1 CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR, PUNIR E ERRADICAR A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER PREVENÇÃO DA DIGNIDADE HUMANA DIREITOS CRIADOS E MECANISMOS PARA MONITORAMENTO 1 Valéria Pandjiarjian 2 A violência de gênero e os direitos humanos O fenômeno da violência contra a mulher, em especial a que ocorre no âmbito doméstico e intrafamiliar, com sérias e graves conseqüências não só para o seu pleno e integral desenvolvimento pessoal, comprometendo o exercício da cidadania e dos direitos humanos, mas também para o desenvolvimento econômico e social do país. A propósito, vale mencionar alguns dados 3 : No mundo: um em cada 5 dias de falta ao trabalho é decorrente de violência sofrida por mulheres em suas casas; a cada 5 anos, a mulher perde 1 ano de vida saudável se ela sofre violência doméstica; em 1993, o Banco Mundial diagnosticou que as práticas do estupro e da violência doméstica são causas significativas de incapacidade e morte de mulheres em idade produtiva, tanto nos países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento; 1 Palestra proferida em 19 de setembro, em evento promovido pela Comissão da Mulher Advogada da OAB/SP, no auditório Walter Maria Laudísio, da Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo (CAASP). 2 Valéria Pandjiarjian: Advogada e pesquisadora; membro integrante do CLADEM-Brasil, seção nacional do Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, e do IPÊ-Instituto para Promoção da Equidade, organizações não-governamentais através das quais desenvolve trabalhos de consultoria, investigação e treinamento em direito internacional dos direitos humanos, com ênfase para questões de gênero e violência. 3 Dados constantes do Protocolo: considerações e orientações para atendimento à mulher em situação de violência na rede pública de saúde, elaborado em 1998 pelo Grupo de Trabalho A violência contra a mulher é também uma questão de saúde pública, organizado pelo MPM (Movimento Popular da Mulher) e Nzinga Coletivo de Mulheres Negras, em parceria com o Pronto-Socorro do Hospital Municipal Odilon Behrens e Pronto Socorro João XXIII, Belo Horizonte, Minas Gerais, sob a orientação da Regional Minas Gerais da Rede Saúde e contou com o suporte financeiro da RSMLAC (Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe) e do SindMed (Sindicato dos Médicos do Estado de Minas Gerais). Fonte: ver Jornal da Redesaúde No. 19 novembro 1999, Informativo da Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos
2 dados do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), em pesquisas realizada em Santiago (Chile) e em Managuá (Nicarágua), em 1997, concluíram que a mulher agredida física, psicológica ou sexualmente por seu companheiro em geral recebe salário inferior ao de uma trabalhadora que não é vítima de violência doméstica. Na América Latina: a violência doméstica incide sobre 25% a 50% das mulheres; os custos com a violência doméstica são da ordem de 14,2% do PIB (Produto Interno Bruto), o que significa US$ 168 bilhões. No Brasil: a cada 4 minutos, uma mulher é agredida em seu próprio lar por uma pessoa com quem mantém relação de afeto; as estatísticas disponíveis e os registros nas delegacias especializadas de crimes contra a mulher demonstram que 70% dos incidentes acontecem dentro de casa e que o agressor é o próprio marido ou companheiro; mais de 40% das violências resultam em lesões corporais graves decorrentes de socos, tapas, chutes, amarramentos, queimaduras, espancamentos e estrangulamentos; o Brasil é o país que mais sofre com a violência doméstica, perdendo cerca de 10,5% do seu PIB em decorrência desse grave problema. Apesar dos índices apontados, o silêncio que cerca essa violência impede que dados quantitativos e qualitativos possam revelar corretamente a magnitude desse fenômeno e o perfil de suas vítimas. Nesse sentido, os dados disponíveis, em que pesem a sua importância, ainda são parciais e incompletos. Torna-se, pois, urgente e necessário um processo de mobilização social contra a violência nas famílias, a fim de romper o silêncio que a cerca. Considerado uma espécie de território fora do alcance da lei, a família, muitas vezes, constitui-se em um espaço do arbítrio e da violência, devido à cumplicidade ou indiferença social para com os acontecimentos violentos que ocorrem em seu interior. A violência intrafamiliar, em especial praticada por maridos e companheiros contra suas mulheres, por pais biológicos contras suas filhas, por parentes, vizinhos, namorados e conhecidos de mulheres e meninas encontra, assim, uma condescendência social que obstaculiza sua denúncia e cria as bases da sua impunidade. A violência contra a mulher constitui ofensa contra a dignidade humana e o fator que ainda continua sendo o grande e maior perpetuador dessa violência, no meu entender, é a questão cultural. Há, na verdade, uma certa naturalização na prática dessa violência, manifestação das relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres.
3 Em nome da legítima defesa da honra, homens que assassinaram suas esposas foram absolvidos por júri popular e essa tese ainda não se encontra de todo extirpada de nossos tribunais. Atualmente, deparamo-nos em São Paulo, com fatídico episódio que bem ilustra essa tese e a estratégia segue sendo a mesma, transformar vítimas em rés. O que acaba ocorrendo, muitas vezes, é uma verdadeira duplicação da violência de gênero por parte dos operadores do Direitos, como poderemos ver a seguir, na argumentação de um Procurador de Justiça do Rio de Janeiro ao defender a absolvição de um réu de 27 anos, em um julgamento de estupro praticado contra uma menina de 13 anos. Será justo, então, o réu, Fernando Cortez, primário, trabalhador, sofrer pena enorme e ter a vida estragada por causa de um fato sem consequências, oriundo de uma falsa virgem? Afinal de contas, está vítima, amorosa com outros rapazes, vai continuar a sê-lo. Com Cortez, assediou-o até se entregar (fls.) e o que, em retribuição lhe fez Cortez, uma cortesia... (TJRJ, 10.12.74, RT 481/403) VIOLÊNCIA DOMÉSTICA PACTO DE SILÊNCIO: Viviane Clarac... Eu tinha 5 anos... eu vivi tanto sem poder entender o que se passava: entretanto, eu acreditava que eram monstros no meio da noite. Depois de algum tempo eu cresci um pouco, e descobri que era meu pai. Depois, eu cresci com medo. Medo de que qualquer um viesse a saber. Medo de ser deformada fisicamente. Medo de ficar grávida. E medo da idéia de que se um dia eu contasse a vocês, minhas colegas,... eu seria rejeitada, porque eu seria considerada uma viciada, um ser bizarro, horrível e sujo, que viveu uma merda impensável... E, ainda, quando a procurava no meio da noite, seu pai lhe dizia: Não se mova, faça de conta que está morta. Violência doméstica e de gênero no ordenamento jurídico brasileiro CONSTITUIÇÃO FEDERAL (1988) art. 226, 8º: O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. Praticamente todas as Constituições dos 26 Estados da Federação promulgadas após 1988 - também fazem referência à coibição da violência
4 no âmbito doméstico e familiar, com exceção de apenas três: Pernambuco, Roraima e Alagoas. Até hoje, porém, não existe uma lei nacional específica para prevenir e combater a violência doméstica. O Código Penal de 1940 e a Lei 9.099/95 tratam de maneira insatisfatória e até mesmo inadequada a violência de gênero praticada contra a mulher, em especial, aquela ocorrida no âmbito doméstico, que é o locus privilegiado para a sua manifestação. Mas, nos últimos anos, tem-se consolidado a noção de que as mulheres são também sujeitos de direito internacional. Evidência desse fato é a recente incorporação da violência contra a mulher no marco conceitual dos direitos humanos. Nesse sentido, a Conferência Mundial dos Direitos Humanos, realizada em Viena, Áustria, junho de 1993, no artigo 18 de sua Declaração, reconheceu que os direitos humanos das mulheres e das meninas são inalienáveis e constituem parte integrante e indivisível dos direitos humanos universais, e que a violência de gênero é incompatível com a dignidade e o valor da pessoa humana. O relatório da Conferência de Beijing, China, 1995, afirma que a violência contra a mulher constitui obstáculo a que se alcance os objetivos de igualdade, desenvolvimento e paz; que viola e prejudica ou anula o desfrute por parte dela dos direitos humanos e das liberdades fundamentais. A Plataforma de Ação dessa Conferência, vale frisar, recomenda, em seu parágrafo 124 4, como medidas que devem ser tomadas pelos governos para o combate à violência contra a mulher, dentre outras: 1) a adoção, aplicação, revisão e análise de leis pertinentes, a fim de assegurar sua eficácia, para eliminar a violência contra a mulher; 2) a adoção de medidas para modificar os hábitos de condutas sociais e culturais da mulher e do homem, e eliminar os preconceitos e as práticas consuetudinárias e de outro tipo baseadas na idéia da inferioridade ou da superioridade de qualquer dos sexos e em funções estereotipadas atribuídas ao homem e à mulher; 3) o investimento na formação de pessoal judicial, legal, médico, social, educacional, de polícia e serviços de imigração, com o fim de evitar os abusos de poder conducentes à violência contra a mulher, e sensibilizar tais pessoas quanto à natureza dos atos e ameaças de violência baseadas na diferença de gênero, de forma a assegurar tratamento justo às vítimas de violência. O documento preparado pela Comissão Especial destinada ao estudo das medidas legislativas que visem implementar, no Brasil, o Plano de Ação da IV Conferência Mundial da Mulher assinala que: Para a erradicação de fato da violência doméstica, são necessárias, além das medidas punitivas, ações que estejam voltadas para a prevenção, e, ainda, medidas de apoio que permitam, por um lado, à vítima e à sua família, ter assistência social, psicológica e jurídica 4 Ver IV Conferência Mundial sobre a Mulher - Beijing, China-1995. Nações Unidas, CNDM e Editora Fiocruz, 1996, pp. 100-102, alíneas d), k), l) e n).
5 necessárias à recomposição após a violência sofrida e, por outro, que proporcionem a possibilidade de reabilitação dos agressores. Na mesma linha seguem as recomendações da Relatora Especial da ONU par ao tema da Violência contra as Mulheres, Radihka Coomaraswamy, que esteve visitando o Brasil em 1996 para estudar o fenômeno específico da violência doméstica. A violência praticada - dentro e/ou fora do âmbito doméstico-familiar - contra mulheres e meninas, é matéria de tamanha relevância, que tem recebido especial tratamento não só nos documentos produzidos nas Conferências de direitos humanos, como também dentro dos próprios instrumentos jurídicos internacionais de proteção aos direitos humanos. Estes últimos, ao contrário dos documentos produzidos em Conferências, têm força jurídica vinculante para os Estados que os ratificam. E é nesse momento, portanto, que nos interessa examinar a Convenção Interamericana Para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher - Convenção de Belém do Pará (OEA - Organização dos Estados Americanos); buscar conhecer quais os direitos criados/protegidos por essa Convenção e quais são os mecanismos de monitoramento dos quais podemos nos valer, no âmbito internacional, para sua implementação. Convenção de Belém do Pará Adotada pela OEA, 09 de Junho de 1994 Ratificada pelo Brasil, 27 de Novembro de 1995 DEFINIÇÃO E ÂMBITO DE APLICAÇÃO Art. 1 º : "... qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública quanto na privada". Art. 2 º : a) ocorrida no âmbito da família ou unidade doméstica ou em qualquer relação interpessoal, quer o agressor compartilhe, tenha compartilhado ou não da mesma residência com a mulher, incluindo-se, entre outras formas, o estupro, maus-tratos e abuso sexual; b) ocorrida na comunidade e cometida por qualquer pessoa, incluindo entre outras formas, o estupro, o abuso sexual, tortura, tráfico de
6 mulheres, prostituição forçada, sequestro e assédio sexual no local de trabalho, bem como em instituições educacionais, serviços de saúde ou qualquer outro local; c) perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde quer que ocorra. DIREITOS PROTEGIDOS Arts. 3 º ao 6 º, por exemplo: Vida, Integridade física, mental e moral Liberdade e segurança pessoais Dignidade inerente à sua pessoa e a que se proteja sua família Igual proteção perante a lei e da lei Recurso simples e rápido perante tribunal competente que a proteja contra atos que violem seus direitos Igualdade de acesso às funções públicas de seu país e a participar nos assuntos públicos, inclusive na tomada de decisões Direito a uma vida livre de violência, na esfera pública e privada: - livre de todas as formas de discriminação - direito de ser valorizada e educada livre de padrões estereotipados de comportamento e práticas sociais e culturais baseadas em conceitos de inferioridade ou subordinação DEVERES DOS ESTADOS Art. 7 º : adotar, por todos os meios apropriados e sem demora, políticas destinadas a: Abster-se de qualquer ato ou prática de violência contra a mulher e velar por que as autoridades, seus funcionários e pessoal, agentes e instituições públicos ajam de conformidade com essa obrigação Agir com o devido zelo para prevenir, investigar e punir a violência contra a mulher Incorporar na sua legislação interna normas penais, civis, administrativas e de outra natureza necessárias para prevenir punir e erradicar a violência contra a mulher Adotar medidas jurídicas que exijam do agressor que se abstenha de perseguir, intimidar e ameaçar a mulher ou de fazer uso de qualquer método que danifique ou ponha em perigo sua vida ou integridade ou danifique sua propriedade
7 Tomar todas as medidas adequadas, inclusive legislativas, para modificar ou abolir leis e regulamentos vigentes ou modificar práticas jurídicas ou consuetudinárias que respaldem a persistência e a tolerância da violência contra a mulher Estabelecer procedimentos jurídicos justos e eficazes para a mulher sujeitada à violência, inclusive, entre outros, medidas de proteção, juízo oportuno e efetivo acesso a tais processos Estabelecer mecanismos judiciais e administrativos necessários para assegurar que a mulher sujeitada à violência tenha efetivo acesso à reparação e outros meios de compensação justos e eficazes Adotar as medidas legislativas ou de outra natureza necessárias à vigência desta Convenção Art. 8 º, adotar, progressivamente, medidas específicas e programas destinados, por exemplo, a: Modificar os padrões sociais e culturais de conduta de homens e mulheres, inclusive a formulação de programas formais e não formais em todos os níveis do processo educacional, a fim de combater preconceitos, costumes e práticas baseadas na premissa da inferioridade ou superioridade de qualquer dos gêneros ou nos papéis estereotipados para o homem e a mulher, que legitimem ou exacerbam a violência contra a mulher Promover a educação e treinamento de todo o pessoal judiciário e policial e demais funcionários responsáveis pela aplicação da lei, bem como do pessoal encarregado da implementação de políticas de prevenção, punição e erradicação da violência contra a mulher Prestar serviços especializados apropriados à mulher sujeitada à violência, por meio de entidades dos setores público e privado, inclusive abrigos, serviços de orientação familiar, quando for o caso, e atendimento e custódia dos menores afetados Promover e apoiar programas e educação governamentais e privados, destinados a conscientizar o público para os problemas da violência contra a mulher, recursos jurídicos e reparação relacionados com essa violência Proporcionar à mulher sujeitada à violência acesso a programas eficazes de recuperação e treinamento que lhe permitam participar plenamente da vida pública, privada e social; Incentivar os meios de comunicação a que formulem diretrizes adequadas de divulgação que contribuam para a erradicação da violência contra a mulher
8 Assegurar a pesquisa e coleta de estatísticas relevantes no que se refere às causas, conseqüências e freqüência da violência contra a mulher SITUAÇÕES A SEREM ESPECIALMENTE CONSIDERADAS NA ADOÇÃO DAS MEDIDAS PREVISTAS NOS ARTS. 7 º E 8 º Art. 9 º : Mulher vulnerável à violência por sua: raça origem étnica condição de migrante, refugiada ou deslocada Mulher: gestante deficiente menor idosa Mulher em situação sócio-econômica desfavorável Mulher afetada por situações de: conflito armado privação de liberdade MECANISMOS DE MONITORAMENTO Arts. 10, 11 e 12 Relatórios nacionais enviados pelos Estados à Comissão Interamericana de Mulheres com informações sobre as medidas adotadas, as dificuldades enfrentadas na aplicação das mesmas e os fatores que contribuam para a violência contra a mulher (art.10) Os Estados Partes da Convenção e a Comissão Interamericana de Mulheres poderão solicitar à Corte Interamericana de Direitos Humanos parecer sobre a interpretação da Convenção (art. 11) Direito de peticionar à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (art. 12) Quem pode peticionar?
9 A vítima, seu representante, ou qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou ainda qualquer entidade não-governamental juridicamente reconhecida em um ou mais Estados membros da OEA (art. 12) Com que fundamento(s)? Violações ao artigo 7 º da Convenção de Belém do Pará Violações a outros artigos da Convenção e de outros instrumentos regionais e internacionais A quem enviar a denúncia? Embaixador Jorge Taiana Secretário Executivo Comissão Interamericana de Direitos Humanos 1889 F Street, N.W. Washington, D.C. 20006 Tel: (202) 458-6002 Fax: (202) 458-3992 Como apresentar uma denúncia? Requisitos formais: Dados pessoais do(s) peticionário(s) Descrição dos fatos A identificação do Estado que violou os direitos seja por ação ou omissão. É conveniente descrever também quais os direitos que foram violados Requisitos substanciais: Demonstração do esgotamento dos recursos da jurisdição interna ou a aplicabilidade de uma das suas causas de exceção Demonstração de que não tenha sido esgotado o prazo de seis meses para a apresentação da denúncia previsto na Convenção Americana (6 meses contados da data em que a vítima tenha sido notificada da decisão definitiva) Demonstração de que não haja litispendência/duplicidade (simultaneidade) com outro procedimento de âmbito internacional ou com petição pendente ou já examinada e decidida pela Comissão Exceções à regra de esgotamento dos recucrsos internos Art. 46, parag. 2 º da Convenção Americana Não existir, na legislação interna do Estado de que se tratar, o devido processo legal para a proteção do direito ou direitos que se alega tenham sido violados;
10 Não se houver permitido ao presumido prejudicado em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los Houver demora injustificada na decisão sobre os mencionados recursos Trâmite em geral: A Comissão acusa recebimento da petição Envia ao Estado, solicitando informações sobre os fatos denunciados Estado deve responder em 90 dias (prorrogáveis para não mais de 180 dias) Comissão encaminha resposta do governo ao peticionário para que faça suas observações em 30 dias Remete as observações do peticionário ao Estado que deve se manifestar em 30 dias Em qualquer etapa do procedimento a Comissão pode elaborar um relatório de admissibilidade, desde que já tenha recebido a contestação do Estado Meios de prova: não há critérios rígidos Onus probandi com responsabilidade maior para o Estado Pode haver audiência, por solicitação expressa e justificada do peticionário ou do Estado e a decisão da Comissão é discricionária. Pode haver também a solução amistosa, antes que seja emitido relatório final sobre o caso Medidas cautelares: Ação urgente prevista no art. 29 do Regulamento da Comissão, utilizado para proteger a vida e integridade física daquelas pessoas que se encontram ameaçadas por agentes do Estado ou por outras pessoas, mas com sua tolerância. Se não há solução amistosa e a Comissão concluir que o Estado é responsável pela violação de direitos humanos, será enviado um relatório contendo os fatos, as questões de admissibilidade, de direito e uma série de recomendações que o Estado deve cumprir em prazo a ser fixado E se o Estado não cumpre com as recomendações? A Comissão pode: Enviar o caso para a Corte Interamericana de Direitos Humanos (só a Comissão e os Estados partes podem enviar casos à Corte, desde que o Estado denunciado reconheça a sua competência jurisdicional) Elaborar novo relatório dando novo prazo para o Estado. Se ainda assim o Estado não cumpre com as recomendações, a Comissão publicará o relatório final, o qual será incluído no seu Relatório Anual para a Assembléia Geral da OEA.
11 A respeito, ver normas e procedimentos: Convenção Americana de Direitos Humanos Regulamento Interno da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.