Cheguei a fazer dois cursos, um telepresencial e outro presencial, mas sempre acabava abandonando as aulas aos poucos, porque achava mais eficiente estudar só. Prefiro os cursos em.pdf, porque são os únicos que me possibilitam revisar a matéria estudada sem perder muito tempo. Além disso, geralmente a leitura flui num ritmo mais intenso que o de uma aula. Ricardo Vale: Ao estudar por cursos em.pdf, você imprimia ou lia tudo na tela do computador? Lucas Lima: Eu imprimia tudo. Assim eu podia marcar os trechos importantes para futuras revisões, fazer anotações e resolver as questões ao fim das aulas. Ricardo Vale: Você pode nos explicar como era seu método de estudo? Lucas Lima: Acho importante revezar bem as matérias, senão o cérebro fica de saco cheio de estudar sempre a mesma coisa e o rendimento cai. Por isso, eu escolhia umas três matérias para estudar por dia. Lia uma porção de páginas de cada uma delas e, nos intervalos entre uma matéria e outra, resolvia exercícios. No fim do dia, quando sobrava tempo, eu procurava revisar alguma matéria que estivesse há muito tempo sem ser vista. Na escolha das matérias a estudar no dia, eu procurava selecionar aquelas em que estava mais atrasado e/ou que estava há bastante tempo sem estudar. Enquanto eu lia uma matéria, saía marcando todos os trechos que julgava importantes. Ao terminar uma aula/capítulo, eu resolvia apenas uma parte dos exercícios propostos, e o restante deixava para resolver em futuros intervalos de estudo, o que servia como uma forma de relembrar aquela matéria. Já as revisões periódicas que eu fazia consistiam em ler os trechos importantes marcados ao longo dos textos e as
eventuais anotações. Eu não costumava fazer resumos nem mapas mentais, porque achava complicado elaborá-los sem perder muito tempo. Ricardo Vale: Você tinha mais dificuldades em alguma matéria? Lucas Lima: Não muito. Eu sempre trabalhei com matemática e lógica na universidade, o que de certa forma facilitou meu aprendizado nas matérias que costumam ser mais temidas. Ricardo Vale: Quais conselhos você daria a alguém na semana anterior à prova? Ler resumos ou fazer exercícios? Estudar pesado ou pegar mais leve? Lucas Lima: Acredito que o mais eficiente a ser feito na semana final é revisar o máximo possível da matéria, seja qual for o modo de revisão, em vez de estudar tópicos novos. Se o concurseiro tiver resumos feitos, recorrer a eles é uma excelente opção. Outra coisa que eu achava essencial era fazer um simulado, uma semana antes da prova, medindo o tempo gasto em cada disciplina. Assim, eu detectava as disciplinas em que estava precisando ser mais apressado. Além disso, na hora da prova, eu conseguia estimar se estava indo rápido ou devagar, porque já tinha uma noção do tempo que deveria gastar com cada disciplina. Quanto à intensidade do estudo na semana final, o fator determinante é o nível de tensão do candidato. A prioridade é chegar ao dia da prova num bom estado de nervos, para que seja possível aguentar a maratona. Logo, quem estiver muito estressado tem que pegar leve nessa semana. Quem não estiver, pode manter o ritmo, mas sem esquecer de descansar um pouco na véspera da prova. Ricardo Vale: Como você se preparou para as provas discursivas? Lucas Lima: Para o MDIC, fiz uma revisão completa da matéria e exercitei todas as redações que você propôs no curso de discursivas do Estratégia. No caso da RFB, eu ainda tinha temas a aprender. Estudei a maior parte dos tópicos que não tinha visto até então, além de revisar as matérias mais prováveis de serem cobradas. Fiz também o curso de discursivas do Estratégia, que me serviu como um ótimo resumo dos temas quentes para a prova. Só não deu tempo de redigir alguns textos para treinar, mas eu tinha a experiência recente do MDIC. Ricardo Vale: Pessoalmente, eu acredito que chega um momento dos estudos em que o concurseiro está tão bem preparado que ele consegue ser aprovado em qualquer concurso. Você é um exemplo disso! Passou no MDIC, na RFB e se tivesse concurso da NASA, você estaria dentro! (rs). Qual você acha que é um tempo necessário para que o concurseiro chegue nessa maturidade? Lucas Lima: Ricardo, sinceramente não enxergo se existe esse nível tão alto, pois não cheguei nele. Só posso afirmar que qualquer um que esgote o edital de um concurso quase todo, usando materiais de ponta e estudando da forma correta, tem uma probabilidade altíssima de passar, porque poucos chegam a esse ponto. O problema é o tempo que se leva para conseguir isso, que na área fiscal normalmente é maior que um ano (ou dois, quando o concurseiro já trabalha).
Ricardo Vale: É complicado fazer essa pergunta para alguém que foi aprovado em dois concursos dificílimos como o MDIC e a RFB, mas vamos lá! Quais você considera terem sido os principais erros e dificuldades em sua preparação? Lucas Lima: Meus principais erros foram não eleger um dia da semana para lazer e não fazer exercícios físicos. Com o tempo, isso foi prejudicando minha saúde e, consequentemente, os próprios estudos. Ricardo Vale: O que você considera como fator decisivo na sua aprovação? Lucas Lima: A disciplina para cumprir o planejado a cada dia. Ricardo Vale: Você acha que existe o fator sorte nos concursos públicos? Lucas Lima: Sem dúvida! Basta dizer que, em duas disciplinas do AFRFB, eu teria sido reprovado se tivesse errado uma questão a mais. Além disso, dois ou três chutes certeiros fazem uma grande diferença na classificação (e na lotação, no caso da RFB). Por outro lado, é lógico que ninguém passa por pura sorte. Ricardo Vale: Nos momentos em que você estava cansado ou desanimado, o que conseguia manter sua motivação? Lucas Lima: Sinceramente eu não costumava ficar pensativo, porque tinha bastante segurança quanto à decisão de ser concurseiro. Mas, quando batia o cansaço, eu lembrava que precisava voltar a curtir a vida e que só conseguiria isso em breve se mantivesse a mesma dedicação. Lembrava também da necessidade de honrar o investimento que meus pais estavam fazendo ao cobrir meus gastos para que eu não precisasse trabalhar. Ricardo Vale: O que foi mais difícil / desgastante nessa vida de concurseiro? Lucas Lima: Lidar com o estresse, a insônia e a fadiga que minha rotina causava. Ricardo Vale: Achei que você seria meu colega de trabalho lá no MDIC! Mas pelo que sei, você já se decidiu por assumir o cargo de Auditor-Fiscal RFB, não é? Agora que você já está quase nomeado, quais são as expectativas para o futuro? Lucas Lima: Isso, escolhi a RFB! No momento, só penso em relaxar bastante para em breve poder me dedicar aos novos aprendizados da carreira. Ricardo Vale: Por favor, meu amigo Lucas, deixe uma mensagem aos alunos do Estratégia que estão na briga pela aprovação em um concurso público! Lucas Lima: Concurseiro, certifique-se de que você não tem nada melhor a fazer na vida do que ser servidor público e use isso a seu favor para se manter motivado. Se você conseguir encarar o estudo como uma verdadeira profissão (mesmo que você já tenha uma), pode ter certeza de que a aprovação será questão de tempo.