RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO

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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC : CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PARD, PIAD, PIBIT, PADRC E FAPESPA Período : 12/02 a 10/08 ( ) PARCIAL ( X ) FINAL IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Título do Projeto de Pesquisa (ao qual está vinculado o Plano de Trabalho): Análise Fiscal, Desenvolvimento Regional e Políticas Públicas Nome do Orientador: João Santos Nahum Titulação do Orientador: Professor Doutor da UFGC/PPGEO/UFPA Faculdade: Faculdade de Geografia e Cartografia Instituto/Núcleo: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Laboratório: Título do Plano de Trabalho: Dendeicultura e desenvolvimento regional: estudo de casos dos municípios de Moju,Tailândia e Acará Nome do Bolsista: Elienai de Vasconcelos dos santos Tipo de Bolsa: (x) PIBIC/ CNPq 1

( ) PIBIC/CNPq AF ( )PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador ( ) PIBIC/UFPA ( ) PIBIC/UFPA AF ( ) PIBIC/ INTERIOR ( )PIBIC/PARD ( ) PIBIC/PADRC ( ) PIBIC/FAPESPA ( ) PIBIC/ PIAD ( ) PIBIC/PIBIT RESUMO DO RELATÓRIO ANTERIOR: Enfocamos a relação entre a expansão da dendeicultura e desenvolvimento regional na região de integração de Moju a partir do programa de produção sustentável de óleo de palma no Brasil, conjunto de ações políticas e territoriais que agrupam o zoneamento agroecológico da palma de óleo, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação, ampliação da oferta de assistência técnica, aprimoramento dos instrumentos de crédito. Objetivamos identificar, caracterizar e examinar variáveis dessa relação nos municípios de Moju, Acara e Tailândia, onde a dendeicultura se desenvolvera a partir de tais políticas. Introdução O presente trabalho, busca compreender e analisar as transformações sócio espaciais ocorridas nos município de Moju,na região de integração do Tocantins ;sendo elas relacionadas a inserção e expansão da dendeicultura. Analisaremos qual e quais foram as condições políticas que contribuíram para tal desenvolvimento o e expansão da mesma em tal município; um conjunto de ações governamentais que interligam a dendeicultura à política de estado,tais como o Plano Nacional de Produção e Uso de Biodiesel(PNPB) e o Programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma no Brasil. Vale ressaltar que em um primeiro momento a pesquisa se deu em levantamentos de dados secundários a partir de revisões bibliográficas e consulta a sites. E em um segundo 2

momento de reuniões e Trabalho de campo em Moju.Onde foi possível confirmar as diversas hipóteses que tínhamos a cerca das transformações causadas pela Dendeicultura e as políticas de Estado em tal município. JUSIFICATIVA Dentre os mais diversos eventos ocorridos nos municípios de, Moju, podemos citar a dendeicultura como sendo um destes eventos.a chegada da dendeicultura de energia no campo paraense é um evento,pois reorganiza a paisagem,a configuração territorial,a dinâmica social, enfim o espaço geográfico ou território usado(nahum;malcher,2012).diante disso arriscamo-nos a dizer que temos demarcado um período geográfico do dendê,tornando possível por determinados estágios das pesquisas tecnológicas acerca das condições edafoclimáticas necessárias e propicias ao cultivo em grande escala da palma do dendê ;por um conjunto de ações governamentais que promoveram a dendeicultura à política de estado,tais como o Plano Nacional e Uso do Biodiesel(PNPB)e o programa de Produção Sustentável de Óleo de Palma no Brasil,que propõe saídas para a crise da matriz energética alicerçada no combustível fóssil ;de igual modo, responder de forma positiva à histórica dívida social do estado para com o campesinato tradicional,visto que,esse plano promoveria a inclusão dos agricultores familiares por meio do programa dendê sustentável ;por fim,tornando possível pela voracidade do mercado de commodities de óleo de palma, que encontrou seus limites físicos e territoriais no continente asiático,isto é não tem mas terra para plantar dendê, por isso expande-se para África e América Latina. Se compararmos o dendê com as outras palmas oleaginosas, as vantagens produtivas e econômicas do mesmo são imbatíveis. São diversas as afirmativas que exaltam as virtudes da palma; teses, dissertações, publicações especializadas, jornais e sites falam a respeito desta palma africana que prodigiosamente se adaptou ao solo Amazônico (FURLAN JÚNIOR ET AL,2006;CASTRO;LIMA;SILVA,2010;SUFRAMA/FGV,2003;SILVA,2006;SEMEDO,2006;E MBRAPA,2006;EMBRAPA,2011,http://WWW.reebiodisel.com.br/). Trata-se de uma palma capaz de promover o desenvolvimento sustentável, sendo que recuperaria ambientalmente, economicamente e socialmente ares degradadas pela pecuária dentre outros. O cultivo do dendê geraria empregos e renda para o campesinato, resgatando-o da condição de classe incomoda ou classe invisível,sendo estas esquecidas pela política de estado. Dada a imensa disposição para o trabalho, sua organização familiar e 3

a baixa escolaridade esse campesinato tradicional pode ser absorvido para trabalhar nos campos de dendê, juntando os frutos e coletando os cachos, além de outras atividades que exigem vitalidade. Enfocamos a relação entre a expansão dendeicultura e desenvolvimento regional na região de integração do Tocantins a partir do programa de produção sustentável de óleo de palma no Brasil, conjunto de ações políticas e territoriais que agrupam o zoneamento agro ecológico da palma de óleo, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação, ampliação da oferta de assistência técnica aprimoramento dos instrumentos de crédito, criação a câmara setorial da palma, regularização ambiental e regularização fundiária. OBJETIVOS Objetivamos identificar, caracterizar e examinar variáveis dessa relação; descrever a expansão da dendeicultura na área de estudo, acompanhado dos objetivos específicos que são: descrever a expansão da dendeicultura na área de estudo; relacionar dendeicultura e desenvolvimento regional; identificar elementos do circuito inferior e superior da economia, fortalecidos a partir da dendeicultura no município em foco e por fim, caracterizar as relações entre alterações no setor de serviços decorrentes da expansão da dendeicultura em Moju. Para isso, em um primeiro momento fizemos o levantamento bibliográfico de trabalhos que fazem referência a tais perspectivas e reuniões de estudo. É necessário ressaltar mudanças em relação aos objetivos iniciais presentes no plano de trabalho no que tange à área de estudo, pois em virtude da carência de recursos de tempo e de dados não foi possível fazer uma pesquisa aprofundada acerca do municípios de Acara e Tailândia do Pará, o que fez com que concentrássemos nossos esforços em apreender a expansão da dendeicultura como também outros processos resultantes do seu processo de implantação apenas no município de Moju, especificamente na comunidade de Jambuaçú. MATERIAIS E METODOS Como materiais e métodos. O primeiro momento, consistiu em reuniões de estudo da equipe do projeto. Pondo tais conceitos em debates 4

como: território usado, desenvolvimento regional, circuitos da economia espacial, dentre outros que constituem o sistema conceitual necessário para pensar a situação geográfica em foco. Conseguimos aprimorar os fundamentos teóricos e metodológicos da pesquisa. Fizemos uma periodização a cerca da dendeicultura nos municípios destacados, identificando os grupos e empresas, quando chegaram. Tal levantamento compreendendo a dois períodos, o anterior e o posterior ao PNPB. Essa periodização busca fornecer a trajetória do impacto da expansão da dendeicultura sobre o desenvolvimento regional. Como parte integrante desta pesquisa, realizamos trabalho de campo em Moju, onde entrevistamos representantes do poder público municipal, da sociedade civil organizada, das empresas estabelecidas nesse município, bem como moradores no sentido de caracterizar a percepção dos mesmos a cerca dos impactos da dendeicultura no desenvolvimento regional. A partir dos passos anteriores selecionamos e organizamos informações no sentido de analisar e interpretar experiências e vivências, construindo um cenário das relações entre a expansão da dendeicultura e o desenvolvimento regional no município em foco. RESUTADOS Por volta do mês de novembro de 2014, iniciamos as nossas atividades; em um primeiro momento, na revisão de dados secundários através de levantamentos bibliográficos e visitas a sites e, em um segundo momento de reuniões e trabalho de campo. Isso resultou em textos que dialogam com o objetivo do projeto. Mudanças sócio-espaciais: Rupturas, Desenvolvimento e Reordenamento do Espaço. Entendemos que a Amazônia, uma das grandes fronteiras da terra, mais do que qualquer outra região do país sofreu o impacto do planejamento estratégico impostos pelos diversos governos aqui já passados; que de forma rápida e intensa alterou as formas tradicionais de organização regional. A gestão entendida como estratégia e a prática do Estado para a ocupação da região se faz um vetor básico da análise, embora não sendo o exclusivo, na medida em que se procura identificar o papel das várias forças sociais na expansão da fronteira e na produção de uma nova Amazônia. 5

Trata-se de conceber e implementar um modelo de desenvolvimento adequado às suas particularidades (BECKER,2010). Reconhece-se que ao lado dos esforços para impedir a destruição dos seus ecossistemas e da recuperação de áreas devastadas, é necessário inovar com formas e atividades produtivas capazes de gerar emprego e renda para as populações regionais. É nesse contexto que se insere a pertinência ou não de apoiar a expansão da lavoura do dendê na Amazônia, como uma das possibilidades de recuperar áreas desflorestadas e promover o desenvolvimento regional. A dendeicultura constitui-se como um vetor de grandes modificações na estrutura social do camponês, pois dota o mesmo de condições materiais para sua reprodução social, pois tira o camponês da condição de simples lavradores para subsistência e camponeses tradicionais e os coloca em uma nova categoria. Atualmente não podemos deixar de considerar o dendê como um importante grande projeto, que reestruturou parte do meio rural de áreas na Amazônia e modificou o caráter da agricultura de pequena escala em algumas regiões(apud NAHUM;MALCHER,2012).Esse evento pode ser compreendido dentro de diversos períodos, que corroboram com a intensificação desta atividade, a partir da implantação de projetos que estimulassem a produção do dendê (CARVALHO,2013).Para tanto faz-se necessário destacar o Estado como um agente fundamental que desempenha um papel de incentivar esta atividade e associando-se posteriormente a iniciativa privada. Segundo Muller(& et ali 1989)O plantio do dendê no Pará iniciou-se em 1967,quando a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia(ESPEVEA) firmou um convênio com o Institut de Recheches pour jes Hules et Oleagineux(IRHO) com o intuito de desenvolver um bloco-piloto de 1500 ha do projeto do dendê,que mais tarde seria repassado a iniciativa privada por meio da licitação pública,daí então estaria sobre a administração da empresa Dendê do Pará S.A(DENPASA).Nesse contexto nota-se que o Estado desempenhava o papel de incentivador e agente preparador de território, oferecendo as condições financeiras e subsidiando as condições técnicas a partir de políticas de incentivo. O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel(PNPB) passa a ser considerado um marco pois estimula a incorporação de mão de obra familiar nesse processo, e tem o ano de 2004 como sendo o ano de criação do projeto. Tal projeto possuía como meta a integração da cultura familiar em culturas como: mamona e o 6

dendê, na produção de combustível, dando as empresas benefícios fiscais a partir da compra de matéria prima produzida por agricultores familiares. Notamos como resultado desse período, a incorporação das unidades familiares ao agronegócio do dendê, com o objetivo de produzir biodiesel, metamorfoseou os camponeses em trabalhadores para o capital (Nahum, Malcher apud WANDERLEY 2012).Dessa forma, o dendê se expande em largas proporções, pois utiliza o território, moldando-o à lógica do agronegócio, assim como estabelecendo novas relações. No que diz respeito a questão do desenvolvimento da região, nota-se que com a chegada do Dendê no município de Moju, temos a construção de um cenário pleno de desenvolvimento, mas essa construção vem imbutida de contradições em sua essência, proporcionando a perda do referencial local, trazendo consigo impactos na mentalidade e no comportamento, frente a esse novo paradigma. Muitos dos discursos propalados pelo Governo e pelas Empresas que adentram a região, tais como: Modernização do campo, geração de emprego e renda, fixação do homem no campo e inclusão social, não se dão de forma homogênea em todo o território, como já citado breve mente. É preciso muito cuidado no tratamento dessa dimensão espacial do capitalismo, porque ela não tem nada de niveladora de desigualdades. Na verdade esse processo homogeneizador(de relações mercantis)cria e recria estruturas eterogêneas e desigualdades em seu movimento. Certamente o desenvolvimento capitalista não e uma dinâmica evolutiva de nivelamento e de propagação de progresso técnico por todas as poções do território,(brandão,2007,p.73). Esse desenvolvimento heterogêneo se confirma quando comparadas as comunidade que estão mas próximas da empresa Marborges S A, pois estas possuem uma maior e melhor infra estrutura, em detrimento de comunidades mais afastadas, cujos serviços são de péssimas condições. Esta condição confirma que as finalidades políticas para o rural dentro do município de Moju, têm como principal objetivo priorizar a monocultura de dendê, desarticulando a policultura. Esta deriva da própria natureza desigual e combinada do desenvolvimento capitalista. O capitalismo continuamente desenha e redesenha novas geografias, produzindo heterogeneidades e novos arranjos de sua reprodução. Tomando por base essas modificações apresentadas anteriormente, podemos entender que há um rompimento tanto na forma da produção quanto na forma de vivências destes indivíduos. Inicia-se um ferrenho processo de modificação de mentalidade, pois as condições que agora são expostas em relação as que organizavam 7

estas comunidades são completamente diferentes, imprimindo um ritmo muito mais acelerado, pois são reflexo de um conjunto de técnicas. Partindo dessas afirmações podemos fazer a diferenciação no que diz respeito aos circuitos da economia. Constatase que com a chegadas desses novos empreendimentos no município as comunidades próximas ao plantio da empresa Marborges S.A, dentre as quais estão Castanhandeua, Bacuriteua e Sapucáia, Nossa Senhora do Bom Remédio, que apresentam um número considerável de trabalhadores vinculados à empresa, estes deixam de produzir de forma parcial ou integral a pratica da policultura passando a trabalhar diretamente para a empresa na monocultura do Dendê. O impacto nas comunidades mais próximas e seu posterior enfraquecimento no que diz respeito ao seu modo de vida estão relacionados com o raio de ação da empresa e o número de comunidades que são incorporadas nesta atividade, pois quanto mais perto das dependências da empresa as comunidades, mais impactadas são e maior é o número de trabalhadores contratados, em contra partida, quanto maior for a distância, menos impactada e menor é o número de trabalhadores incorporados (VIEIRA 2013).Esta fissão na forma de produção do agricultor coloca-o em uma outra categoria ou no que chamamos de circuito superior da economia. Simplificando, pode-se apresentar o circuito superior como constituído pelos bancos, comércios e industrias de exportação, indústria urbana moderna, serviços modernos, atacadistas e transportadores (SANTOS,2004 p.40). Nos trabalhos de campos realizados pelo GDEA, foi possível observar que uma fonte de renda extra que tem substituído a agricultura, é a atividade comercial, ou seja, os mercadinhos de produtos industrializados alimentícios, que abastecem os moradores destas comunidades no que necessitam para a sua alimentação, tornando-se assim uma fonte recurso que supre a falta da produção independente. Isso expressa a ruptura no padrão clássico de campesinato. Destacamos também como relevante dentro da perspectiva de rupturas os ganhos reais, em função do pagamento de salário mensal aos trabalhadores e de atividades paralelas desempenhadas pelos seus familiares. As comunidades camponesas antes da dendeicultura, não possuíam poder aquisitivo suficiente para adquirir determinados bens, como motos, carros, eletrodomésticos e comércio.com isso o salário pago pela atividade desempenhada dentro das empresas os ajuda a conquistar determinados bens, mas anão sendo apenas isso,a própria rotatividade de demissão e admissão, os ajuda, com a indenização, a construir e conquistar determinados bens.sendo assim podemos afirmar que na maioria das vezes, os trabalhadores tem uma melhora em seu padrão de vida em relação ao período 8

anterior, rompendo com os padrões tradicionais. Identificamos também que o padrão de infraestrutura é diferenciado, pois ao compararmos com comunidades mais afastadas, inferimos que, nas comunidades mais próximas a empresa, há melhora considerável das residências e dos serviços que são prestados a comunidade como segurança, iluminação pública, educação. As continuidades, ou seja, o que permanece até os dias atuais, como herança do passado, é de difícil percepção. Segundo VIEIRA(2013), o nível de intervenção é tão grande que as comunidades mais se assemelham com populações urbanas periféricas do que, propriamente, com comunidades camponesas. Em uma outra esfera temos as comunidades que podemos enquadrar no circuito inferior da economia, pois estas estando localizadas mas distantes/afastadas das empresas poucas alterações sofrem. O circuito inferior é constituído essencialmente por formas de fabricação não- capital intensivo,pelos serviços não- modernos fornecidos a varejo e pelo comércio não- moderno e de pequena dimensão (SANTOS,2004. p.40). Percebemos que as comunidades mas distantes da Marborges S.A como :Santa Maria, Santa Luzia, Santana do Baixo e Nossa Senhora da Graça, confirmam que comunidades um pouco mais afastadas continuam com suas atividades polivalentes, sobretudo as ligadas a agricultura de subsistência, de onde tiram a maior parte de seus recursos financeiros,todavia, percebemos que algumas comunidades ainda mantem características de comunidades tradicionais, tais como o cultivo de mandioca de forma rústica, e casebres com baixa infraestrutura e poucos empregos e poucos recursos.essas foram as informações que comprovamos a partir das hipóteses levantadas inicialmente no nosso trabalho acerca dos diversos eventos que a dendeiculturam vem promovendo no município Mujuense, dês de sua chegada até os dias de hoje. PUBLICAÇÕES: Até o presente, publicamos momento alguns artigos: Dendeicultura e Desenvolvimento Regional: um estudo de Caso dos municípios de Moju e Tomé Açu, de autoria de Elienai de Vascocelos dos Santos, Guilherme Batista Monteiro e João Santos Nahum, apresentado no XV Encontro Paraense de Geografia, o qual até o momento ainda não foi publicado; e Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel e Programa de Produção Sustentável do Óleo de Palma no Brasil: Um discurso sobre o desenvolvimento, de autoria de Elienai de Vasconcelos dos Santos, Guilherme Batista 9

Monteiro e João Santos Nahum, enviado VII Simpósio Internacional de Geografia Agrária e no aguardo da Carta Aceite. ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NOS PRÓXIMOS MESES É importante ressaltar que este trabalho não esta esgotado,pois sabe-se que o espaço vive em constante transformações,diante disso pretendemos nos próximos meses continuar acompanhando toda e qualquer mudança no município em foco entrevistaremos representantes do poder público municipal,da sociedade civil organizada,das empresas estabelecidas nesses município,bem como moradores no sentido de caracterizar a percepção dos mesmos acerca dos impactos da dendeicultura no desenvolvimento regional.mediante a isso faremos a construção de bancos de dados,elaboração de artigo e por fim a sistematização das informações CONSIDERAÇÕES FINAIS Após os levantamentos feitos sobre a expansão da dendeicultura em solos Amazônicos, entendemos que esta se deu e ainda se da,com o auxílio de políticas publicas que incentivaram e continuam a incentivar pesquisas para o melhoramento da produtividade; o dendê ganha notoriedade no cenário econômico, tornando-se uma atividade muito visada por empresas de iniciativa privada, expandindo-se rapidamente pelo nordeste paraense, sendo portanto incorporado ao território com o discurso de gerar desenvolvimento, emprego, renda e fixação do homem ao campo. Concluímos também que, com a chegada e expansão das empresas da palma de óleo no campo estas mudam a realidade ao seu entorno com profundas transformações sendo estas transformações na, mentalidade, forma de produção, cultivo e de arrecadação. O espaço é reorganizado a partir de implementações feitas por atores exógenos a escala local, contribuindo para um possível desaparecimento do que historicamente se desenvolvia dentro das comunidades; quanto mas próxima a empresa da comunidade maior o nível de interferência. 10

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BECKER, Bertha K. Recuperação de áreas desflorestadas da Amazônia: será pertinente o cultivo da palma de óleo (Dendê)? Confins [Online], 10 2010. Disponível em: < http://confins.revues.org/6609#quotation>. Acessado em 05/01/2015. BECKER, B. K. A fronteira em fins do século xx:oito proposições para um debate sobre a Amazônia. In(org.)BECKER,B.K;MACHADO,O.MACHADO; MIRANDA MARIA. Fronteira Amazônica: Questões Sobre a Gestão do Território. RJ: Editora da Unversiade Federal do Rio de Janeiro, 1990. BRANDÃO, C. Território e Desenvolvimento: as múltiplas escalas entre o local e o global. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2007. NAHUM, João Santos; Carvalho, Ana Cláudia Alves. Período do Dendê na Amazônia Paraense. In (org) NAHUM, João Santos. Dendeicultura e dinâmicas territoriais do espaço agrário na Amazônia Paraense.Belém:GAPTA/UFPA,2014. NAHUM, JOÃO Santos; BASTOS, Cleison dos Santos. Dendeicultura e Descampesinização na Amazônia Paraense.In: (org) NAHUM, João Santos. Dendeicultura e dinâmicas territoriais do espaço agrário na Amazônia Paraense, Belém: GAPTA/UFPA, 2014. NAHUM, João Santos; BASTOS, Cleison dos Santos. Impactos Socioambientais da Dendeicultura em Comunidades Tradicionais na Amazônia Paraense.In (org)nahum,joão Santos. Dendeicultura e dinâmicas territoriais do espaço agrário na Amazônia Paraense, Belém: GAPTA/UFPA, 2014. NAHUM, João Santos; CARVALHO, João dos Santos. Dendeicultura e Agricultura Familiar na Micro região de Tomé-açu (PA). In: (org) NAHUM,João Santos. Dendeicultura e dinâmicas territoriais do espaço agrário na Amazônia Paraense. Belém: GAPTA/UFPA, 2014. NAHUM, João Santos; RIBEIRO, Mílvio da Silva. Usos do Território: Dendeicultura e Campesinato Amazônico: Estudo no Município de Baião-PA. In (org) NAHUM,João Santos. Dendeicultura e dinâmicas territoriais do espaço agrário na Amazônia Paraense, Belém: GAPTA/UFPA, 2014. 11

NAHUM,João.Santos;VIEIRA,Leonardo Lima. Camponeses, Dendeicultura e Agricultura Familiar: Rupturas e Continuidades no Município de Moju. In (org) NAHUM, João Santos. Dedeicultura e dinâmicas territoriais do espaço agrário na Amazônia Paraense. Belém:GAPTA/UFPA,2014 SANTOS, M. O Espaço Dividido: os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos. 2ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. DIFICULDADES Dentre as principais dificuldades encontradas para a execução do trabalho estão na escassez de dados mais detalhados sobre as empresas dendeicultoras, o que dificulta na elaboração de uma caracterização mais detalhada de seu desenvolvimento nos municípios em foco. PARECER DO ORIENTADOR: o bolsista manifestou empenho e seriedade no desenvolvimento do plano de trabalho de iniciação científica. Recomendo a aprovação. DATA : Belém, 10 de agosto de 2015 ASSINATURA DO ORIENTADOR ASSINATURA DO ALUNO INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Em caso de aluno concluinte, informar o destino do mesmo após a graduação. Informar também em caso de alunos que seguem para pósgraduação, o nome do curso e da instituição. 12

FICHA DE AVALIAÇÃO DE RELATÓRIO DE BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA O AVALIADOR DEVE COMENTAR, DE FORMA RESUMIDA, OS SEGUINTES ASPECTOS DO RELATÓRIO : 1. O projeto vem se desenvolvendo segundo a proposta aprovada? Se ocorreram mudanças significativas, elas foram justificadas? 2. A metodologia está de acordo com o Plano de Trabalho? 3. Os resultados obtidos até o presente são relevantes e estão de acordo com os objetivos propostos? 4. O plano de atividades originou publicações com a participação do bolsista? Comentar sobre a qualidade e a quantidade da publicação. Caso não tenha sido gerada nenhuma, os resultados obtidos são recomendados para publicação? Em que tipo de veículo? 5. Comente outros aspectos que considera relevantes no relatório 6. Parecer Final: Aprovado ( ) Aprovado com restrições ( Reprovado ( ) ) (especificar se são mandatórias ou recomendações) 7. Qualidade do relatório apresentado: (nota 0 a 5) Atribuir conceito ao relatório do bolsista considerando a proposta de plano, o desenvolvimento das atividades, os resultados obtidos e a apresentação do relatório. Data : / /. Assinatura do(a) Avaliador(a) 13