Palavras-chave: Ortodontia, Aparelho autoligado, Tomografia Computadorizada

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Transcrição:

Correção da Classe II, assimetria de linha média e do segundo premolar superior direito em posição ectópica com o aparelho autoligado passivo Damon II. Introdução Atualmente os ortodontistas dispõem de ferramentas terapêuticas que possibilitam a obtenção de resultados, tanto em relação ao diagnóstico quanto à terapia, que diferem dos padrões clássicos apresentados na literatura científica tradicional. As abordagens clínicas tradicionais, em casos de discrepâncias ósteo-dentárias severas, estão baseadas em mecânicas expansionistas e extracionistas, com objetivos de se obter espaços para movimentação ou remoção do elemento dentário bloqueado. Também os métodos de diagnóstico radiográficos clássicos não permitem a observação e avaliação de algumas vistas, importantes na definição do sucesso da terapia. A tomografia computadorizada por feixe cônico e o aparelho autoligado passivo são recursos terapêuticos que evoluíram, principalmente na última década, e já se fazem presentes nos consultórios ortodônticos. A diminuição dos custos e a facilidade de obtenção destes recursos permitem que mais ortodontistas utilizem seus benefícios, na elaboração do diagnóstico e planejamento e condução das etapas do tratamento. Os benefícios da utilização destes recursos são inúmeros entre eles, em relação a tomografia, temos melhores resultados nas avaliações dos tecidos duros 1,3,9, observações tridimensionais auxiliadas por diversos filtros além da possibilidade de exportação dos dados computadorizados para obtenção de protótipos sólidos 1,3. Em relação ao aparelho autoligado passivo, quando comparado aos

recursos convencionais, temos relatados na literatura, a redução da utilização de dispositivos de ancoragem 2,4,7, da utilização de recursos intra-orais de expansão 2,4,9, da necessidade de extrações dentárias 2,4 e principalmente, a redução efetiva da intensidade da força aplicada devido às alterações dos atritos estáticos e dinâmicos 2,4,7,9 observados nestes dispositivos somada as vantagens da instalação de fios de alta flexibilidade 6,8. Neste trabalho, observamos resultados importantes que colaborarão com a atualização dos protocolos terapêuticos. Palavras-chave: Ortodontia, Aparelho autoligado, Tomografia Computadorizada Descrição do Caso Clínico A paciente LED, gênero feminino, leucoderma, com 16 anos e 4 meses, em norma lateral direita observa-se relação molar de classe II de Angle com canino em classe I. Em norma frontal, mordida profunda, desvio de linha media e mediana superior e inferior. Em norma lateral esquerda, molares em classe II de Angle e caninos em classe II (Figura 1). Figura 1 Fotografias Intrabucais Iniciais. Além da confirmação em relação as características oclusais, tem-se discrepância de modelo superior de -10,8 mm e 2,5mm do modelo

inferior. No modelo superior, em norma oclusal observa-se a posição totalmente bloqueada por palatino do segundo premolar superior direito (Figura 2). Figura 2 Modelos de Estudo Na radiografia panorâmica observou-se agenesia dos terceiros molares inferiores. Boas condições radiculares e ósseas (Figura 3). Figura 3 Radiografia Panorâmica

Alternativas de tratamento Classicamente as alternativas de tratamento teriam como princípios a extração do elemento 15 ou a extração do 24 e retração para correção da linha média superior, gerenciamento da ancoragem e controle vertical. Também, poderíamos indicar a distalização do 27, com extração do 28 e 15 para posterior correção da linha média superior. Este caso necessitaria de intrusão do setor anterior superior previamente a retração e controle máximo da ancoragem até o encaixe em classe I do canino superior esquerdo por meio de AEB ou mini-parafusos. As retrações deveriam ser realizadas por arcos com alças para correção adequada da linha média superior. Plano de tratamento Após avaliação e apreciação das características clínicas decidiu-se a instalação do aparelho auto-ligado passivo modelo Damon II (Ormco corp.) com a seqüência de arcos cuniti da técnica com objetivo de promover o desenvolvimento transversal do arco superior para obtenção de espaço para o dente 15. Para auxiliar a formação de espaço para o 15 planejamos a instalação de uma mola helicoidal de compressão de NiTi com Ø do fio.010" x Ø interno da mola.030" x 7" (Morelli Ortodontia). O aparelho planejado foi com a prescrição hi-torque superior e low-torque inferior para compensar os efeitos da utilização de elásticos de classe II médio 3/16". Foi definida a instalação de um gancho para tração de dente incluso (Morelli Ortodontia) imediatamente após a obtenção do espaço suficiente para sua colagem na face vestibular do dente 15 com objetivo de tracioná-lo para vestibular, inicialmente a distância, até o momento em que a colagem do braquete Damon II do dente 15 e

a introdução do arco de nivelamento fosse possível. A partir deste evento, a seqüência protocolar de trocas dos arcos ortodônticos serão realizadas. Esta seqüência corresponde aos arcos formato Damon de cuniti.014",.014"x.025",.018"x.025" e.019"x.025" de aço inoxidável. O único recurso auxiliar planejado foi a instalação do bite turbo (Ormco corp.) na face lingual dos incisivos centrais superiores. Em relação aos stops pré-instalados nos arcos Damon, decidimos não travá-los com intuito de obter a distalização do 17 e 16 em conjunto com o desenvolvimento dento-alveolar dos dentes 14,13,12 e 11 para mesial, corrigindo a linha média. Um efeito adverso porém esperado desta movimentação, será o posicionamento do canino superior direito em classe II o que determinará a simetria da mal oclusão de classe II para posterior correção pelos elásticos intra-bucais de classe II. Outro fator relevante planejado foi a evolução do fio.014" cuniti para o.014"x.025" cuniti a qual só será realizada após o posicionamento e contato das faces proximais do elemento 15 com o 16 e 14 e da verificação da formação de osso alveolar palatino observando os cortes da tomografia computadorizada por feixe cônico. Após a evolução e posicionamento do segundo premolar superior direito iniciaremos a montagem do arco inferior e a condução do caso seguirá o protocolo da técnica. Evolução do tratamento Iniciamos a instalação do recurso ortodôntico no arco superior com o fio de nivelamento cuniti.014 formato Damon com a mola de niti ativada em 1mm do tamanho da distância inter-braquetes dos dentes 16 e 15. Após 73 dias trocamos a mola e acrescentamos

1mm ao seu tamanho mésio-distal. Desta data em 36 dias, foi possível a colagem do gancho e o início da tração vestibular. Realizamos ativações da tração vestibular a distância e das molas em 35 dias, 28 dias e 54 dias. Decorridos 283 dias da instalação do dispositivo ortodôntico, foi possível a troca do gancho pelo braquete Damon II do elemento 15, instalação dos bite turbos para auxiliar a desoclusão e permitir a vestibularização do dente 15 e montagem da aparatologia inferior Figura 4). Nesta fase, solicitamos cortes tomográficos por feixe cônico axiais, frontais e sagitais os quais evidenciaram a presença de osso alveolar palatino na área do segundo premolar superior direito e osso alveolar em todas regiões do arco dentário, tanto vestibular quanto lingual (Figura 5). Com esta confirmação instalamos o arco de nivelamento superior.014"x.025" cuniti para iniciar os torques da prescrição e corrigir o torque e posição radicular do 15 que, de acordo com a tomografia, mostrava-se lingualizado (Figura 6). Obtivemos nesta fase a evolução dentoalveolar para mesial do setor direito do arco superior, com a correção da linha média e mediana com equilíbrio da maloclusão de classe II dos caninos e melhora significativa da mordida profunda com elevação de 3mm (Figura 7).

Figura 4 Abertura de espaço, alinhamento e nivelamento do segundo premolar superior direito e evolução alveolar. Figura 5 Avaliação da Tomografia Computadorizada confirmando a presença de osso alveolar palatino na região do dente 15.

Figura 6 Tomografia computadorizada evidenciando a necessidade de posicionamento vestibular e equilíbrio entre as corticais do dente 15. Figura 7 Correção da linha média. Resultados do tratamento Notamos que, após 8 semanas da instalação do arco de nivelamento.014"x.025" cuniti o dente 15 definiu os contatos proximais com os elementos vizinhos. Foi obtida simetria da forma do arco superior com desenvolvimento alveolar para mesial do lado direito o que, corrigiu a linha média e determinou a formação de espaço para o correto posicionamento de segundo premolar superior direito sem a

necessidade de extrações dentárias as quais, foram consideradas durante o planejamento porém totalmente descartadas diante dos resultados expostos (Figura 8). O caso prosseguiu com as evoluções protocolares dos arcos ortodônticos e obtivemos a correção da maloclusão diagnosticada no início do tratamento (Figura 9 e 10) Figura 8 Correção completa do segundo premolar superior direito. Figura 9 Fotografias intrabucais finais. Figura 10 Radiografia panorâmica final.

Discussão A ortodontia é uma ciência em evolução. A cada dia surgem novas ferramentas que permitem os ortodontistas melhores condições no diagnóstico e planejamento, maior segurança na condução do tratamento, resultados mais rápidos e efetivos. Contudo, devemos avaliar com critérios o que o mercado impõe aos profissionais, principalmente em relação à substituição de recursos tradicionais pelos mais atuais. Em relação a tomografia computadorizada por feixe cônico concordamos com a literatura 1,3,9 no que diz respeito a sua importância em complementar as limitações dos recursos de diagnósticos radiográficos bidimensionais, porém sem a responsabilidade de substituí-los. No caso apresentado, ficou evidente a importância da telerradiografia e das fotografias extra e intrabucais presentes na documentação ortodôntica convencional, já que evidenciaram o ângulo nasolabial obtuso, o que contra-indicou mecânicas de retração após extrações ou distalizações. A telerradiorafia complementou a informação supracitada, pois pudemos determinar a possibilidade de vestibularização dos incisivos centrais superiores. A displasia alveolar do lado direito do arco superior, ficou evidente após avaliarmos, nas fotografias intrabucais, os desvios de linha média e mediana. Por outro lado, somente a tomografia nos permitiu observar a formação de osso cortical lingual do elemento 15, confirmando o sucesso da tração vestibular deste dente com totais possibilidades de estabilidade e função. Também, é importante discutir, o grande impacto que o surgimento e a comercialização dos aparelhos autoligados

determinou ao protocolo ortodôntico 5,6. Fica evidente, após o exposto, que devemos repensar nas indicações tweedianas [sic] de extrações dentárias pois, o desenvolvimento ortopédico-alveolar 4 que observamos, pode gerar osso e determinar a diminuição ou a alteração para positiva das discrepâncias ósteo-dentarias negativas 4. Esta afirmação deve ser interpretada de forma muito criteriosa pois julgamos que a idade do paciente seja condição primordial para o efeito do desenvolvimento ortopédico-alveolar 4 conquistado e que, em indivíduos adultos, não obteríamos a mesma resposta observada neste relato. Devemos nos posicionar também em relação ao tempo de tratamento. Não observamos na literatura consultada, reduções abaixo de 25% no tempo total de tratamento 2,4,5, o que é, ao nosso ver, muito significativo. Porém, as generalizações são novamente perniciosas. Neste relato, observamos que, apenas a movimentação de um elemento dentário com aparelho autoligado passivo, necessitou de 283 dias. Julgamos inválido e perigoso, conferir aos nossos tratamentos, velocidade de obtenção de resultados, informando o paciente que este ou aquele recurso é mais rápido. Temos sim que evidenciar os benefícios que as novas tecnologias nos trazem no que diz respeito a segurança da movimentação ortodôntica no tempo que acreditamos ser o fisiológico com o recurso autoligado passivo. Com o exposto podemos concluir que o recurso autoligado passivo é um equipamento que nos permite avaliar e planejar determinados casos ortodônticos com outra visão, sem nos limitarmos somente ao pensamento extracionista em situações de discrepâncias osteodentárias negativas. Isto contribui de forma absoluta ao raciocínio

da análise facial já que o desenvolvimento dento-alveolar 4 nos permite a manutenção ou a obtenção da harmonia facial, sem o comprometimento que a extrações dentárias com finalidade ortodôntica determina em casos limites. O inverso é verdadeiro pois, em faces biprotrusas o desenvolvimento dento-alveolar 4 pode gerar desarmonias faciais. Nestes casos, as extrações estão totalmente indicadas e a vantagem da utilização do dispositivo autoligado passivo está no baixo nível de atrito estático e dinâmico observado nestes recursos 7, tanto na fase de nivelamento dentário, quanto nas retrações. Considerações finais Os formadores de opinião devem ter critérios estabelecidos e válidos quando se posicionarem sobre um determinado assunto. Realmente acreditamos que o aparelho autoligado passivo possua benefícios quando comparados com os recursos tradicionais assim como a tomografia computadorizada por feixe cônico. O que não podemos afirmar, é que estas tecnologias substituam por completo as tradicionais. Devemos acompanhar, conhecer e estudar a evolução técnico-científica da ortodontia, estar sempre a par dos benefícios que qualquer processo evolutivo pode gerar. Não devemos acreditar que a evolução venha determinar um certo tipo de simplismo a ciência da ortodontia. O escultor romeno Constantin Brancusi afirmava: Simplicidade é complexidade resolvida. As infinitas variações e combinações que um único paciente apresenta determina um grau de complexidade terapêutica que apenas o tipo de aparelho não pode ser o responsável pelo sucesso do caso. E após muita reflexão sobre os assuntos autoligados x convencionais,

extração x não extração, realmente não podemos afirmar que os sistemas autoligados sejam mais rápidos, mais efetivos ou, o que temos que ter muito cuidado em afirmar, que sejam melhores... Todos os dias no meu consultório, tento equilibrar o escrutínio científico/estatístico da Pós-Graduação com o conhecimento subjetivo de 22 anos de clínica ortodôntica para, com ponderação entre eles, definir o melhor tratamento ao paciente. No nosso consultório o aparelho autoligado não é mais importante, o copper NiTi não capta nem indica pacientes bem como o aparelho convencional não está escondido no fundo da gaveta. A efetividade, segurança e resultados adequados são os grandes objetivos. Caros colegas, selecionem, baseados na sua formação e habilidade, seu sistema de braquetes. Nem as empresas, nem outros colegas irão se responsabilizar por resultados inadequados e instáveis. Referências Bibliográficas 1. Accorsi MAO. Comparação de grandezas cefalométricas obtidas por meio de telerradiografias e tomografias computadorizadas multislice em crânios secos humanos [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo;2007. 2. Birnie D. The Damon Passive Self-Ligating Appliance System. Semin Orthod 2008;14(1):19-35. 3. Bueno M. Cada vez mais ouço falar sobre tomografia computadorizada cone beam. Como funciona esta nova tecnologia, quais os tipos de aparelhos e em quais especialidades ela pode ser aplicada? Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial 2008;7(3):17-26.

4. Damon D, Bagden MA. Damon System Manual de Trabajo. Caracas: Amolca; 2006. 5. Harradine N. The History and Development of Self-Ligating Brackets. Semin Orthod 2008;14(1):5-18. 6. Maltagliati MA. Braquetes Autoligados no que diferem? Qual a vantagem em utilizá-los na prática clínica? Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial 2007;6(5):15-30. 7. Mavreas D. Self-Ligation and the Periodontally Compromised Patient: A Different Perspective. Semin Orthod 2008;14(1):36-45. 8. Raveli DB, Goes DR, Dib LPS, Oyonarte R. Sistema de braquetes autoligáveis: a grande tendência na ortodontia moderna. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial 2008;6(6):68-76. 9. White SC, Pae EK. Patient Image Selection Criteria for Cone Beam Computed Tomography Imaging. Semin Orthodontics 2009;15(1):19-28.