Tipos de revestimentos Introdução Em uma construção, embora o teto, o piso e as paredes componham a parte que, visivelmente, arranja uma edificação, esses elementos precisam de algo mais: o revestimento, que consiste na aplicação de materiais destinados a fornecer acabamento e proteção às superfícies verticais e horizontais de uma construção, sendo, também, um importante elemento estético para a composição arquitetônica do edifício. E é esse assunto que veremos agora. Acompanhe! Ao final desta aula, você será capaz de: conhecer e classificar os tipos de revestimentos (verticais e horizontais) e suas características técnicas. Base (reboco, emboço, gesso) Os revestimentos argamassados são aqueles que consistem na aplicação de uma sequência de camadas de argamassa com o objetivo de uniformizar e regularizar as superfícies revestidas. Eles formam uma verdadeira camada de base para dar suporte ao assentamento de placas de revestimento, servindo também como revestimento final (a depender do seu acabamento). Além disso, é possível corrigir irregularidades nessas superfícies e possibilitar ajustes de alinhamento e prumo. Tradicionalmente, esse tipo de revestimento é executado através da aplicação de três camadas contínuas de argamassas. Conheça-as a seguir. Chapisco O chapisco consiste em uma argamassa bastante fluida, composta de cimento e areia grossa, geralmente produzida no traço 1:3 ou 1:4, com espessura variando de 3 a 5 mm. FIQUE ATENTO O termo traço faz parte do dicionário básico da obra e significa a proporção de uma determinada mistura, como se fosse a quantidade de itens para uma receita. No traço 1:3 de cimento e areia grossa, teremos uma parte de cimento para três partes de areia grossa. O primeiro número do traço refere-se sempre ao aglomerante (material ligante), que pode ser cimento, cal ou gesso. A principal função do chapisco é criar uma camada impermeabilizante, proporcionando o suporte para a aderência das outras camadas que vêm em seguida, bem como uniformizar a parede no que se refere à absorção. - 1 -
Emboço O emboço representa uma camada formada por uma argamassa de regularização responsável por uniformizar a superfície. Sua espessura não deve ser maior do que 1,5 cm (exceto em fachadas). EXEMPLO Em alguns casos, costuma-se utilizar o chamado emboço paulista ou massa única. Este nada mais é do que uma camada única de revestimento, executada após o chapisco, que cumpre, ao mesmo tempo, as funções do emboço e do reboco. Geralmente, essa massa única é posteriormente protegida por uma camada final (pintura) que acaba sendo o acabamento da superfície vertical (parede). Um traço muito utilizado na execução do emboço é o 1:5, em uma mistura de cimento e areia grossa. É possível inserir a cal no traço do emboço, sendo comum as seguintes proporções: 1:1:6 ou 1:2:9 (cimento:cal: areia). Reboco O reboco consiste na camada final do revestimento argamassado, sendo o seu traço básico constituído da mistura de cal e areia fina, com espessura de média de 5mm. Observe a figura a seguir. - 2 -
Figura 1 - Operário executando reboco na alvenaria com o uso de desempenadeira Fonte: Skynavin / Shutterstock Lembre-se de que o reboco só deve ser executado após a secagem completa da camada de emboço, tendo variações no traço a depender da área onde será aplicado (interna ou externamente). Gesso Outro material utilizado no revestimento de paredes é o gesso (argamassa de gesso), sendo o seu uso aplicado em áreas internas secas, com espessuras variando de 5 a 15 mm. Suas vantagens em relação às tradicionais argamassas de cimento são sua alta produtividade e excelente acabamento. Entretanto, o uso desse tipo de revestimento pode trazer algumas desvantagens, como: ocorrência de mofo e bolor em locais com umidade elevada e baixa ventilação; ocorrência de corrosão em alguns acessórios das instalações elétricas, necessitando o uso de pintura anticorrosiva. - 3 -
Textura Em revestimentos argamassados é muito comum, após a camada do reboco, o uso de pinturas para dar o acabamento estético desejado. Entretanto, em alguns casos, a pintura é dispensada, sendo executadas as texturas. Sendo assim, as texturas são executadas com o uso de massas industrializadas, de base acrílica. Após sua execução, formam um conjunto monolítico de alta resistência e elevada impermeabilidade, em camadas com espessura média de 3 mm. SAIBA MAIS Atualmente, existe no mercado uma enorme diversidade de massas acrílicas para os mais diversos tipos de revestimentos texturizados, como as das marcas Hidracor, Coral e Suvinil. Conheça um pouco mais sobre o assunto lendo uma matéria a respeito. Acesse: < http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/128/artigo286451-1.aspx>. É importante ressaltar que a aplicação das massas acrílicas em revestimento de paredes deve ser antecedida da aplicação de um selador acrílico nas paredes a serem revestidas (sobre o emboço). Desse modo, a depender da forma e dos equipamentos utilizados em sua execução, é possível obter diversos efeitos visuais: ranhurado, espatulado, chapiscado, dentre outros, tendo o revestimento texturizado uma espessura final média de cerca de 1 a 3 mm, a depender da textura aplicada. Pedras (rústicas, granito, mármore) Os revestimentos não argamassados, como o próprio nome sugere, são constituídos essencialmente por elementos outros que não a argamassa. Na verdade, utiliza-se a argamassa, mas apenas para dar o suporte na fixação de outros elementos de revestimento. Geralmente, é executada uma camada de emboço (para regularização da superfície) seguida da colocação do elemento a ser utilizado no revestimento. Existem diversos elementos utilizados nos revestimentos não argamassados, e os granitos e os mármores polidos, por exemplo, são aplicados como revestimento em peças com espessura de aproximadamente 2 cm e dimensões variadas. Seu assentamento se dá sobre superfícies chapiscadas e emboçadas e mediante o uso de argamassas colantes. - 4 -
Figura 2 - Granitos polidos utilizados em revestimentos Fonte: StudioDin / Shutterstock São muito utilizadas também como peças de revestimento outras pedras naturais, como o arenito, a pedra mineira e o gnaisse. Essas são assentadas sobre base chapiscada. Pastilhas, mosaicos, azulejos, ladrilhos hidráulicos e porcelanatos O revestimento cerâmico pode ser entendido como um sistema estruturado composto pela reunião de vários elementos, que trabalham solidariamente. Esse sistema é composto de: base (emboço); argamassa de assentamento (ou argamassa industrializada colante); placa cerâmica (mosaico, azulejo ou outro); rejuntamento. - 5 -
Figura 3 - Operário executando assentamento de azulejo com argamassa colante Fonte: forestpath / Shutterstock Além disso, a espessura média dos revestimentos cerâmicos gira em torno dos 5,4 mm, sendo sua face anterior caracterizada por alta vitrificação, e sua face posterior (conhecida como tardoz) composta por pequenas reentrâncias que facilitam a aderência das placas à parede. Já as pastilhas são revestimentos cerâmicos originados da grês, uma espécie de argila de alto teor de vitrificação. A principal característica desse tipo de revestimento é sua alta impermeabilidade: o teor de absorção é próximo de zero. - 6 -
Figura 4 - Pastilhas cerâmicas utilizadas em diversos tipos de revestimento Fonte: peter s / Shutterstock A argamassa de assentamento, por sua vez, é feita geralmente com traço 1:3:9 (cimento, cal e areia), com espessura média de 2 mm, podendo ainda ser utilizadas argamassas colantes que permitem melhor acabamento. FIQUE ATENTO Para o assentamento de revestimentos cerâmicos, recomenda-se que a base da alvenaria tenha sido executada a pelo menos 14 dias. Caso seja utilizada uma argamassa colante, ela deve ser utilizada em no máximo até duas horas e meia após sua preparação. Durante a colocação das pastilhas e azulejos na argamassa colante é preciso assegurar-se de que a placa está bem fixada, empurrando-a levemente contra parede com as mãos ou com o auxílio de desempenadeira de madeira ou martelo de borracha. Já os azulejos nada mais são do que placas cerâmicas muito utilizadas em áreas molhadas, como cozinhas e banheiros. Os mosaicos, entretanto, podem ser de material cerâmico ou de pedras naturais. Geralmente formam painéis com texturas diferenciadas, gerando uma excelente composição para o ambiente. Os ladrilhos hidráulicos são assim denominados, pois o seu processo de fabricação inclui uma etapa de total imersão em água por cerca de 8 (oito) horas. Sua espessura média gira em torno de 2 a 3 cm, com resistência de até 5MPa e dimensões-padrão de 20 cm x 20 cm. São produzidos em diversas cores e padrões (lisos, decorados ou antiderrapantes), sendo possível diferentes projetos de paginação, com excelentes efeitos visuais e decorativos. O porcelanato, por fim, é uma cerâmica de alto desempenho, com baixíssima absorção de água (menos de 0,5%) e elevada resistência mecânica e ao desgaste químico e físico. Tais características fazem com que o porcelanato - 7 -
seja muito indicado tanto para áreas internas como para áreas externas, inclusive com grande tráfego. O que diferencia os porcelanatos dos demais revestimentos cerâmicos é o seu processo de fabricação: nele são utilizados feldspatos e argilas incorporados em um processo de queima que supera os 1.200 C. Madeiras e vinílicos Os revestimentos de madeira também são bastante difundidos no universo da construção civil, e o lambri é um dos principais representantes do revestimento de madeira em paredes. Os painéis de lambri são formados por um conjunto de peças de madeira com largura média de 10 cm por uma espessura de ½. A fixação das peças à superfície da parede geralmente é feita através de caibros com seção transversal trapezoidal, espaçados com distância de 50 cm um do outro. Outra opção são os pisos vinílicos (ou plásticos). Esse tipo de revestimento não é muito utilizado para revestimento de paredes, embora tenha boas características, como impermeabilidade e versatilidade. São fornecidos em formas de chapas que podem ser do tipo laminada ou de PVC colorido. Fechamento Agora que você já conhece os tipos de revestimentos mais comuns aplicados em paredes e pisos, vai ser bem mais fácil saber o que está por trás do acabamento tão bonito daquele revestimento, não é mesmo? Nesta aula, você teve a oportunidade de: conhecer e classificar os tipos de revestimentos (verticais e horizontais) e suas características técnicas. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). tetos de argamassas inorgânicas. Rio de Janeiro, 1998.. 1995.. 1996.. 2013. NBR 7200 : Execução de revestimentos de paredes e NBR 13529 : Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas Terminologia. Rio de Janeiro, NBR 13749: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas Especificação. Rio de Janeiro, NBR 9457 : Ladrilhos hidráulicos para pavimentação Especificação e métodos de ensaio. Rio de Janeiro,. NBR 13207 : Gesso para construção civil Requisitos. Rio de Janeiro, 2017.. NBR 15798: Pisos de madeira Terminologia. Rio de Janeiro, 2010. - 8 -