A INDEXAÇÃO NAS ÁREAS DO CONHECIMENTO: UMA COMPARAÇÃO DAS ÁREAS DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA, DAS CIÊNCIAS HUMANAS E DA LINGÜÍSTICA, LETRAS E ARTES

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Transcrição:

GT 2 - Organização e Representação do Conhecimento Modalidade de apresentação: pôster A INDEXAÇÃO NAS ÁREAS DO CONHECIMENTO: UMA COMPARAÇÃO DAS ÁREAS DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA, DAS CIÊNCIAS HUMANAS E DA LINGÜÍSTICA, LETRAS E ARTES Lívia Ferreira Coutinho Universidade Federal de Minas Gerais Carlos Alberto Ávila Araújo Universidade Federal de Minas Gerais Resumo: Este estudo busca analisar algumas particularidades do processo de indeação em relação às diferentes áreas do conhecimento científico, comparando, para tanto, atividades de indeação de títulos nas áreas de Ciências Eatas e da Terra, das Ciências Humanas e da Lingüística, Letras e Artes (tal como definidas na Tabela de Áreas do Conhecimento do CNPq). Tal pesquisa baseou-se na problematização teórica do processo de indeação na Ciência da Informação. Tradicionalmente, essa atividade foi caracterizada como uma ação que deveria ser pautada por métodos e técnicas que buscassem uma leitura neutra e universal, sem a interferência de interpretações pessoais, com o propósito de encontrar os descritores que representam o teto de maneira eata ao sentido do documento. Contudo, nos últimos anos, observa-se uma mudança de paradigma no estudo da indeação, saindo da abordagem neutra da atividade técnica para o entendimento da subjetividade do bibliotecário/cientista da informação. Dessa forma, é observada a interação dos indivíduos abordando o bibliotecário/cientista da informação como um sujeito social que constrói a realidade. Nesta pesquisa foi analisada a atividade de indeação de documentos em três diferentes áreas do conhecimento, com o intuito de identificar algumas diferenças relacionadas com as diversas áreas, durante a análise, percebeu-se que as áreas possuem procedimentos em comum como a leitura do título e subtítulo, do sumário e da identificação da área do livro. Um fator importante que pode ser considerado é o perfil do bibliotecário que influenciou mais do que a própria diferença das áreas. Dessa forma, pode-se dizer que o perfil ameniza as diferenças entres as áreas. Sendo a atividade de indeação mais influenciada pelo perfil. Palavras-chave: indeação; subjetividade; construção social da realidade.

1 INTRODUÇÃO A indeação é uma atividade que faz parte do tratamento da informação. Dias e Naves (2007, p. 27) apresentam as variações eistentes para o termo indeação, neste estudo o termo será trabalhado de acordo com o segundo sentido atribuído. No conteto do tratamento da informação, o termo indeação possui dois sentidos: um, mais amplo, quando se refere à atividade de criar índices, seja de autor, título, assunto, tanto de publicações (livros, periódicos), quanto de catálogos ou banco de dados, em bibliotecas ou centros de informação. O outro sentido, mais restrito, se refere apenas à indeação ou catalogação de assuntos das informações contidas em documento. Tradicionalmente, o tema da indeação é tratado numa perspectiva mais técnica, do fazer profissional e, nesse sentido, tem-se um ideal de neutralidade, de não- interferência do indeador. Nessa visão, a análise documentária deve ser realizada com métodos rigorosos para que não haja interferências eteriores no assunto do teto. Kobashi (1994, p. 61) confirma essa ideia dizendo que a Análise Documentária [...] preocupa-se com a identificação da estrutura informacional dos tetos, ou seja, com o próprio teto, a fim de elaborar representações condensadas que permitam ao leitor identificar o seu conteúdo informacional. Observa-se que o foco da análise é o próprio teto, não sendo abordada a questão da interpretação do bibliotecário, ou seja, considera que o indeador anula a sua ideologia, história e cultura. Devido a essa abordagem na análise documentária, a leitura técnica, que faz parte desse processo, também é considerada como uma atividade sem abstração de conceitos, uma leitura profissional com intuito de etração de conceitos sem interferência de uma interpretação. Fujita (2004) relata sobre a leitura técnica a leitura em análise documentária, entendida como uma atividade de cunho profissional, caracteriza o indeador como leitor profissional que realiza a leitura documentária. Dessa forma, o objetivo principal da formação do indeador, do resumidor e do classificador seria firmá-lo ou capacitá-lo pra uma leitura com objetivos profissionais.

Cunha (1990, p. 59) relata que a Biblioteconomia/Ciência da Informação designa um leitura única em seu processo de leitura com fins de análise documentária, de forma subentendida ou epressa, na qual não importa o sujeito do processo de leitura. E ainda afirma que o mesmo ocorre na indicação de palavras-chave aos tetos, pois essas também são consideradas como neutras, como se tivessem apenas um sentido verificável por qualquer pessoa. Eistem estudos que se propõem a problematizar a atividade de indeação, saindo da abordagem neutra da atividade técnica para a subjetividade do bibliotecário/cientista da informação. Dessa forma, é observada a interação dos indivíduos abordando o bibliotecário/cientista da informação como um sujeito social que constrói a realidade. Berger e Luckmann (2005, p.35) afirmam que a vida cotidiana apresenta-se como uma realidade interpretada pelos homens e subjetivamente dotada de sentido para eles na medida em que forma um mundo coerente. Dessa forma, pode-se inferir que a realidade é como um processo que sofre interferências humanas ao longo de seu caminho, constituindo um conteto social. Da mesma maneira que a realidade é interpretada, a informação também é, quando ocorre sua representação. A indeação busca a compreensão do sentido (significado) do documento para poder representá-lo. não há, de um lado, a coisa em-si, e, de outro lado, a coisa para nós, mas entrelaçamento do físico material e da significação, a unidade de um ser e de seu sentido, fazendo com que aquilo que chamamos coisa seja sempre um campo significativo (CHAUÍ, 1986, p.18). Nesse caso, a coisa representa a informação, logo se percebe que o objeto de estudo da Ciência da Informação, que é a informação, não é algo fio. Oliveira (2005, p.18) afirma que a informação é um objeto compleo, fleível, mutável, de difícil apreensão, que sua importância e relevância estão ligadas ao seu uso. Cunha (1990, p. 70) em sua obra também relata sobre o processo de leitura do bibliotecário/cientista da informação. (...) consideramos que enquanto leitor o bibliotecário/analista da documentação tem sempre uma visão ideológica, sobrepondo-se á linguagem-ideologia do teto/discurso a analisar. Junção que se manifesta pela opção ideológica que faz em relação ao uso ou descarte de determinados conceitos/palavras-chaves, mesmo tendo em mente as regras de objetividade e neutralidade aconselhadas pelos manuais e pela ética profissional vigente.

Mesmo com toda técnica, nota-se que não eiste uma neutralidade por parte do bibliotecário/cientista da informação durante a análise documentária. 2 METODOLOGIA De acordo com a Norma 12.676, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (1992, p. 2), a atividade de indeação compreende três etapas: eame do documento e estabelecimento do assunto de seu conteúdo; identificação dos conceitos presentes no assunto; tradução desses conceitos nos termos de uma linguagem de indeação. Neste projeto será analisada a atividade em três diferentes áreas do conhecimento, com o intuito de abranger as diferenças das diversas áreas. Foram escolhidas as áreas de Ciências Eatas e da Terra, das Ciências Humanas e da Lingüística, Letras e Artes. Essa classificação é de acordo com a tabela de áreas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPQ. Busca-se contrastar áreas em que a forma de produção de conhecimentos é muito diferente. Foi proposta a realização de atividade de a indeação de dois documentos para cada bibliotecário dessas áreas. Essas atividades foram gravadas para que a análise fosse de acordo com a técnica do protocolo verbal. Durante a realização das atividades de indeação, contudo, o volume das falas dos profissionais não foi suficiente para o desenvolvimento da análise utilizando essa técnica. Assim, a analise foi realizada de acordo com as categoria utilizadas por Naves (2000) e a ABNT 12.676. 3 ANALISE 3.1 Eame do documento e estabelecimento do assunto de seu conteúdo Antes de realizarem indeação, os bibliotecários consultam se não eiste o livro já catalogado em outro local, como na Library of Congress, Fundação Getúlio Vargas, Biblioteca Nacional, Rede Pergamum. Dessa forma, não é necessário realizar uma

análise de um documento já analisado, somente são realizadas algumas adaptações de acordo com a realidade específica da biblioteca. Abaio se encontra o QUADRO 1 dos procedimentos utilizados pelos bibliotecários das três áreas. Esse quadro foi baseado na norma da ABNT 12.676 e nas categorias utilizadas por Naves (2000). Procedimentos Lingüística, Letras e Artes Ciências Humanas Ciências Eatas e da Terra Leitura do título e subtítulo; Nome do autor Lombada Área do livro Leitura do resumo Leitura do índice Leitura do sumario Leitura da introdução Leitura dos capítulos Leitura da orelha do livro Leitura dinâmica Folheada geral Ilustrações, diagramas, tabelas e seus títulos eplicativos; Leitura de palavras ou grupos de palavras em destaque (sublinhadas, impressas em tipo diferente, etc.); Eame das referencias bibliográficas. Material adicional Catalogação na fonte Consulta outro bibliotecário - Procedimentos Fonte: adaptação ABNT 12676 e NAVES, 2000 3.1.1 Área do livro Os bibliotecários relataram que eiste o costume de realizar, primeiramente, a classificação, para descobrir a área que o livro cobre, depois a catalogação e quando chegam no campo de assunto podem determiná-lo com mais tranqüilidade, pois já analisaram o livro suficientemente. Dessa forma, a indeação não é feita separadamente, mas sim junto com a classificação e a catalogação. Alguns depoimentos sobre essa questão foram: Na hora que você está fazendo a classificação você tem uma ideia boa do assunto. ; e Eu olho lombada, a área que o livro cobre para poder facilitar na hora do número de classificação e eu tenho leitura dinâmica.

3.1.2 Partes básicas Algumas partes são básicas para a análise de assunto de um documento. Entre elas, o sumário, o resumo, os capítulos, as ilustrações, a catalogação na fonte e os materiais adicionais foram muito utilizados pelos bibliotecários. Ao analisar o quadro, percebe-se que os procedimentos de leitura do título e subtítulo, do sumário e da identificação da área do livro foram utilizados por todas as bibliotecas entrevistadas. Conclui-se, assim, que área do conhecimento da biblioteca não influencia na utilização desses procedimentos. Alguns relatos sobre essa questão foram: Eu olho o sumário, a ficha catalográfica, se for feita na LC, vejo o material que acompanha, geralmente, leio a parte de trás. ; Eu olho sumário, olho algumas partes do conteúdo. ; Ai eu verifiquei o que ele [livro] tem, se tem ilustração ou não tem. ; e [o termo] Ele repete em vários capítulos. 3.2 Identificação dos conceitos presentes no assunto Os bibliotecários consultados realizam uma anotação dos conceitos separadamente para posterior tradução dos termos para a linguagem de indeação. Dessa forma, quando não encontravam os conceitos, procuravam sinônimos nos termos autorizados. Um eemplo sobre essa questão foi: Escrevo os cabeçalhos que acho, faço uma leitura mais técnica. 3.3 Tradução desses conceitos nos termos de uma linguagem de indeação Foi observado que os bibliotecários que possuem mais tempo na atividade de indeação possuem maior familiaridade com os termos autorizados, dessa forma, quando designam algum conceito para o assunto já o fazem na linguagem de indeação. 3.4 Perfil Os perfis dos bibliotecários têm algo em comum, todos acreditam que é necessário sempre estar em busca de conhecimento.

Dois dos três bibliotecários cursaram disciplinas dos cursos, buscando ter maior conhecimento da área que trabalham. Eles também possuem cursos de línguas estrangeiras. Em relação aos cursos de pós-graduação, todos possuem ou estão em andamento. Alguns depoimentos sobre essa questão foram: Eu fiz leitura dinâmica quando eu tinha18 anos, [...] aliás, não tinha 18 não, tinha 16 isso me ajudou a vida inteira. ; Eu leio desde os 6 anos, então eu não tenho dificuldade, eu tenho uma facilidade muito grande de pegar e guardar o assunto. ; e Fazer as disciplinas foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida. 4 CONCLUSÃO Esse trabalho foi apenas um primeiro estudo eploratório e pretende-se, no desenvolver do mestrado, realizar uma pesquisa em relação a esse tema. Durante a análise, percebeu-se que as áreas possuem procedimentos em comum como a leitura do título e subtítulo, do sumário e da identificação da área do livro. Um fator importante que pode ser considerado é o perfil do bibliotecário que influenciou mais do que a própria diferença das áreas. Dessa forma, pode-se dizer que o perfil ameniza as diferenças entres as áreas. Sendo a atividade de indeação mais influenciada pelo perfil. Pode-se concluir que fazer matérias, cursos e outros estudos relacionados com a área em que se trabalha traz um grande auílio para o processo de indeação. Aconselha-se que os bibliotecários busquem cursos para aperfeiçoarem o conhecimento na área em que trabalham.

Referências: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12676- Métodos para análise de documentos: determinação de seus assuntos e seleção de termos de indeação. Rio de Janeiro, 1992. 4 p. BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 2005. 247p. CHAUÍ, Marilena de Souza. O que é ideologia. 22. ed. São Paulo: Brasiliense, 1980. 126 p. (Coleção Primeiros Passos, 13) CONSELHO Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. C2006. Disponível em: < http://www.cnpq.br/>. Acesso em: 9 set. 2009 CUNHA, Isabel Maria Ribeiro Ferin. Do mito à análise documentária. São Paulo: Edusp, 1990. 163 p. (Teses, v. 11) DIAS, E. W. ; NAVES, M. M. L. Análise de assunto: teoria e prática. Brasília: Thesaurus, 2007. 116 p. (Estudos avançados em Ciência da Informação, v. 3) FUJITA, Mariângela Spotti Lopes. A leitura documentária na perspectiva de suas variáveis: leitor-teto-conteto. DataGramaZero, v.5, n.4, Ago. 20004. Disponível em: <http://www.dgz.org.br/ago04/art_01.htm >. Acesso em 14/01/2009. KOBASHI, N. Y. Elaboração de informações documentárias: em busca de uma metodologia. 1994.195 f. Tese - Escola de Comunicações e Arte, Universidade de São Paulo. São Paulo, 1994. NAVES, Madalena Martins Lopes. Fatores interferentes no processo de análise de assunto: estudo de casos de indeadores. 2000. 275 f. Tese (Doutorado em ciência da informação) Escola de ciência da informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2000. OLIVEIRA, Marlene de. Origens e evolução da Ciência da Informação. In:. Ciência da informação e biblioteconomia: novos conteúdos e espaços de atuação. Belo Horizonte: UFMG, 2005. cap. 1, p. 9-28.