PROPOSTAS PARA O ESTADO BRASILEIRO - NÍVEIS FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "PROPOSTAS PARA O ESTADO BRASILEIRO - NÍVEIS FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL"

Transcrição

1 PROPOSTAS PARA O ESTADO BRASILEIRO - NÍVEIS FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL MEDIDAS CONCRETAS PARA O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NO ÂMBITO DOMÉSTICO/FAMILIAR A presente Matriz insere-se no Projeto Proposta sobre Prevenção e Combate à Violência Doméstica/Familiar contra Mulheres, desenvolvido pelas organizações CFEMEA - Centro Feminista de Estudos e Assessoria, CEPIA - Cidadania, Estudos, Pesquisa, Informação, Ação, CLADEM - Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher e THEMIS - Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero, em parceria com a Comissão dos Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Esse projeto foi iniciado em julho de 1998, com o objetivo de formular uma proposta coletiva de Prevenção e Combate à Violência Doméstica/Familiar e de sensibilizar instâncias do Estado em relação ao tema, envolvendo grupo multiprofissional, setores mobilizados do movimento de mulheres e pessoas interessadas. Nesse processo, foi elaborada uma matriz inicial para as discussões, disponibilizada na Home Page do CFEMEA ( ao final do item Publicações), e enviada a mais de 80 grupos e a diversas pessoas especialistas na temática em pauta, visando a levantar sugestões e contribuições. A mesma foi alvo de discussões no Seminário Os Direitos Humanos das Mulheres e a Violência Intrafamiliar - Medidas Concretas de Prevenção e Combate à Violência Doméstica/Familiar, promovido pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e organizado pelas entidades mencionadas acima, no dia 24 de novembro/98, naquela Casa, tendo sido entregue, como uma contribuição do Legislativo, ao Pacto Nacional Contra a Violência Intrafamiliar, promovido e assinado pelo Sistema das Nações Unidas, Governo Brasileiro - Secretaria Nacional dos Direitos Humanos/MJ, e inúmeras organizações da sociedade civil. A presente versão incorpora os resultados do Seminário, o qual será objeto de uma publicação específica. No decorrer de 1999, serão desencadeadas ações visando a difusão, discussão e adequação da matriz em níveis estaduais e municipais e amadurecidas as iniciativas junto ao Legislativo no sentido do enfrentamento da violência doméstica e sexual contra as mulheres. Centro Feminista de Estudos e Assessoria - CFEMEA Brasília, junho/99 1

2 Prevenção Sanção e Erradicação Promover a aplicação interna dos Instrumentos Internacionais dos Direitos Humanos e reconhecer as Cortes Internacionais de Direitos Humanos Elaborar políticas públicas articuladas (envolvendo Ministérios, Secretarias Estaduais e Municipais) através de planos, programas e ações que visem a prevenir e erradicar a violência doméstica/familiar Criar/implementar programas de prevenção e combate à violência (física, sexual e psicológica) contra a mulher Realizar campanhas e programas educativos na Mídia sobre Direitos Humanos, na perspectiva da equidade de gênero Realizar campanhas de conscientização no campo da educação formal (incluir no currículo escolar o tema Direitos Humanos) Reformular imediatamente os Códigos Civil, Penal, do Processo Civil e do Processo Penal, com a adequação à Constituição Federal e à Legislação Internacional de Proteção aos Direitos Humanos Aprovar a legislação (federal, estadual e municipal) regulamentando o artigo 226, 8º da Constituição Federal, e o art. 7º, c, da Convenção de Belém do Pará (violência doméstica) Aprovar e garantir dotação financeira e orçamentária no Plano Plurianual, que vise a garantir a execução de Programas de Prevenção e Erradicação da violência doméstica/familiar Aprovar e garantir os recursos previstos na Lei de Diretrizes Orçamentárias e no Orçamento da União para ações e programas de prevenção e erradicação da violência doméstica/familiar Interpretar a lei interna à luz dos Instrumentos Internacionais dos Direitos Humanos Incorporar o tema dos Direitos Humanos, com especial atenção à violência contra a mulher, nos currículos dos cursos das Escolas de Magistratura Promover cursos de capacitação de servidores e membros do Poder Judiciário (Varas de Família e Criminal), com o objetivo de eliminar preconceitos e estereótipos de gênero na aplicação da lei Criar Serviços Especiais nas áreas de Justiça, para o atendimento às mulheres em situação de violência Aplicar medidas destinadas à prevenção, Incorporar o tema dos Direitos Humanos, com especial atenção à violência contra a Mulher, nos currículos dos cursos das Escolas do Ministério Público Promover cursos de capacitação para Promotores de Justiça, com o objetivo de eliminar preconceitos e estereótipos na aplicação da lei, nos casos em que a mulher é vítima de violência Instalar Núcleos para acolhimento de ocorrências de violência doméstica/familiar nos Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal Organizar/ aperfeiçoar a Defensoria Pública, em todas as Unidades da Federação.(CF, art.134) Instalar núcleos de atendimento à mulher vítima de 2

3 Realizar campanhas de conscientização no campo da educação informal (todos os outros cursos) Implantar programas de educação sexual nas escolas e na comunidade visando a pacificação nas relações interpessoais, o desenvolvimento da auto-estima e a prevenção da violência doméstica Incluir o tema Direitos Humanos e Equidade de Gênero no currículo das escolas de formação de professores (educação infantil, de 1, 2 e 3 graus), bem como nos cursos de reciclagem e atualização de professores Promover a interlocução com a sociedade civil organizada visando a construção de parcerias e de trabalhos conjuntos sanção e erradicação da violência doméstica/familiar Promover a interlocução com a sociedade civil organizada visando a construção de parcerias e de trabalhos conjuntos violência doméstica/familiar nas Defensorias Públicas, (como criado no Ceará, em 1991, e no Rio de Janeiro em 1996) Promover a articulação entre Defensoria Pública e Ministério Público visando maior eficiência no enfrentamento da violência Promover a interlocução com a sociedade civil organizada visando a construção de parcerias e de trabalhos conjuntos Implantar a disciplina de Direitos Humanos com a perspectiva da equidade de gênero nos cursos de graduação e pós-graduação, em especial, nas áreas de Direito e de Comunicação e Jornalismo Incorporar a disciplina Direitos Humanos, com atenção especial à violência contra a mulher, no currículo 3

4 das Academias de Polícia Capacitar funcionários públicos para atendimento às vítimas de violência doméstica/familiar (saúde, serviço social, etc.) Promover cursos de capacitação de todo o pessoal dos quadros policiais (civil e militar), em todos os níveis, para atendimento especial às mulheres vítimas de violência Criar Centros de Atendimento Integrado às mulheres em situação de violência doméstica Proporcionar, financiar e promover serviços especializados nas áreas da saúde física e mental e da assistência social (atendimento clínico e psicológico às mulheres e adolescentes vítimas de violência doméstica e sexual, pelo SUS) Agilizar a articulação dos serviços das áreas da saúde, segurança e Instituto Médico Legal para pronto atendimento às mulheres vítimas de 4

5 violências Proporcionar, financiar e promover serviços de assistência social e psicológica de reabilitação para os perpetradores de violência doméstica/familiar Criar Programas de Saúde Mental - aconselhamentos e terapias voltados para agressores (individual/coletivo); vítimas (individual/coletivo) e vítimaagressor (atendimento do casal), pelo SUS Criar/estruturar Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher e promover a articulação entre as existentes Criar/manter Casas Abrigo para vítimas de violência doméstica/familiar em todas as Unidades da Federação Articular todos os serviços de atendimento às mulheres vítimas de violência Inserir dotação financeira e 5

6 orçamentária no Plano Plurianual, que vise a garantir a execução de Programas de Prevenção e Erradicação da violência doméstica/familiar Assegurar recursos adequados na Lei de Diretrizes Orçamentárias e no Orçamento da União, e sua execução para o fim específico de programas, à exemplo de DEAM s (atualmente existem mais de 250 unidades em todo o Brasil), Casas Abrigo e Núcleos de Atendimento à Mulher nas Defensorias Públicas Promover e apoiar estudos (governamentais e não governamentais) sobre reorientação e reabilitação visando a prevenir a recorrência de atos de violência Criar um sistema nacional de dados sobre a violência doméstica/familiar Elaborar, com regularidade, suplemento da PNAD/IBGE sobre Justiça e Vitimização (a exemplo do realizado no ano de 1988) 6

7 Criar incentivos para instituições e empresas, públicas e privadas, que desenvolvam trabalho de prevenção e erradicação da violência doméstica/familiar Desencadear ação de repressão pautada no cumprimento da legislação nacional e internacional de proteção aos direitos humanos Promover a interlocução com a sociedade civil organizada visando a construção de parcerias e de trabalhos conjuntos 7

8 Elaboração CFEMEA - Centro Feminista de Estudos e Assessoria; CLADEM - Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher CEPIA - Cidadania, Estudo Pesquisa, Informação e Ação; e THEMIS - Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero Matriz discutida e revisada no Seminário Os Direitos Humanos das Mulheres e a Violência Intrafamiliar, promovido pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, em 24/11/98. Elaboração da Matriz Inicial sobre medidas concretas para o enfrentamento da violência contra a mulher no âmbito doméstico/familiar CFEMEA - Centro Feminista de Estudos e Assessoria CLADEM - Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher CEPIA - Cidadania, Estudo Pesquisa, Informação e Ação THEMIS - Assessoria Jurídica e Estudos de Gênero Consultoria Legislativa Regina Lúcia Dias da Silva - Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados Colaboração Ella Wiecko - Procuradora da República Maria Angélica Alquati - Secretária Municipal de Habitação e Desenvolvimento Social de Angra dos Reis Maria Niziana Castelino e Denise Lima Menezes Santos - Associação Sergipana de Prostitutas 8

9 2a. VERSÃO DA MATRIZ Incorpora sugestões das exposições e discussões por ocasião da realização do Seminário sobre Os Direitos Humanos das Mulheres e a Violência Intrafamiliar, realizado em 24/11/1998, na Câmara dos Deputados. O Seminário foi uma promoção da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, sendo organizado pelo CFEMEA, CLADEM, CEPIA e THEMIS. FONTES Documentos consultados para a elaboração da Matriz Inicial: - Declaração e Programa de Ação de Viena Programa de Ação do Cairo Convenção de Belém do Pará (OEA) Declaração e Plataforma de Ação de Beijing Relatório Especial sobre Violência Contra a Mulher - Comissão de Direitos Humanos da ONU - Radhika Coomaraswamy Programa Nacional de Direitos Humanos - SNDM/MJ Programa Nacional de Prevenção e Combate à Violência Contra a Mulher - CNDM/MJ Estratégias da Igualdade - CNDM/MJ Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI sobre Violência Contra a Mulher, da Câmara dos Deputados - - Mulher, Política e Ação - Comissão Especial para o Estudo das Medidas Legislativas que visem implementar, no Brasil, as decisões da IV Conferência Mundial da Mulher - Câmara dos Deputados Projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional sobre Violência Doméstica - Estatuto da Criança e do Adolescente 9

10 - Uma vida sem violência é um direito nosso - Propostas de ação contra a violência intrafamiliar no Brasil - Leila Linhares Barsted -Nações Unidas/MJ- SNDH Mulher, População e Desenvolvimento - Subsídios aos Parlamentares na implementação do Plano de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento - Cairo 94 - Leila Linhares Barsted - CFEMEA Violência Doméstica - Algumas considerações iniciais a respeito do tema - CFEMEA- Documento Interno para discussão