Eixo Temático ET Poluição Ambiental DETERMINAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DE ANTIBIOTICOS FRENTE À FLORA BACTERIANA DO SOLO

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5 Anais do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Vol. 5: Congestas 7 ISSN 8-76 Eixo Temático ET-8- - Poluição Ambiental DETERMINAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DE ANTIBIOTICOS FRENTE À FLORA BACTERIANA DO SOLO Cleydson Moises da Silva, Thamiris Silva Bezerra de Sousa, Luiza Feitosa Cordeiro de Souza, Risonildo Pereira Cordeiro Centro Universitário Tabosa de Almeida - ASCES-UNITA. Programa de Iniciação Científica. RESUMO Os medicamentos têm como papel principal melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Porém, seu descarte inadequado vem gerando impactos para o meio ambiente, como por exemplo, um desequilíbrio na microbiota do solo. Dentre esses microorganismos, as bactérias são as mais encontradas, elas tanto ajudam na fertilização do solo como podem causar doenças se ingeridas pelos seres humanos. Por se multiplicarem rapidamente, fazendo com que se adaptam mais rápido aos impactos ambientais ficando mais difícil de combatê-las, gerando a resistência. Com isso, o objetivo do estudo foi determinar o impacto de s na multiplicação e desenvolvimento de bactérias presentes no solo e para isso foram feitas análises bioquímicas (TSI, urease, lisina, Tetra, citrato e catalase) e coloração de gram, para identificação dos grupos existentes, e antibiogramas, para a determinação da resistência. O solo utilizado no estudo foi distribuído em duas caixas. A caixa foi irrigada com água e a caixa com solução contendo o Amoxicilina ( mg/l). A cada 5 dias as análises bioquímicas eram repetidas. Observou-se que a flora era formada de bacilos positivos e, após os 6 dias de irrigação, observou-se a presença de bacilos positivos e negativos. os testes bioquímicos permaneceram com resultados semelhantes antes e depois do experimento, com exceção do teste de lisina. Neste teste foi possível verificar que após a irrigação, com e sem, houve o desenvolvimento de enterobactérias. Ao longo do período de monitoramento das caixas observou-se um aumento da resistência. PALAVRAS-CHAVE: Microrganismos, Resistência, Antibióticos, bactérias, solo, poluição. INTRODUÇÃO A crescente geração de resíduos sólidos está diretamente relacionada com o crescimento populacional e a falta de gerenciamento de descarte dos mesmos. Este tipo de resíduo é composto por materiais orgânicos como resto de alimentos e embalagens de papel, podem ser inorgânicos exemplificados por sacolas plásticas e recipientes de vidro e ainda podem ser biológicos como bactérias, vírus, helmintos, protozoários etc. Dentre eles, alguns compostos se destacam com elevado risco de contaminação no solo, na água e no ar, causando graves alterações na fauna e flora. Eles podem ser completamente digeridos, liberando gases como gás carbônico, metano, gás sulfídrico, dentre outros. Alguns não são digeridos ou são parcialmente digeridos resultando em compostos tóxicos e persistentes no ambiente a longo prazo. Os organismos biológicos presentes no resíduo podem causar doenças, competição, inibição ou até estímulo ao crescimento de outros seres (MAZZER; CAVALCANTI, ). Estas reações podem ser observadas em todos os meios, líquido, ar e solo. O solo é composto de parte solida, liquida e gasosa, sendo um conjunto de minerais e microrganismos ativos ou inativos, entre outros compostos. Diversos fatores ambientais como a temperatura, ph, salinidade, nutrientes, substratos orgânicos e os elementos tóxicos determinam as espécies presentes neste meio ou eles podem alterar as condições ambientais (ARAÚJO; MONTEIRO, 7). Galli em 96 já descrevia a microbita do solo. Os microrganismos mais encontrados no solo são os fungos, vírus, bactérias, protozoários e arqueas. Esta diversidade de seres vivos coexistem e participam de vários processos ecológicos servindo de manutenção da fertilidade e da estrutura da terra (MANFIO, ). As bactérias, que compõem a microbiota da

Anais do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Vol. 5: Congestas 7 ISSN 8-76 55 terra, têm um papel importante por serem as mais encontradas neste meio, por conter uma acelerada reprodução e mutação genética, pois se adaptam as alterações do solo mais rápido (MICHEREFF et al., 5). Tais características microbianas estimulam a produção de técnicas mais cuidadosas na indústria de fármacos, visando melhorar seus compostos para evitar ao máximo a contaminação do solo e a mutação genética das bactérias, para que elas não fiquem mais resistentes assim sendo difíceis de combater (GALLI, 96). O uso de produtos químicos, como fertilizantes, com a finalidade de acabar com pragas e melhorar a produção na agricultura, podem fragilizar o solo, caso seja aplicado de forma incorreta, reduzindo a fertilidade do mesmo, contaminando rios e lençóis freáticos trazendo graves consequências para a saúde da população e ao meio ambiente (BILLA; DEZOTTI, ). De forma semelhante, a aplicação de resíduos sólidos tanto pode auxiliar na fertilização como também torna-lo infértil. Uma classe de resíduos se destaca pela sua complexidade e efeitos tóxicos, são os medicamentos, tanto sobras industriais quanto de uso comercial e doméstico. O mau gerenciamento após o uso gera o descarte inadequado, ocasionando um impacto ao meio ambiente e alterando suas características físico-químicas (BARCELOS et al., ). A principal preocupação é com a classe de s, pois estes medicamentos, se não dosados corretamente, favorecem a formação de resistência bacteriana também conhecida por multiresistência. A multirresistência bacteriana está ligada a persistência ao uso de antimicrobianos de forma inadequada e seu uso excessivo pela população, com isso, tendo a sua eficácia reduzida, um problema que recentemente vem sendo um desafio, pois novos antimicrobianos precisam ser desenvolvidos (JACOBY, 8). Medidas devem ser realizadas pelos prescritores para diminuir o risco da resistência, como por exemplo a posologia correta e o uso desta classe como última opção (RIBEIRO; COMARELLA, 5). Fármacos como linezolida, doripenem, daptomicina entre outros são opções para o tratamento de infecções causadas por microrganismos multirresistentes (QUEIROZ et al., ). Quando esses medicamentos foram criados, pensavase que a maioria dos problemas com as infecções teriam um fim, mas hoje não há uma só bactéria no mundo que não seja resistente a pelo menos dois s, esse é um problema que sempre deverá ser combatido, porque mesmo consumindo de forma adequada com o tempo a bactéria vai adquirindo resistência e logo o fármaco não fará mais o efeito desejado (OLIVEIRA, SILVA, 8). A resistência pode ser definida como a capacidade adquirida por um organismo de resistir aos efeitos de um agente quimioterápico, ao qual ele é completamente susceptível (MADIGAN et al, ). Os organismo tem a capazes defesa contra a ação dos s como serem desprovidos da estrutura de inibição por s, serem impermeáveis, capazes de modificar o, tornando-o inativo, desenvolver uma via metabólica resistente e até bombear o para fora da célula (efluxo). Esta resistência pode ser inerente a espécie ou adquirida através de mutações genéticas (plasmídeo R). Vários estímulos ambientais pode provocar o desenvolvimento da resistência nos microrganismos como radiação ultra violeta, exposição a compostos tóxicos abaixo da concentração letal, dentre outros. Com o uso e descarte inadequado de diversos tipos de s, muitas vezes sem o acompanhamento de um profissional da área de saúde e ambiental, os princípios ativos desta classe de medicamentos podem atingir o meio ambiente. Estes fármacos em questão podem causar grave desequilíbrio na microbiota do solo, favorecendo o crescimento de uma determinada espécie mais resistente em detrimento de outras. Como cada espécie tem uma função no desenvolvimento das plantas, fixação de nutrientes e decomposição de matéria orgânica, alterações fenotípicas deste grupo podem ocasionar graves desequilíbrios ambientais. Diante do exacerbado, evidencia-se a necessidade de um estudo sobre a alteração fenotípica de microrganismos do solo frente a s. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo foi do tipo descritivo-laboratorial, analítico e observacional. Para verificar o impacto do descarte de no solo, um certo material foi selecionado para ser exposto a

56 Anais do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Vol. 5: Congestas 7 ISSN 8-76 s por um período de 56 dias e, ao longo deste período, a micorbiota do solo foi avaliada. O solo foi coletado em uma horta do Centro Universitário Tabosa de Almeida (ASCES- UNITA). Este solo é do tipo humífero e foi analisado pelos seguintes testes bioquímicos: catálase, TSI (Triple Sugar Iron), TETRA, citrato, urease e lisina. Testes e coloração de gram e antibiograma foram utilizados para verificar se houve alterações na microbiota e na resistência bacteriana (MOREIRA e SIQUEIRA, 6). O solo foi distribuído em duas caixas plásticas com capacidade de,5l com as dimensões de,8 x 5, x 9, cm (Largura x Comprimento x Altura), no qual foram acondicionado kg de solo em cada caixa. As mesmas ficaram expostas ao ar livre, sob uma coberta transparente para evitar água de chuva. Diariamente eram adicionados 5 ml de água e de solução de amoxicilina mg/l nas caixas e, respectivamente. No momento da adição destes líquidos, um revolvimento do solo era realizado. O volume utilizado foi definido por um teste de pote prévio ao experimento e, para a seleção do foi levado em consideração o elevado consumo pela população. Para simular uma exposição a longo prazo após um descarte inadequado, utilizou-se uma solução preparada com a dissolução de um comprimido com concentração de 5 mg/g em litros de água, resultando em uma solução de 5 mg/l. Como são descartados materiais vencidos e conjuntamente com outros materiais, existe uma redução da concentração por diluição ou por deterioração. Devido a isto, a concentração utilizada foi a apresentada acima. A cada 5 dias eram retiradas duas amostras de solo de cada caixa, cerca de g. o material era colocado em um tubo de ensaio e encaminhado par ao laboratório. No teste de antibiograma foi utilizado os seguintes s: nitrofurantoína (Nit), tetraciclina (Tet), penicilina (Pen), norfloxacina (Norf), cefixima (Cef), oxacilina (Oxa), ciprofloxacina (Cipro) e amoxicilina/ácido clavulânico (Amo). RESULTADOS E DISCUSSÕES: Na avaliação dos resultados dos testes bioquímicos, pode se observar qual a característica da microbiota do solo no início do experimento e como ela ficou após o tempo de exposição ao amoxicilina. Na Tabela, pode-se observados resultados obtidos no início e fim do experimento. Tabela. Resultados dos testes bioquímicos nas duas caixas no início e final do experimento. Caixa () Caixa ( Início Final Início Final Coloração de Gram Bacilo Bacilos Bacilos e cocos Bacilos Positivo Positivo e negativo Positivos Positivos Catalase Positivo Positivo Positivo Positivo Uréia Positivo Positivo Positivo Positivo TETRA Negativo Negativo Negativo Negativo Citrato Positivo Positivo Positivo Positivos Lisina Negativo Positivo Negativo Positivo TSI Ácido/Ácido Ácido/Ácido Ácido/Ácido Ácido/Ácido SIM Negativo Negativo Negativo Negativo O primeiro teste bioquímico avaliado foi o de coloração de Gram. No solo, no início do experimento, foi encontrado bacilos no e bacilos e alguns cocos na caixa com, ambos gram positivos. Após os 56 dias de monitoramento, foi observado uma alteração na morfologia. Na caixa irrigada com água foi possível observar estruturas de bacilos gram-positivos e gram-negativas. Na Caixa, irrigada com solução de amoxicilina, apenas foram encontrados bacilos gram-positivos. A literatura afirma que os estafilococos são as mais

Anais do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Vol. 5: Congestas 7 ISSN 8-76 57 resistentes no meio ambiente e que podem sobreviver meses em amostras secas. No entanto, os bacilos prevaleceram. Os cocos foram visualizados no início do experimento, mas nos últimos dias não. Vários fatores pode ter comprometido seu desenvolvimento deste grupo como elevada umidade ou competição. Em relação a coloração de Gram, a mudança foi na caixa. Nesta caixa após o experimento só foram encontrados gram-positivo. Apesar de as bactérias gramnegativas serem consideradas mais resistentes aos s, a prevalência neste solo foi das gram-positivas. Todavia, na caixa não foi aplicado, logo o domínio das grampositivas não está associada com resistência. Nos testes de Catalase, Uréia, TETRA, citrato, TSI e SIM não houve alteração. Os grupos de microrganismos após o experimento apresentavam características semelhantes ao dos grupos iniciais. No teste de lisina houve uma mudança, no início do experimento era negativo e após o final do experimento foi positivo. Neste teste são identificados o grupo enterobactéria. A concentração inicial era muito baixa e, por isso, não detectado nos primeiros ensaios. Ao longo do experimento, este grupo conseguiu se multiplicar a ponto de ser detectados. Alguns testes bioquímicos são necessários para identificar a espécie, no entanto foi possível verificar uma alteração dos grupos ao longo do tempo. A resistência microbiana foi avaliada através dos testes de antibiograma. Nos gráficos da Figura, pode-se ser observado o tamanho dos halos formados nos antibiogramas com a amostra de solo e exposto a diferentes s. Os halos representam a resistência ao. Quanto maior o halo menor maior a resistência do microrganismo ao medicamento. Desde o primeiro dia de experimento os microrganismos testados apresentaram completa resistência aos s cefixima e oxacilina. Com a Penicilina, os microrganismos foram adquirindo resistência rapidamente e no final do experimento os halos foram zero, representando resistência total. Na Figura pode-se observar que os microrganismos presentes no solo testado apresentaram menor resistência aos s Nitrofurantoína, tetraciclina, norfloxacina e ciprofloxacina. Os halos formados no antibiograma foram de tamanhos semelhantes para estes s e com o. Ao longo do tempo de exposição do solo à água com, houve uma redução média de,9 cm a cada semana, não sendo considerado uma redução significativa para afirmar um aumento na resistência. Estes microrganismos apresentaram elevada resistência aos s Cefixima e oxacilina. Para estes s não foi formado halo. Dentre os s testados, os microrganismos apresentaram resistência intermediária à Penicilina G e à amoxicilina/ácido clavulânico. Porém ao final do experimento observou-se que os microorganismos aumentaram sua resistência independente do e independente do tempo de exposição.

58 Anais do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Vol. 5: Congestas 7 ISSN 8-76 Cefixima,5,5,5 5 6 Penicilina G,5,5,5 5 6 Oxacilina,5,5,5 5 6 Amoxicilica/clavulonato,5,5,5 5 6 antibiograma - Halo (cm) Tetraciclina,5,5,5 5 6 antibiograma - Halo (cm) Nitrofurantoina,5,5,5 5 6 Norfloxacina,5,5,5 5 6 Ciprofloxacina,5,5,5 5 6 Figura. Gráficos dos antibiogramas com diferentes s ao longo do experimento. CONCLUSÃO Neste trabalho foi possível observar que os s ocasionaram uma inibição de um grupo de microrganismos, permitindo o desenvolvimento de outras espécies. Nas primeiras amostras foram encontrados apenas bacilos gram positivos, mas com a irrigação com os s, estes bacilos foram inibidos e grupos de cocos se desenvolveram a ponto de serem quantificados. Nos antibiogramas pode-se observar maior resistência aos s Cefixima

Anais do Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental e Sustentabilidade - Vol. 5: Congestas 7 ISSN 8-76 59 e oxacilina, sem formação de halos para ambos. Halos pequenos, em média de,9±,5cm, foram observados nos antibiogramas com os s penicilina G e amoxicilina/ácido clavulânico. Os demais s testados apresentaram halos médios de,±, cm. Os s alteraram a microbiota do solo inibindo o crescimento de alguns organismos e desenvolvendo a resistência de outros. REFERÊNCIAS ARAUJO, A. S. F.; MONTEIRO, R. T. R. Indicadores Biológicos de qualidade do solo. Bioscience Journal, v., n., p. 66-75, 7. BARCELOS, M.N; PERES, A. P.; PEREIRA, I. O.; CHAVASCO, L. S.; FREITAS, D. F. Aplicação do método fmea na identificação de impactos ambientais causados pelo descarte doméstico de medicamentos. Engenharia Ambiental, v. 8, n., p.6-68,. BILLA, D. M.; DEZOTTI, M. Fármaco no meio ambiente. Química Nova, v. 6, n., p. 5-5,. GALLI, F. Microrganismos do solo. Anais Seção de Fitopatologia e microbiologia, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, v., p. 7-5, 96. JACOBY, T, S. Associação entre o consumo de antimicrobianos e multirresistência bacteriana em centro de terapia intensiva de hospital universitário brasileiro. Dissertação (dissertação de mestrado em Medicina), Programa de Pós-graduação em Medicina: Ciências Médicas, Porto Alegre, 8p. 8. MADIGAN, M. T.; MARTINKO, J. M; DUNLAP, P. V.; CLARK, D. P. Microbiologic de Brock,. ed., Porto Alegre: Artmed,. MANFIO, G. P. Avaliação do estado do conhecimento da diversidade biológica do Brasil. Microbiota.. ed. São Paulo: COBIO/MMA GTB/CNPq NEPAM/UNICAMP,. v.. MAZZER, C; CAVALCANTI, O, A. Introdução à gestão ambiental de resíduos. Revista Pharmacia Brasileira, v. 6, n. -, p. -,. MICHEREFF, S. J.; DOMINGOS, E. G. T.; ANDRADE, M. M. Ecologia e manejo de patógenos radiculares em solos tropicais.. ed. Recife: UFRPE, Imprensa Universitária, 5. MOREIRA, F. M. S., SIQUEIRA, J. O. Microbiologia e Bioquímica do solo.. ed. Lavras: Universidade Federal de Lavras, 6. OLIVEIRA, S.; SILVA, R. S. Desafios do cuidar em saúde frente à resistência bacteriana: uma revisão. Revista Eletrônica de Enfermagem, v., n., p. 89-97, 8. QUEIROZ, G. M; SILVA, L. M.; PIETRO, R. C. L. R.; SALGADO, H. R. N. Multiresistencia microbiana e opções terapêuticas disponíveis. Revista Brasileira de Clínica Médica, v., n., p. - 8,. RIBEIRO, J. L.; COMARELLA, L. Bactérias Multirresistentes e Emergência da Resistência tipo New Delhi Metallo- β-lactamase- (NDM-). Revista Uniandrade, v. 6, n., p 9-8, 5.