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Transcrição:

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br Aspectos Gerais do Leasing Aldem Johnston Barbosa Araújo* Adelgício de Barros Correia Sobrinho** 1.0 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES A figura do Leasing, também conhecida em nosso ordenamento como arrendamento mercantil é uma operação de financiamento para proporcionar aos empresários o acesso aos bens de produção necessários ao funcionamento da empresa, sem que tenha de comprálos, contudo, em nosso atual mercado, este contrato também é utilizado por pessoas físicas para aquisição de bens, principalmente veículos. A idéia do Leasing nasceu quando Boothe, após a Segunda Guerra Mundial, contratou o fornecimento de alimentos com o exército Norte-americano e, ao verificar que o volume excedia sua capacidade operacional, firmou um contrato com um banco para que este comprasse equipamentos que lhe eram necessários. Ante o grande sucesso dessa operação surgiram a U.S. Leasing Company e a Boothe Leasing Corporation, às quais se seguiram outras. Para se realizar uma operação de Leasing perfaz-se necessária a atuação de três empresas, a que vende as máquinas, também denominada fornecedor; a que compra e paga o preço, denominada concedente; e por fim a que recebe as máquinas obrigando-se a pagar a renda mensal e tendo opção de compra ao final da operação, o denominado tomador, ou seja é operação trilateral, contudo pode ter o número de participantes diminuídos no caso de se fundirem as figuras do concedente e do fornecedor ou do tomador e fornecedor(neste último caso denominado lease-back, como será avaliado posteriormente). Assim, é o Leasing um técnica jurídica imaginada para atender à necessidade econômica de aquisição ou renovação de maquinaria de um estabelecimento industrial, sem desembolso, pela empresa, da quantia necessária para comprá-la. Ë outra empresa que adquire os bens e os aluga com opção de compra dada à empresa que os toma em arrendamento. 2.0 NATUREZA JURÍDICA DO CONTRATO DE LEASING Muito discutida é a natureza jurídica deste contrato, onde aparecem duas correntes tentando defini-la. De um lado os autores que tentam conduzi-la a um tipo nominado de

contrato, tentando reduzir o arrendamento mercantil a contratos como a compra e venda, locação e até gestão de negócios, donde encontramos maior afinidade com o contrato de aluguel, contudo não podemos dizer que é este simples contrato por encerrar características próprias que impedem a assimilação e rejeitam a integral submissão ao seu regime legal. É dominante o juízo de que o Leasing é um contrato autônomo, muito embora resulte da fusão de elementos de outros contratos, contudo não podendo ser classificado como contrato misto, composto por prestações típicas da compra e venda, da locação e de outras formas de contrato, porque tem causa própria e já se tipicizou. 3.0 ELEMENTOS NECESSÁRIOS À CONSTITUIÇÃO DO CONTRATO DE LEASING Para a configuração do contrato de arrendamento mercantil, faz-se necessária a presença dos seguintes elementos jurídicos: a) a compra de equipamentos e máquinas por uma instituição financeira para arrendálos a longo prazo, mesmo sabendo que normalmente quem escolhe os bens é o concessionário; b) a concessão do uso desses bens contra o pagamento de um aluguel(renda); c) a faculdade assegurada ao concessionário do uso das máquinas de adquiri-las, na totalidade ou em parte, mediante preço convencionado no próprio contrato, deduzindo os pagamentos feitos a título de aluguel. 4.0. MODALIDADES USUAIS DE LEASING Existem três modalidades de arrendamento mercantil, são elas: a) LEASING FINANCEIRO: contrato onde o concedente adquire a terceiro máquinas e equipamentos para entregá-los a uma empresa a fim de que esta os utilize, por prazo determinado, mediante pagamento de prestações pecuniárias periódicas, com direito de opção de compra com o pagamento do preço residual no fim do contrato. O concedente deste tipo de Leasing só pode ser empresa que exerça exclusivamente atividade creditícia, podendo ser exclusivamente esta ou conjugada com outras; b) LEASING OPERACIONAL: neste, também denominado renting, temos o financiamento do bem e prestação de serviços (seguro, assistência técnica etc.). Ambos são fixados em contrato que são em média de 24 a 36 meses em prestações fixas. Outro princípio dessa modalidade é que o arrendatário não tem como objetivo a propriedade do bem. Está começando a ser utilizado em larga escala no Brasil principalmente por empresas

que não tem como atividade fim o transporte de carga ou passageiros, é apontado como sua principal vantagem a não imobilização de capital de investimento. c) LEASE-BACK: este é um tipo de Leasing que lembra em muito a retrovenda, pois a sociedade aceita comprar os bens de produção de determinada empresa, deixando-os na posse da vendedora, mas a título de arrendatária, contra pagamento de aluguel, contudo reservando-se ao locatário o direito de opção de compra dos bens, no caso recompra. Distingue-se entretanto da retrovenda, entre outros aspectos, dado a finalidade do financiamento como opção de crédito típica do contrato. 5.0 VANTAGENS DO LEASING O Leasing é apontado como fator de produtividade. Permite a substituição de equipamentos usados por novos, especialmente máquinas, móveis e utensílios; a renovação das instalações de oficinas, laboratórios e escritórios e a adaptação de métodos e novas técnicas, sem mobilização de capital para aquisição de novos equipamentos. Encontramos em outros doutrinadores várias vantagens do Leasing, estas sempre tendo em vista o arrendatário pessoa jurídica, e o lado financeiro e o tributário como os mais apontados para desta vantagem. Para o arrendatário pessoa física as vantagens possivelmente são bem menores tendo em vista o alto custo do contrato o risco para quem não terá renda a partir do bem arrendado. 6.0 EXTINÇÃO DO LEASING O contrato de Leasing pode ser extinto da mesma forma que os demais contratos sendo que algumas são peculiares: A) A expiração do prazo e a devolução dos bens. Terminando o contrato e não havendo manifestação do usuário, a empresa de arrendamento mercantil pode mover ação de reivindicação ou reintegração de posse. B) Pela opção de compra exercida pelo usuário; acertada a compra pelo preço residual, fica extinto o Leasing que se transforma em compra e venda. C) Pelo inadimplemento, o qual pode ocorrer por culpa de qualquer das partes ou de ambas; por motivos alheios á vontade das partes, como dissolução ou outra forma de extinção usuária; falência ou concordata (motivos que costumam estar previstos no contrato): outros casos de força maior. D) Pelo distrato.

7.0 CONTROVÉRSIAS Deixando de lado as discussões quanto sua natureza jurídica, que exigem um trabalho mais extenso, vamos ver quais são as maiores questões levadas aos tribunais e também discutidas na doutrina sobre o contrato de Leasing. Uma das primeiras é quanto a incidência do Código de Defesa do Consumidor. O Leasing é uma operação de cunho financeiro em que o arrendatário pede que a arrendante viabilize o uso do bem escolhido, essa adquire o bem, já que não é um fornecedor, e cede a posse do uso e gozo ao arrendatário, que poderá ter um financiamento de até 100% do bem. Ao final do contrato, querendo, pode o arrendatário exercer seu direito de compra e só então terá o título de propriedade. Como se vê, não há uma relação direta entre o fornecedor e o consumidor, não havendo uma relação de consumo, mas um negócio eminentemente mercantil. Difere do Leasing o CDC, crédito direto ao consumidor, em que há uma relação direta entre o fornecedor e cabe a aplicação do Código de Defesa. Paradoxo, no entanto, é a incidência do IOF sobre o CDC e do ISS sobre a operação de Leasing, tornando-o mais atrativo. Ainda que não cabendo a aplicação do Código de Defesa do Consumidor no Leasing, não se deve permitir a validade de cláusulas que estabelecem vantagens descabidas para a arrendadora, enquanto é lesado o arrendatário. São cláusulas leoninas, injustas, que estabelecem vantagens para apenas uma parte da relação, e que felizmente estão sendo repelidas por nossos tribunais, como a de eleição de foro, promovendo a dificuldade ao acesso à justiça ( 4.ª Turma, STJ, RESP 26,788-MG, 17/11/92; 3.ª Turma, STJ, RESP 39,280-RS, 09/11/93), ou que estabelecem cláusula de mandato em favor do credor ( 4.ª Turma, STJ, RESP 1,641-RJ, 18/12/90). Outro grande problema é a rescisão contratual, principalmente quando se dá por inadimplência do arrendador. Nos contratos, geralmente é previsto que no caso de rescisão a arrendadora pode retomar o bem, cobrar as prestações vencidas e vincendas, os juros e multas, pleitear indenização e ainda vender o bem, e inclusive, se o valor do mesmo não for atingido, poderá cobrar a diferença do arrendatário. Vê-se a abusividade da cláusula e está-se tornando pacífico na jurisprudência que deve haver uma escolha por parte do arrendador, ou exige o cumprimento do contrato ou a sua rescisão com perdas e danos e reintegração na posse do bem. Eventual rescisão do contrato de Leasing, pelo não pagamento das mensalidades, implica a exigência das prestações vencidas até o instante em que o bem esteve em mãos do arrendatário, mais a recomposição de eventuais danos e multa contratual. Impor-se o

pagamento de prestações futuras e ainda do valor residual, implica bis in idem. Esse último, aliás, só é exigível nos casos de perda ou de aquisição do bem. ( AC 292,243, 1.ª TACSP) Talvez o maior problema e que recentemente gerou enorme polêmica é o que envolve a indexação e variação cambial. Indiscutível a possibilidade de indexação dos valores estipulados nos contratos de arrendamento mercantil, quer para prestações, quer para o VRG de compra do bem arrendado. Discute-se porém o reajuste da contraprestação e do VRG pela variação cambial, questão que ainda está sendo discutida e que foi um pouco acalmada pela concessão de liminares. Há a Lei 8.880/94, cujo art. 6.º dispõe sobre a validade do repasse do risco cambial em contratos de arrendamento mercantil com recursos obtidos no exterior. Foi esse o fundamento de várias decisões que acolheram a legalidade da variação, desde que se fizesse prova de que os recursos foram realmente obtidos no exterior e de que os arrendatários foram informados logo no início do contrato. Não obstante ter ocorrido a maxivalorização do Dólar Norte Americano, provocada pela brusca variação cambial, inexiste causa ilícita para autorizar a revisão do contrato de arrendamento mercantil, pelo simples fato de que não houve onerosidade excessiva. (...) O contrato celebrado entre as partes, que contém cláusula de correção cambial, calculada pela variação do valor da compra e venda do Dólar, não é iníquo, abusivo ou celebrado da máfé, uma vez que a operação é de simples repasse do recurso obtido no exterior. (...) A brusca variação, motivada por plano econômico que onere as partes contratantes, embora seja fato grave, não se mostra injusto, por ser previsível. (2.º Colégio Recursal da Capital, Juizado Especial Cível de São Miguel, SP, Recurso 1841). 8.0 BIBLIOGRAFIA LIVROS: 1.0 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, Vl. 3. 9.ª edição. São Paulo: Saraiva, 1993. 2.0 GOMES, Orlando. Contratos, 20.ª edição. Rio de janeiro: Forense, 2000. 3.0 WALD, Arnoldo. Obrigações e Contratos, 14.ª edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

REVISTAS: 1.0 SANTOS, Francisco. Leasing: Questões Controvertidas. In: Revista da Escola de magistratura do Distrito federal, Brasília: (S.E.), pp.140-150, 2000. *aluno do 7.º período da graduação em Direito pela UFPE Estagiário da PFN-PE, Aluno do 7º Período Noturno da Faculdade de Direito do Recife-UFPE - aldemjohnston@bol.com.br **aluno do 7.º período da graduação em Direito pela UFPE Estagiário do Departamento Jurídico Norte Nordeste do Grupo Votorantim, Aluno do 7º Período Noturno da Faculdade de Direito do Recife-UFPE Disponível em: http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=11&idareasel=2&seeart=yes. Acesso em: 18 set. 2007.