MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS JOZIANI SCAGLIONI DIAS

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Transcrição:

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS O AMBIENTE COMO FONTE DE CONTAMINAÇÃO PARA ZOONOSES JOZIANI SCAGLIONI DIAS MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Campus Universitário s/nº Caixa-postal 354 CEP 96010-900 Pelotas RS Brasil 2005

JOZIANI SCAGLIONI DIAS O AMBIENTE COMO FONTE DE CONTAMINAÇÃO PARA ZOONOSES PARASITÁRIAS Monografia apresentada ao Curso de Ciências Biológicas Bacharelado e Licenciatura - da Universidade Federal de Pelotas, como requisito para obtenção do título de Bacharel com ênfase em Meio Ambiente. Orientador: Profa. Dra. Maria Elisabeth Aires Berne PELOTAS 2005

ii AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço aos meus pais João e Angelina pelo amor, carinho e por não terem medido esforços para que eu chegasse até aqui, estando ao meu lado em todos os momentos. À minha tia Eny, que me acolheu em sua casa com muito carinho e dedicação me ajudando sempre que necessário. Ao meu irmão Lucas, pela compreensão dos muitos momentos em que estive ausente. À minha irmã Luciana, meu cunhado Flávio e aos meus sobrinhos: Guilherme, Gustavo e Juliana, pela amizade e hospedagem carinhosa, durante parte do curso. Ao meu querido namorado Luiz Antônio, por ter estado sempre ao meu lado em momentos felizes e também em momentos difíceis e por ter tido paciência em me esperar quando não pude estar perto.

iii As minhas amigas-irmãs, Cristiane Castro, Cristiane Bonini, Leniza e Valeska, por compreenderem minha ausência nas reuniões semanais e pela amizade dedicada ao longo de todos esses anos. As amigas Daniela e Tatiana pela grandiosa ajuda na realização deste trabalho e por dividirem comigo expectativas e angustias em muitos momentos. Aos colegas do Laboratório de Parasitologia: Neila, Michele Pepe, Elizandra, Alice, Anelise, Michele Peres, Tiago, Rita, Jerônimo, Fernanda, Rafael e D. Vera, pelo convívio agradável e pela amizade que certamente me acompanhará por toda vida. A todos os colegas da turma, especialmente à Márcia, à Deise e ao Rafael Madail que estiveram mais próximos durante todo curso. E por fim um agradecimento especial à minha querida orientadora Maria Elizabeth, pelo carinho, amizade e também pelo conhecimento transmitido, o qual, certamente terá muita importância para meu crescimento profissional e pessoal.

iv SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS...vi LISTA DE TABELAS...viii RESUMO...ix 1. INTRODUÇÃO...1 2. REVISÃO DE LITERATURA...3 2.1 Parasitismo em cães e gatos...3 2.2 O ambiente como fonte de contaminação por parasitos...5 2.3 Parasitismo do homem...8 3. OBJETIVOS...11 3.1 Objetivo Geral...11 3.2 Objetivos Específicos...11 4. MATERIAIS E MÉTODOS...13 4.1 Seleção das áreas de estudos...13 4.2 Colheita das amostras de fezes...14 4.3 Exame parasitológico das amostras de fezes...14 4.4 Colheita das amostras de areia...14

v 4.5 Exame parasitológico das amostras de areia...15 4.6 Avaliação microfotográfica...15 4.7 Dados climáticos...15 5. RESULTADOS...18 6. DISCUSSÃO...26 7. CONCLUSÃO...31 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...32

vi LISTA DE FIGURAS FIGURA 1- Representação esquemática da Colônia de Pescadores Z-3 e indicação dos pontos de coletas...16 FIGURA 2- Técnica de Caldwell & Caldwell modificada por Corrêa, (1995) para análise de amostras de areia...17 FIGURA 3- Percentagem de amostras de fezes positivas e negativas para ovos de helmintos, coletadas no ambinte da Colônia de Pescadores Z-3, analisadas pela técnica de Gordon & Whitlock...20 FIGURA 4- Percentagem dos parasitos encontrados em amostras de fezes analisadas pela técnica de Gordon & whtlock...20 FIGURA 5- Percentagem de amostras de areia positivas e negativas, analisadas pela técnica de Caldwell & Caldwell, modificada por Corrêa, (1995)...21 FIGURA 6- Percentagem dos parasitos encontrados em amostras de areia, processadas pela técnica de Caldwell & Caldwell modificada por Corrêa (1995)...22

vii FIGURA 7- Ovo de Trichuris sp. observado nas amostra de areia, analisada pela técnica de Caldwell & Caldwell modificada por (1995). Aumento 100x... 23 FIGURA 8- Ovo larvado de ancilostomídeo, observado nas amostras de areia analisada pela técnica de Caldwell &Caldwell modificada por Corrêa. Aumento 40x...23 FIGURA 9- Ovo de Ascaris sp. observado nas amostra de fezes processada pela técnica de Gordon & Whitlock. Aumento 100x...24 FIGURA 10- Ovo de Toxocara sp. observado em amostra de fezes processada pela técnica de Gordon & Whitlock. Aumento 40x...24 FIGURA 11- Prevalência (+/- 1 desvio padrão) de amostras de fezes positivas para ovos de helmintos (prev F) e areia (prev A) coletadas no ambiente da Colônia Z-3, confrontadas com dados climáticos, durante os meses de junho de 2004 a maio de 2005...25

viii LISTAS DE TABELAS TABELA 1- Número de amostras de fezes coletadas e número de amostras de amostras positivas no período de junho de 2004 a maio de 2005...19 TABELA 2- Número de amostras de areia coletadas e número de amostras positivas no período de junho de 2004 a maio de 2005...19 TABELA 3 - Associações entre parasitos em amostras de fezes positivas pela técnica de Gordon & whitlock...21 TABELA 4 - Associações entre parasitos observadas em amostras de areia analisadas pela técnica de técnica de Caldwell & Caldwell, modificada por Corrêa, (1995)...22

ix RESUMO DIAS, JOZIANI S. Universidade Federal de Pelotas, julho de 2005. O ambiente como fonte de contaminação por zoonoses parasitárias. Professora orientadora: Maria Elisabeth Aires Berne. A contaminação ambiental, a partir de fezes eliminadas no ambiente por animais vem sendo investigada nos últimos anos, devido ao potencial zoonótico dos parasitos. O convívio próximo entre cães e gatos não se limita ao freqüentam também áreas públicas destinadas à população humana e, com freqüência defecam nestes locais, tornando o ambiente contaminado. Este trabalho teve como objetivo avaliar a contaminação ambiental por parasitos, da Colônia de Pescadores Z-3, Pelotas, através de amostras de areia e fezes encontradas no ambiente. Mensalmente foram coletadas amostras de areia e fezes em cinco pontos da Colônia de Pescadores Z-3, Pelotas. A areia foi processada através da técnica de Caldwell & Caldwell modificada por Corrêa (1995), enquanto as amostras de fezes pela técnica de Gordon & Whitlock (1939) com duas repetições por amostra. Os resultados obtidos mostram que das 199 amostras de fezes analisadas, 66% foram positivas, sendo a maior prevalência de ovos do gênero Ancylostoma

x sp., presentes em 91% das amostras, seguido de ovos de Tricuris sp. (19,8%), Toxocara sp. (11,45%) e Ascaris sp. (2,29%). Em relação a análise da areia, foi observado um percentual de positividade em 19,2% das amostras processadas, correspondendo a 48 amostras. Os ovos mais freqüentes foram Trichuris sp. (45,8%) e ancilostomídeos (43,75%). Também foram observados ovos de Toxocara sp. (2,29%). Esses resultados permitem concluir que, ocorre contaminação do ambiente na -3, por ovos de helmintos, oferecendo risco para a saúde da população, sugerindo a necessidade de medidas de controle destas parasitoses neste local.

1 1. INTRODUÇÃO Os estudos epidemiológicos locais, ou seja, aqueles capazes de revelar dados científicos que permitam evidenciar a cadeia de processos infecciosos de determinada doença, em dada área geográfica, são a base para aplicação O convívio do homem com cães e gatos não se limita a uma situação de cohabitação familiar. Estes animais freqüentam também áreas públicas de lazer destinadas à populacão humana e, com freqüência, defecam nestes locais. Fezes de animais parasitados, depositadas no ambiente podem tornar o solo contaminado com ovos, larvas de helmintos e oocistos de protozoários, os quais muitas vezes são agentes de várias zoonoses. Portanto, cães e gatos desempenham um papel importante na disseminação de algumas espécies de helmintos, onde o risco de infecção humana aumenta com o crescente número Larva Migrans Visceral (LMV), larva Migrans Cutânea (LMC), dipilidiose, hidatidose, tricurose e toxoplasmose são algumas das enfermidades que podem ser transmitidas de cães e gatos para o homem.

2 A areia de praças assim como de praias, creches e conjuntos habitacionais, onde o acesso de animais é geralmente fácil, pode tornar-se um foco de transmissão de várias parasitoses principalmente para as crianças, que qüentemente mais infectadas, pois além de serem mais susceptíveis, possuem hábitos de higiene mais precários e entram em contato direto com o Levantamentos epidemiológicos são necessários para que possam ser tomadas medidas no sentido de reduzir a contaminação ambiental, tendo em vista a melhoria da saúde das pessoas e dos animais residentes nestes locais. Estes dados também são importantes para profissionais da área da saúde e principalmente para conscientização dos proprietários desses animais da necessidade de mantê-los sempre saudáveis, evitando assim que seus parasitos possam infectar humanos.

3 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 PARASITISMO EM CÃES E GATOS O parasitismo intestinal de animais domésticos, como cães e gatos têm grande importância em saúde pública, pois muitos dos parasitos encontrados nestes animais podem infectar o homem. A eliminação de ovos de helmintos e oocistos de protozoários através das fezes, constitui uma potente forma de contaminação do ambiente, o que facilita a infecção do homem e principalmente de crianças que freqüentemente utilizam locais públicos como Em São Paulo, a infecção por ancilostomídeos e toxocarídeos foi verificada em cães e gatos apreendidos em vias públicas do município. Durante os anos de 1980 a 1985 foram coletadas fezes de 9150 cães e 674 gatos. As fezes foram submetidas as técnicas de Willis e sedimentação. Os resultados mostraram que 5420 cães estavam positivos para ancilostomídeos e 1071 para toxocarídeos. Em relação aos gatos estudados, foi verificado a presença de

4 Ancylostoma spp. em 150 deles e Toxocara sp. em 119 gatos ( Cortês et al., 1988). Ainda no estado de São Paulo, na capital e na cidade de Guarulhos, um estudo do parasitismo intestinal, através de exames de fezes em 138 gatos de rua, mostrou a presença de Toxocara cati em 43 gatos, Cystoisospora felis em 36, Cystoisospora rivolta em 34, Sarcocystis spp. em 21, Ancylostoma spp. em 12 e Cryptosporidium parvum e Diphylidium caninum em dois gatos (Ragozo et al., 2003). Já na região metropolitana do Rio de Janeiro, Serra et al (2003), avaliaram a ocorrência de enteroparasitas em gatos domiciliados e errantes. Foram estudadas 131 amostras fecais de animais de ambos os sexos e idades diferentes. A técnica utilizada para a pesquisa foi de centrífugosolução saturada de açúcar e através desta foi observado que 63,4% dos gatos estavam parasitados, sendo os gêneros Ancylostoma spp. e Cystoisospora encontrados em 23,5% das amostras. Também foram encontrados Toxocara sp., Toxascaris leonina, Sarcocystis sp. e Giardia sp. Em Uberlândia, Minas Gerais, Mundim et al (2004) verificaram a freqüência de helmintos parasitos em 50 gatos domésticos, através de necropsia. Os resultados mostraram que 45 (90%) estavam parasitados por um ou mais helmintos. O gênero mais encontrado entre os nematódeos foi Ancylostoma braziliensis. Entre outros parasitas, também foram encontrados Toxocara spp., Diphylidium caninum e Spirometra mansonoides,todos podendo parasitar o homem, sendo assim considerados zoonoses. Na região Sul do Brasil, no município de Itapema, SC, Blazius et al (2005) avaliaram a ocorrência de protozoários e helmintos em cães errantes. No período de agosto de 2003 a maio de 2004 foram analisadas 158 amostras de fezes e destas, 121(76,6%) estavam positivas. Dentre os parasitas encontrados, Ancylostoma spp. foi o que apresentou maior prevalência, seguido por Toxocara canis (14,5%), Trichuris vulpis (13,9%), Isospora spp. (6,3%) e Dipylidium caninum (1,9%). O índice de parasitismo múltiplo foi observado em 66,9% das amostras, enquanto que monoparasitismo foi de 62,8%. A prevalência de nematódeos intestinais em 65 cães errantes, foi observada por Hoffmann et al (2000), em Dom Pedrito, RS. A partir da análise

5 de fezes coletadas dos animais, foi verificado que 66,2% dos cães estavam Ancylostoma sp. esteve presente em 46,2% das amostras, seguido por Trichuris sp. (9,2%) e Toxocara sp. (1,5%). Também, foram observadas associações entre Ancylostoma sp. / Trichuris sp. em 6,2% e Ancylostoma sp. / Toxocara sp. em 3,0 %. Ainda no estado do Rio Grande do Sul, no município de Canoas, a Giardia lamblia, em cães de rua e de canis, através e 332 amostras de fezes desses animais, submetidas às técnicas de Faust e coloração por Auramina, mostrou que 34,04% das amostras analisadas através da primeira técnica estavam positivas para Giardia lamblia, enquanto que apenas 15,65% apresentaram -se positivas, quando analisadas pelo método da coloração por Auramina. Apesar das diferenças constatadas entre as técnicas utilizadas para o estudo, a freqüência de Giardia lamblia em cães do município de Canoas foi expressiva e deve ser levada em visto o potencial zoonótico deste protozoário (Beck et al., 2005). Lara et al (1981), em Pelotas RS, necropsiaram 118 cães de rua de ambos os sexos e idades diferentes, para verificar a presença de helmintos. Os resultados mostraram que 98,31% dos cães apresentaram Ancylostoma caninum, 68,64% Trichuris vulpis, 48,31% Diphylidium caninum, 26,27% Toxocara canis, 7,63% Ancylostoma braziliense, 0,85% Dioctophyma renale e 0,85% Spirocerca lupi. Foram observadas também, infecções múltiplas principalmente entre Ancylostoma /Trichuris e Ancylostoma/ Trichuris / Diphylidium. 2.2 O AMBIENTE COMO FONTE DE CONTAMINAÇÃO POR PARASITOS O ambiente contaminado por ovos de helmintos e oocistos de protozoários que parasitam cães e gatos, pode ser uma importante fonte de contaminação para o homem. Isto tem motivado a realização de muitos estudos em diversas partes do mundo, através da análise de amostras do solo, com o objetivo de conhecer os parasitos mais freqüentes em cada região estudada.

6 Na cidade de La Plata, Argentina, uma pesquisa de formas parasitárias no solo, constatou a presença de 98 cistos de protozoários, 106 ovos de helmintos e 348 larvas de nematódeos. (Córdoba et al., 2002). Também na Argentina, na província de Chubat, foram investigadas 13 inar a presença de parasitas intestinais, em amostras de fezes coletadas no ambiente. Os resultados mostraram que 481 amostras (25,9%) estavam positivas para parasitos intestinais, sendo mais freqüentes ovos de Toxocara sp. e larvas de nematódeos, seguidos por Taenia sp e Diphylidium Caninun (Sanchez et al.,2003). No Brasil, em Campo Grande, MS, Araújo et al (1999) avaliaram a presença de ovos de Toxocara spp. e Ancylostoma spp., em fezes coletadas em 74 praças públicas da cidade. Foi constatado que 8 (10,8 estavam contaminadas com ovos de Toxocara e 42 (56,8%) com ovos de Ancylostoma. O estudo demonstrou o risco potencial da transmissão de zoonoses causadas por helmintos de cães, especialmente a Larva Migrans No estado de São Paulo, em Araçatuba, foi investigada a ocorrência de agentes da LMC na areia das escolas municipais de ensino infantil (EMEI), por meio de estabelecimento da freqüência de isolamento de larvas e/ou ovos de Ancylostoma spp. e de ovos de Toxocara spp. Colheram-se 535 amostras de areia das áreas de lazer de 28 EMEI distribuídas em todos os bairros da zona urbana de Araçatuba. A primeira colheita foi realizada no mês de janeiro de 1997 (verão) e a segunda no mês de julho do mesmo ano (inverno). A larvas foi realizada pelo método de Baermann. A avaliação da presença de ovos de Toxocara spp. e Ancylostoma spp. foi realizada pelo método da centrífugo-flutuação modificado. Os autores relatam a presença de larvas de Ancylostoma spp. em pelo menos uma das amostras coletadas, em 35,7% no verão e em 46,4% no inverno. Não foi registrada a presença de ovos de Toxocara sp. em nenhuma das amostras de areia analisadas. Ovos de Ancylostoma spp. foram encontrados em 0,56% (3/535) (Nunes et al., 2000). Ainda no estado de SP, no município de Taciba, após o registro de vários casos de LMC em crianças da região, foi realizado um estudo para identificar possíveis focos de contaminação. Foi investigado o parque de recreação pública, peridomiciliar às residências das

7 freqüentados pelas mesmas. Constatou-se a presença de larvas de Ancylostoma spp., em amostras provenientes do campo de futebol e da área de lazer infantil, observando-se pelo menos uma larva por lâmina. Não foi recuperado nenhum ovo de Toxocara sp. ou oocisto de protozoário nas amostras analisadas (Santarém et al., 2004). investigaram a presença de Ancylostoma spp em solos das praças públicas da cidade. Um total de 30 praças foram estudadas, sendo 15 da área central e 15 da zona urbana periférica. A análise das amostras do solo, foi feita através da técnica de Caldwell & Caldwell modificada. Os resultados mostraram que na zona urbana central, 86,7%(13) das praças estavam contaminadas com ovos do parasito em estudo e 13,3%(2) não apresentaram contaminação, já na zona urbana periférica todas as 15 praças apresentaram-se contaminadas. No município de Guaíba, RS, foram estudadas amostras de água e areia de três praias de rio sendo: Alegria, Caizinho e Florida. Os resultados mostraram que em todas as praias estudadas havia presença de ovos de helmintos, cistos e oocistos de protozoários, sendo estes últimos de maior prevalência, seguidos por ovos de Ascaris sp. Também foram encontrados ovos de Toxocara sp., Trichuris sp., Ancylostoma spp. e Taenia sp. Os autores alertam para o risco LMC, LMV, Criptosporidiose, Giardíases, dentre outras parasitoses (Lagaggio et al., 2001). Scaini et al (2003), no Balneário do Cassino, litoral sul do Rio Grande do Sul, avaliaram a contaminação ambiental por ovos e larvas de helmintos, com potencial zoonótico, em 237 amostras de fezes, coletadas na areia do balneário. A principal contaminação registrada foi por Ancylostoma spp, em 71,3% das amostras. Também foram encontrados ovos de Trichuris spp em 32,5%, Toxocara spp 9,3%, Stongyloides 3,0%, Taenidae 0,8% e Toxascaris em 0,4% das amostras analisadas. Além disso, foram observadas associações entre estes parasitos, sendo a mais freqüente entre Ancylostoma spp e Trichuris spp. Os autores concluíram que os cães desempenham um papel importante como fonte de contaminação ambiental de parasitos com potencial zoonótico, necessitando uma maior atenção da população em relação à saúde destes animais, visando à diminuição do risco da infecção para o homem e aos

8 2.3 PARASITISMO DO HOMEM As parasitoses de cães e gatos constituem um sério risco à saúde pública, já que muitos parasitos apresentam um potencial zoonótico bastante elevado, sendo facilmente transmitidos para o homem, o qual também pode desempenhar o papel de hospedeiro acidental, pois muitos parasitos não têm a espécie humana como hospedeiro ideal e assim não completam seu ciclo Uma zoonose muito importante, relacionada à contaminação ambiental é a Larva Migrans Cutânea (LMC), também denominada dermatite serpiginosa. Os principais agentes etiológicos envolvidos são larvas infectantes de Ancylostoma braziliense e Ancylostoma caninum, parasitas do intestino delgado de cães e gatos. A contaminação ocorre quando larvas infectantes (L 3 ), penetram ativamente pela pele e migram pelo tecido subcutâneo. Diversos trabalhos têm sido feitos em várias partes do mundo com o objetivo de investigar essa síndrome que é con saúde pública, principalmente para crianças que costumam freqüentar áreas de lazer. Araújo et al (2000), investigaram a infecção por LMC, ocorridas em crianças de uma escola de ensino infantil, na cidade de Campo Grande, MS. A área de recreação da escola, a qual era constituída de areia, foi inspecionada após relato de ocorrência de bixo geográfico em seis (37,5%) dos alunos. Foram feitas análises em nove amostras de areia, as quais resultaram os, porém larvas de Ancilostomídeos foram recuperadas pala técnica de Baermann. Ferreira et al (2003), relataram o caso clínico de uma criança de três anos de idade, do sexo feminino que apresentava lesões eritematopruriginosas no om cerca de um mês de evolução. Segundo a mãe da paciente, as lesões foram adquiridas durante uma viagem pelo nordeste brasileiro, no dia em que a mesma brincou em uma caixa contendo areia. Após observação da criança foi diagnosticado LMC. Foi constatada u favorável, após tratamento com tiabendazol e regressão completa em uma semana de tratamento.

9 Outra zoonose importante, relacionada à contaminação ambiental, é a Larva Migrans Visceral ( LMV), que se caracteriza pela migração prolongada das larvas de nematódeos de cães e gatos no organismo humano. O principal responsável por essa zoonose é o ascarídeo Toxocara canis e eventualmente T. cati e Ancylostoma caninum, também parasitos de cães e gatos (Neves et al., 2000). T. canis é um parasito de distribuição cosmopolita, que tem como hospedeiros definitivos cães e gatos e vários hospedeiros acidentais, inclusive o homem, que pode se infectar ingerindo ovos larvados oriundos do solo ou de alimentos contaminados. Estes ovos liberam suas larvas no intestino, as quais, após penetrarem pela mucosa intestinal, atingem diferentes tecidos através da circulação sangüínea (Neves et al., 2000). Em Santiago, no Chile, Rugiero et al (1995), avaliaram oito pacientes com idade entre 19 a 31 anos, com LMV, atendidos no hospital Salvador. Foi constatado que em quatro casos havia envolvimento cardíaco, três, pulmonar e em dois pacientes, vários órgãos foram afetados. Todos os pacientes apresentaram eosinofilia e anticorpos anti- T. canis. Chieffi, (1984), realizou um estudo no Brasil, na cidade de São Paulo, onde foi determinada a freqüência de anticorpos anti-toxocara, através da técnica de ELISA. Foram analisadas 2025 amostras de soro e destas, 70(3,46%) revelaram anticorpos anti-toxocara. Foi constatado ainda que, os maiores títulos foram detectados em indivíduos que possuíam cães em suas residências nos dois últimos anos. Em Brasília, DF, Campos et al (2003), determinaram a freqüência de soropositividade, para antígenos de Toxocara canis em crianças de classes sociais diferentes. A partir da técnica de ELISA, foi verificado um percentual de positividade em 66% das amostras provenientes de crianças de baixa renda e 3% em crianças de classe média, indicando uma alta infecção principalmente enos favorecida. Ainda observando a freqüência de anticorpos anti-toxocara, Aguiar- Santos et al (2004), analisaram através da técnica de ELISA, 386 amostras de soros de crianças e adolescentes. A partir das análises, constatou-se um percentual de 39,4% de amostras positivas.

10 No estado do Rio Grande do Sul, na cidade de Pelotas, Schoenardie (2005), através da técnica de ELISA, avaliou 427 soros de crianças de 1à 12 anos de idade, para diagnóstico da Larva Migrans Visceral, observando positividade em 50,6% das amostras. Esse resultado indica uma alta contaminação ambiental por Toxocara sp. e alerta para um grave problema de saúde pública.

11 3. OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL - Conhecer a contaminação parasitária ambiental da C pescadores Z-3, Pelotas, RS. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Verificar a presença de helmintos em amostras de areia do ambiente da -3, Pelotas, RS. - Identificar os helmintos presentes nas amostras de areia, através do exame morfológico dos ovos e larvas. - Verificar a presença de helmintos em amostras de fezes coletadas no ambiente.

12 - Identificar os helmintos presentes nas amostras de fezes, através de exame morfológico dos ovos e larvas. - Verificar a presença de cistos e oocistos de protozoários nas amostras de areia e fezes do ambiente. - Relacionar os dados climáticos com a presença de parasitos nas fezes a areia.

13 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1 SELEÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO O estudo foi realizado na Colônia de pescadores, que está situada no Sul do Rio Grande do Sul, a 23 km do centro da cidade de Pelotas e abriga em média de 4500 habitantes, que vivem da atividade pesqueira. Para realização do trabalho, foram selecionados cinco pontos central da Colônia de Pescadores Z-3, compreendendo: Praça Olegário Costa, Praça da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, Rua Rafael Brusque, margem da Laguna dos Patos em torno da Colônia de pescadores e pátio da Escola Rafael Brusque, e desses locais foram feitas colheitas mensais de fezes e areia. Os locais de coleta estão identificados no mapa da Colônia de Pescadores Z-3, na FIGURA 1.

14 4.2 COLHEITA DAS AMOSTRAS DE FEZES No período compreendido entre os meses de junho de 2004 à maio de 2005, foram coletadas mensalmente todas as amostras de fezes encontradas nos pontos selecionados. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, identificados e transportadas em caixas de isopor para o Laboratório de Parasitologia da Universidade Federal de Pelotas. No laboratório, as amostras foram mantidas refrigeradas até o momento do processamento. 4.3 EXAME PARASITOLÓGICO DAS AMOSTRAS DE FEZES As amostras foram processadas pela técnica quantitativa e qualitativa de Gordon & Whitlock (1939) no Laboratório de Parasitologia da Universidade Federal de Pelotas. De cada amostra coletada, utilizou-se 2g de fezes e a esse material foi acrescentado 30ml de solução hipersaturada de Nacl. Após homogeneização, o material foi tamisado com duas peneiras de malhas diferentes e com auxílio de uma pipeta, foi colocado em câmara de Mac Master para leitura em microscópio óptico com aumento de 100 e 400 vezes, sendo que para cada amostra foram feitas duas leituras e o resultado obtido através de uma média aritmética. 4.4 COLHEITA DAS AMOSTRAS DE AREIA Durante o período de junho de 2004 a abril de 2005, foram feitas colheitas mensais de areia. Em cada ponto selecionado, estabeleceu-se uma área retangular e em cada um dos quadrantes e do centro da área, coletou-se através de raspagem superficial do solo uma amostra de 250g de areia. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, devidamente identificadas e transportadas ao laboratório de Parasitologia da Universidade Federal de Pelotas, onde foram mantidas refrigeradas até serem processadas.

15 4.5 EXAME PARASITOLÓGICO DAS AMOSTRAS DE AREIA As amostras de areia foram processadas no laboratório de Parasitologia do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da Universidade Federal de Pelotas, através da Técnica de Caldwell & Caldwell modificada por Corrêa (1995) para pesquisa de ovos, larvas de helmintos e oocistos de protozoários, conforme FIGURA 2. De cada amostra de areia coletada, foram feitas cinco repetições com 4g de areia. As amostras foram colocadas em tubos plásticos para centrífuga com auxílio de um funil. Acrescentou-se 4g de solução de hipoclorito de sódio 5-6% diluído a 30% e em seguida foi feita a homogeneização. Após, foi colocado 6,5 ml de dicromato de potássio e novamente o material foi centrifugado. Os tubos foram centrifugados por cinco minutos a 1000 rpm e em seguida, foram completados com dicromato de potássio até a formação de um menisco. Posteriormente, em cada tubo foi colocada uma lamínula e as amostras permaneceram em repouso por 30 minutos. Decorrido o tempo, as lamínulas foram colocadas sobre lâminas para leitura, a qual foi feita em microscópio óptico com aumento de 100 e 400 vezes, para pesquisa de ovos de helmintos. 4.6 AVALIAÇÃO MICROFOTOGRÁFICA Ovos de parasitos encontrados nas amostras de fezes e areia analisadas, foram imediatamente fotografados para registro das imagens e estudo posterior das mesmas. 4.7 OBTENÇÃO DOS DADOS METEOROLÓGICOS Os dados diários de temperatura, precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar foram obtidos junto ao Centro Meteorológicos da UFPel.

16 L A G U N A G A L A T É I A D O S P A T O S COLÔNIA Z-3 FIGURA1: Representação esquemática da Colônia de pescadores Z-3 e indicação dos locais de coleta.

17 Amostras de areia Hipoclorito de sódio 5 minutos 1.000 RPM Leitura ao microscópio Dicromato de sódio (d::1,35) Repouso 30 minutos FIGURA2: Técnica de Caldwell & Caldwell modificada por Corrêa (1995) de amostras de areia.

18 5. RESULTADOS Durante a realização do estudo foram coletadas e analisadas 217 amostras de fezes e 300 amostras de areia, TABELAS 1e2 respectivamente. Na análise das fezes foi constatado que 65,44%(142) amostras estavam positivas para ovos de helmintos conforme FIGURA 3.

19 TABELA 1: Número de amostras de fezes coletadas e número de amostras positivas no período de junho de 2004 a maio de 2005. MÊS DE COLETA NÚMERO DE AMOSTRAS NÚMERO DE AMOSTRAS NEGATIVAS NÚMERO DE AMOSTRAS POSITIVAS PREVALÊNCIA DE AMOSTRAS POSITIVAS Junho 24 9 15 62,5 Julho 18 7 11 61,1 Agosto 16 6 10 62,5 Setembro 20 6 14 70,0 Outubro 20 7 13 65,0 Novembro 18 9 9 50,0 Dezembro 16 4 12 75,0 Janeiro 16 7 9 56,3 Fevereiro 17 9 8 47,0 Março 17 4 13 76,4 Abril 17 5 12 70,6 Maio 18 2 16 88,9 TOTAL 217 75 142 65,44% TABELA 2: Número de amostras de areia coletadas e número de amostras positivas no período de junho de 2004 a maio de 2005. MÊS DE COLETA NÚMERO DE AMOSTRAS NÚMERO DE AMOSTRAS NEGATIVAS NÚMERO DE AMOSTRAS POSITIVAS PREVALÊNCIA DE AMOSTRAS POSITIVAS Junho 25 23 2 8,00 Julho 25 21 4 16,00 Agosto 25 19 6 24,00 Setembro 25 18 7 28,00 Outubro 25 19 6 24,00 Novembro 25 22 3 12,00 Dezembro 25 19 6 24,00 Janeiro 25 23 2 8,00 Fevereiro 25 22 3 12,00 Março 25 21 4 16,00 Abril 25 20 5 20,00 Maio 25 21 4 16,00 TOTAL 300 248 52 17,33%

20 34,56% Positivas 65,44% Negativas FIGURA 3: Percentagem de amostras de fezes positivas para ovos de helmintos, coletadas no ambiente da Colônia de Pescadores Z-3, analisadas pela técnica Gordon & whitlock. Os ovos de helmintos diagnosticados na fezes foram Ancylostoma sp., Trichuris sp., Toxocara sp. e Ascaris sp, sendo Ancylostoma sp. o que apresentou maior prevalência, estando presente em 84,5%(120) das amostras positivas, seguido por: Trichuris sp.17,60%(25), Toxocara sp.10,56%(15) e Ascaris sp.2,11%(3), estes dados podem ser observados na FIGURA 4. Percentagem de amostras positivas 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 84,50% Ancylostoma sp. 17,60% 10,56% 2,11% Trichuris sp Toxocara sp Ascaris sp. FIGURA 4: Percentagem dos parasitos encontrados em amostras de fezes analisadas pela técnica de Gordon & whitlock.

21 A partir da análise das amostras de fezes, também foram observadas associações entre parasitos, sendo: Ancylostoma sp. e Trichuris sp em 24 (16,9%), Ancylostoma sp. e Toxocara sp. em 5 (3,52%) e também Ancylostoma sp., Ascaris sp. e Trichuris sp. em 2 (1,40%) das amostras, conforme TABELA 3. TABELA 3: Associações entre parasitos encontradas em amostras de fezes positivas pela técnica de Gordon & whitlock. Tipo de Associação Número de Amostras Associadas Ancylostoma sp. / Trichuris sp. 24 Ancylostoma sp./ Toxocara sp. 5 Ancylostoma sp. / Trichuris sp. / Ascaris sp. 2 Total 31 Em relação a areia, foram processadas 300 amostras e destas 17,33% (52) estavam positivas para ovos de helmintos, conforme FIGURA 5. 17,33% Positivas Negativas 82,66% FIGURA 5: Percentagem de amostras de areia positivas e negativas analisadas pela técnica de Caldwell & Caldwell, modificada por Corrêa (1995).

22 O parasito que apresentou maior prevalência foi Trichuris sp. 42,3% (22), seguido por Ancilostomídeos 40,38% (21) e Toxocara sp. em 21,15% (11) das amostras positivas (FIGURA 6). Não foram observados cistos de protozoários, nas amostras de areia analisadas. Percentagem de amostras positivas 45,00% 40,00% 35,00% 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% Trichuris sp. 42,30% 40,38% Ancilostomídeo Toxocara sp. 21,15% FIGURA 6: Percentagem dos parsitos encontrados em amostras de areia, processadas pela técnica de Caldwell & Caldwell, modificada por Corrêa (1995) Foram observadas associações entre parasitas, em nove amostras positivas, sendo a mais freqüente entre Trichuris sp. / Ancylostomídeos em 7 amostras, seguido por Ascaris sp. / Toxocara sp. / Trichuris sp. (1) e Toxocara sp. / Trichuris sp. (1), as quais podem ser observadas na TABELA 4. TABELA 4: Associações entre parasitos observadas em amostras de areia analisadas pela técnica de Caldwell & Caldwell, modificada por Corrêa (1995) Tipo de Associação Número de amostras associadas Ancilostomídeos / Trichuris sp. 7 Ascaris sp / Ancilostomídeos / 1 Toxocara sp / Trichuris sp. Toxocara sp. / Trichuris sp. 1 Total 9

23 Nas FIGURAS 7, 8, 9 e 10 podem ser observados respectivamente fotomicrografias de ovos de Trichuris sp., Ancilostomídeos, Ascaris sp., e Toxocara sp., encontrados nas amostras de areia e fezes. FIGURA 7: Ovo de Trichuris sp. observado nas amostras de areia analisadas pela técnica de Caldwell & Caldwell. Aumento 100x. FIGURA 8: Ovo larvado de Ancilostomídeo, observado nas amostras de areia analisadas pela técnica de Caldwell &Caldwell. Aumento 40x.

24 FIGURA 9: Ovo de Ascaris sp. observado nas amostras de fezes, processadas pela técnica de Gordon & Whitlock. Aumento de FIGURA 10: Ovos de Toxocara sp. observados nas amostras de fezes, processadas pela técnica de Gordon & Whitlock. Aumento de 40x.

25 Na FIGURA 11, estão representados dados médios de temperatura, precipitação e prevalência de ovos de helmintos nas fezes e areia, da colônia de Pescadores Z-3. A percentagem de amostras de fezes positivas apresentou uma média de 65,44%, sendo o mês de maio com maior prevalência, 88,9%, posterior ao mês de maior precipitação. Quanto as amostras de areia, observou-se que no período de maior precipitação e temperaturas mais baixas, houve maior percentagem de amostras positivas 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 J J A S O N D J F M A M 30 25 20 15 10 5 0 Prev.F Temp. Precip Prev.A Linear (Prev.F) Linear (Prev.A) FIGURA 11: Prevalência (± 1 desvio padrão) de amostras de fezes positivas para ovos de helmintos (Prev.F) e areia (Prev.A) coletadas no ambiente da Colônia Z3, confrontada com dados climáticos, durante os meses de junho de 2004 a maio de 2005.

26 6. DISCUSSÃO Inúmeros estudos foram conduzidos em diversa partes do mundo, mostrando a contaminação no solo por ovos de helmintos e oocistos de protozoários, em praças e parques públicos. Durante a realização do trabalho na Colônia de pescadores Z3, verificouse a presença de um grande número de cães soltos, sendo que muitos aparentemente não tinham dono, o que pode justificar o considerado número de fezes encontradas no ambiente. Isso é coerente com trabalho realizado por Serrano et al (2000), que avaliaram a contaminação por ovos de Toxocara sp. em parques públicos no Peru e concluíram que os locais mais contaminados correspondiam aos parques onde foi observado um número maior de animais soltos. Das 217 amostras de fezes, 142(65,44%) apresentaram-se positivas para ovos de helmintos. Este resultado é semelhante ao encontrado por Ferraz (2002), que analisou a presença de formas parasitária na praia do laranjal, Pelotas, RS, através de exames em amostras de fezes e constatou que das 194 amostras, 60,31% estavam positivas. Resultado também semelhante foi encontrado por Milano et al (2002), na cidade de Corrientes, Argentina onde os

27 autores verificaram a contaminação em praças públicas e observaram 59,3% de positividade em amostras de fezes coletadas no ambiente. Apesar do resultado encontrado na Colônia de Pescador Z-3 ser alta, é inferior ao resultado encontrado por Scaini et al (2003), no Balneário do Cassino, RS, que avaliaram a contaminação em fezes coletadas na areia da praia e verificaram a presença de formas parasitária em 86,1% das amostras analisadas. Esse percentual menor de positividade, encontrado na Colônia Z-3, provavelmente seja devido os animais domésticos, apesar de estarem soltos, pertencerem aos moradores, portanto com acesso a vermífugos. A maior prevalência foi para ovos de Ancylostoma sp., diagnosticado em 84,5% das amostras positivas. Este resultado é coerente com outros trabalhos realizados, que mostram este parasita aparecendo em maior prevalência, como o estudo realizado por Castro et al (2005), que avaliaram a contaminação em Praia Grande, SP, por ovos de Ancylostoma sp. e Toxocara sp. e verificaram uma prevalência de 46% para o primeiro parasita enquanto que para o segundo 1%. Também Andresiuk et al, (2003), analisando amostras de fezes coletadas em praças da cidade de Bueno Aires, Argentina, encontraram uma maior prevalência para ovos de Ancylostoma sp., quando comparados aos outros parasitos encontrados. A presença de ovos de acilostomídeos confirma a hipótese de serem os cães importantes veículos de contaminação ambiental, pois, estes são o hospedeiros preferenciais do gênero Ancylostoma sp. Trichuris sp. foi o segundo parasito mais encontrado, em 17,60 % das amostras positivas, este dado é importante porque segundo Prado et al (2001), este parasito é encontrado com gr principalmente entre as crianças onde pode provocar uma deficiência no desenvolvimento e redução na aprendizagem durante a fase escolar, além de problemas patológicos. Portanto, a presença de ovos deste nematódeo no ambiente, indica a possibilidade de infecção humana. Toxocara sp., foi registrado com menor prevalência (10,56%) das amostras positivas, talvez isso esteja relacionado com o fato de que a maioria dos cães, observados ao redor dos locais de coleta, eram adultos, pois estes, já adquiriram resistência a este parasito e apresentam com Ancylostoma caninum, enquanto os jovens são mais parasitados por Toxocara canis. Resultado semelhante, em relação à presença

28 de Toxocara sp. foi encontrado por Castillo et al (2000), em Santiago, Chile, que analisaram 288 amostras de fezes e verificaram a presença deste parasito em 13% das fezes processadas. Já Salinas et al (2001), verificando a prevalência de ovos de Toxocara sp., em amostras de fezes coletadas no ambiente, obtiveram um resultado superior ( 18,2%). Também foram encontrados ovos de Ascaris sp., chamando a atenção para um problema social, pois este parasita indica a presença de fezes humanas no ambiente, já que utiliza o intestino delgado do homem como órgão de eleição. Estudos indicam que a infecção por Ascaris sp. em crianças, é alta em todo Brasil, estando entre 15 e 50 %, conforme Coelho et al., (1999), Uchoa et al (2001) e Villela et al (2003) que verificaram a prevalência deste parasito em crianças em idade escolar em diferentes regiões do Brasil. Em relação à análise da areia, foi verificada uma freqüência de 17,33% de amostras positivas. Este resultado é inferior ao encontrado por Tavares (1999), que avaliou a contaminação do solo, em condomínios da cidade de Pelotas, e observou um percentual de 33,33% de positividade nos locais estudados. Foram diagnosticados os seguintes parasitos: Trichuris sp., ancilostomídeos e Toxocara sp., com uma prevalência de 42,3, 40,38 e 21,15% respectivamente. A maioria dos trabalhos de contaminação do solo, investiga a Toxocara sp., por ser este parasito agente de uma importante zoonose, que é a Larva Migrans Visceral, assim, Coelho et al (2001), avaliaram a contaminação por ovos deste parasito em amostras de solo das ruas de Sorocaba, SP. e encontraram 53,3% de positividade. Ainda investigando a contaminação por ovos de Toxocara sp., Wiwanitkit & Waencor (2004), na Tailândia, registraram positividade para este parasita, porém em menor prevalência (5,75%) das amostras estudadas. Quando se relacionou a prevalência de amostras positivas nas fezes e areia, verificou-se que ovos de Ancylostoma sp. foram mais freqüentes nas fezes e Trichuris sp. na areia. Isto ocorre devido a forma de evolução das larvas deste nematódeo. No gênero Ancylostoma sp. as larvas de primeiro estádio evoluem dentro do ovo e em 2 a 3 dias estas eclodem, tornando-se infectantes no ambiente. No Gênero Trichuris sp. a forma infectante é o ovo contendo a L1. Portanto após eliminação de ovos, no caso do Ancylostoma sp.

29 em poucos dias teremos somente larvas no ambiente e não ovos, já com Trichuris sp. só teremos ovos (Neves, 2000). Os resultados encontrados neste trabalho indicam a presença de vários parasitos, causadores de zoonoses, estando as pessoas e principalmente as crianças, expostas ao risco de contraírem, trichurose, Larva Migrans Cutânea e Visceral. Na Argentina, Alonso et al (2004), determinou a soroprevalência para Toxocara sp. em pessoas adultas e confirmaram positividade em 35,21% dos soros analisados. Resultado semelhante foi encontrado por Alderete et al (2003), após realização de sorologia para Toxocara sp. (ELISA) e constatação de 38,8% de amostras positivas. Já em Pelotas, Schoenardie (2005), encontrou uma prevalência ainda maior para este parasito, (50,6%) dos soros também analisados pela técnica de ELISA. Quando foram analisadas as condições ambientais, que favorecem a sobrevivência das formas parasitárias, observou-se que no período de maior ão e menor temperatura, ocorreu maior número de amostras de areia positivas. Sabe-se que temperaturas altas e pouca precipitação, diminuem e/ou inviabilizam as formas parasitárias no ambiente (Lancaster, 1970). Já com relação as formas parasitárias diagno diretamente ação das condições climáticas, pois dependem do nível de infecção dos animais e esta depende da raça, estado fisiológico, idade, nutrição e também contaminação ambiental (Armour, 1980). Não foram encontrados cistos de protozoários no ambiente da Colônia de Pescadores Z-3. Uma provável explicação para isto, talvez seja devido a maioria das fezes encontradas no ambiente, serem de origem canina e estes são parasitados com maior freqüência por helmintos. Um dado relevante, observado durante a realização deste trabalho, foi a presença de formas parasitárias em amostras de solo coletadas no pátio da escola, apesar da área escolar ser totalmente fechada com muros, indicando que os animais domésticos têm acesso a este local. Como os alunos utilizam o pátio para a prática de esportes e também área de lazer, este pode ser uma fonte de contaminação importante para as crianças. Os resultados indicam a presença de diferentes parasitos, que são agentes de zoonoses em todos os locais de coletas, existindo a possibilidade

30 de infecção humana, pois o ambiente constitui um importante foco de contaminação por permitir a longa viabilidade de ovos no ambiente. É importante que a população seja esclarecida da necessidade de manter animais domésticos tratados e também da importância de se controlar a natalidade dos mesmos, evitando assim o aumento do número de cães errante, os quais são os principais disseminadores de parasitos causadores de zoonoses. Medidas de controle de parasitoses são de suma importância para que sejam evitados problemas de saúde pública e até mesmo para os próprios animais.

31 7. CONCLUSÕES Os resultados obtidos, durante a realização do trabalho, permitem concluir que ocorre contaminação no ambiente da Colônia de Pescadores Z-3, por ovos de helmintos. Existe a possibilidade de infecção humana, através de contato com fezes e areia, contaminadas com ovos de helmintos causadores de zoonoses. É necessário que sejam tomadas medidas no sentido de reduzir a contaminação do ambiente, evitando assim a disseminação de parasitoses em animais e no homem.

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