O sócio que ceder suas quotas continua responsável pelas obrigações sociais até dois anos depois de modificado o contrato social:



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Transcrição:

AULA 2 4. Tipos societários 4.1 Sociedade Simples Se a sociedade simples não optar por outra forma essa é a forma que será a ela aplicada. Esse tipo é também subsidiário aos outros tipos sociais, ou seja, é o tipo societário básico. As sociedades empresárias não podem optar por esse tipo societário. Art. 1.001. As obrigações dos sócios começam imediatamente com o contrato, se este não fixar outra data, e terminam quando, liquidada a sociedade, se extinguirem as responsabilidades sociais. O capital social é o valor dado pelos sócios para que a sociedade possa iniciar suas atividades. O capital social é dividido em quotas e cada sócio terá um número de quotas proporcional ao valor dado. Assim como o profissional liberal que exerce sua atividade pessoalmente, os sócios na sociedade simples também exercem pessoalmente sua atividade e, portanto, não podem se fazer substituir sem o consentimento dos demais sócios: Art. 1.002. O sócio não pode ser substituído no exercício das suas funções, sem o consentimento dos demais sócios, expresso em modificação do contrato social. A sociedade simples é uma sociedade de pessoas, portanto, os sócios não podem ceder (vender ou doar) sua quotas sem o consentimento dos demais sócios: Art. 1.003. A cessão total ou parcial de quota, sem a correspondente modificação do contrato social com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia quanto a estes e à sociedade. O sócio que ceder suas quotas continua responsável pelas obrigações sociais até dois anos depois de modificado o contrato social: Parágrafo único. Até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, responde o cedente solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. Essa responsabilidade é solidária, isso quer dizer que se pode escolher cobrar a dívida toda do cedente (quem vendeu ou doou as quotas) ou do cessionário (quem comprou ou recebeu as quotas). Os sócios participam dos lucros e das perdas da sociedade. Lucro é o resultado positivo das receitas (valor recebido pela sociedade) menos as despesas (dividas da sociedade) e perdas é o resultado negativo desta subtração. 4

Art. 1.008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas. Os lucros e as perdas são distribuídos aos sócios na proporção de suas quotas. Art. 1.009. A distribuição de lucros ilícitos ou fictícios acarreta responsabilidade solidária dos administradores que a realizarem e dos sócios que os receberem, conhecendo ou devendo conhecer-lhes a ilegitimidade. Se forem distribuídos lucros ilícitos (ex. provenientes de sonegação) ou fictícios (não existentes, falsos) os administradores e os sócios que receberam esses lucros responderam solidariamente pelas dívidas sociais (os credores poderão cobrar toda a dívida da sociedade, do administrador ou de qualquer um dos sócios). A única exceção é se o sócio recebeu esses lucros sem saber que eles eram ilícitos ou fictícios, sendo que ele não tinha como saber disso. Se ele não sabia, mas devia saber que os lucros eram ilícitos ou fictícios sua responsabilidade será solidária. 4.2 Sociedade em nome coletivo Art. 1.039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais. A sociedade em nome coletivo rege-se da mesma maneira que a sociedade simples, exceto que a responsabilidade dos sócios é solidária (os credores podem cobrar a sociedade ou qualquer um dos sócios) e ilimitada (os sócios respondem por toda a divida da sociedade independentemente do valor do capital social). 4.3 Sociedade Limitada Na sociedade limitada cada sócio só é responsável pelo valor de sua quota, ou seja, o patrimônio pessoal dos sócios não responde pelas dívidas da sociedade. Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. Se o capital social ainda não foi integralizado por qualquer dos sócios. Todos os sócios são solidariamente responsáveis pela integralização. Exemplo: João, Pedro e Marcos são sócios de uma sociedade limitada. João se comprometeu a contribuir com R$5.000,00 e deu R$3.000,00; Pedro se obrigou a contribuir com R$3.000,00 e deu R$3.000,00 e Marcos se comprometeu a contribuir com R$2.000,00 e deu R$1.500,00. A responsabilidade dos sócios é limitada ao valor do capital social, ou seja, R$10.000,00. Então, se as dívidas da sociedade passar desse valor, os credores não receberão o que passar, porque os sócios se comprometeram somente a entregar para a sociedade os R$10.000,00. No exemplo, ainda faltou para completar o capital social de R$10.000,00 a integralização de R$2.500,00 (R$2.000 de João e R$500 de 5

Marcos). Todos os sócios são solidariamente responsáveis por esses R$2500 (o credor pode cobrar os R$2.500 de Pedro, ainda que ele tenha integralizado suas quotas). No que não for específico para a sociedade limitada serão aplicadas as regras da sociedade simples: Art. 1.053. A sociedade limitada rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples. Na sociedade limitada, assim como na sociedade simples, o capital social se divide em quotas e cada sócio terá o número de quotas proporcional ao valor do capital social que integralizou: Art. 1.055. O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio. 1 o Pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade. 2 o É vedada contribuição que consista em prestação de serviços. Na sociedade limitada, todos os sócios devem contribuir com capital. A sociedade limitada também é uma sociedade de pessoas: Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. 4.4. Sociedade em comandita simples Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. Parágrafo único. O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários. Portanto, a sociedade em comandita simples é um misto da sociedade em nome coletivo (sócios comanditados) e da sociedade limitada (sócios comanditários). 4.5. Sociedade Anônima Na sociedade anônima, diversamente dos tipos societários estudados até agora, o capital social não é dividido em quotas é dividido em ações. A sociedade anônima é uma sociedade de capital e não de pessoas, portanto, as ações podem ser livremente negociadas sem a concordância dos demais sócios (acionistas). A sociedade anônima é sempre empresária. 6

Cada sócio (acionista) é responsável somente pelo valor da ação que adquiriu (responsabilidade limitada). Exatamente porque as ações podem ser livremente negociadas como se fossem produtos é importante que os adquirentes saibam qual é a situação da sociedade que eles estão prestes a se tornarem sócios, portanto, a sociedade que adota esta forma precisa divulgar ao mercado todos os fatos relevantes que ocorrerem com ela. A eficiência de um mercado é medida pelo tempo que a informação divulgada é capaz de alterar o preço dos instrumentos financeiros desse mercado. Portanto, é importantíssimo que as informações sobre fatos relevantes sejam divulgadas. São considerados fatos relevantes aqueles que são capazes de, por si só, alterar os preços dos instrumentos financeiros no mercado. Ex. A Petrobras S.A. descobre um novo poço de petróleo. Isso significa que a companhia vai ganhar mais dinheiro, vai gerar mais lucros aos acionistas. Quando esse fato é divulgado, o preço das ações da Petrobras no mercado vai subir, porque as pessoas vão querer comprar ações da companhia e quem tem ações vai querer mais por elas sabendo que se mantê-las vai receber mais lucros. Assim funciona o mercado de capitais, a oferta e a procura determinam os preços dos instrumentos financeiros e a divulgação de informações sobre fatos relevantes altera essa relação entre oferta e procura, alterando o preço das ações e demais instrumentos financeiros. A Lei obriga que as Sociedades Anônimas divulguem informações sobre fatos relevantes. Enquanto as informações não forem divulgadas aqueles que a conhecerem ficam proibidos de negociar no mercado sob pena de responder pelo crime de abuso de informações privilegiadas (insider trading). As informações têm que ser precisas e verdadeiras, a divulgação de informações falsas podem ser uma forma de manipulação do mercado, que também é crime. 4.6. Sociedade em comandita por ações A sociedade em comandita por ações segue as normas da sociedade anônima, mas o acionista que administrar o negócio responde subsidiária (depois de se esgotarem os bens da sociedade) e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade: Art. 1.090. A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes deste Capítulo, e opera sob firma ou denominação. Art. 1.091. Somente o acionista tem qualidade para administrar a sociedade e, como diretor, responde subsidiária e ilimitadamente pelas obrigações da sociedade. 1 o Se houver mais de um diretor, serão solidariamente responsáveis, depois de esgotados os bens sociais. 4.6. Sociedade Cooperativa 7

A cooperativa é uma sociedade que tem por objetivo o trabalho coletivo dos sócios e não a aplicação de um capital. A sociedade cooperativa é sempre uma sociedade simples. Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: I - variabilidade, ou dispensa do capital social; II - concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo; III - limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar; IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança; V - quorum, para a assembléia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado; VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação; VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade. Art. 1.095. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos sócios pode ser limitada ou ilimitada. 5. Sociedades Não Personificadas 5.1 Sociedade de Fato (sociedade em comum) O que a lei chama de sociedade em comum é na verdade a sociedade de fato. A sociedade ainda não registrada: Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples. O mais importante sobre a sociedade de fato é que a responsabilidade dos sócios é solidária, ilimitada e sem benefício de ordem (não é necessário cobrar primeiro a sociedade): Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade. 5.2 Sociedade em conta de participação A sociedade em conta de participação é formada geralmente por um sócio ostensivo e por vários sócios participantes. Os sócios participantes só têm direito de participar dos lucros e das perdas não influenciando nas relações do sócio ostensivo com terceiros. O sócio ostensivo assume obrigações em seu próprio nome e sob sua exclusiva responsabilidade. 8

Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito. Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier. Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais. 1 o A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios. 2 o A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário. 3 o Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido. Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais. Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à prestação de contas, na forma da lei processual. Parágrafo único. Havendo mais de um sócio ostensivo, as respectivas contas serão prestadas e julgadas no mesmo processo. 9