AVALIAÇÃO DO COMPONENTE AERÓBIO E ANAERÓBIO EM ATLETAS DA SELEÇÃO ESTUDANTIL DE JUDÔ DO DISTRITO FEDERAL. RESUMO

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DO COMPONENTE AERÓBIO E ANAERÓBIO EM ATLETAS DA SELEÇÃO ESTUDANTIL DE JUDÔ DO DISTRITO FEDERAL. *Autor: Lucas Cezar Vilela Mendes ** Msc. Carlos Ernesto Santos Ferreira RESUMO O presente estudo teve como objetivo avaliar o componente aeróbio e anaeróbio em atletas da Seleção Estudantil de Judô do Distrito Federal. Para tanto foi aplicado um teste específico, o Special Judô Fitness Test (SJFT) desenvolvido por Sterkowicz em 1995. O estudo encontrou um índice de 15,23, mostrando que os atletas da seleção estudantil do Distrito Federal possuem uma boa capacidade aeróbia, principalmente levando-se em consideração o fato da equipe do DF ter atletas com idades entre 15 a 17 anos. Palavras chave: Anaeróbio, aeróbio, judô. *Profissional de Educação Física pela Universidade Católica de Brasília - UCB ** Prof. MSc. Junto ao Curso de Educação Física da Universidade Católica de Brasília - UCB

INTRODUÇÃO O judô, que em português quer dizer Caminho Suave, é uma arte marcial muito praticada no mundo, foi criado pelo professor Jigoro Kano no Japão no ano de 1882. Tem como objetivo principal a integração corpo, mente e espírito o que leva a uma vida equilibrada utilizando um método de educação física mental baseada numa disciplina de combate a mãos nuas (ROBERT, 1979). No Japão, o judô é obrigatório nas escolas e todos estão acostumados desde os primeiros anos de vida, a esse tipo de educação que segundo Baptista (2003), é inerente a sua cultura. O judô é também um esporte olímpico, dividido em sete categorias de peso. Os combates têm duração de 5 minutos, podendo se estender por mais 3 minutos em caso de empate. O atleta em nível internacional realiza aproximadamente cinco a oito lutas por competição como a Copa do Mundo e o Grand Slam. A principal característica das lutas de judô além de sua técnica é a intermitência dos movimentos, o que faz com que o sistema glicolítico seja o mais exigido. Diversos estudos têm confirmado tal afirmação no que pese as altas concentrações de lactato durante (CALLISTER ET AL., 1991; FRANCHINI ET AL., 1998; SIKORSKI ET AL., 1987; TUMILTY ET AL., 1986) bem como após as lutas da referida modalidade (TAYLOR E BRASSARD, 1981; AMORIM ET AL., 1995). Sendo assim, se torna de suma importância para os atletas de judô uma excelente capacidade e potência aeróbia, pois acredita-se que com os valores dessas variáveis elevados os atletas poderiam: manter uma intensidade acentuada durante toda a luta, retardar o aparecimento de concentrações elevadas de lactato e ainda facilitar a recuperação entre os combates (CASTARLENAS E SOLÉ, 1997). Com a evolução do esporte os atletas vêm aperfeiçoando suas valências físicas, obrigando seus técnicos, preparadores físicos e fisiologistas avaliarem de forma precisa e detalhada suas capacidades. Neste sentido, somente através de um processo de avaliação confiável é que o atleta pode planejar seus objetivos a curto, médio e longo prazo, pois este propiciará a toda equipe envolvida comparando seus resultados com o de atletas superiores para um melhor planejamento no tocante a carga e volume de treinamento. A avaliação no judô é de grande importância como em outros esportes, porém devido às características da luta ser essencialmente intermitente somado a sua técnica específica torna-se muito difícil respeitar a especificidade diante de tais procedimentos. Segundo Nunes, 1997 apud Frachini 2001, talvez seja por esse motivo que se observa uma escassez de pesquisa abordando testes específicos durante a avaliação dos atletas dessa modalidade. Podemos então inferir que por isso, poucos testes específicos foram criados simulando a intermitência das lutas, utilizando entradas de golpe, lutas simuladas e projeções: Atualmente destacam-se alguns testes como Carvalho Tai-Sabaki Test criado por Carvalho em 1995, JMG Test criado por José Manuel García em 2005, e o Special Judô Fitness Test (SJFT) proposto pelo polonês Stanislaw Sterkowicz em 1995. O SJFT é um teste intermitente e utiliza movimentos específicos do judô que respeita de forma mais específica a técnica da luta. Nesse contexto, dado a falta de trabalhos que demonstram o perfil de determinadas valências inerentes ao judô como a potência aeróbia e anaeróbia e em função da dificuldade de obter resultados para posterior comparação, o objetivo do presente estudo foi avaliar a potência aeróbia da Seleção Estudantil de Judô do Distrito Federal através de teste específico.

OBJETIVO Avaliar o componente aeróbio e anaeróbio em atletas da Seleção Estudantil de Judô do Distrito Federal. MATERIAIS E MÉTODOS Amostra A amostra foi composta por 8 judocas, 4 do sexo masculino e 4 do sexo feminino, com idade de 15 a 17 anos, todos integrantes da Seleção Estudantil de Judô do Distrito Federal. Os voluntários tiveram o termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelos pais ou responsáveis autorizando a publicação dos dados obtidos, desde que fosse mantido o anonimato, conforme resolução 196/96 abordando pesquisas em seres humanos. Medidas Antropométricas Mensurou-se a estatura e a massa corporal em uma balança Filizola com escala de 100g e estadiômetro acoplado. Em seguida, foi mensurado o percentual de gordura corporal através de Bioimpedância Bipolar OMRON BF 300, o protocolo de Bioimpedância a ser seguido antes do teste foi explicado com dois dias de antecedência, durante o último treino que antecedeu aos testes. Teste Específico Com o objetivo de avaliar o componente aeróbio e anaeróbio dos judocas foi aplicado o Special Judô Fitness Test (SJFT). O SJFT foi desenvolvido por Stanislaw Sterkowicz em 1995, é um teste específico e intermitente e consiste em três períodos, 15 segundos (A), 30 segundos (B) e 30 segundos (C) cada período com 10 segundos de intervalo. Os judocas (Uke) são colocados a uma distância de 6 metros e o executante (Tori) fica no meio a 3 metros dos companheiros. O executante deve realizar o maior número de projeções com a técnica Ippon Seoi Nague. A Freqüência Cardíaca Final (FCmáx) e após 1 min. do teste (FC 1 min após) foi mensurada com um freqüêncimetro Polar para posterior cálculo do índice proposto pelo teste. O teste foi realizado sobre uma área de treinamento, montada a partir de pneu moído coberto por uma lona de marca Guerra. Para a marcação das distâncias foi utilizada uma trena e fita adesiva. Fórmula para cálculo do índice proposto por Sterkowicz (1995): ÍNDICE = FC FINAL (BPM) + FC 1 APÓS FINAL DO TESTE (BPM) NÚMERO TOTAL DE ARREMESSOS

Análise Estatística Foram utilizados na análise estatística: média, mediana, desvio padrão (±DP), mínimo, máximo. RESULTADOS E DISCUSSÃO O objetivo do presente estudo foi avaliar o componente aeróbio e anaeróbio em atletas da Seleção Estudantil de Judô do Distrito Federal. Para tanto a tabela 1 apresenta o perfil dos judocas avaliados e a tabela 2 o resultado da avaliação realizada através do Special Judô Fitness Test (SJFT) (STERKOWICZ, 1995). Tabela 1- Perfil da amostra. Valor descritivo, média e Desvios padrão (±DP) das variáveis antropométricas (n=8). Variáveis analisadas Média (±DP) Idade (anos) 16,5 (±0, 71) Massa Corporal (Kg) 61,61 (±8,86) Estatura (cm) 164,3 (±0,43) % de gordura 15,4 (±8,29) Tabela 2- Valores médios e Desvios padrão (±DP) do SJFT na amostra estudada (n=8). Variáveis analisadas Média (±DP) Número de arremessos 22,75 (±3,41) FC Final 182,37 (±8,01) FC após 1 min do teste 154,75 (±15,61) Índice do SJFT 15,23 (±2,94) Conforme a fórmula proposta por Sterkowickz em 1995, quanto menor o índice encontrado, melhor é o desempenho do atleta. Uma menor freqüência cardíaca após o teste representa uma melhor capacidade anaeróbia, maior velocidade e melhor eficiência nas entradas. Quanto melhor a recuperação da freqüência após 1 minuto, melhor é a capacidade aeróbia. Uma maior quantidade de arremessos representa uma melhor execução da técnica e melhor velocidade (FRANCHINI, 2001). Almeida Júnior et al. (2002) avaliaram 10 atletas do sexo masculino da classe Sênior do estado do Sergipe, e encontraram um índice médio no SJFT de 14,83. Os atletas do DF apresentaram uma freqüência média após o

teste de 182,37 bpm, menor do que a equipe nordestina que apresentou do 188,3 batimentos por minuto (bpm). A equipe do DF também mostrou melhor recuperação da freqüência cardíaca após 1 minuto, 154,75 bpm em contrapartida a equipe sergipana apresentou 168,1bpm. Carvalho et at. (2002) avaliaram a seleção brasileira de judô e encontraram um índice médio no SJFT de 13,92. A seleção brasileira apresentou uma freqüência cardíaca final após teste de 182,7 bpm e após um minuto de 160,3 bpm. Apesar de não termos comparado estatisticamente podemos observar que mesmo a seleção do DF apresentou uma melhor capacidade aeróbia, já que apresentou uma melhor recuperação após um minuto do teste. Com relação à capacidade anaeróbia, os atletas do DF apresentaram um nível melhor que a equipe do Sergipe e similar ao da seleção brasileira. Porém, o índice apresentado pela equipe do DF no SJFT foi maior, o que pode ser explicado pelo fato de que os atletas adultos (e principalmente a seleção brasileira) são mais elevados tecnicamente, economizando tempo e energia na aplicação do Ippon Seoi Nague. Fato que poderia compensar a menor capacidade aeróbia. Esse é um dos poucos testes específicos para o judô, e o mais utilizado. Porém apresenta algumas limitações já que não leva em conta a massa corporal do atleta e a sua estatura. Um número maior de voluntários de um mesmo sexo e de categorias de peso mais próximas poderiam contribuir para uma amostra mais homogênea. Já que atletas mais pesados são normalmente mais lentos e não aplicam técnicas de quadril como o ippon seoi nague, com muita freqüência. CONCLUSÃO Com os resultados do teste realizado pôde-se verificar que os atletas da seleção do Distrito Federal possuem uma boa capacidade aeróbia, principalmente levando-se em consideração o fato da equipe do DF ser estudantil. Mais estudos devem realizados para melhorar a avaliação dessas variáveis em esportes específicos como o judô. Principalmente no que se refere às particularidades das técnicas aplicadas por atletas de diferentes categorias de peso. Testes específicos que leve em consideração, estatura, idade, categoria de peso e sexo deve ser criados para uma avaliação mais precisa dos atletas.

REFERÊNCIAS ALMEIDA JÚNIOR, J. L., GUIMARAES, D. A. M., SOUZA, F. L., SOUZA, L. D. O., SACRAMENTO, N. S. B. S., OLIVEIRA, S. D. Avaliação do condicionamento de judocas através do Special Judô Fitness Test. Pós Graduação Lato Sensu em Fisiologia e Avaliação Morfofuncional Universidade Gama Filho. Aracaju, 2002. AMORIM, A. R.; DRIGO, A. J.; KOKUBUN, E. Treinamento intermitente no judô e lactato sangüíneo. In: XIX Simpósio Internacional de Ciências do Esporte Saúde e Desempenho. CELAFISCS, São Paulo, 1994. Anais. São Caetano do Sul, FEC do ABC, 1994. 87 p. BAPTISTA, C.F.S. Judô, da Escola a Competição. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Sprint, 2003. CALLISTER, R.; CALLISTER, R. J.; STARON R. S.; FLECK, S. J.; TECH, P. & DUDLEY, G. A. Physiological characteristics of elite Judo athletes. In: International Journal of Sports Medicine, v. 12, pp. 196-203, 1991. CARTALENAS, J. L. & SOLÉ, J. El entrenatimiento de la resistencia en los deportes de lucha com agrre: una propuesta integrador. In: Apunts Educacion Física y Deportes, s.1., nº. 47, pp. 81-6, 1997. CARVALHO, M. C. G. A., PREGNOLATTO, K. U., DUBAS, J. P., MOREIRA, C. F., MIGLIACCIO, R., MATHEUS, L., KISS, M. A. P. D. M. Comparação entre os resultados do Special Judo Fitness entre judocas do Projeto Futuro/SP e outros judocas brasileiros e poloneses. (Grupo de Estudos e Pesquisas de Judô / LADESP / EEFE / USP). São Paulo, 2002. Disponível em <http://www.judobrasil.com.br/estudos>. Acesso em setembro 2009. FRANCHINI, E.; TAKITO, M. Y.; LIMA, J. R. P.; HADDAD, S.; KISS, M. A. P. D. M.; REGAZZINI, M. & BÖHME, M. T. S. Características fisiológicas em testes laboratoriais e resposta da concentração de lactato sangüíneo em 3 lutas em judocas da classe Juvenil A, Júnior e Sênior. Revista Paulista de Educação Física, s.1., v. 12, nº.1, PP. 5-16, 1998a. FRANCHINI, E. Judô, Desempenho Competitivo. 1.ed. São Paulo: Editora Manole, 2001. GARCÍA, J.M. Test J.M.G. Disponível em <http://www.alljudo.net/pdf/the-test-jmp.pdf>. Acesso em setembro 2009. ROBERT, L. O Judô. 7.ed. Lisboa: Editorial Notícias - EPNC, 1979. SIKORSKI, W.; MICKEWICZ, G.; MAKLE, B. & LAKSA, C. Structure of the contest and work capacity of the judoist. In: Proceedings if the International Congres on Judo Contemporary Problems of Training and Judo Contest. 9-11 November, 1987, Spala- Poland, pp. 58-65. STERKOWICZ, S. & FRANCHINI, E. Specific fitness of elite and novice judoists. Journal of Human Kinetics, s.1..v. 06, pp. 81-98, 2001. TAYLOR, A. W. & BRASSARD, L. A physiological profile of the Canadian Judô Team. In: Journal of Sports Medicine, s.1., vol. 21, pp. 160-4, 1981. TUMILTY, D. McA.; HAHN, A. G. & TELFORD, R. D. A physiological profile of well-trained male judo players. In: Watkins, J.; Reilly, T.; Burwitz, L. (eds.). Procceedings of the VIII Commonwealth and International Conference on Sport, Physical Education, Dance, Recreation, and Health. London: E & F.N. Spon., pp. 99-103, 1986.