DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO ATERRO SANITÁRIO DE TIMON, MA



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Transcrição:

DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO ATERRO SANITÁRIO DE TIMON, MA Sousa, N. D. C. (1) ; Saraiva, L. S. (2) ; Sena, R. S. (3) ; Silva, B. C. (4) ; Santos, L. B. (5) ; Melo, L. F. S. (4) nayaradannielle@gmail.com (1) Universidade Federal do Piauí - IFPI, Terezina - PI, Brasil; (2) Universidade Estadual do Piauí - UEPI, Terezina - PI, Brasil; (3) Instituto Científico de Ensino Superior e Pesquisa - ICESP, Brasília - DF, Brasil; (4) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins - IFTO, Palmas - TO, Brasil; (5) Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, São Luiz - MA, Brasil. RESUMO A urbanização acelerada e o rápido adensamento das cidades têm provocado inúmeros problemas para a destinação dos resíduos sólidos. Este artigo tem por finalidade avaliar o funcionamento como forma de diagnóstico ambiental do aterro sanitário do município de Timon MA, avaliando a forma de disposição final de resíduos sólidos urbanos no município. O método adotado foi o exploratório-descritivo e in loco operacionalizada via estudo de caso. Esta pesquisa revela que o aterro sanitário de Timon MA foi projetado atendendo o modelo adequado para o funcionamento do aterro sanitário, sendo que isto não corresponde à atualidade. O aterro se encontra em desordem as normas, estando com sua usina de reciclagem e cooperativa desativadas. Assim, o aterro sanitário de Timon MA atualmente não obedece às normas da Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Sendo inutilizado como área de aterro sanitário, sendo assemelhada a uma área de lixão. Oferecendo riscos a saúde dos catadores e prejuízos ao meio ambiente por acumulo de lixo de forma irregular.

Palavras Chave: Gestão de resíduos, Problemas Ambientais. INTRODUÇÃO A história dos resíduos sólidos se confunde com a própria história do homem urbano. Na idade média o lixo era disposto de forma aleatória, no solo ou na água, enterrados ou queimados. Os detalhes sobre o desenvolvimento do gerenciamento de resíduos sólidos são extensos, tendo cada país a sua própria historia, em função da disponibilidade de área, clima, educação, entre outros fatores. (GUIZARD et al, 2006). A crescente degradação ambiental, notória neste último século, tem originado muitos questionamentos acerca dos problemas que a contaminação urbana poderia desencadear sobre a saúde da população. Os resíduos sólidos são considerados a expressão mais visível e concreta dos riscos ambientais, ocupando um importante papel na estrutura de saneamento de uma comunidade urbana e, consequentemente, nos aspectos relacionados à saúde publica (MUÑOZ, 2002). A falta de planejamento municipal acompanhada de pouco investimento em educação ambiental, bem como do congestionamento dos aterros resultou na insuficiência para o atendimento da destinação final do lixo e a consequência final foi a proliferação dos lixões como alternativa para a questão (SANTOS, 1990). 2

Há uma falta de percepção na sociedade e entre os governantes, e essa falta de atenção para a destinação do lixo se torna um grande problema. A destinação deve ter como consequência não só a limpeza pública, mas também o incentivo a redução da produção de lixo, na forma de reutilização, reciclagem e a também repensando o consumismo exagerado. A preocupação com o meio ambiente vem sendo crescente, devido aos problemas ambientais que estão aparecendo a afetando diretamente a população, mas em relação a destinação do lixo ainda falta muito para que se alcance as metas da educação ambiental. A divulgação sobre isso ainda é pouca, o trabalho em conjunto com a sociedade é essencial, para que assim o ser humano trabalhe ativamente como ser social; valendo-se do potencial econômico do lixo, para que ocorra o reaproveitamento com resultados positivos. Do ponto de vista de sustentabilidade, a prioridade é minimizar os impactos ambientais provocados pela destinação inadequada dos resíduos, erradicando os lixões que representam uma situação sanitária indesejável. É importante implantar o manejo diferenciado dos resíduos, incorporando o princípio da minimização de rejeitos e estimuladas a reutilização e a reciclagem dos materiais (ABREU, 2001). Este artigo tem por finalidade avaliar o funcionamento como forma de diagnóstico ambiental do aterro sanitário do município de Timon MA atualmente relacionando com seu projeto inicial, avaliando a forma de 3

disposição final de resíduos sólidos urbanos no município em sua atualidade. MATERIAL E MÉTODOS Foram realizados estudos nos meses de dezembro de 2011 a junho de 2012, sendo estes realizados em etapas, entre escolha da área a ser estudada, levantamento bibliográfico e estudo de campo, visitas, entrevistas informal e análise dos resultados. A pesquisa adotada foi a exploratória-descritiva operacionalizada, sendo que para Vergara (2000), a investigação exploratória é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Caracterização da área de estudo O Município de Timon-MA tem sua posição geográfica determinada pelo paralelo de 5 05 12 de latitude sul em sua interseção com o meridiano de 42 50 12 de longitude oeste, às margens do rio Parnaíba e faz parte da região metropolitana de Teresina, Capital do Estado do Piauí, ocupando uma área geográfica de 1.740,559 km2 com população estimada de aproximadamente 147.214 habitantes. O clima é quente o ano inteiro, com temperatura variando entre os extremos de 20 C e 40 C, sendo que a temperatura média no período mais quente do ano é de 37 C durante o dia e 23ºC durante a noite (IBGE, 2010). 4

O aterro sanitário de Timon está localizado próximo à rodovia federal BR 316 que liga Teresina-PI a São Luis-MA, exatamente no km 5, partindo de Timon em direção a São Luis, distante 8 km do centro da cidade e 7 km da margem do Rio Parnaíba. (SILVA, 2010). Levantamento Bibliográfico Foram efetuados levantamentos bibliográficos sobre os temas: resíduos sólidos, coleta e disposição, e tratamento de resíduos sólidos urbanos. Normas técnicas e procedimentos para construção de aterros; informações regionais e locais sobre a área e seu entorno. Levantamento de Campo Foram feitas visitas a Secretaria de Planejamento - SEMPLAN, a Secretaria de Meio Ambiente e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano SDU-Norte de Timon-MA. Nestas visitas foram realizadas entrevistas semi-estruturadas informais e de perguntas abertas, com os secretários responsáveis. Posteriormente foram realizadas visitas ao Aterro Sanitário de Timon-MA, para análise, descrição, registro fotográfico, e entrevistas com o diretor e engenheiro sanitarista do Aterro, catadores e com os cooperadores do local. 5

RESULTADOS E DISCUSSÃO Estrutura e Funcionamento do Aterro Sanitário de Timon MA O Aterro Sanitário de Timon MA atendia os problemas causados pelo lixo e trabalhava de forma que pudesse reduzir, reutilizar, reciclar e repensar as formas de como tratar os resíduos sólidos urbanos. Recebia em média cinco toneladas de lixo urbano por dia e operando na cidade com 26 caminhões, sendo que tinha um caminhão exclusivo para lixo hospitalar. Os caminhões faziam o despejo do lixo não aproveitado no momento da reciclagem, onde o destino final seria o aterro. O rejeito sofria processo de redução, compactação e cobertura por matéria inerte, o que pode ser observado na Figura 1. Figura 1. Aterramento do lixo urbano, nos primeiros meses de funcionamento do Aterro Sanitário. Fonte: SOUSA, 2004. A usina de reciclagem era vista como uma solução simples e ecologicamente correta, com cinco etapas de funcionamento: Recepção, 6

Bojo, Esteira mecânica, Triturador, Esteira e Peneira. O manuseio da usina foi destinado aos trabalhadores da Cooperativa de Catadores de Lixo de Timon COCALT para facilitar a separação do material reciclado e do material orgânico. O material reciclado era comercializado pelos trabalhadores da cooperativa. Já o material orgânico era aproveitado em forma de adubo orgânico. Depois que o material era peneirado e separado do rejeito, o material orgânico era colocado para entrar em processo de maturação para formar o adubo orgânico. Associado a produção de adubo orgânico, com o apoio da prefeitura houve a criação da Horta Comunitária dos cooperados da COCALT, onde a horta era cuidada pelos membros da cooperativa e adubo produzido pela usina de reciclagem era utilizado na própria horta, sendo considerado um projeto de sucesso pelo tempo que funcionou. Funcionou também a produção de carvão vegetal pelos trabalhadores da cooperativa, que eram destinados a venda e, ás vezes, para uso próprio dos mesmos. O material recolhido com a poda das árvores da cidade servia de matéria prima para a fabricação do carvão vegetal. A vigilância sanitária da cidade utilizava o aterro para o descarte de remédios e demais produtos com validade vencida, sendo feita a incineração dos mesmos. O aterro sanitário também era útil para a Agência Nacional de Defesa Agropecuária do Maranhão -AGED, que 7

descartava animais com doenças contagiosas no local. Frisando que todos os procedimentos eram vistoriados por sanitaristas, o que garantia a correta execução dos processos. Situação Atual do Aterro Sanitário de Timon -MA Atualmente, a usina de reciclagem encontra-se desativada. O funcionamento da usina parou no ano de 2007, e segundo o técnico sanitarista responsável pelo local, por falta de peças e manutenção. O aterro conta com a presença de 26 catadores de lixo que trabalham permanente, desde sua inauguração. Antigamente, estes contavam com a presença de uma cooperativa COCALT que também se extinguiu em 2007. Mesmo assim atualmente, os ex-membros continuam no local trabalhando individualmente com a venda do material reciclável recolhido de forma irregular a terceiros. Obtendo-se em média o percentual de 1000 kg/dia de material reciclável. O aterro conta com uma área total com cerca de 104 hectares, mas sendo utilizado apenas 1 vala medindo 70/100 m com 4 m de profundidade. A coleta e a disposição final dos resíduos sólidos urbanos da cidade é realizada pela prefeitura da cidade, sendo a secretaria da SDU NORTE a responsável direta pela coleta de lixo,contando com 25 caminhões trabalhando diariamente pela coleta de lixo na cidade, sendo 8

que entre estes existem 1 caminhão coletor-compactador e 1 caminhão para lixo hospitalar. São despejadas no aterro sanitário em 3 carradas/dia, onde tem-se a média estimada em 3 toneladas por carrada, de lixo não-seletivo. Toda a cidade de Timon MA tem o seu lixo desembocado no aterro sanitário da cidade. A coleta de lixo é realizada de 2 a 3 vezes por semana. Depois de 8 anos de uso, em média, do aterro sanitário observa-se que o lixo coletado não é mais aterrado como deveria, a separação é feita pelos próprios catadores, em meio ao lixo, sem equipamento de proteção individual, perdendo assim a sua função de aterro sanitário e podendo ser caracterizado como lixão, o que pode ser visualizado abaixo na Figura 2, que representa o aterro sanitário na situação atual. Figura 2. Área atual do Aterro Sanitário de Timon MA no momento do despejo dos resíduos sólidos. 9

Pode ser observado pela Figura 3 que não há uso de material de proteção individual no aterro sanitário de Timon MA. Por se tratar de um lugar de alta insalubridade e pelo forte odor do metano, o uso de equipamentos de segurança deveriam ser obrigatórios. Para alcançar os objetivos da adoção de medidas adequadas para as questões dos resíduos sólidos e suas implicações é imprescindível que a sociedade passe por uma transformação: que parte da população é compelida a consumir cada vez mais, deixando para outra parte apenas o lixo gerado como fonte de sobrevivência (ABREU, 2001). CONCLUSÃO O aterro sanitário de Timon não se encontra em funcionamento adequado levando em consideração os modelos de Aterro Sanitário que devem ser implantados segundo a PNRS (2010), e principalmente em relação a sua capacidade de funcionamento mensurada no projeto inicial. O aterro tinha em sua disposição uma estrutura de funcionamento adequada, e mesmo assim constata-se um descaso da administração pública do local para que a estrutura fosse mantida em funcionamento. A área foi inutilizado como aterro sanitário, sendo assemelhada a uma área de lixão. 10

Oferece riscos a saúde dos catadores e prejuízos ao meio ambiente por acumulo de lixo de forma irregular. Assim, o aterro sanitário de Timon MA atualmente não obedece às normas da Política Nacional dos Resíduos Sólidos. REFERÊNCIAS ABREU, M. de F. Do lixo à cidadania: estratégias para a ação. Brasília: Caixa Econômica Federal, 2001. BRASIL. Lei 12. 035, de 02 de agosto de 2012. Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Diário Oficial da União. Brasilia, 2010. GUIZARD, J. B. R; RAFALDINI, M. E; PONTES, F. F. F; BRONZEL, D.; PERES, C. S; FERREIRA, E. R.; REIS, F. A. G.V. Aterro sanitário de Limeira: diagnóstico ambiental. Engenharia Ambiental. Junho, 2006. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Anuário de Estatística. 2010 MUÑOZ, S. I. S. Impacto Ambiental na área do Aterro Sanitário e incinerador de resíduos sólidos de Ribeirão Preto, SP: Avaliação dos níveis de metais pesados. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 2002. SILVA, E. A; LIMA, M. O; MELO, L. F. S. Geotecnologia aplicada a conservação do meio ambiente: o caso do aterro sanitário do município de Timon Ma. Instituto Federal do Piauí, 2010. SANTOS, J. B. F. As condições de trabalho e as suas repercussões na vida e na saúde dos catadores de lixo do aterro sanitário do Jangurussu: Relatório de pesquisa. Fortaleza, CE: SINE/CE, 1990. 11