AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE IN SILICO DO MONOTERPENO GENIPIN

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE IN SILICO DO MONOTERPENO GENIPIN Daniele de Souza Siqueira¹; José Lucas Soares Ferreira¹ ; Joyce Natielle Miranda Cavalcante¹; Elaine Roberta Leite de Souza 1 ; Abrahão Alves de Oliveira Filho 2 ¹ Acadêmicas do Curso de Odontologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Campus Patos/PB. E-mail: danieleodonto13@gmail.com E-mail: Jlucas_sf@hotmail.com E-mail: joyce_natielle@hotmail.com E-mail: elaine_roberta5@hotmail.com 2 Professor Adjunto do Curso de Odontologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Campus Patos/PB. E-mail: abrahão.farm@gmail.com Resumo: Os conhecimentos sobre as plantas medicinais são de importância indiscutível para o desenvolvimento da sociedade. Apesar de notáveis progressos da terapêutica medicamentosa atual, a maior parte da população faz uso de plantas medicinais na atenção primária à saúde. Produtos naturais de origem vegetal têm sido bastante utilizados para fins medicinais, como fonte de compostos bioativos. Diante disso, grande é o interesse na área da pesquisa com produtos naturais quanto a sua atividade toxicológica a fim de regulamentar suas exigências quanto à qualidade eficácia e segurança para então alcançar ensaios clínicos e o desenvolvimento de drogas. Dessa forma, destaca- se o monoterpeno genipin, já testado e comprovado o seu efeito anti-inflamatório, efeito anti-oxidantes, além de cicatrizante. Esse trabalho procura analisar a toxicidade in silico do monoterpeno Genipin, a metodologia in silico é um novo avanço da Toxicologia no contexto da avaliação e predição da toxicidade. Os parâmetros foram avaliados pela ferramenta admetsar. Foram observados os parâmetros de Potencial Mutagênico AMES (AMES), Toxicidade Oral Aguda (TOA), Potencial Carcinógeno (PC) e Carcinogenicidade (Car). Os resultados de toxicidade apresentou-se como mutagênico pelo teste AMES, foi classificado como não carcinogênico, a categoria de toxicidade oral aguda foi III, que inclui compostos com DL50 de valores superiores a 500 mg/kg e inferiores a 5000 mg/kg. Palavras chaves: Monoterpeno; toxicidade; plantas medicinais.

INTRODUÇÃO Desde a existência da humanidade o reino vegetal é de importância inegável para o desenvolvimento da sociedade. Conhecimentos foram sendo adquiridos e as plantas passaram a ter bastante relevância para nutrição e saúde do homem (DIAS et al., 2017). A popularidade dos produtos de origem vegetal se dissemina na sociedade decorrente a cultura e os relatos sobre respostas positivas frente à doença com baixa ocorrência de efeitos colaterais negativos e, portanto, passam a ser reconhecidos quanto a sua eficácia. (DE CARVALHO et al., 2013). Em contraproposta o custo dos medicamentos industrializados, as dificuldades da população em receber assistência médica e a tendência de uso de produtos de origem natural têm contribuído para o aumento da utilização das plantas como recurso medicinal (ROSSATO et al., 2012). O conhecimento sobre plantas medicinais simboliza muitas vezes o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos. O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto à espécie humana (MARCIEL et al., 2015). A necessidade por parte do ramo farmacêutico na descoberta de novos fármacos eficazes para diversas doenças aumenta dia após dia, o reino vegetal nesse ponto torna-se fonte por conter plantas com atividades farmacológicas variadas, potentes e eficazes ressaltando dessa forma a importância do estudo das plantas medicinais (OMBITO, et al., 2014). Dentre os vários produtos naturais e/ou sintéticos bastante pesquisados na farmacologia pode-se citar os composto terpênicos, que são divididos de acordo com o número de carbono (C) em suas moléculas, em isoprenos ou hemiterpenos (5 C), monoterpenos (10 C), sesquiterpenos (15 C); diterpenos (20 C); sesterpenos (25 C); triterpenos (30 C); tetraterpenos (40 C) e polisoprenóides (n C) (BAKKALI et al., 2008; SPITZER, 2004). Os monoterpenos, que são os principais constituintes da maioria dos óleos essenciais, compreendem uma série ampla de substâncias naturais e/ou sintéticas que já apresentaram diversas atividades biológicas testadas e confirmadas tais como: fungicida (CÄRDENAS- ORTEGA et al., 2005) e bactericida (CRISTANI et al., 2007). Os iridoides, os compostos fenólicos e os carotenoides são metabólitos secundários de plantas e

são classificados como compostos bioativos em virtude de apresentarem diversos tipos de atividade biológica, como capacidade antioxidante e anti-inflamatória (AHMAD et al., 2008; BEARA et al., 2012; CHISTE et al., 2011). São monoterpenos que apresentam como característica peculiar a capacidade de reagir com aminoácidos e proteínas e formar compostos coloridos (FRANCIS, 2002). Genipin é um composto iridóide e um agente de reticulação natural alternativo. Mostrou capacidade para formar produtos reticulados biocompatíveis e estáveis e mostrou citotoxicidade. Além disso, foi comprovado que a genipina tem efeito anti-inflamatório, cicatrização e efeitos anti-oxidantes e habilidades de inibir a peroxidação lipídica e produção de monóxido de nitrogênio (NO). Além disso, a genipina pode aumentar a capacidade mitocondrial potencial de membrana, aumenta os níveis de ATP e fecha os canais de KATP e estimula a insulina secreção. Finalmente, estudos mostraram que a genipina suprime as células epiteliais do cristalino alfa-tn4 e migração de fibroblastos subconjuntival induzida por TGF-b (JIN et al., 2004) Assim como é de extrema importância à avaliação da ação biológica na triagem de estudo de um vegetal, são também os ensaios toxicológicos, que acrescentam informações para garantir a devida segurança na sua aplicação. Os experimentos toxicológicos têm por objetivo pré-dizer os níveis de ingestão das substâncias e os possíveis efeitos colaterais, que podem aparecer no homem após sua administração (MOURA et al., 2012). A inserção de um novo medicamento no mercado pode ser demorada e dispendiosa até que se prove sua eficácia e segurança. O desenvolvimento de abordagens in silico otimiza o tempo e os gastos necessários para trazer um medicamento para o mercado. Tornando os perfis de absorção, distribuição, metabolismo, excreção e toxicidade (ADMET) previsíveis, resultando em um processo rápido de descoberta de medicamentos (WANG, et al., 2015; DIRAR et al., 2016). A Toxicologia Computacional pode ser definida como a área da Toxicologia, na qual aplica-se modelos computacionais e matemáticos para a predição de efeitos adversos, e, para o melhor entendimento do(s) mecanismo(s) através do(s) qual(is) uma determinada substância provoca o dano. Nesta grande área do conhecimento, destaca-se a produção de ferramentas computacionais de avaliação preditiva da toxicidade, a partir da integração de avanços em informática e bioinformática, estatística, química

computacional, biologia e toxicologia (IUPAC, 2007; USEPA, 2003, 2009, 2010). Desta forma, com base nas informações sobre o potencial terapêutico das plantas medicinais e sua importância, esse trabalho procura analisar a toxicidade in silico do monoterpeno Genipin, presente em plantas medicinais testadas na literatura e amplamente utilizadas na medicina popular. METODOLOGIA Ensaios in silico 1.1 Local da Pesquisa Os ensaios ocorreram no Laboratório de Fitoterapia, Bioquímica e Microbiologia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), coordenado pelo Prof o. Dr o. Abrahão Alves de Oliveira Filho. 1.2 Parâmetros toxicológicos Os parâmetros toxicológicos teóricos foram calculados com o objetivo de analisar se a substância possui as características essenciais para que possa ser considerado como possível fármaco e, dessa forma, evitar gastos desnecessários durante o processo de pesquisa & Desenvolvimento (AFONSO, 2008). Esses parâmetros são: Potencial Mutagênico AMES ( AMES), Toxicidade Oral Aguda (TOA), Potencial Carcinógeno (PC) e Carcinogenicidade (Car). Os parâmetros relacionados à toxicidade foram avaliados pela ferramenta admetsar (SOUZA, 2015). 1.3 AdmetSAR O admetsar é um banco de dados aberto, com sistema de pesquisa de texto e estrutura molecular, continuamente atualizado que coleta, organiza e gerencia dados de propriedades associados à Absorção, Distribuição, Metabolização, Excreção e Toxicidade (ADMET) disponíveis na literatura publicada. Em admetsar, mais de 210.000 dados anotados sobre ADMET para mais de 96.000 compostos exclusivos com 45 tipos de propriedades associadas à ADMET. O banco de dados

fornece uma interface simples para consultar um perfil químico específico, usando o número de registro no Chemical Abstract Service - CAS, o nome comum ou a similaridade de estrutura (CHENG et al., 2012). RESULTADOS E DISSCUSSÕES A fruta Gardenia tem sido tradicionalmente usada como remédio popular durante séculos em países asiáticos. A extração com etanol foi usada para obter um extrato (GFE) que contém dois constituintes conhecidos, geniposídeo e genipin, que foram subseqüentemente avaliados quanto à atividade antiinflamatória. Ao final dos testes, observou-se que o genipin, em vez de geniposídeo, é o principal componente antiinflamatório da gardênia (KOO, et. al., 2006). Butler et. al. (2003) ao estudarem o genipin e seus mecanismos de ação, observou que o monoterpeno em questão apresentava baixa toxicidade. Ozaki et al. (2002) avaliaram a genotoxicidade do extrato dos frutos de gardênia, através do teste de Ames. Os resultados demonstraram que o extrato não apresentou atividade mutagênica. Para os parâmetros de toxicidade foi possível observar que o composto avaliado apresentou potencial mutagênico pelo teste AMES, foi classificado como não carcinogênico pelo PC, não apresentando Car. A TOA foi classificada em III, que inclui compostos com DL 50 de valores superiores 500mg/kg e inferiores a 5000mg/kg segundo a USEPA. Os resultados estão descritos na tabela a seguir. Tabela 1. Resultados para os testes de toxicidade realizados na ferramenta AdmetSAR e suas respectivas probabilidades. TESTE RESULTADO PROBABILIDADE TOA Classificação III segundo a Agência de Proteção Ambiental 0.5546 Americana (USEPA) PC Não Carcinogênico 0.9490 Car - 0.7068

AMES Mutagênico 0.6003 (-) Não relevante CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos após os testes, foi possível concluir que o genipin apresenta moderada toxicidade com relação aos parâmetros usados pela USEPA para TOA, e não apresenta potencial carcinogênico, entretanto se apresentou como mutagênico, dessa forma, necessita de novos testes viabilizando o seu uso e estudo terapêutico. REFERÊNCIAS AFONSO, L. F.. Modelagem Molecular e Avaliação da Relação Estrutura-Atividade Acoplados a Estudos Farmacocinéticos e Toxicológicos in silico de Derivados Heterocíclicos com Atividade Antimicrobiana. [Dissertação de Mestrado]. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2008. 136p. AHMAD, I., CHEN, S., PENG, Y., CHEN, S., & XU, L. (2008). Lipoxygenase inhibiting and antioxidant iridoids from Buddleja crispa. Journal of Enzyme Inhibition and Medicinal Chemistry, 23(1), 140-143. BAKKALI, F.; AVERBECK, S.; AVERBECK, D.; IDAOMAR, M. Biological effects of essential oils A review. Food and Chemical Toxicology, v. 46, p.446-475, 2008. BEARA, I. N., LESJAK, M. M., ORCIC, D. Z., SIMIN, N. D., CETOJEVIC-SIMIN, D. D., BOZIN, B. N., & MIMICA-DUKIC, N. M. Comparative analysis of phenolic profile, antioxidant, anti-inflammatory and cytotoxic activity of two closelyrelated Plantain species: Plantago altissima L. and Plantago lanceolata L. Lwt-Food Science and Technology, 47(1), 64-70. 2012. BUTLER, M. F.; NG, Y.; PUDNEY, P. D. A. Mechanism and kinetics of the crosslinking reaction between biopolymers containing primary amine groups and genipin. Journal of

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