Complexo Penitenciário Industrial de Cuiabá

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Transcrição:

EIXO TEMÁTICO: ( ) Arquitetura da Paisagem: Repensando a Cidade ( ) Arquitetura, Tecnologia e Meio Construído ( ) Cidade, Patrimônio Cultural e Arquitetônico ( ) Cidade: Planejamento, Projeto e Intervenções ( ) Espaço Público, Processos de Produção e Espacialidades na Cidade Contemporânea ( ) Geotecnologias Aplicadas ao Planejamento Urbano ( ) Inovação e Criatividade na Cidade ( ) Mobilidade e Acessibilidade em Áreas Urbanas ( ) Parques Tecnológicos e Sustentabilidade ( ) Políticas Urbanas e a Produção da Habitação Social Sustentável ( x ) Produção do Território, Política Urbana e Gestão da Cidade ( ) Saúde, Saneamento e Ambiente ( ) Sustentabilidade, Conforto Ambiental e Questões Bioclimáticas Complexo Penitenciário Industrial de Cuiabá Private Public Penitentiary Complex of Cuiabá Complejo Penitenciario Público Privado de Cuiabá Alessandra Zanelatti Ionui Professora Especialista, UNIVAG, Brasil Alessandra.inoui@gmail.com Thamires de Abreu Fremiot Graduanda, UNIVAG, Brasil. Thamires_fremiot@hotmail.com 954

INTROCUÇÃO De norte a sul do país, o sistema prisional encontra-se em condição de sobrecarga. Segundo os últimos dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, divulgado em 2016, pelo Ministério da Justiça o sistema prisional está com lotação superior à 600 mil detentos. E segundo o Sistema Integrado de Informações Penitenciárias apresentado em 2015, o Infopen, aponta que, o déficit de vagas no país em 2014 era de 231 mil vagas. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2017 aponta Mato Grosso como 10º estado com maior índice de presos provisórios, totalizando 45,67% da população carcerária, sendo atualmente encontrados 11,2 mil detentos no estado. Por falta de estrutura administrativa e de uma metodologia eficaz de reintegração do detento na sociedade, o estado acaba perdendo o espaço e o domínio de algumas penitenciárias. Assim, a grande maioria, são dominadas por grupos e/ou facções criminosas. Logo, acontece a descaracterização da ressocialização e muitos que cometem o primeiro delito acabando saindo com experiência devido contato com reincidentes. Devido ao meio em que o detento é exposto e pela pouca oportunidade que o estado fornece a ele, o apenado muitas vezes acaba voltando ao mundo do crime por falta de oportunidades, profissionalismo e até mesmo preconceito da sociedade, sendo assim, ocorre um ciclo, onde após o cumprimento da pena as chances de reincidência são maiores. Logo, instala-se o colapso prisional. OBJETIVO Perante a problemática apresentada, o principal objetivo é realizar um projeto arquitetônico de penitenciária que utiliza a industrialização para a ressocialização dos apenados com ambientes adequados para incentivar a recuperação e com isso facilitar a reintegração dos mesmos na sociedade, além de desafogar os presídios existentes. METODOLOGIA Para elaboração deste trabalho foi empregada à metodologia de pesquisas bibliográficas em livros e artigos, leis federais, estaduais e municipais vigentes, visitas técnicas em unidades prisionais industriais, pesquisas por telefone, questionário com colaboradores e detentos, estudo de projetos semelhantes, estudo de caso, levantamentos fotográficos. DESENVOLVIMENTO PENITENCIÁRIO Por muitas décadas as prisões serviram para guarda de escravos, prisioneiros de guerra ou ainda para custódia de réus até o julgamento, de onde teriam pena de morte ou decapitação de algum membro. Antes da idade média, a pena abusavam de castigos corporais com dor excessiva ou morte dos acusados. No período feudal aumentou o índice de pobreza e da criminalidade, portanto nesse período surgem prisões para os excluídos e abandonados pela sociedade como mendigos e prostitutas. Para o cumprimento da pena foi abandonado o 955

castigo físico e surgiu então a vigilância contínua e trabalho para a recuperação. E nessa mesma época surgem estabelecimentos de detenção que não respeitava norma de higiene ou princípio moral. Com o passar dos anos surgiram necessidades de cuidar desses espaços através da arquitetura, criando espaços com infraestrutura, sem retirar a realidade punitiva. Como contribuição filósofo Jeramy Bentham lançou em 1787 o sistema Panóptico que se tratava de uma edificação circular, onde no centro existia um pátio e uma torre central, as celas se localizavam no anel e possuíam duas janelas para facilitar a ventilação cruzada. Na sequencia o modelo Filadélfia de Walnut Street surgiu em 1790, e consistia no isolamento total do condenado em celas fechadas e individuais. Seguindo Aurburn um modelo surgido em 1820, adotou a proibição das visitas e do lazer por parte do detento, mas permitiam que as refeições e os trabalhos fossem feitos em grupo, contanto que fosse realizado em silêncio total. E por fim, Em 1846 surge o sistema progressivo inglês, um sistema prisional que uniu os dois sistemas prisionais anteriores, junto com a progressão da pena. PROBLEMÁTICA A superlotação é sem dúvidas um dos maiores problemas enfrentados pelo sistema penal, as celas das unidades encontram-se cheias de tal maneira que se tornam insalubres e desumanas. Todas as medidas para diminuir tal intensidade não têm surtido muito efeito devido ao alto índice de aumento da criminalidade. Os casos podem chegar aos extremos onde os apenados dormem no chão ou até mesmo amarrados nas grades fazendo revezamento, pois não existem espaços suficientes para todos. Com tamanha lotação não existem mais espaços destinados apenas para pessoas que aguardam julgamento então todos os tipos de unidades acabaram virando um depósito de pessoas. E as rebeliões são consequência da situação descontrolada e caótica que se encontram os estabelecimentos. RESULTADOS E DISCUSSÕES O projeto a ser desenvolvido incentiva a recuperação dos apenados, pois o método de ressocialização utilizado ensina-os e prepara-os para ingressar em uma indústria, quando forem liberados de suas penas, já que durante o período de reclusão será dado uma profissionalização permitindo uma nova direção, com uma nova capacitação de emprego. Trará ainda redução de custo de investimento na implantação, pois será instituída por uma empresa privada, e seu retorno será dado gradualmente pelo governo através de parceria público-privado. Haverá vantagens para a indústria que se instalar como mão de obra de baixo custo e redução de impostos. E para os apenados redução de sua pena e uma nova profissão. Vale ressaltar que o único presídio construído nesse modelo existente no Brasil é o Complexo Prisional de Ribeirão das Neves, localizado em Belo Horizonte, MG. Na parceria públicoprivado, o governo desembolsa R$ 3500,00 por preso sendo apenas metade desse valor 956

destinado ao condenado e a outra metade relacionada ao investimento da obra. Em comparativo com outras prisões pelo Brasil onde a média nacional de gasto por apenado é de R$ 2.400,00 e de R$ 4.129,00 em Manaus onde a taxa é mais alta no país segundo o Ministério Público de Contas do estado, há uma economia relevante nesse modelo a ser implantado. É importante ressaltar que como retorno a sociedade recebe uma nova indústria gerando circulação na capital e ainda uma valorização da vida, a reintegração do ser humano à sociedade e consequentemente a redução da reincidência e da criminalidade. Para a concepção do projeto foi realizado uma pesquisa nas unidades penitenciárias do estado de Mato Grosso fazendo o levantamento atual do estado de superlotação. Apesar de poucas unidades prisionais ter atendido ou fornecido informações para a pesquisa pode-se observar que a maioria das unidades prisionais encontram-se em estado de superlotação. Dos 24 estabelecimentos que atenderam e forneceram as informações necessárias apenas 5 unidades estão com lotação abaixo da capacidade. O último levantamento foi divulgado no dia 06 de junho de 2017 pelo Conselho Nacional de Justiça, onde Mato Grosso aparece com 18 estabelecimentos penais em péssimas condições e ainda 10 em situação ruim, 35 regular, 10 em boa situação e nenhum encontra-se em excelente situação. O levantamento ressalta ainda que no estado existem cerca de 5.248 presos em regime fechado, 168 em semi-aberto, 5.676 presos provisórios e 51 internos em cumprimento de medidas de segurança. Para compreender melhor o universo penitenciário industrial realizou-se visitas técnicas em duas unidades prisionais, uma no estado de Mato Grosso na cidade de Lucas do Rio Verde e outra no estado de Minas Gerais na cidade de Ribeirão das Neves. Na primeira unidade mencionada foi observado a fundo questões industriais onde abriga empresas que fornecem trabalhos aos apenados. Na segunda unidade visitada em Minas Gerais foi possível observar, fluxo, dimensionamento, estrutura, segurança, saúde, educação além de todas as propostas de ressocialização juntamente com a industrialização presente na unidade. Ainda pode-se notar que o tratamento dos agentes, funcionários ou monitores são de fundamental importância para manter a ordem e disciplina no local. Para implantação do projeto proposto foi escolhido o bairro Jardim Industriário já que o mesmo é localizado longe da região central da cidade e não é um bairro predominantemente residencial, dessa forma não oferece riscos para população, além disso, foi considerada a topografia da região que é plana com vegetação rasteira e pouca vegetação de grande porte, facilitando assim projetar de forma que não dificultasse a visibilidade dos agentes. Foi elaborado um programa de necessidades baseado nas Diretrizes Básicas de Arquitetura Penal do Ministério da Justiça, nas unidades visitadas e em projetos de referencias. O complexo foi dividido em duas unidades, sendo uma de regime fechado e uma de regime semiaberto. As unidades possuem área de saúde, educação, judicial, oficinas, área de convívio separadamente, além de acessos por vias diferentes evitando tumultos em dias de visitas. As 957

unidades ainda possuem lavanderia, cozinha industrial, administração, celas para visita íntima, coletiva, individual e triagem. Diferente da maioria das unidades penais brasileiras o complexo possuirá atendimento odontológico, atendimento medico com espaço para exames, área de observação e enfermagem, setor de educação com sala de informática, biblioteca e convívio, no setor de convívio terá quadra de basquete, quadra de areia, campo de futebol, sala de jogos, barbearia, capela, lanchonete, academia ao ar livre e playground com intuito de garantir um ambiente diferente para receber seus familiares. Para garantir segurança tanto para os detentos como para os colaboradores serão adotadas soluções arquitetônicas como rota de fuga para agentes, muro com espaço para circulação, valeta entre alambrado de divisão e muro, acesso as unidades separadamente, assim como uso de grades separando setores. CONCLUSÃO A proposta em questão visa trazer discussões e questionamentos sobre o universo prisional um assunto pouco discutido tanto no âmbito acadêmico como na sociedade em geral, busca ainda oferecer formas inimagináveis para recuperação daqueles que cometeram delitos transformando a vida dos apenados através das responsabilidades entregues e trabalhos oferecidos, devolvendo os mesmo recuperados para a sociedade. AGRADECIMENTO Agradeço primeiramente a Deus que em meio a tantas dificuldades me sustentou, a meus pais que viram, apoiaram e incentivaram cada sonho de superar meus limites, a universidade que proporcionou os meios de conhecimento, a minha orientadora pela sua paciência, apoio e ajuda durante o decorrer deste trabalho, além de todas as pessoas que ajudaram direta ou indiretamente neste resultado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA CRIMINAL E PENITENCIÁRIA. Diretrizes básicas para arquitetura prisional. Revisão: Gisela Maria Bester. - Brasília: CNPCP, 2011. FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Trad. Lígia M. Ponde Vassalo. Petrópolis: Vozes, 1987. LIMA, SUZANN F. CORDEIRO. Arquitetura Penitenciária: a evolução do espaço inimigo, 2013. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/05.059/480> Acesso em: 7 outubro 2015. MAIA, Clarissa Nune. Et al. História das Prisões no Brasil: Volume II. Rio De Janeiro, Rocco, 2009. BRASIL. 958

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, 2015. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, 2016. SOUZA, André. MT é o 10º estado com maior número de presos provisórios, aponta CNJ, 2017. Disponivel em: <http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2017/02/mt-e-o-10-estado-com-maior-numero-de-presosprovisorios-aponta-cnj.html> 959