Resultado 4T13 e Revisão de Preço Companhia apresenta o resultado mais fraco do ano Os resultados da Grendene no 4T13 não vieram em linha com o desempenho da companhia nos demais trimestres do ano. Enquanto a receita bruta evoluiu, em média, 21,5% até setembro de 2013 em relação ao mesmo período de 2012, no 4T13 o crescimento foi de apenas 7,6%, o equivalente a um faturamento de R$ 711,4 milhões. Ausência de dinamismo nos mercados interno e externo, além do aumento de custos na produção, impactados em grande parte pela alta do dólar, que não puderam ser repassados aos compradores, foram os fatores que prejudicaram a companhia. No acumulado do ano, no entanto, a evolução da receita bruta foi de 16,6%, o que demonstrou flexibilidade e consistência em seu crescimento, principalmente ao considerarmos o cenário interno de crescimento contido do consumo e as adversidades do cenário externo que permearam o período. Receita bruta evolui 7,6% e a líquida 6,4%. Durante o 4T13, o faturamento bruto da Grendene passou de R$ 803,4 para R$ 864,1 milhões. O mercado interno evoluiu 9,1% no período, enquanto as operações internacionais evoluíram em menor ritmo, cerca de 2,6%. O custo do produto vendido (CMV) teve um aumento de 13,9%, maior que o percentual do crescimento da receita, o que impactou o lucro bruto em -1,2%, que finalizou o trimestre em R$ 322,2 milhões. Custos de produção crescem em percentual maior que o faturamento. No acumulado do ano, a receita bruta avançou 16,6%, totalizando R$ 2.711,4 milhões (20,8% provenientes das operações internacionais). O incremento das vendas no Brasil, de 16,3%, foi inferior ao das voltadas ao mercado externo, de 17,8%, o que garantiu à companhia liderança nas exportações de calçados brasileiros (23,9% de participação nas receitas e 41,1% no volume de pares). A quantidade de pares vendidos foi ampliada em 16,8% durante 2013, em linha com o aumento das receitas, o que evidencia uma relativa estabilidade dos preços praticados (média de R$ 12,56 em 2012 e R$ 12,54 em 2013). A empresa divulgou em seu relatório que o crescimento das receitas em mesma proporção que o volume deveu-se também ao crescimento mais vigoroso na venda de chinelos de dedo, cujo ticket médio é menor, em detrimento de outras linhas de produtos. A ausência de dinamismo no mercado, principalmente no interno, fez com que a empresa optasse por não repassar aos seus clientes a elevação de 19,3% dos custos que tiveram na produção durante o ano, referente a insumos (maioria importados) e embalagens. Despesas operacionais também têm avanço expressivo. No trimestre, as despesas operacionais tiveram aumentos relevantes, de 15,6%, impulsionados pelo incremento de fretes de transporte, o que culminou em uma diminuição do DA (-15,2%) e do lucro líquido (-14,9%). A margem DA, assim, se deteriorou em -5,4 p.p., passando de 26,7% para 21,3%, e a margem líquida em -5,1 p.p., saindo de 25,5% para 20,4%. No acumulado do ano, o DA evoluiu 10,5% e o lucro líquido apenas 1,1%, impactado também pelo resultado financeiro líquido que se deteriorou em -21,8% (de R$ 132,5 mi em 2012 para R$ 103,6 mi em 2013), devido principalmente ao aumento das despesas com financiamentos e derivativos cambiais. Em consequencia, a margem DA reduziu 1,1 p.p., de 21,0% para 19,9%, e a margem líquida diminuiu 3,0 p.p., de 22,8% para 19,8%. R$ milhões 4T13 4T12 A/A 2013 2012 A/A Receita Operacional Líquida 702,1 659,6 6,4% 2.187,3 1.882,3 16,2% Lucro Bruto 322,1 325,9-1,2% 993,7 882,1 12,6% Margem Bruta (%) 45,9% 49,4% -3,5 p.p. 45,4% 46,9% -1,5 p.p. DA 149,4 176,2-15,2% 435,9 394,5 10,5% GRND3 Preço em 13/02/2014 (R$) 15,50 Preço para 12/2014 (R$) 22,19 Upside Market Cap (R$ milhões) 4.661,1 Variação 1 mês -3,13% Variação 12 meses -6,46% Variação 2013 14,86% Mín. 52 sem. 15,15 Máx. 52 sem. 22,71 Valor Total para a Firma (R$ milhões) 6.592 VP do FCFF 3.228 VP do Valor Terminal 12.381 (80) Valor paraa os acionistas 6.672 Número de ações (mm) 301 Valor justo por ação ordinária 22,19 Múltiplos 2013 2014E 2015E EV / DA 10,5 9,8 8,1 LPA P / E P / BV 140 120 100 80 60 40 Fonte: Bloomberg e BB Investimentos Consumo Calçados 14 de fevereiro de 2014 Maria Paula Cantusio, CNPI paulacantusio@bb.com.br Outperform 1,44 0,94 1,03 10,0 15,4 14,0 2,1 2,0 1,9 GRND3 IBOV 43,1% Margem DA (%) 21,3% 26,7% Lucro Líquido 142,9 168,0 Margem Líquida (%) 20,4% 25,5% -5,4 p.p. 19,9% 21,0% -1,1 p.p. -14,9% 433,5 429,0 1,1% -5,0 p.p. 19,8% 22,8% -3,0 p.p. Fonte: Grendene e BB Investimentos 1 / 5
Possibilidade de alterações na política de dividendos. Em novembro de 2013 foi editada a Medida Provisória n. 627 que, dentre outras medidas, prevê a alteração na tributação do imposto de renda para a parcela de incentivos fiscais que integrarem a base de dividendos. A MP terá vigência a partir de 2015 e deverá elevar a carga tributária, neste caso específico, de 15% para 34%, conforme informado na conferência realizada pela Grendene em 14/02/2014. Às companhias que sofrerão o impacto da medida é facultada a adesão antecipada já em 2014, que deverá ser o caso da Grendene. Caso isso efetivamente ocorra, já neste ano, a fatia de lucro advinda de incentivos não será computada na base de dividendos e o payout poderá ser reduzido. Considerações. O cenário interno de consumo mais contido e as incertezas do mercado externo, em especial nos Estados Unidos e na União Européia, representam um desafio para as varejistas brasileiras exportadoras. A Grendene tem demonstrado flexibilidade em atuar em cenários adversos. No curto prazo, as margens bruta e líquida deverão continuar comprimidas, considerando, por um lado, a base comparativa elevada e, por outro, a curva de maturação da sua nova plantaa de produção. A companhia concluiu os investimentos previstos para 2013, no total de R$ 64 milhões, os quais ampliaram sua capacidade de produção de 200 para 250 milhões de pares/ano. No curto prazo, a empresa deverá se beneficiar do advento da Copa do Mundo, tendo em vista que produtos do seu portfólio como Rider, Ipanema e Melissa já são conhecidos no exterior e têm grande aceitação dos consumidores estrangeiros. Os calçados em plástico da Grendene são símbolos de brasilidade e terão, durante o evento, espaço paraa crescimento. No médio e longo prazo, a companhia deve dar continuidade ao seu planejamento estratégico de aumento de eficiência produtiva e ao foco em produtos com maior valor agregado, em especial no mercado externo, o que deve garantir um crescimento consistente, ainda que em um ritmo menos acelerado. Para os próximos anos, também faz parte do planejamento estratégico da companhia ampliar sua parceria com o designer parisiense Philippe Starck e criar uma marca internacional de calçados. O francês já trabalha em conjunto com o conglomerado no desenvolvimento de uma linha de móveis e objetos de decoração através da empresa A3NP, que deverá começar a gerar receita durante este ano, porém ainda sem auferir lucro, o que irá gerar um leve impacto negativo no resultado da Grendene. A companhia manteve seu guidance para o período de 2008 a 2015: crescimento de 8% a 12% (CAGR) da receita líquida e de 12% a 15% (CAGR) do lucro líquido. Valuation Visando incorporar as alterações nas perspectivas macroeconômicas atuais, como o crescimento contido do consumo e a expectativa de estabilidade no curto prazo, bem como os últimos resultados reportados pela companhia, os quais sinalizam perspectivas positivas em um cenário de médio a longo prazo, revisamos nossas projeções e o preço alvo da Grendene, de R$ 24,00 para R$ 22,19 para dezembro de 2014, o que corresponde a um potencial de valorização de 43,1% em relação ao fechamento de 13/02/2014, com recomendação de Outperform para a ação da empresa. Nossa análise foi baseada no método do fluxo de caixa descontado em valores nominais. O período analisado para a companhia foi de 10 anos, com uma taxa de crescimento na perpetuidade de 4,1% e WACC de 13,9% (beta de 0,59, taxa livre de risco de 5,1%, prêmio de mercado de 4,4%, risco país de 2,2% e diferença entre as inflações brasileira e americana de 3,63%). Índices Econômicos (R$ milhões) 2013 Receita Líquida 2.187 Lucro Bruto DA Lucro Líquido 434 Dívida Bruta (315) Margem Bruta (%) 45,4% 45,2% 45,2% 45,4% Margem DA (%) 20,2% 19,2% 19,7% 20,2% Margem Líquida (%) 19,8% 11,3% 10,6% 10,7% 994 442 118 EV/DA Implied 14,9 2.489 2.911 3.393 1.125 1.316 1.540 477 572 686 281 309 362 218 298 358 (80) 161 353 13,8 11,5 9,6 Índices de Estrutura e Alavancagem 2013 Dívida Curto Prazo/Dívida Total (%) 32,8% Dívida/(Dívidaa + PL) (%) 5,4% Endividamento Geral (%) 12,7% 32,8% 32,8% 32,8% 9,1% 11,4% 12,7% 15,4% 18,0% 19,5% 2 / 5
Dívida Bruta (R$ milhões) 118 (R$ milhões) (315) /DA (0,71) 218 298 358 (80) 161 353 (0,17) 0,28 0,51 DRE Projetada (R$ milhões) 2013 Receita Líquida 2.187 CPV 1.194 Lucro Bruto 994 Despesas Operacionais 594 Resultado Financeiro (79) DA 442 LAIR 503 Lucro Líquido 434 2.489 2.911 3.393 1.364 1.595 1.853 1.125 1.316 1.540 683 793 921 (113) (161) (197) 477 572 686 329 362 423 281 309 362 Balanço Patrimonial Sintético (R$ milhões) 2013 ATIVO 2.369 Circulante 1.996 Não Circulante 23 Permanente 351 PASSIVO 2.369 Circulante 285 Exigível longoo prazo 16 Patrimônio Líquido 2.068 2014E 2015E 2015E 2.577 2.811 3.041 2.043 2.102 2.140 25 25 24 509 684 877 2.577 2.811 3.041 249 306 351 147 201 241 2.181 2.304 2.449 Fluxo de caixa (R$ milhões) 2013 (-) IR & CS (56) NOPAT 343 (+) D&A (43) (-) Capex (157) (-) Variação da Necessidade de Capital de Giro (426) (=)FCFF (197) (62) (73) (87) 380 450 533 (35) (49) (66) (193) (224) (259) (188) (188) (145) 34 86 195 Múltiplos EV / DA LPA P / E P / BV 2013 10,5 1,44 10,0 2,1 9,8 8,1 6,8 0,94 1,03 1,20 15,4 14,0 12,0 2,0 1,9 1,8 Valor Total para a Firma (R$ milhões) 6.592 Premissass do Valuation VP do FCFF 3.228 WACC 13,92% VP do Valor Terminal Valor para os acionistas Número de ações (mm) Valor justo por ação ordinária Fonte: BB Investimentos 12.381 (80) 6.672 301 22,19 Beta (Alavancado) Taxa livre de risco Prêmio de Mercado Risco Brasil Crescimento perpetuidade 0,59 5,1% 4,4% 2,2% 4,1% 3 / 5
Disclaimer Informações Relevantes Este relatório foi produzido pelo BB-Banco de Investimento S.A. As informações e opiniões aqui contidas foram consolidadas ou elaboradas com base em informações obtidas de fontes, em princípio, fidedignas e de boa-fé. Entretanto, o BB-BI não declara nem garante, expressa ou tacitamente, que essas informações sejam imparciais, precisas, completas ou corretas. Todas as recomendações e estimativas apresentadas derivam do julgamento de nossos analistas e podem ser alternadas a qualquer momento sem aviso prévio, em função de mudanças que possam afetar as projeções da empresa. Este material tem por finalidade apenas informar e servir com instrumento que auxilie a tomada de decisão de investimento. Não é, e não deve ser interpretado como uma oferta ou solicitação de oferta para comprar ou vender quaisquer títulos e valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros. É vedada a reprodução, distribuição ou publicação deste material, integral ou parcialmente, para qualquer finalidade. Nos termos do art. 18 da ICVM 483, o BB - Banco de Investimento S.A declara que: 1 - A instituição pode ser remunerada por serviços prestados ou possuir relações comerciais com a(s) empresa(s) analisada(s) neste relatório ou com pessoa natural ou jurídica, fundo ou universalidade de direitos, que atue representando o mesmo interesse dessa(s) empresa(s); o Conglomerado Banco do Brasil S.A pode ser remunerado por serviços prestados ou possuir relações comerciais com a(s) empresa(s) analisada(s) neste relatório, ou com pessoa natural ou jurídica, fundo ou universalidade de direitos, que atue representando o mesmo interesse dessa(s) empresa(s). 2 - A instituição pode possuir participação acionária direta ou indireta, igual ou superior a 1% do capital social da(s) empresa(s) analisada(s), mas poderá adquirir, alienar ou intermediar valores mobiliários da empresa(s) no mercado; o Conglomerado Banco do Brasil S.A pode possuir participação acionária direta ou indireta, igual ou superior a 1% do capital social da(s) empresa(s) analisada(s), e poderá adquirir, alienar e intermediar valores mobiliários da(s) empresa(s) no mercado. Informações Relevantes Analistas O(s) analista(s) de investimento, ou de valores mobiliários, envolvido(s) na elaboração deste relatório ( Analistas de investimento ), declara(m) que: 1 - As recomendações contidas neste refletem exclusivamente suas opiniões pessoais sobre a companhia e seus valores mobiliários e foram elaboradas de forma independente e autônoma, inclusive em relação ao BB-Banco de Investimento S.A e demais empresas do Grupo. 2 Sua remuneração é integralmente vinculada às políticas salariais do Banco do Brasil S.A. e não recebem remuneração adicional por serviços prestados para o emissor objeto do relatório de análise ou pessoas a ele ligadas. Maria Paula Cantusio Analista 3 Itens 4 5 3 O(s) analista(s) de investimentos, seus cônjuges ou companheiros, detêm, direta ou indiretamente, em nome próprio ou de terceiros, ações e/ou outros valores mobiliários de emissão das companhias objeto de sua análise. 4 Os analistas de investimento, seus cônjuges ou companheiros, possuem, direta ou indiretamente, qualquer interesse financeiro em relação à companhia emissora dos valores mobiliários analisados neste relatório. 5 O(s) analista(s) de investimento tem vínculo com pessoa natural que trabalha para o emissor objeto do relatório de análise. 4 / 5
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