ESTUDO DA ERVA MATE.NO PARANÄ: 1939-1967 MARISA CQRREIA DE OLIVEIRA. Dissertação de Mestrado



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Transcrição:

ESTUDO DA ERVA MATE.NO PARANÄ: 1939-1967 MARISA CQRREIA DE OLIVEIRA Dissertação de Mestrado UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ Setor de Ciencias Humanas, Letrase Artes Departamento de História Curitiba, 1974

INTRODUÇÃO A evolução do capitalismo industrial no século XIX con dicionou a desagregação do antigo sistema colonial, mas o Brasil continuou caracterizado por uma economia periférica, fornecedor de matéria prima para centros industriais europeus e importador de artigos manufaturados e artigos alimentícios. Quando o mercado do produto fundamental na sua export^ ção, por motivos vários, se deteriora, sua economia é atingida gerando crise nacional. A economia paranaense segue até determinado ponto o mesmo esquema. -.Durante o século XIX e primeiras décadas do s culo XX, baseou-se na produção e exportação da erva mate. A zona ervateira abrangia o oeste e o sul do Estado numa área que hoje é constituída por dezenas de municípios. A decadência da exportação da erva mate se fez sentir sobretudo a partir de 1930, devido a diminuição das importações argentinas. A economia estadual, porém, não foi atingida porque seu nível de renda continuou aumentando com altos índi_ ces, ocasionados pela ascensão cafeeira que se processa contribuindo para o deslocamento do eixo econômico para o norte do Estado. Embora se efetive o crescimento da renda estadual, d vido ao fator econômico acima exposto, verifica-se contudo a estagnação econômica dás antigas regiões ervateiras. Ao que tudo indica não acompanharam o processo de renovação agrícola do Estado. 0 presente trabalho objetiva determinar os fatores e_s pecíficos que condicionaram esta estagnação e a defasagem que se verificou entre tais regiões e aquelas que surgiram no novo panorama econômico do Estado. ii

SUMÁRIO Página INTRODUÇÃO ' ii LISTA DE QUADROS... «v LISTA DE. GRÁFICOS viii C a p í t u l o - 1. METODOLOGIA 1 1.1. Fontes...'-... 1 1.2. Tabelas e gráficos. : 2 2. PREPONDERÂNCIA DA ERVA MATE NA ECONOMIA PARANA ENSE 3 2.1. Aspectos históricos 3 2.2. Forma de capitalização ' 10 3. A POLÍTICA ERVATEIRA PARANAENSE NA REPLJ0LICA VELHA 12 3.1. A situação da erva mate no início do novo contexto v 12 3.2. Prenuncios da crise ervateira 23 4. AS CONDIÇÕES DO SETOR AGRÄRI0 EXPORTADOR DO PA RANÁ NA DÉCADA DE 1930 30 5. 0 COOPERATIVISMO 36 5.1. Aspectos gerais do cooperativismo contemporâneo 3 6 5.2. 0 cooperativismo no Brasil 37 5.3. 0 mate e as condições técnicas 40 5.4. Mecanismo comercial 41 5.5. Movimento cooperativista 42 6. A FUNCIONALIDADE DO INSTITUTO NACIONAL DO MATE 47 6.1. Atribuições e financiamentos 47 6.2. Finalidades da Divisão de Defesa da Produção.. 50 6.3. 0 Instituto Nacional do Mate e a exportação.. 52 6.4. Tópicos dos últimos anos do Instituto Nacional do Mate 56 6.5. A exportação da erva mate conforme os boletins estatísticos do INM 62 7. AS ANTIGAS REGIÕES ERVATEIRAS NO NOVO QUADRO E CONÔMICO DO PARANÁ 70 i i i

i Capítolo Página 7.1. Características da zona ds Irati 7 3 7.1.1. Produção regional 78 7.1.2. Levantamento econômico aos municípios 95 7.1.2.1. Irati 95 7.1.2.1.1. Atividades económicas ' 96 7.1.2.2. Imbituva 100 7.1.2.2.1. Atividades econômicas 101 7.1.2.3. Prudentópolis 103 7.1.2.3.1. Atividades econômicas 105 7.1.2.4. Teixeira Soares 107 7.1.2.4.1. Atividades econômicas ' 108 7.1.2.5. Rebouças 110 7.1.1.5.1. Atividades econômicas 111 7.1.2.6. Rio Azul 112 8. 0 SURTO CAFEEIRQ E A TRANSFORMAÇÃO RADICAL DA ECONOMIA PARANAENSE ' 115 9. CONCLUSÃO 123 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 126 i V

LISTA DE QUADROS Quadro Página 1. Exportação paranaense de èrva mate Ctotal geral para fora do Império e para o Império] 7 2. Exportação da erva mate 8 3. Exportação da erva mate, 1865-186 9 8 4. Registros de firmas vinculadas ã erva mate - Jun ta Comercial do Paraná - 1892-1901 7 11 5. Exportação da erva mate do Paraná para os mercados do Rio da Prata e Valparaiso -,. 14 6. Exportação pelos portos: Paranaguá, Pedro II, Ari tonina 16 7. Exportação da erva mate; 18 99-1 904 1 9 8. Exportação geral-valor 21 9. Exportação da erva mate 22 10. Exportação geral 23 11. Exportação da erva mate 23 12. Exportação paranaense 28 13. Exportação da erva mate - quantidade e valor 1 928-1 930 q.. 30 14. Exportação brasileira 32 15. Exportação geral 35 16. Cooperativas - Brasil e Paraná 39 17. Federação das Cooperativas de Mate Paraná Ltda.. 46 18. I.N.M. - Controle de Mercado 51 19. Processo de distribuição de quotas de colheira, industrialização de exportação do mate 52 20. Produção argentina 58 21. Importação argentina 58 22. Exportação argentina 60 23. Exportação brasileira de erva mate; 1939-1957.. 63 24. Exportação paranaense de erva mate para. Argentina, Uruguai e Chi 1e- 1 939-1 9 57 ' 63 25. Total de vendas de erva mate para: Argentina, Uruguai e Chile, 1 939-1 9 57 64 26. Comércio exterior de erva mate no Paraná 65 27. Brasil - produção de mate - 1 920-1 9 52 28. Produção - Paraná e Rio Grande do Sul - 1948-1952 72 29. Estrutura agrária da Zona de Irati 77 30. Produção de erva mate - regiões de Irati, Imbitu_ va, Prudentópolis, Rebouças e Rio Azul 80 7 i V

Quadro Página 31. Produção de madeira - regiões de Irati, Imbituva Pru d e n t ó po 1 i s, Rebouças e Rio Azul 81 32. Cultura temporária - batata inglesa 82 33. Cultura temporária - milho 83 34. Cultura temporária - trigo 84 35. Cultura temporária - feijão 85 36. Cultura, temporária - centeio 86 37. Cultura temporária - cevada 87 y s 38. Cultura permanente ---laranja 88 39. Cultura permanente - pera 89 40. Cultura permanente - uva...- 90 41. Cultura permanente -'ttangerina.. 91 42. Evolução Populacional do municipio de Irati... 96 43. Estrutura agrária do município de Irati 97 44. Situação das 3 principais culturas agrícolas... 98. 45. Produção da erva mate do município de Irati... 98 46. Principais indústrias do município de Irati... 99 47. Evolução populacional d o município de Imbituva. 100 48. Estrutura agrária do município de Imbituva 102 49. Produção da erva mate do município de Imbituva. 103 50. Evolução populacional do município de Prudentópo_ lis 104 51. Estrutura agrária do município de Prudentópolis. 105 52. Produção da erva mate do município de Prudentópo_ lis 106 53. Estabelecimentos industriais importantes do muni cípio de Prudentópolis.. 107 54. Evolução populacional do município de Teixeira Soares 108 55. Estrutura agrária do município de Teixeira Soa - res ; 109 56. Produção da erva mate do município de Teixeira Soares 109 57. Evolução populacional do município de Rebouças.. 110 58. Estrutura agrária do município de Rebouças 111 59. Produção da erva mate do município de Rebouças. 112 60. Evo1ução pópu1 aci o na 1 do município de Rio Azul. 113 61. Estrutura agrária do município de Rio Azul 114 62. Produção da erva mate do município de Rio Azul. 115 63. Exportação do café - Paraná 117 vi

Quadro ' Página 64. Produção - café 118 65. Paraná - Participação na renda nacional 119 66. Paraná - Posição percentual da produção cafeeira no conjunto do produto agrícola e da renda terri torial 7 120 67. Incremento populacional por zona geográfica no Paraná..' ' 121 68. Censo populacional da zona de Irati 122 69. Censo populacional de alguns núcleos cafeeiros. 123 vi i

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico Página I Exportação brasileira de erva jrjate - 1 939-1 957, tone l.a das 66 II Exportação, brasileira de erva mate - 1939-1957, valor 67 III Exportação paranaense de erva mate para Argenti_ na, Uruguai e Chile - 193 9-1957 - toneladas... 68 IV Exportação paranaense de erva mate para Argenti na, Uruguai e Chile - valor 68 V Comércio exterior da erva mate no ParBnã - 1939 1 967 69 VI Produção da madeira na região e no Estado-1947-1 9 67 9 2 VII Produção da erva mate na região e no Estado 1 94 7-1 967 92 VIII Valor da produção da madeira e erva rnate -1947-1 967 92 IX Produção da zona de Irati das culturas Temporárias - toneladas - 1944-1967 93 X Produção da zona de Irati das culturas temporárias - valor - 19 4.4-1967 93 XI Produção da zona de Irati das culturas perraanen tes - 1 944-1 967 toneladas 94 XII Produção da zona de Irati das culturas permanen tes - 1 944-1 967 94 v i i i

ESTUDO DA ERVA MATE NO PARANÄ: 1939-1967 1. METODOLOGIA 1.1. Fontes O objetivo deste estudo é a análise do processo de deca dência- da economia da erva mate no Paraná e seus reflexos em algumas regiões,- com intuito de verificar a situação dessas á reas tradicionais nq novo contexto econômico do Estado. Essen cialmente foram destacados os aspectos que compreendem os anos de 1939, em que se iniciam as atividades do Instituto Nacional do Mate, a 1967 quando a autarquia é transformada em departamento d O'' Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Na Introdução, que é uma retrospectiva histórica visaji do situar o problema, foram consultadas referências de autores paranaenses em sua maioria, bem como os relatórios e mensagens de Governadores e Secretários de Estado. As fontes primárias jj tilizadas foram aquelas dos arquivos da Junta Comercial do Pa_ raná, que possibilitaram o levantamento das firmas envolvidas na exportação da erva mate, e comércio interno, desde 1892 a 1901. ; Os dados referentes à exportação durante a Guerra do Pcï raguai foram coletados do Arquivo Público. Nos capítulos destjl nados à situação financeira do Estado, decorrente do comércio ervateiro foram também pesquisados relatórios e mensagens de Governadores e Secretários de Estado. As consultas sobre o cooperativismo se efetuaram em o- bras especializadas, de autores nacionais e estrangeiros. A respeito do movimento cooperativista do mate no Paraná as ijn formações obtidas são do relatório da Comissão de Organização Cooperativa dos Produtores do Mate - 1943, pertencente ao a í quivo particular do Dr. Ennio Marques Ferreira, e também dos A nais do Congresso das Cooperativas dò Mate, 1945. Os demais dos foram coletados no Departamento de Assistência ao Cooperativismo da Secretaria da Agricultura. Os elementos relativos ao Instituto Nacional do Mate, pertencem aos Boletins Informativos, e aos documentos dos a. quiyos do já mencionado Departamento de Assistência ao Coopera tivlsmo. Os dados quantitativos referentes ä exportação foram m 1

coletados dos Boletins Estatísticos da autarquia que fazem par te dos arquivos do - Sindicato dos Industriais do.mate do Paraná, e abrangem 'os anos 1939' L Í 957. Como a intenção deste trabalho' é ' atingir, o ano de 1967, a'complementaçâo foi realizada a través das indicações do Iríst.ituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As regiões e.rvateirás pesquisadas seguem as normas de zoneamento do IBGE. 0 levantamento populacional obedece ao cen so gera], do refericjo órgão e ao censo agrícola, nos dados sobré a estrutura agrária. ' Os dados referentes à produção da erva mate, madeira, culturas temporárias e permanentes, foram retirados dos arqui_ vos da Delegacia Estatística do Paraná, cobrindo os anos de 1944-1967. 1.2. Tabelas e gráficos Para exportação de erva mate do Brasil foram somados os valores anuais do referido produto e verificada a média percer^ tual. No volume foi realizado ò mesmo cálculo. Esta operação é demonstrada nos gráficos em colunas. No valor, a escala usada é de Cr$,40.00Ò,00 por centímetro e no volume a escala é de 4.500 toneladas para cada centímetro. Na exportação paranaense destinada aos principais consumidores platinos, foram efetuados os mesmos cálculos para as tabelas; no's gráficos estão es_ t a b e1e c i d a s as escalas de 50.000 toneladas para cada centime - tro, no volume e Cr$ 150.000,00 para cada centímetro em valor. Quanto ao comércio exterior do Paraná envolvendo os anos de 1939-1967 só foi elaborado o gráfico- em colunas para o volume exportado, devido à carencia de dados em valor.no refe- ' rido gráfico foi ut/llizada a escala de 5. 000 toneladas para ca da centímetro. Para, a produção foram somadas as ocorrências do Estado e posteriormente,foi feit.o o cálculo em regra de - três, para ser transformado em graus. 0 mesmo cálculo foi efetuado com a região, a fim de conseguir valores para a comparação. Estas operações são apresentadas nos gráficos em setores, onde são de tacadas as p.er cen tagen s encontradas. s dados coletados em órgão of.iciais deixam muito a d.e- 2

s.ejar porque, normalmente, seguem um plano geral executando ta_ refas contínuas, p.eródicas ou ocasionais, não podendo atender a quantos a eles recorrem. Os Anuarios Estatísticos do IBGE e os Boletins Estatísticos do Instituto Nacional do Mate mudam constantemente seus métodos de pesquisa, como também os critérios na elaboração de quadros e tabelas, dificultando o trabalho continuado do consulente que se baseia em seus padrões. ' s arquivos da Delegacia Estatística do Paraná, são bem organizados, e estão em relativo estado de conservação em vi tude do manuseio constante. Quanto â falta de dados nos levantamentos, as observações aparecem nos próprios livros. Esta au sê.ncia de indicações, de um modo geral, é devida ao desapareci mento da produção que se transforma em agricultura de subsis - tência;. ao cancelamento da produção; falta de condições para a obtenção de dados, como o caso da produção do mate em Rebouças que não aparece nos anos de 1 94 9 7 1950, 1952, ou o exemplo da madeira que, em algumas regiões, não foi extraída em determina do ano. Outro problema a ser salientado, é a situação dos arqui_ vos do Departamento de Assistência ao Cooperativismo, cujo m terial anterior a I960 foi destruído,, impossibilitando um estjj do mais profundo sobre as cooperativas. Em suma, esta pesquisa foi realizada, baseada no método histórico, utilizando técnicas quantitativas, para a elabora - ção de'tabelas e gráficos específicos. 2. PREPONDERÂNCIA DA ERVA MATE NA ECONOMIA PARANAENSE 2.1. Aspectos históricos Foi durante o século XIX que começou efetivamente a importância da erva mate como esteio econômico do Paraná, confor me os padrões característicos da política colonial de esportação de um só produto de grande aceitação no mercado exterior. Até 1808, a exportação paranaense se limitava aos portos brasileiros em especial ao do Rio de Janeiro que era dis - tribuidor de artigos como arroz pilado e com casca, peças betas de embé e tabuado e alguma congonha} ^"WESTPHALEN, Cecilia Maria. Navios e mercadorias no Po to de Paranaguá, nos meados do século XIX. In.-SIMPÕSITO NACIO- NAL DOS PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS DE HJSTÖRIA, 5.,Campinas, 1 969. Anais ; portos, rotas e comercio Sao Paulo, Universidade de São Paulo, 1971. 587 p. p. 451. 3

O impulso definitivo para. a exportação' do mate foi da do em decorrência da politic^ do Dr. Francia no Paraguai. A luta pela consolidação da [independencia desse país fez com que o ditador adotasse uma po l'í t iç.a. de isolamento contra as nações vizinhas, com exceção do Br'asi'1*..Os brasileiros que quisessem comerciar com o Paraguai deveriam fazê-lo diretamente. Não poderiam passar por outros territórios, porque toda a comunica- v - - \ çao, comercio ou correspondencia com Corrientes estava vedado, inclusive o trânsito pelas "Tranqueras de Loreto y San Miguel". Todo o correntino ou índio surpreendido nesse trajeto seria 2 preso e teria seus bens apreendidos. Para os brasileiros, fomentou-se o comércio por Itapua. Para dar-lhe maior incremento, Francia tratou de assegurar a via de Misiones pela qual entravam e saíam os que vinham àquei le porto negociar. Ocupando Misiones, para evitar o estabelec Inven to de correntinos que pretendiam beneficiar-se com a exploração da erva mate, Francia assegurou a comunicação por ter ra com o Rio Grande do Sul através do qual seria possível, p lo Uruguai atingir o Rio da Prata e entrar em contacto com o mercado mundial. As pretensões de Francia em relação à abert^j ra para o mar, obstruindo o acesso dos correntinos a Misiones, 3 viria então beneficiar o comercio da erva mate brasileira. A existência de numerosos ervais e as possibilidades de mercado, atraíram especialistas tanto no comércio do produto como na técnica de beneficiamento como Ãlzagaray e Manuel Miró que se fixaram respectivamente em Paranaguá e Morrstes a partir de 1820. 4 Ãlzagaray, com estágios pelo Paraguai, onde'aprendeu a técnica de preparo da erva, contribuiu para a inovação tecnológica do produto paranaense, cujo sabor não era aceito pelos argentinos seus principais consumidores. Em síntese, estes as_ pectos e ainda o isolacionismo econômico da política paraguaia viriam favorecer a erva mate paranaense. 0 Paraguai, fornece- 2 RAMOS, R. Antonio. La política del Brasil em el Paraguay i bajo la dictadura del Dr. Francia. Buenos Aires, Nizza, 1959. 229 p. p. 46. 3 1bid., p. 52. 4 ^ LINHÄRES, Temístocles. História economica do mate.rio de Janeiro, J. Olymp lo, 196 9. 522 p. p. 17 8. 'i " 4

dor dos principais mercados platinos, foi eliminado comercial mente face a conjuntura, abrindo perspectivas para a estruturação sócio-econômica do Paraná em função do produto. Em 1826, atvavés do Porto de Paranaguá, o Paraná impor tava artigos de consumo direto tais çomo manufaturas têxteis, vestuário e gêneros de primeira necessidade, e exportava pro dutos primários, como erva mate, bêtas e madeira.^ A erva mate exportada, destinava-se aos portos de Montevidéu, Rio de Janeiro, Ilha de Santa Catarina, Santos,Chile e Buenos Aires. Este ano registra ainda a liderança da exportação da erva mate com "56% no primeiro trimestre, 65% no s e - g gundo, 82% no terceiro e 68% no quarto trimestre. Como o referido produto era a base econômica da 5a. C marca de São Paulo, em 1827 surgiu uma provisã.o da Real Junta da Fazenda de São Paulo mandando criar em Paranaguá uma alfãni dega para despachos das Fazendas, e que foi instalada em 6 de agosto do mesmo ano? As condições econômicas do Paraná em função da erva m te já haviam conscientizado a classe política quanto a sua im portãncia no mercado exterior, e sua valorização quanto à qu lidade. Em 1829, há reclamos por parte dos vereadores de Curi tiba e Paranaguá em relação ao problema de adulteração da erva pelos fabricantes. 0 ofício dos vereadores de Paranaguá, pedindo providê cias à Câmara de Curitiba, termina com os seguintes termos: "... o que esperamos em V. Sas. a brevidade, prontidão e zelo para que não deixemos ficar totalmente desacreditado o melhor, ß e o mais forte ramo do Comércio desta Comarca". As proposições de inspeção para fabricantes, comissári_ os e tropeiros partiram da Câmara de Curitiba e demonstraram 5 WESTPHALEÍ\I. Navios. p. 453. R WESTPHALEN, Cecilia Maria. Q porto de Paranaguá no a- no de 1826; estudo de microconjuntura. Boletim da Universidade do Paraná, Curitiba (2):36, dez. 1962. 7 VIEIRA DOS SANTOS, Antônio. Memória histórica da cida de de Paranaguá e seu município. Curitiba, Museu Paranaense, Secçao de Historia, 1951. 2v. v.l, p. 249. 8 Ibid., p. 393. 5

ainda preocupação,e'm nivelar, pelo preparo técnico, a pureza da erva mate paranaense com a paraguaia, considerada de quali dade superior. De s'ta' questão resulta q Artigo de Postura: Em poder de quem for achado porção de herva de matte adulterada por outra planta heterogê - nea ou seja por elle fabricada ou havido do f bric.ante fraudulento, sem o denunciar perderá a herva que será mandada lançar fora, e pagará h ma multa de 4.000 réis metade para o denunciante e outra para despezas do Conselho".^ Paranaguá representava nessa época, a área dinâmica do comércio paranaense exportando erva mate vinda do planalto e beneficiada nos engenhos do litoral. Embora a exportação tivesse enfrentado fases negativas, porque foi atingida por quss tões da política internacional que prejudicou a penetração do produto nos mercados consumidores, assim como o bloqueio fra co-britânico em portos argentinos e uruguaios na década de 1840, continuou beneficiada pela conjuntura do mercado plati^ 10 no. Com a morte do ditador Francia, o Paraguai retomou o seu lugar no mercado da erva mate, em detrimento da paranaense que era considerada de pior qualidade. f Em 1846, a política do Presidente Carlos Lopes, estabelecendo o monopólio estatal de exportação, que acarretou uma alta de preços, favoreceu novamente o produto paranaense. Segundo o historiador paraguaio R. Antonio Ramos, Francia como estadista demonstrou visão mais clara que Carlos Antonio Lopes. Éste, pelo tratado de 15 de julho de 1852, cedeu à Conf de ração Argentina o território de Misiones, sem medir as coii seqüências políticas e econômicas que acarretariam ao Paraguai, como país mediterrâneo, a perda de uma de suas únicas saídas para o mar.^ Todas essas ocorrências apesar das fases negativas já mencionadas^ no cómputo geral, propiciaram uma expansão significativa para o comércio ervateiro. Os engenhos de mate do litoral que abrangiam Paranaguá, Antonina e liorretes, a partir de 1830 atingem Porto de Cima, São Jo'ão dá Graciosa, transferindo-se definitivamente para 9 VIEIRA DOS SANTOS. Memória... p. 397 1 0 WESTPHALEN. Navios... p. 453. 1 1 RAM0S, p. 52. 6

Curitiba. Ë interessante destacar que o período citado abrange do is acontecimentos importantes: a emancipação política do Para ná e o início da Guerra do Paraguai que iriam facilitar o expansionismo do mate paranaense nos mercados platinos. transformações Q desenvolvimento econômico foi fundamental para as políticas. Na década de 1840, quando houve o acordo entre os curi baños e o Barão de Monte Alegre, de não adesão aos movimèntos revolucionários contra o poder central, em troca do projeto de emancipação, a luta política adquiriu um carácter objetivo.es sa situação se apoia na evolução do movimento exportador que desde o período de 1842 a 1853 acusa um saldo positivo confor me assinala o quadro abaixo: Quadro n 9 1 Exportação paranaense de erva mate^^ (Total geral para fora do Império e para o Império) ANO ARROBAS VALOR (em contos de réis). 42-43 155. 224 318 905 43-44 141. 577 285 116 44-45 176.275 344 582 45-46 150.359 318 301 46-47 183.523 361 151 47-48 283.847 542 082 48-49 372.775 706 772 49-50 351.805 598 472 50-51 335.682 558 770 51-52 473.982 845 234 52-53 307. 896 527 620 53-54 466. Ü22 839 414 Os dados acima comprovam uma fase de euforia do comércio ervateiro que iria ser decisivo para a aprovação da Lei.. 704 de 29 de agosto de 1853, que fez surgir a Província do Pa raná. 0 quadro seguinte demonstra dados relevantes, comparan do o nível de exportação paranaense com a exportação do Imperio Brasileiro : 1 2 WESTPHALEN. Navios.. p. 511. 7

Quadro n 9 2 1 3 Exportação, da erva ma t e Exportação total do Imperio E xpòrtãçao paranaense p/fora do Império ANO ARROBAS VALOR ARROBAS VALOR 42-43 168. 651 346 : 40 9$000 152.768 313 : 852$000 '4 3-44 161. 404 317 : 5 8 1 $ 0 0 0 140.343 282 : 6 32$000 44-45 202. 022 381 : 4 4 8 $ 0 0 0 169.521 331 : 312$ 000 45- '4 6 173. 885 362 : 28 3$ 0 0 0 148.277 310 : 335$ 000 46-47 204. 009 397 :" 629SOOO 180.774 350 :635$000 4 7-48 311. 238 5 90 : 223$ 000 281.539 534 : 921$000 48-49 381. 251 719 : 3 7 6 $ 0 0 0 366.713 696 : 713$000 49-50 380. 808 651 : 0 7 1 $ 0 0 0 344.837 584 : 913$000 50-51 347. 099 570 : 7 4 0 $ 0 0 0 330. 000 549 :351$000 51-52 497. 929 890 : 9 3 0 $ 0 0 0. 446.524 830 :666$000 52-53 322. 582 554 : 344$00 0 300.523 514 : 348$000 53-54 472. 320 851 : 292$000 458.127 825 : 195$000 A conjuntura internacional na década de 1860 provocou a Guerra do Paraguai, cuja tendência à autonomia econômica per turbava os interesses dos países vizinhos vinculados ao capi- 14 tal ingles. Este acontecimento se reflete na economia paranaense que, assentada na exportação da erva mate, tinha o Pa raguai como principal concorrente. Perspectivas valiosas se a briram para a penetração do produto, nos países platinos, em especial na Argentina. Quadro n 9 3 Exportação da Erva Mate ANO ARROBAS VALOR 1865 602.451 1. 250 : 008$408 1866 710.692 1.631 : 924$824 1867 211. 565 763 : 070$078 1868 267.224 1. 043 : 592$450 1869 843.756 3.171 : 7 93$ 540 1 3 WESTPHALEN. Navios... p. 510. 14 FRANK, Andrew Gunder. Desenvolvimento do subdesenvol^ vimento latino americano. In: et alii. Urbanização e desen volvimento. Trad, de Duarte 1969. 199 p. p. 35. Lago Pacheco. Rio de Janeiro, Zahar, 1 5 BURLAMAQUE, Polidoro Cezar. Relatório do Presidente Polidoro Cezar Burlamaque ã Assembléia Legislativa do Parana. Curitiba, Typ. C. M. Lopes, 1867. p. 52. i CARVALHO, Antonio Luiz Afonso de. Relatório do Presidente Antonio Luiz Afonso de Carvalho à Assembléia' Legi si á;ti va do Parana^ Curityba, T y p. C. PI. Lopes, 1870. 52-104. 8

Conforme o relatório', a Assembléia Legislativa do Para ná, o Presidente Dr.Antonio Luis Afonso de Carvalho afirma: " "Sè por tão imprevistos algarismos a Província conseguiu liqui dar seus débitos e ter saldos nos balanços anuses, deve lem - brar-se que a guerra está a terminar e o Paraguay, seu compe- 16 ti dor nos mercados do Prata, em breve abrira seus portos". Apesar de tudo, o nível de exportação adquire um equilíbrio que vai perdurar até 1926, quando começa o recuo das importações argentinas, embora a fase da Primeira Guerra tenha proporcionado anos favoráveis. Esta ocorrência marca também o processo de decadência do comércio ervateiró do Paraná que iria atingir as regiões produtoras. A fase de industrialização da erva mate, preconizada ' por Ãlzagaray e Miró, envolveria a desagregação do sistema e cravista no Paraná. Durante o período em que prevaleceu o si_s tema do soque, a força do trabalho utilizada era o braço es - cravo. As características estruturais da economia paranaense não permitiam o investimento de capitais na compra de escravos, uma vez que contavam com mercado exportador limitado» a referida economia era gerada por capitais próprios. Consequenterren te, as inovações tecnológicas viriam, não apenas solucionar o melhor preparo da erva, como também a questão da mão de obra*? Primeiramente, foram usados manjolos e pilões mecânicos rudimentares com força hidráulica. Posteriormente a força hidráulica foi substituída pelos motores a vapor, cujos pioneiros na sua utilização foram Caetano José Munhoz e Ildefonso Pereira Correia, o Barão de Cerro Azul. 0 emprego do motor-vapor foi seguido de m lhoramentos nos systemas de seccadores, pilões, peneiras, misturadores, conductores etc. de t da machinarla, enfim que constitue a indústria do beneficiamento da Herva Mate, no que foi con siderável fautora a capacidade inventiva do engenheiro mechanico Dr. Francisco de Camargo Pin to.18 " 1 6 CARVALHO. Relatório. p.104. 1 7 IANNI, Octavio. As metamorfoses do escravo. São Paulo, Difusão Européia do Livro, 1962. 312 p. p. 105. 1 8 MARTINS, Romário. Ilex Mate; chá sul americano. Cur.i tyba. Empresa Graphica Paranaense, 1926. 315 p. p. 201. 9

Assim, o historiador Romário Martins considera esta fa se de renovação tecnológica como fundamental para o desenvolvimento da indústria do mate no Paraná. Afi r m ando, ainda, que os industriais se preocupavam com a evolução do apareihamento para conseguir uma melhora constante do produto: "0 benefici mento do mate nos engenhos é, pois, um procedimento industrial tão indispensável como os processos que o precedem nos er. 19 vais. 2.2. Forma de Capitalização A forma de capitalização no setor industrial, oferece critirios oposto aos da clássica economica aolonia-l.embora esteja também voltada para o mercado exterior, não possui vínculos com investimentos estrangeiros. Seu capital é gerado pela própria rentabilidade do produto, ou desviado de outros setores econômicos. As indústrias surgidas seguem, em sua maioria, o sist ma de comanditas que caracteriza as pequenas e médias empre - sas, isto é, apresentam alguns sócios que contribuem com o ca pitai e outros com o trabalho. Em alguns casos os capitalis - tas ou sócios comanditarios respondem somente com o capital trazido e não participam da administração da empresa. Os sóci_ os administradores têm responsabilidade ilimitada e respondem com todos os seus haveres. Este tipo de sociedade, que caracteriza a empresa erva teira, destina-se a operações de pequena ou média escala. As firmas registradas na Junta Comercial do Paraná, no início da vida republicana até o começo do século XX são as seguintes: 19 MARTINS, Romário Ilex Nate... 315 p. p. 201 10

Quadro n 9 4 Registros de firmas vinculadas a erva mate - Junta Comercial do Paraná - 1892-1901 20 FIRMAS CAPITAL Paula Xavier S Macedo 30 : 000$000 Suplicy Rocha 14 : 000$000 Costa Lisboa & Loyola 180 : 000$000 A. E. Leão Junior S Cia. 100 : 000$000 David Carneiro S Cia. 150 : 00ü$000 M. Miró S Cia. 250 : 000$000 Correa de Lacerda & Cia. 120 : 000$000 Silva 8 Polidoro 80 : 000$000 A. L. Santos & Cia. 50 : 000$000 Saboia, Ribas 8 Cia. 80 : 000$000 Almeida Barros 8 Cia. 20 : 000$000 Stoquero Bortolo 8 Filhos 15 : ooosooo David Carneiro -8 Cia. 500 : 000$000 Urlemann 8 Cia. 600 : 000$000 Burmester Thon 8 Cia. 440 : 000$000 J. Nery Fontaine 8 Cia. 448 : 000$000 Lacerda 8 Cia. 120 : 000$000 Oliveira, Bley 8 Cia. 100 : ooosooo H. Burmester 8 Cia. 586 : ooosooo Leão Correia 8 Cia. 200 : 000$000 Guimarães 8 Cia. 800 : 000$000 S. Lobo 8 Cia. 600 : ooosooo David Carneiro 8 Cia. 500 : 000$000 Armando Cunha 8 Lima 51 : 367$75 0 Cunha 8 Paula 54 : 000$000 B. R. de Azevedo 8 Cia. 350 : 000$000 Pereira 8 Sibut 10 : 000$000 Macedo 8 Filhos 100 : 000Î000 TOTAL... 6.458: 000$000 Verifica-se no período levantado a, repetição de algumas firmas, como o caso de David Carneiro S Cia. Tal fato prai de-se a mudanças de sócios ou reformulação de capital. Outro aspecto a destacar seria o da firma J. Néry, Fontaine 8 Cia., composta por sócios coletivos residentes no Brasil e sócios comanditários residentes em Bruxelas. A sede social se estabe leceu na capital belga e o objetivo da firma era a exploração das fábricas estabelecidas no Paraná para beneficiar erva mate. Estas firmas relacionadas, em sua maioria, dedicavam-se ao 2 fl JUNTA COMERCIAL DO PARANÄ. Livro de contratos; 1B92-1901. s.n.t. 2 v. 11

comercio exportador e importador. Este quadro corresponde em termos nacionais à fase da política de recuperação que o país estava vivendo devido à de pressáto gerada pelo Enci 1 hamento. Os capitais investidos são pouco significativos, porque todas as firmas se dedicavam à exportação, atividade esta pouco exigente de investimentos. A questão da exportação do café brasileiro é um exemplo porque marginalizou os investimentos industriais nas últimas décadas do século XIX, forçando uma reestruturação na economia nacio- nal 1. 2 1 3. A POLÍTICA ERVATEIRA PARANAENSE NA REPÚBLICA VELHA 3.1. A situação da erva mate no início do novo contexto político. Embora a erva mate paranaense tivesse conseguido equilíbrio comercial, o Estado, no novo regime republicano, ainda enfrentou problemas decorrentes do Império. Em 1867, o Rio Grande do Sul reagiu contra a erva de má qualidade, adulterada, que era ofertada aos mercados, proibir^ do o embarque e autorizando a queima do mate não legítimo. 0 Governo gaúcho estabeleceu estas medidas através do Decreto n 9 256 de 19 de junho de 1867, exigindo rigorosa inspeção. Este mesmo problema afligia o produto paranaense que e tava enr crise desde 1858. é neste momento que as autoridades industriais ligadas ao produto se conscientizarem, procurando inovar seus métodos, e preparos técnicos sob a orientação de Francisco Pinto de Camargo, ocasionando o aumento da exporta- 2 3 çao a, partir de 1863. Em fins do século XIX a Argentina, para proteger sua indústria, estabeleceu o acréscimo de 15% sobre a importação do produto beneficiado. Isto viria atingir fundamentalmente o Paraná nos setores de produção e indústria. Como represália 22 21 MONT'ALEGRE, Omer. Capital & capitalismo no Brasil. Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 1 1972. 437 p. p. 318. 2 2 LINHARES, p. 175. 2 3 Ibid., p. 172. 12