MONITORAMENTO DA SECAGEM DE MILHO EM SECADOR INTERMITENTE DE COLUNA DE CAVALETE

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Transcrição:

Monitoramento da secagem de milho em secador intermitente MONITORAMENTO DA SECAGEM DE MILHO EM SECADOR INTERMITENTE DE COLUNA DE CAVALETE Adair Luiz Sulzbacher 1 Francisco Amaral Villela ² Ádamo de Sousa Araújo ³ As sementes vindas do campo, normalmente, apresentam teor de água inadequado para poder ser armazenada que forma segura. Para isso é necessário que seja realizada a secagem artificial para baixar esse teor de água para níveis que reduzam ou impossibilitem os problemas causados por insetos, fungos e a respiração (PESKE e VILLELA, 2012). A operação de secagem de grãos e sementes é etapa fundamental no recebimento dos produtos agrícolas e sua correta aplicação permite menores perdas qualitativas durante os períodos de beneficiamento e armazenamento até a utilização final, seja na semeadura das sementes, seja no processamento industrial de grãos (SULZBACHER et al 2010). Basicamente a secagem tem o objetivo de favorecer a manutenção da viabilidade das sementes e da qualidade física e nutricional de grãos destinados à indústria, através da redução da umidade a níveis que diminuam significativamente as reações bioquímicas que promovem a deterioração das sementes (VICENZI, 2005). O emprego de temperaturas elevadas do ar de secagem, todavia, poderá provocar diferenças grandes de umidade, entre a periferia e o interior do grão, gerando assim um gradiente de ¹ Engº Agr, Dr., Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes, D.Ft./FAEM/UFPel ² Professores Titular e Associado, respectivamente, Dr., D.Ft./FAEM/UFPel. E-mail: Francisco.villela@ufpel.edu.br ³ Eng Agric,, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Sementes. Ms.,c D.Ft./FAEM/UFPel. 573

Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I tensão que causa o trincamento, especialmente em milho SULZBACHER et al 2010). O aumento da produção agrícola, observada nos últimos anos, em consequência de avanço da área agricultável e também do incremento da produtividade, tem trazido grandes desafios às unidades de recebimento de grãos e sementes que precisam se adaptar rapidamente a esta nova realidade (GARCIA et al, 2004). Novos investimentos em secagem, muitas vezes, são onerosos e não conseguem acompanhar a velocidade de colheita determinada por máquinas colhedoras cada vez mais eficientes e por períodos cada vez mais curtos de colheita. Diante deste cenário, é importante que se domine e se planeje as operações de secagem, tirando o máximo proveito dos equipamentos sem prejudicar a qualidade do grão ou semente, escolhendo o equipamento e processo que melhor se adaptem a sua necessidade e realidade. O principal objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade da secagem (incidência de trincas com a variação da temperatura) dos grãos de milho em dois secadores intermitente, um de coluna e outro de cavalete, variando a temperatura de secagem do ar durante a secagem. Fundamentos do Processo de Secagem Conforme Silva (2005), grãos e sementes são produtos higroscópios, portanto, podem repassar ou receber vapor de água do ar que os circunvizinham. O fato de o produto ser higroscópico faz com que, sobre a sua superfície, seja estabelecida uma camada delgada de ar que constitui um microclima. E este tem suas condições de estado reguladas pela temperatura e teor de água do produto. Uma das propriedades deste microclima é a umidade relativa, que, neste caso, tem valor igual a 100 vezes o índice de atividade aquosa, segundo Silva (2005). 574

Monitoramento da secagem de milho em secador intermitente Por outro lado, o ar que circunvizinha o produto, também possui a sua umidade relativa. E esta é relacionada à quantidade de vapor presente no ar. O valor da umidade relativa varia de 0 a 100%. O ar, com 0%, não possui vapor de água, porém quando a 100% está em seu estado máximo de saturação. O sentido e intensidade do fluxo de vapor de água entre as sementes ou grãos e o ar são estabelecidos segundo a diferença dos valores de umidade relativa: do ar do microclima sobre os grãos - URg e do ar circunvizinho ao grão URac ( SILVA, 2005). O sentido do fluxo de vapor sempre ocorrerá do ponto com maior valor de umidade relativa para o de menor. Sendo assim, três situações podem ocorrer: -- URg maior que URac ocorre secagem do produto; -- URg menor que URac ocorre umedecimento do produto; -- URg igual a URac ocorre Equilíbrio Higroscópio - não há fluxo de vapor. Portanto, para que ocorra secagem é necessário que a umidade relativa do ar de secagem URac seja menor que a umidade relativa do ar do microclima. Para reduzir a umidade relativa do ar de secagem é recomendado aquecê-lo. Isto pode ocorrer naturalmente, por meio da radiação solar, ou então, artificialmente utilizando fornalhas a lenha ou queimadores a gás. Assim, o ar de secagem tem o seu potencial de secagem aumentado. Segundo Kepler (2009), a secagem a taxa constante: é possível em produtos muito úmidos ou em pequenas taxas. Comportam-se como se uma fina película de agua cobrisse a 575

Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I superfície, dependente da velocidade, temperatura e umidade do ar. O trabalho foi realizado na Seara Indústria Comercio de Produtos Agropecuários Ltda., na cidade de Ibiporã-Pr. O Comercio de Produtos Agropecuários Ltda., localiza-se na rodovia Pr-090 km 08, Ibiporã-Pr. A unidade recebe soja e milho de todas as unidades coletoras da Seara, por meio de transporte rodoviário. Nesse trabalho foi monitorada a secagem de milho, em dois secadores intermitente, sendo um modelo de coluna e outro de cavalete, utilizado o produto milho em grão. - Modelo Cavalete Marca: Comil CM3265 DR 150 t/h - Modelo Coluna Marca: Silomax SCE 120 2409 120 t/h Secador Silomax -SCE 120 Figura 1 - Vista parcial da área de secagem, Ibiporã - PR. Fonte: Acervo do autor (2013) 576

Monitoramento da secagem de milho em secador intermitente O modelo do secador é do tipo cavalete coluna e de fluxo contínuo. A massa de grãos circula pelos cavalete-coluna, por gravidade, e a sua saída é regulada mediante um sistema de descarga por bandeja plana individual para cada coluna, todos unidos por um mesmo eixo. A entrada do grão ocorre pela parte superior do secador, através da moega superior, passando dali para as colunas de secagem, as quais constituem o corpo central do equipamento. Figura 2 - Componentes do secador da Silomax SCE120. Fonte: Acervo do autor (2013). Na câmara de ar quente encontra-se a fonte de geração de calor onde queima-se o combustível para o aquecimento do ar. O ar que atravessa as colunas de secagem é retirado para o exterior mediante ventiladores axiais de acoplamento direto, localizados na câmara de ar frio. 577

Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I Figura 3 - Fluxo de ar do secador da Silomax -SCE 120. Fonte: Acervo do autor (2013). A torre de secagem é a parte principal do secador, onde se dá a passagem do ar através da massa de grãos, composta por níveis de colunas modulares, o que permite futuras ampliações do secador. O sistema de torre de secagem em colunas tem uma grande vantagem por ser considerado um sistema autolimpante. O secador é constituído por colunas cavaletes metálicas elaboradas em módulos de 2070 x 2300 x 426 mm, por isto o secador é modular. Cada módulo está construído com estrutura elaborada em chapa galvanizada de 2,0 mm de espessura e chapas perfuradas em forma de triangulo (190x165mm) de 2,00 mm espessura para permitir a passagem do ar através do grão. Ou seja, cada coluna do secador tem 8280 mm de altura e 426 mm de largura cada totalizando um total de 6 colunas. 578

Monitoramento da secagem de milho em secador intermitente Dados Técnicos do Secador - Comprimento: 6.860 mm - Largura: 5.260 mm - Altura: 24.260 mm - Capacidade estática: 143.900 kg - Capacidade estática torre secagem: 123.900 kg - Capacidade estática caixa silo: 17.000 kg - Peso especifico considerado: 750 kg/m 3 - Relação torre x Caixa silo: 7,46 para 1 - Volume ar secador: 252.000 m 3 /hora - Fluxo ar do secador: 33,89 m 3 ar/min.* ton. Somente torre - Fluxo ar do secador: 33,9 m 3 ar/min ton. Somente torre. Modelo Secador 2 Comil CM3265 DR O sistema de secagem utilizado é um secador intermitente, de capacidade estática de 125 toneladas, modelo cavalete, da marca COMIL modelo CM 3265DR. 579

Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I Figura 4 - Componentes do secador da Comil CM3265 DR Fonte: Acervo do autor (2013). 580

Monitoramento da secagem de milho em secador intermitente Figura 5 - Fluxo de ar do secador da Comil CM3265 DR Fonte: Acervo do autor (2013). 581

582 Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I Dados Técnicos do Secador Foram realizados três tratamentos de secagem. No - Comprimento: 8.780 mm - Largura: 8.100 mm - Altura:28.540 mm - Capacidade estática: 200.000 kg - Capacidade estática torre secagem: 175.000 kg - Capacidade estática caixa silo: 25.000 kg - Peso especifico considerado: 750 kg/m3 - Relação torre x caixa silo : 7 para 1 - Fluxo de ar secador: 225.000 m 3 /hora - Fluxo ar do secador: 21,4 m3 ar/min.* ton. (Somente primeiro tratamento foram utilizados 5 lotes (lote 1, 2, 3, 4 e 8), submetidos a diferentes temperaturas de secagem no secador Silomax SCE120 como mostra a Tabela 1. Nos outros dois tratamentos foram utilizados o secador da Comil CM3265 DR sem e com resfriamento do ar de secagem. As tabelas 2 e 3 mostram os dados destes dois tratamentos. Tabela 1 - Secador 1, marca Silomax, secagem coluna inteira, temperaturas do ar de secagem na média na câmara de ar quente. Secador 1 torre) - Fluxo ar do secador: 21,4 m 3 ar/hora* ton. Somente torre Temp. da câmara quente ( 0 C) Temp. do ar massa grão ( 0 C) Temp. média do grão ( 0 C) Temp. máxima do grão( 0 C) Lote 1 88 63 45 54 Lote 2 102 70 42 56 Lote 3 111 84 45 49 Lote 4 116 89 42 54 Lote 8 122 94 42 54 Fonte: Media calculada pelos dados do Sitrad, durante a secagem na carga e rodizio do secador.

Monitoramento da secagem de milho em secador intermitente Tabela 2 - Secador 2, marca Comil, secagem coluna inteira, temperaturas do ar de secagem na média na câmara de ar quente. Secador 2 Temp. do ar na câmara quente( 0 C) Temp. do ar na massa grão( 0 C) Temp. media do grão ( 0 C) Temp. máxima do grão ( 0 C) Lote 15 84 50 49 57 Lote 16 107 83 48 56 Lote 17 84 67 41 45 Lote 18 87 52 42 44 Lote 19 97 55 48 53 Lote 20 81 50 41 50 Fonte: Media calculada pelos dados do Sitrad, durante a secagem na carga e rodizio do secador. Tabela 3 Secador 2, marca Comil, secagem com resfriamento, temperaturas do ar de secagem na média na câmara de ar quente. Secador 2 Temp. do ar na câmara quente( 0 C) Temp. do ar na massa grão( 0 C) Temp. media do grão ( 0 C) Temp. máxima do grão ( 0 C) Lote 11 84 48 44 49 Lote 12 90 54 47 49 Lote 13 81 50 42 47 Lote 14 79 49 n n Fonte: Media calculada pelos dados do Sitrad, durante a secagem na carga e rodizio do secador. MONITORAMENTO DA SECAGEM a) Amostra do lote na entrada do secador, no começo da secagem lote (característica original grãos do lote) uma para cada lote de grão. Estes grãos foram 583

Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I expostos ao sol, em camada de 2 cm de espessura, e a mesma foi movimentada frequentemente até atingir o teor de água de 12 %, para não perder a amostra por excesso de umidade. b) Amostra do lote na descarga do produto no final da secagem do lote (característica do grão após a secagem) - uma amostra para cada lote de grão; c) Umidade: foi feita a leitura de umidade na entrada do lote no secador, e durante o processo de secagem a cada 15 minutos foi realizada uma leitura de umidade; d) Temperatura do ar de secagem: a cada 15 minutos foi efetuada uma leitura da temperatura do ar de entrada de secagem, temperatura do ar em contato com a massa de grãos e do ar de exaustão; e) Temperatura do ar de secagem: a cada cinco segundos foi registrado uma leitura da temperatura do ar de entrada de secagem, temperatura do ar em contato com a massa de grãos; f) Temperatura da massa grão: a cada 30 minutos foi efetuada uma leitura da temperatura da massa de grãos; g) Teste de coloração com tintura de iodo: contagem do número de sementes danificadas, análise realizada na UFPEL, laboratório de sementes; h) Analise de proteína bruta e extrato etéreo: análise realizada no laboratório da TECTRON, Toledo Paraná, laboratório especializado neste tipo de análise. Foi utilizado o software Sitrad, com dois pontos de leitura, um ponto registrando as leituras de entrada do ar na câmara 584

Monitoramento da secagem de milho em secador intermitente quente, e outro ponto do ar em contato com a massa de grão, na torre de secagem, as leituras foram registradas de 5 em 5 segundos, e descarregadas no software. SECADOR 1 Primeiramente foi realizada a análise no secador 1 da Silomax, onde cada lote foi submetido à secagem, verificando a redução da umidade inicial, conforme mostrado na figura 6. Foram necessárias aproximadamente 7h para atingir o nível de 13% no lote 1. Outros lotes ficaram com níveis mais elevados, pois o tempo de secagem foi inferior. Foram também analisadas proteína bruta e extrato etéreo. Os níveis mínimos de referência de cada um são 7,5% e 3,0% respectivamente. O lote 3, conforme a Figura 7, não atingiu o nível de referência para extrato etéreo. Verificou-se que as temperaturas do ar de secagem e a temperatura máxima da massa de grãos foram menores do que em relação aos outros lotes, Na figura 8 pode-se verificar que há uma tendência em obter um menor dano mecânico em temperaturas menores (lotes 3 e 8). 585

Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I Figura 6 - Umidades de entrada e saída do secador e o tempo de secagem de cinco lotes de grãos de milho Figura 7 - Proteína bruta e estrato etéreo em função da temperatura de secagem na câmara de ar quente e temperatura da massa de grãos de cinco lotes de milho 586

Monitoramento da secagem de milho em secador intermitente Temperatura máxima do ar de secagem da câmara de ar quente Temperatura máxima do ar de secagem na massa de grãos Danos mecânicos nos grãos-saída secador Figura 8 - Danos mecânicos em função da temperatura de secagem na câmara de ar quente e temperatura da massa de grãos de cinco lotes de milho. SECADOR 2 COMIL A análise no secador 2 da Comil com coluna inteira, foi realizado com e sem resfriamento da massa grãos. Cada lote foi submetido à secagem, verificando a redução da umidade inicial, conforme mostrado na figura 9. Foram necessários aproximadamente 5h para atingir o nível de 13%. Na figura 10, o lote 17 não sofreu análise de extrato etéreo e proteína bruta. Os outros lotes mantiveram-se constantes. O dano mecânico teve uma tendência a aumentar com a elevação da temperatura como visto na figura 11. 587

Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I (%) (%) Figura 9 - Umidades de entrada e saída do secador e o tempo de secagem de lotes de grãos de milho. Temperatura máxima do ar de secagem da câmara de ar quente Temperatura máxima do ar de secagem na massa de grãos Proteína Bruta Estrato Etéreo Figura 10 - Proteína bruta e estrato etéreo em função da temperatura de secagem na câmara de ar quente e temperatura da massa de grãos de milho. 588

Monitoramento da secagem de milho em secador intermitente Temperatura máxima da secagem na câmara de ar Temperatura máxima de secagem na massa de grãos Danos mecânicos em grãos- saída secador Figura 11 - Danos mecânicos em função da temperatura de secagem na câmara na câmara de ar quente e temperatura da massa de grãos de milho. De maneira geral, foi possível visualizar que o aumento da temperatura do ar na entrada do secador na câmara quente, não ocasionou elevação proporcional na torre de secagem. A partir de uma determinada temperatura, o adicional de calor é provavelmente lançado para atmosfera pelo ventiladores. O software de monitoramento de temperatura permitiu visualizar que durante a noite ocorrem mais picos de temperatura. As temperaturas marcadas pelos operadores na planilha de secagem não corresponde à temperatura registrada no software. 589

Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I Referências Bibliográficas GARCIA, D.C.; BARROS, A.C.S.A.; PESKE, S.T.; MENEZES, N.L. Revisão de literatura: A Secagem de sementes. Revista Ciência Rural, v.34, n.2, p.603-608, 2004. SILVA, L.C. Secagem de Grãos. Revista Grãos Brasil: Da Semente ao Consumo, v. 4, n. 14, p. 10-14, 2005. PESKE, S. T.; VILLELA, F. A. Secagem de sementes. In: PESKE, S. T.; VILLELA, F. A.; MENEGHELLO, G. E. Sementes: fundamentos científicos e tecnológicos. Pelotas: UFPel, 2012. p. 371-421. SULZBACHER, A.L.; GOLTZ, V.; VILLELA, F.A. Procedimentos operacionais na secagem com alta temperatura. SEEDnews, Pelotas, v.14, n.1, p.1-5, 2010. VICENZI, D. Indicadores de produção no beneficiamento de sementes de soja na C.Vale-Unidade de Faxinal dos Guedes/SC. Pelotas, 2005. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Sementes) Ciência e Tecnologia de Sementes. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. 590