A VOZ DA PESSOA IDOSA: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O GRUPO ESTAÇÃO DAS FLORES DO SCFV NO CRAS MUTIRÃO DO MUNICÍPIO DE SERRA TALHADA-PE

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Transcrição:

A VOZ DA PESSOA IDOSA: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE O GRUPO ESTAÇÃO DAS FLORES DO SCFV NO CRAS MUTIRÃO DO MUNICÍPIO DE SERRA TALHADA-PE 1 Flávia Pereira de Sá; 2 Edilene Lopes de Pádua; 3 Edvania de Souza Cavalcante Melo; 4 Mariana dos Santos Silva, 5 Josenildo André Barboza. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania-SMDSC, E-mail: desenvolvimentosocial@serratalhada.pe.gov.br INTRODUÇÃO A atuação profissional em serviços da Política de Assistência do município de Serra Talhada/PE nos permitiu identificar o aumento expressivo da população idosa que demanda atendimento especializado, tendo em vista que, na medida em que as pessoas passaram a viver mais, representa também um desafio para as Políticas Públicas, que vivem mais anos e com qualidade. Esse aumento se reflete, principalmente, no crescimento das demandas econômicas e sociais, sendo assim surge a necessidade de desenvolver pesquisas científicas que permitam o Poder Público ter conhecimento sobre as demandas ocasionadas pelo aumento do envelhecimento populacional, no sentido de assegurar uma vida com dignidade, qualidade e respeito através da implementação de políticas, programas e serviços que atendam às necessidades desse público. O presente trabalho tem como objetivo geral analisar o impacto das ações socioeducativas no processo de envelhecimento para os/as idosos/as participantes do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) (1) do Município de Serra Talhada-Pernambuco, a partir das ações realizadas no Grupo Estação das Flores. Quanto aos objetivos específicos são: Caracterizar o perfil dos/as idosos/as participantes do grupo; Conhecer a percepção dos/as idosos/as quanto ao trabalho realizado no serviço e Identificar possíveis mudanças após a participação das ações socioeducativas. METODOLOGIA Trata-se de um relato de experiência descritivo sobre avaliação das ações socioeducativa do grupo de Idosos realizada por profissionais de Serviço Social atuante na área da Política de Assistência Social. A pesquisa foi efetivada no mês de agosto de 2017. Os dados foram obtidos através de entrevistas utilizando roteiro semiestruturado 1 Os Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), definidos na Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, constituem-se em serviços de Proteção Social Básica, realizado em grupos, sua natureza preventiva e tem por foco o desenvolvimento de atividades que contribuam no processo de envelhecimento saudável, no desenvolvimento da autonomia e de sociabilidades, no fortalecimento dos vínculos familiares e do convívio comunitário e na prevenção de situações de risco social. (3)

elaborado pelos/as pesquisadores/as, contendo 11 perguntas, junto ao universo de 08 pessoas de 20 dos/as idosos/as participantes do grupo Estação das Flores do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) que se reúne semanalmente no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS 2 ) do bairro Mutirão, localizado no município de Serra Talhada/PE. Entrevistamos aqueles/as que se dispuseram a participar do trabalho. A análise e interpretação dos dados coletados foram realizadas a partir da pesquisa qualitativa. Os/as participantes foram identificados/as por nomes códigos (I01, I02, I03, I04, I05, I06, I07 e I08) e suas respectivas idades, tendo como objetivo garantir o sigilo e o anonimato, assim cumprindo as requisições legais e éticas da pesquisa nos termos estabelecidos pelo art. 20 do Código Civil. (2) RESULTADOS E DISCUSSÃO A seguir serão apresentados os resultados seguidos de suas análises, os quais foram realizados tomando como base as entrevistas com os/as idosos/as participante do SCFV do CRAS Mutirão do Município de Serra Talhada-PE. Sendo assim, foram analisadas as percepções dos/as entrevistados/as para melhor avaliar o impacto das ações socioeducativas no processo de envelhecimento, a partir das ações realizadas no Grupo Estação das Flores. A entrevista foi realizada com 08 pessoas, sendo: 07 do sexo feminino e 01 do sexo masculino, o que nos leva a refletir sobre construção social, coletiva e cultural entre os gêneros e a partir disto como esta, construção tem relação com a participação numérica de homens nos grupos de convivência na compreensão que a identidade de gênero é definida por relações sociais e conformadas pelas texturas de poder na sociedade. As principais características dos/as idosos/as frequentadores do SCFV relevam o predomínio na faixa etária de 60 a 77 anos de idade, o cálculo da média de idade dos/as participantes é de 67,5 anos, a renda mensal é de até 01 salário mínimo, participam das atividades há mais de 06 (seis) anos, com frequência de 03 (três) vezes na semana. Ao serem indagados se recebem algum tipo de benefício, 100% das pessoas entrevistadas possuem acesso a benefícios de Proteção Social: 06 recebem benefício da Previdência Social-Aposentadoria por idade, 01 recebe benefício da Previdência Social-Pensão por morte e 01 recebe benefício do Programa Bolsa Família-PBF. Pode-se perceber uma interface de políticas definidas a partir da estruturação do Sistema de Proteção Social pautada nas Políticas que compõe a Seguridade Social, sendo Assistência Social; Previdência Social e Saúde. Ao perguntarmos com quem reside, obtivemos as seguintes respostas: A maioria dos idosos reside com filhos e netos. Em linhas gerais, pode-se observar em um contexto contemporâneo de capitalismo severo, uma 2 O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma unidade pública estatal descentralizada da política de assistência social, responsável pela organização e oferta de serviços da proteção social básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) nas áreas de vulnerabilidade e risco social dos municípios e DF. Dada sua capilaridade nos territórios, se caracteriza como a principal porta de entrada do SUAS, ou seja, é uma unidade que possibilita o acesso de um grande número de famílias à rede de proteção social de assistência social. (1)

necessidade de coabitação podendo está atrelada à dependência financeira, conferindo ao idoso o status de provedor. Estudos apontam a hipótese dos/as idosos/as estarem em aprimores condições financeiras que os/as filhos/as por terem acesso ao benefício previdenciário, o que caracteriza uma segurança de renda, em contraponto aos seus descendentes estarem sendo inseridos mais tardiamente no mercado de trabalho e em condições instáveis. (5) Em se tratando da situação da moradia, dos/as 08 entrevistados/as todos/s conseguiram conquistar o sonho da casa própria. Os/as idosos/as apresentam-se como um dos nichos sociais com maior estabilidade, para tanto, o acesso à moradia está além de considerar como um imóvel, mas, concretiza-se como uma forma de viabilização da dignidade humana e sua sociabilidade comunitária. A casa é referência de origem, relações familiares e comunitárias. Lugar de trocas, segurança, estabilidade e autorreconhecimento, que coloca o sujeito em um tempo e espaço. (8) No eixo referente a condições de saúde, é notório que a maioria possui algum problema de saúde, conforme podemos verificar no gráfico a baixo: Gráfico 01-Tipo de Doenças Fonte: Elaboração Própria (2017) A Pessoa Idosa possui em média de pelo menos 03 (três) tipos de doenças crônicas, o que dificulta a ter uma vida com mais autonomia e com boa qualidade de vida. A população idosa brasileira está não só vivendo mais, como também melhor, pois os indivíduos que conseguem sobreviver a idades mais avançadas são selecionados por melhores condições de saúde e melhor qualidade de vida. Os avanços tecnológicos ocorridos nas áreas da saúde contribuíram muito para a longevidade. Com o intuito de sanar as lacunas que ainda existem em relação à saúde e às condições de vida do idoso brasileiro, são necessárias mais ações, políticas e programas que enfoquem as necessidades do grupo etário. A abordagem do envelhecimento deve ser incluída como parte integrante das estratégias pressupostas nacionais, a fim de fortalecer o potencial de desenvolvimento dos idosos de forma sistemática e focalizada. (7) Outra questão abordada foi em relação ao grau de instrução dos/as entrevistados/as. A pesquisa revelada aos participantes é relativamente de baixa escolaridade, conforme mostra a Tabela 01. Segundo depoimentos, muitos não tiveram acesso à Política Pública de Educação, podendo está atrelado à cultura local, patriarcal e conservadora, tendo em vista que, a mulher era educada para as atividades domésticas com base no modelo de família nuclear.

Tabela 01-Grau de Instrução dos/as idosos/as usuários/as do SCFV Grau de Instrução Número % Analfabeto 03 37,5 Fundamental Incompleto 05 62,5 Total 08 100 Fonte: Elaboração Própria (2017) Estudos afirmam que o baixo grau de instrução das idosas brasileiras pode ser explicado pelos valores socioculturais da primeira metade do século XX no qual as mulheres assumiam unicamente o papel domiciliar, sendo assim, não necessitariam estudar. (6) Para além, havia a dificuldade de acesso ao sistema educacional visto que, as idosas na idade de escolarização residiam na zona rural. Referente ao período que o/a idoso/a participa do grupo Estação das Flores, foi relatado que a 25% há 06 anos, ou seja, participam desde a sua fundação; 25% há 05 anos; 37,5% há 01 ano e 06 meses e 12,5% há 06 meses. Este grupo foi fundado no ano de 2011, devido a necessidade de desenvolver atividades voltadas à Pessoa Idosa. Ao perguntarmos se participou de algum grupo voltado para Pessoa Idosa antes de ser inserido no grupo do SCFV do CRAS Mutirão, 100% responderam que não. Assim, o olhar do Poder Público direcionado às ações específicas para Pessoa Idosa é relativamente recente, uma vez que se compreendeu que a partir de registros do aumento acelerado demográfico de envelhecimento populacional percebe-se a necessidade de criar estratégias de Proteção Social ao Idoso. Assim destacam que a criação de espaços de participação social do idoso nas comunidades pode aumentar a visibilidade deste segmento, na luta por direitos de cidadania e contra a exclusão social, inquietações legítimas com o aumento da longevidade e crescente índice populacional desse segmento. (4) Em se tratando da motivação para participar das ações socioeducativas desenvolvidas no SCFV no CRAS, 03 foram convidados por funcionários do serviço, através da realização de busca ativa; 04 convidados por outros participantes e 01 iniciativa própria. Diante dos relatos ficou notório que possuem relações familiares e sociais fortalecida com a comunidade, como também, identificou a equipe de referência do CRAS possui o conhecimento da área de abrangência através do georeferênciamento territorial. Referente à questão da expectativa que tinha quando começou a participar do grupo e os motivos que levaram a permanência no mesmo, 100% dos entrevistados informaram que atenderam as suas expectativas em relação ao serviço ofertado, destacamos algumas respostas: Esperava encontrar alegria, permaneci no grupo pela satisfação de fazer as atividades (I02, 64 anos); Esperava encontrar muitas coisas boas, como: palestras, passeios, diversão, desparecer os problemas, aprender coisas novas. Aqui aprendi coisas que antes não sabia (I07, 77anos); Esperava coisas boas. Aqui o ambiente é limpo, organizado, as funcionárias são educadas e respeitadoras, gosta de todas as atividades, não tem do que reclamar (I05, 69 anos).

O grupo tornou-se uma válvula de escape na tentativa de fugir dos fenômenos sociais e do próprio contexto familiar e/ou comunitário, finalmente, levando-nos a uma reflexão para além dos fenômenos expostos na realidade social dos idosos. No eixo relacionado às mudanças a partir da inserção no grupo, dos 08 entrevistados apenas 01 não soube responder e 07 informaram que sim, destacamos algumas respostas: Está mais feliz e esquece os problemas de casa. (I04, 64 anos); Sim, mudou muita coisa, pois antes não fazia exercícios físicos e artesanatos (I07, 77 anos); Sim, porque aqui escuta muitas palestras com assuntos que nunca tinha ouvido antes, se sente mais aliviada, melhorou sua relação com seus filhos e arrumou novos amigos. (I05, 69 anos). Nas falas dos/as entrevistados/as nesse estudo, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos proporcionou o fortalecimento de relações afetivas, empoderamento, protagonismo, sentimento de valorização, sentimento de pertença e identidade, fortalecimento vínculos; incentivo à socialização e à convivência comunitária, e assim, como preconiza a Política de Assistência Social na Proteção Social Básica a potencialização das capacidades dos indivíduos enquanto sujeitos de direitos, prevenindo situações de vulnerabilidade social. Em se tratando de sugestões de atividade que o serviço ainda não disponibiliza e que gostaria muito de participar, 07 pontuaram inúmeras sugestões e apenas 01 informou que não se pronunciou, conforme representado no gráfico abaixo: Gráfico 02- Sugestão de Atividades Fonte: Elaboração Própria (2017) De acordo com os relatos dos participantes da pesquisa, foram elencadas sugestões de melhorias nas ações socioeducativas no processo de envelhecimento com maior destaque: o lazer e esporte, a educação, o trabalho e a cultura que contribuem para um envelhecimento saudável. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao avaliar os/as entrevistados/as do Grupo Estação das Flores do SCFV do CRAS Mutirão do Município de Serra Talhada-PE, foi possível constatar predominância do sexo feminino, número de aposentados e baixa

escolaridade. Assim identificamos que no grupo de convivência faz-se necessário a busca ativa para incluir o público prioritário que são idosos/as que recebem o BPC. Observou-se também, que para os/as idosos/as, a participação nos grupos significa uma forma de voltar para o convívio social, pois na maioria das vezes, quando envelhecem, enfrentam graves problemas no núcleo familiar e comunitário. É gratificante ver nos/as idosos/as a sensação de liberdade, vontade de viver e a melhoria da qualidade de vida. Espera-se que este estudo desperte no Poder Público a ampliação de atividades socioeducativas no grupo citado, reconhecendo a Pessoa Idosa como uma das prioridades, tornando-as ativas e protagonistas da sua história de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Brasil. Presidência da República. Orientações Técnicas: Centro de Referência de Assistência Social CRAS/ Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. 1º ed. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, 2009. 2. Brasil. Senado Federal. Código Civil Brasileiro. Ed. Brasília, DF, 2016, 55p. 3. Brasil. Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, Resolução de nº 109 do Conselho Nacional de Assistência Social, CNAS: Brasília, 2009. 4. Borges MCM. Políticas públicas e sociais no Brasil. Em Simson, O. R.M. V., & Neri, A. L., & Cachioni, M., (2003). (Org) As múltiplas faces da velhice no Brasil. Campinas, SP: Papirus. 5. Camarano AA, Pasinato MT. Envelhecimento, condições de vida e política previdenciária. Como ficam as mulheres? Rio de Janeiro: IPEA, 2002. 6. Meireles VC et. al. Características dos idosos em área de abrangência do Programa Saúde da Família na região noroeste do Paraná: contribuições para a gestão do cuidado em enfermagem [internet]. Revista Saúde e Sociedade, v. 16, nº. 1, 2007. [Acesso em 2017 set 07] Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v1 6n1/ 07.pdf. 7. Rosadélia MC, Reppetto MA. Uma reflexão sobre a assistência à saúde do idoso no Brasil. [internet] Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 09, n. 01, p. 251-260, 2007. [Acesso em 2017 set 07] Disponível em: http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n1/v9n1a20.htm. 8. Silva ACL et al. Sensações do morar e a concretização para idosos egressos de um albergue. In: Caderno Temático Kairós Gerontologia. São Paulo, nº 8, 2010,169-193p.