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Transcrição:

278 Revista ISSN 2179-5037 A Assistência de Enfermagem no Pré-Natal: Enfoque na Estratégia da Saúde da Família 1 Jaqueline Santos de Andrade Martins 2 Fabiana de Andrade Dantas 3 Tânia Frazão de Almeida 4 Michele Bastos Rosa dos Santos 5 RESUMO: Entendendo a importância de um acompanhamento pré-natal adequado às gestantes, esta pesquisa foi realizada para identificar a assistência prestada pelo enfermeiro durante o pré-natal na Estratégia de Saúde da Família. Apontaram-se como objeto de estudo as atividades que o enfermeiro desenvolve na Estratégia de Saúde da Família durante sua assistência no pré-natal. Traçou-se como objetivo identificar as atividades que o enfermeiro desenvolve na ESF durante sua assistência no pré-natal. Este estudo é de natureza qualitativa, tem como método a revisão bibliográfica. A pesquisa foi realizada nas Bases de Dados: LILACS, BDENF e SciELO. Através de uma leitura inspecional, foi possível levantar as seguintes categorias: a Estratégia de Saúde da Família e o pré-natal, a importância do pré-natal para a gestante, ações desenvolvidas pelo enfermeiro durante a assistência de enfermagem à gestante na Estratégia de Saúde da Família. Essas categorias corroboram com o objeto desse estudo e tem apontado para a importância das ações do enfermeiro ao assistir a gestante no pré-natal. Palavras-chave: Enfermeiro; Cuidado Pré-Natal; Saúde da família. ABSTRACT: Understanding the importance of adequate prenatal care to pregnant women, this research was performed to identify the care provided by nurses in the prenatal in the Family Health Strategy. It are pointed out as an object of study activities that the nurse develops in the Family Health Strategy during prenatal care. From the object of study, it was outlined as objective to identify the activities that the nurse develops in the FHS during prenatal care. This study is qualitative in nature, and uses as method a bibliography method. The survey was conducted electronically, through consultation of scientific articles, broadcast nationally in the Database of Virtual Health Library. Through a inspectional reading, might raise the following categories that guided the discussion of the work, they were: a Strategy Family Health and prenatal care, the importance of prenatal care for pregnant women, actions taken by nurses during the nursing care for pregnant women in the Family Health Strategy. These categories agree with the object of this study and have pointed to the importance of nursing actions to assist pregnant women in prenatal care. Keywords: Nurse; Prenatal Care; Family Health. 1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Centro Universitário UNIABEU. 2 Professora de Enfermagem do Centro Universitário UNIABEU - campus I. Doutoranda em Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro 3 Enfermeira, graduada pelo Centro Universitário UNIABEU 4 Enfermeira, graduada pelo Centro Universitário UNIABEU 5 Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário UNIABEU - campus I. Mestre em Educação pela Universidade Católica de Petrópolis

279 1. INTRODUÇÃO Atualmente o enfermeiro tem sofrido alguns impasses e desafios em relação aos espaços de atuação profissional, divisão de responsabilidade, condições de trabalho e políticas salariais (SALGADO, 2002 apud BENIGNA; NASCIMENTO; MARTINS, 2004). Sua atuação muitas vezes é confundida com atuação técnica, principalmente pela sociedade, que não consegue diferenciar os profissionais de enfermagem nos seus níveis de atuação. Também existe um confronto com relação à hegemonia médica dentro das unidades hospitalares, o que reflete diretamente na autonomia do enfermeiro, refletindo em sua atuação. Essa falta de autonomia profissional já tem sido confrontada com a implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em todas as unidades de saúde em que há atuação do enfermeiro. A partir de 2009, com a Resolução COFEN 358, que dispõe a SAE e a implementação do processo de enfermagem, a atuação do enfermeiro em unidades de saúde, principalmente em unidades hospitalares, começa a sofrer mudanças. Quando o enfermeiro começa a programar o processo de enfermagem, seu exercício se torna mais sistematizado e mais autônomo. Além das unidades hospitalares, outro local de atuação do enfermeiro é na Unidade de Saúde da Família (USF), onde também a SAE deve ser implementada. Neste campo de atuação profissional, o enfermeiro pode desenvolver uma atuação mais autônoma, pois, além de aplicar o processo de enfermagem para assistência, também cabe a ele a gestão nas Estratégias de Saúde da Família (ESF), antigo Programa de Saúde da Família (PSF). O PSF foi criado em 1994, atendendo necessidades fundamentais para o desenvolvimento da atenção primária, diminuindo as dificuldades dos serviços públicos. Entre seus princípios destacam-se ações de promoção e proteção à saúde do individuo, da família e da comunidade onde está inserido o programa. O enfermeiro no ESF tem entre suas principais funções realizar assistência integral às famílias na Unidade de Saúde da Família, podendo ser em domicílio ou nos espaços comunitários. Além de ser o responsável em planejar, gerenciar coordenar e

280 supervisionar as atividades da equipe de enfermagem e os agentes comunitários de saúde (CASTILHO et al, 2008). A atuação do enfermeiro na Unidade de Saúde da Família visa à saúde individual e coletiva, promovendo a interface entre a comunidade e os serviços sociais. Além de suas responsabilidades dentro da ESF, o enfermeiro também atua na Saúde da Mulher, atendendo gestantes e realizando pré-natal (PEREIRA et al, 2005). O papel desse profissional frente à gestante é o de orientá-la quanto à importância do pré-natal para melhorar a promoção, prevenção e o tratamento durante a gestação, propiciando uma estrutura para que as necessidades individuais da paciente e da comunidade sejam atendidas. A qualidade na assistência ao pré-natal é essencial para diminuir as taxas de mortalidade materna e infantil, prevenindo mortes por doenças hipertensivas, hemorragias, sepses e outras causas diretas (BENIGNA; NASCIMENTO; MARTINS, 2004). Porém as causas obstétricas diretas, como suas complicações, podem ser prevenidas a partir de uma assistência pré-natal adequada, incluindo a prevenção de doenças e agravos e o tratamento dos problemas ocorridos durante o período gestacional até o pós-parto, tanto na mulher quanto no feto (ABRÃO, 2002). Entendendo a importância de um acompanhamento pré-natal adequado às gestantes e que o profissional de enfermagem pode atuar nesta área na ESF, apontam-se como objeto de estudo as atividades que o enfermeiro desenvolve na Estratégia de Saúde da Família durante sua assistência no pré-natal. A partir do objeto de estudo, traça-se como objetivo identificar as atividades que o enfermeiro desenvolve na ESF durante sua assistência no pré-natal, para que se possa promover uma estrutura para atender às necessidades individuais da paciente e de sua família. Sendo o objetivo de estudo delimitado, tem-se como questão norteadora: quais as atividades que o enfermeiro desenvolve na ESF durante sua assistência no pré-natal? Tendo em vista a relevância da temática, espera-se que a pesquisa contribua para que o profissional enfermeiro possa entender e aprimorar sua

281 atuação na assistência ao pré-natal na ESF, podendo contribuir com a melhoria no atendimento e colaborando com a qualidade na assistência às gestantes. Em relação à contribuição para a academia, espera-se que este trabalho possa ajudar para que a assistência de enfermagem seja valorizada da maneira correta e possa contribuir para o ensino, mostrando o papel que o enfermeiro desempenha na assistência ao pré-natal na ESF. Para a sociedade, o estudo tem como propósito melhorar a assistência de enfermagem prestada no pré-natal na ESF, aumentando a qualidade no atendimento e consequentemente auxiliando na diminuição das taxas de mortalidade materna e infantil. 2. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de natureza qualitativa em que se utiliza como método a revisão bibliográfica. O levantamento bibliográfico foi realizado por via eletrônica, através de consulta de artigos científicos veiculados nacionalmente na base de dados através da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS): Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF), no período de 07 de abril de 2011 até 14 de abril de 2011. Foi realizada uma pré-leitura, a qual tem por objetivo verificar em que medida a obra consultada interessa à pesquisa, realizada mediante o exame da folha de rosto, dos índices da bibliografia e das notas de rodapé, do material encontrado, a fim de selecionar a bibliografia potencial (GIL, 2001). A pergunta de revisão que direcionou a pesquisa dos artigos foi: Quais as atividades que o enfermeiro desenvolve na ESF durante sua assistência no prénatal? Os artigos científicos selecionados atenderam aos seguintes critérios de inclusão: artigos que tinham concordância com os descritores previamente escolhidos: Enfermeiro e Pré-natal, que estavam no idioma português, que tinham relação com a temática de estudo e que eram da área de conhecimento da enfermagem. E como critérios de exclusão: artigos que não tinham relação com a

282 temática, que não eram da área de conhecimento da enfermagem, que estavam em outros idiomas que não fosse o português, teses, monografias e dissertações. A partir da busca, foram encontrados 43 artigos, dos quais 6 foram utilizados para a pesquisa. Na LILACS foram encontrados 23 artigos e selecionados 6, na SciELO foram encontrados 4 artigos e excluídos 4 artigos, e na BDENF encontrados 16 artigos e excluídos 16 artigos. Esse quantitativo será demonstrado em tabela no capítulo a seguir. A análise para seleção dos artigos foi feita de forma minuciosa, a fim de ressaltar somente artigos que tinham relação com tema abordado, avaliando aspectos importantes para o enriquecimento do estudo. A análise dos dados foi feita através de uma análise descritiva, onde foi feita uma leitura do conteúdo dos artigos na busca por categorias que respondiam ao objetivo de estudo. 3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS Através da busca em Base de Dados, foram encontrados 46 artigos nas bases LILACS, SciELO e BDENF. Deste total, somente 06 artigos se enquadravam nos critérios de inclusão para análise. A disposição destes dados por bases de dados pode ser apresentada a partir da tabela abaixo. Tabela 01- Resultado da busca por descritores associados: Enfermeiro e Pré-natal Artigos SciELO LILACS BDENF Encontrados 04 23 16 Selecionados 00 06 00 Excluídos 04 17 16 Total 00 06 00 Partindo para leitura da tabela, observa-se que na SciELO foram encontrados 4 artigos e excluídos 4 artigos, não sendo selecionado nenhum artigo para análise; na LILACS foram encontrados 23 artigos, excluídos 17 e selecionados

283 6; e na BDENF, encontrados 16 artigos e excluídos 16 artigos. Com isso, o total de artigos utilizados para análise foram 6, que correspondem a 14% do material encontrado. Os anos de publicação dos artigos foram: 1 em 1998, 1 em 2004, 2 em 2006,1 em 2008 e 1 em 2010. Os artigos abordavam, em linhas gerais, as temáticas de atuação do enfermeiro no Pré-natal; o Programa de Saúde da Família; atuação do enfermeiro no atendimento à Saúde da Mulher. Após seleção dos dados, foi feita uma leitura inspecional dos artigos, que possibilitou a construção de categorias para análise. Essas categorias imergiram dos dados, ou seja, dos artigos selecionados para análise, e tratavam-se dos assuntos mais abordados nestes trabalhos, sendo elas: a Estratégia de Saúde da Família e o pré-natal; a importância do pré-natal para a gestante; ações desenvolvidas pelo enfermeiro durante a assistência de enfermagem à gestante na Estratégia de Saúde da Família. Elas possibilitaram a discussão dos resultados, que será apresentada a seguir. 3.1. Categoria 1: A ESF e o pré-natal De acordo com o Ministério da Saúde, a finalidade da ESF é reorganizar a prática da atenção à saúde em novas bases, levando a qualidade da assistência para mais perto das famílias e, com isso, melhorar a saúde dos brasileiros (PRIMO; BOM; SILVA, 2008). Destacando algumas características da ESF, espera-se que o enfermeiro, ao realizar ações essenciais a esta estratégia, no que diz respeito ao pré-natal, identifique fatores que possam contribuir com a qualidade na assistência. Um dos papéis do enfermeiro em todos os níveis da assistência, principalmente na ESF, é referente à orientação. Em sua atuação no Pré-natal, ele deve mostrar às famílias a importância do acompanhamento da gestação na promoção, prevenção e tratamento de distúrbios durante e após a gravidez bem como informá-la dos serviços que estão à sua disposição (BENIGNA; NASCIMENTO; MARTINS, 2004).

284 Sendo assim, a qualidade do Pré-natal depende de um atendimento adequado por parte do enfermeiro. E a ESF pode se tornar um aliado na melhora da qualidade da assistência, pois é desenvolvida para atender de forma humanizada, melhorando a relação entre a equipe multiprofissional e os usuários de saúde (VALENÇA; GERMANO, 2010). No âmbito da ESF, a equipe interdisciplinar deve proporcionar um ambiente acolhedor a essa gestante, ou seja, um local onde essa mulher possa se sentir confortável para interagir e onde ela possa se sentir segura. 3.2. Categoria 2: A importância do pré-natal para a gestante Durante a gestação, a ferramenta de maior segurança para a saúde da mulher é o Pré-natal. Neste atendimento, pode-se descrever o diagnóstico e evitar complicações durante o período gestacional. A falta de assistência e de procedimento rotineiros à gestante pode ocasionar mortalidade neonatal e baixo peso ao nascer (PRIMO; BOM; SILVA, 2008). Com isso, sem um acompanhamento de pré-natal adequado, o processo de estados patológicos pode levar a gestação para uma situação de alto risco para a mãe e para o feto. A atenção primária na gravidez abrange a prevenção de doenças, a promoção da saúde e o tratamento dos problemas ocorridos durante o período gestacional até o pós-parto, tanto na mulher quanto no bebê (DUARTE; ANDRADE, 2006). O Pré-natal é fundamental para prevenir agravos comuns durante a gravidez e beneficiar a vivência de uma gravidez serena, na qual a gestante sinta-se segura, pois é neste atendimento que a mulher pode prevenir e tratar as intercorrências que podem agravar durante o ciclo gravídico puerperal (BENIGNA; NASCIMENTO; MARTINS, 2004). O pré-natal é fundamental para preparo da maternidade, pois é através dessas consultas que a gestante irá acompanhar o desenvolvimento de sua gravidez e as condições do feto. A assistência básica não deve ser levada apenas como uma consulta médica e, sim, como uma maneira de prevenir a intercorrência clínica obstétrica.

285 3.3. Categoria 3: Ações desenvolvidas pelo enfermeiro durante a assistência de enfermagem à gestante na ESF De acordo com a lei do Exercício Profissional de Enfermagem, Decreto n 94.406 de 1987, o pré-natal de baixo risco pode ser inteiramente acompanhado pelo enfermeiro (DUARTE; ANDRADE, 2006, p.5). O mesmo Decreto também dispõe como atividade privativa do enfermeiro a consulta de enfermagem, onde o enfermeiro desenvolve o plano de cuidado através do processo de enfermagem. Esse plano é desenvolvido através da consulta no pré-natal de acordo com a necessidade identificada; nele é possível estabelecer pontos importantes para as orientações de enfermagem, tais como alimentação adequada na gestação, os exames a serem realizados neste período (grupo sanguíneo, fator Rh, hemograma, sorologia para sífilis, teste anti-hiv, exame de urina, parasitológico de fezes, glicemia de jejum, bacterioscopia de conteúdo vaginal, reações sorológicas para toxoplasmose/rubéola/hepatite, colpocitologia ancótica, Papanicolau e ultrassonografia) e os encaminhamentos a outros serviços, promovendo a interdisciplinaridade das ações (BENIGNA; NASCIMENTO; MARTINS, 2004, DUARTE; ANDRADE, 2006). O enfermeiro dentro do pré-natal está inserido em atividades que podem ser aproveitadas tanto pelas grávidas como pelas famílias. É o enfermeiro que orienta sobre a importância do pré-natal, amamentação, vacinação, solicita exames de rotinas, prepara a gestante para o parto, realiza atividades em grupo, fornece o cartão da gestante e realiza exame citopatológico (NERY; TOCANTINS, 2006). O enfermeiro, além de seu papel de orientador, tem a função, durante o prénatal, de acompanhar a gestação, quando de baixo risco. Ele faz consultas às gestantes, avaliando a medida da altura uterina, verifica o peso e a altura da gestante e os batimentos cardíacos fetais. Também é recomendado que o enfermeiro realize o exame das mamas da gestante, porém um estudo demonstrou que somente 41,66% dos enfermeiros que faziam pré-natal nas gestantes realizavam este exame (BENIGNA; NASCIMENTO; MARTINS, 2004). Cabe também ao enfermeiro o encaminhamento da gestante em situação de risco, quando identificado, para o médico. As visitas domiciliares também são

286 realizadas de acordo com a necessidade de cada paciente. Como integrante da equipe multiprofissional da Estratégia de Saúde da Família, o enfermeiro assumiu todas as atividades propostas pelo Ministério da Saúde (PRIMO; BOM; SILVA, 2008). Visando garantir uma gravidez sem complicações, o enfermeiro está sempre atento, em busca de qualquer sinal que indique alguma anomalia, procurando oferecer orientação para que a gestante se comporte de maneira a favorecer uma gravidez sem intercorrências clínicas (BONADIO, 1998). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao término do trabalho, foi possível identificar as ações que o enfermeiro realiza no pré-natal, destacando sua importância para o bom resultado de um prénatal adequado. Através do material selecionado para análise, foi possível identificar as atividades que o enfermeiro realiza, tais como: a consulta de enfermagem, exame físico e as orientações sobre o aleitamento materno, o quadro de vacinação e a importância de um acompanhamento pré-natal para a gestante e para o feto a fim de prevenir intercorrências clínicas e obstétricas. O papel do enfermeiro no pré-natal é voltado diretamente para as orientações feitas às gestantes, mostrando a elas o significado de serem atendidas por uma Unidade de Saúde da Família, trazendo as clientes para um âmbito familiar e dando-lhes segurança e um bom atendimento. Reforça-se que a pesquisa irá contribuir para que o profissional enfermeiro possa entender e aprimorar sua atuação na assistência ao pré-natal na ESF, podendo contribuir com a melhoria no atendimento e colaborando com a qualidade na assistência às gestantes. O profissional enfermeiro tem a autonomia para aperfeiçoar suas atitudes frente às necessidades sentidas e não sentidas da gestante, as quais não transmitem questões objetivas e clínicas, porém vivenciam as expectativas da gestante como mulher.

287 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ABRÃO, Ana Cristina Freitas de Vilhena. Enfermagem obstétrica e ginecológica: guia para a prática assistencial. 1ed. São Paulo: Roca, 2002. 511p BENIGNA, M.J.C.; NASCIMENTO, W.G.; MARTINS, J.L. Pré-natal no programa Saúde da Família (PSF): Com a palavra, os enfermeiros. Cogitare enfermagem, v. 9, n. 2, Jul-dez, 2004. 23-31. BONADIO, I.C. Ser tratada como gente: A vivência de mulheres atendidas no serviço de pré-natal de uma Instituição Filantrópica. Rev. Esc. USP, v. 32, n. 1, abr., 1998. 9-15. BRASIL. RESOLUÇÃO COFEN-358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências. 15. out. 2009. CASTILHO, N. M; LEUZZI, S; PONTES, S. M. F. T; LEUZZI, M. T. Saúde Coletiva. In: MURTA, G.F. Organizadora. Saberes e Práticas: guia para o ensino e aprendizado de Enfermagem. 4ed. São Caetano do Sul: Difusão, 2008. 97-185. DUARTE, S.J.H; ANDRADE, S.M.O. Assistência pré-natal no Programa de Saúde da Família. Esc Anna Nery Rev. Enf. v. 10, n. 1. Abril, 2006: 121-5. GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001. NERY, T.A; TOCANTINS, F.R. O enfermeiro e a Consulta pré-natal: O significado da ação de assistir a gestante. Rev. Enf. UERJ Rio de Janeiro. v. 14, n. 1. jan/mar, 2006: 87-92.

288 PEREIRA, L.A; MELO, E.C.P; AMORIN, W.M; TONINI, T; FIGUEIREDO, N.M.A.F. Programa de Atenção à Saúde. In: FIGUEIREDO, N.M.A, Organizadora. Ensinando a cuidar em Saúde Pública. 1ed. São Caetano do Sul: Yendis, 2005. 255-337. PRIMO. C.C; BOM, M; SILVA, P.C. Atuação do Enfermeiro no atendimento à mulher no Programa Saúde da família. Rev. Enf UERJ Rio de Janeiro, v.16, n.1. jan/mar,2008:76-82. VALENÇA, C,N; GERMANO, R,M. Prevenindo a Depressão Puerperal na Estratégia Saúde da Família: Ações do Enfermeiro no Pré-Natal. Rev Rene. Fortaleza. v. 11, n. 2. abr/jun, 2010: 129-139. Recebido em 26 de março de 2012 Aceito em 10 de abril de 2012