RESPONSABILIDADE SOCIAL EM EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA ÁREA DE MEIO AMBIENTE: DEVER OU POSSIBILIDADE?



Documentos relacionados
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: CAPÍTULO I DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A FORMAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO SUPERIOR ATRAVÉS DA INSERÇÃO DOS ESTUDANTES EM PROGRAMAS INSTITUCIONAIS: UM ESTUDO DE CASO NA UFRPE

MAPEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DOS PROGRAMAS E PROJETOS DE EXTENSÃO PARA A CONSTRUÇÃO DO CATÁLOGO DE EXTENSÃO DA FURG

VICE-DIREÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO REGIMENTO INTERNO DA COORDENAÇÃO DE EXTENSÃO

1ª Retificação do Edital Nº 024/2015

A IMPORTÂNCIA DAS DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA NO ENEM: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO PRÉ- UNIVERSITÁRIO DA UFPB LITORAL NORTE

II. Atividades de Extensão

ANÁLISE DOS ASPECTOS TEÓRICO METODOLÓGICOS DO CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE CONSELHEIROS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO

Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras

PROGRAMA ULBRASOL. Palavras-chave: assistência social, extensão, trabalho comunitário.

Programa Institucional de Bolsas e Auxílios para Ações de Extensão. PIBAEX

5.1 Nome da iniciativa ou Projeto. Academia Popular da Pessoa idosa. 5.2 Caracterização da Situação Anterior

Comemoração da 1ª semana de Meio Ambiente do Município de Chuvisca/RS

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

MMX - Controladas e Coligadas

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS E AUXÍLIOS PARA ATIVIDADES DE EXTENSÃO (PIBAEX) DO INSTITUTO FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (IFMS)

Questionário para Instituidoras

CUIDAR DA TERRA ALIMENTAR A SAÚDE CULTIVAR O FUTURO

Relatório da IES ENADE 2012 EXAME NACIONAL DE DESEMEPNHO DOS ESTUDANTES GOIÁS UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA. Responsabilidade Social não é apenas adotar um sorriso.

A PRÁTICA DE ENSINO EM QUÍMICA: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE COMO TEMA TRANSVERSAL

RELATÓRIO DAS ATIVIDADES 2004

Dúvidas e Esclarecimentos sobre a Proposta de Criação da RDS do Mato Verdinho/MT

FORMULÁRIO DAS AÇÕES DE EXTENSÃO

Capacitando, assessorando e financiando pequenos empreendimentos solidários a Obra Kolping experimenta um caminho entre empréstimos em condições

PÚBLICO-ALVO Assistentes sociais que trabalham na área da educação e estudantes do curso de Serviço Social.

VIII JORNADA DE ESTÁGIO DE SERVIÇO SOCIAL

Aline de Souza Santiago (Bolsista PIBIC-UFPI), Denis Barros de Carvalho (Orientador, Departamento de Fundamentos da Educação/UFPI).

CURSO: GESTÃO AMBIENTAL

Oi FUTURO ABRE INSCRIÇÕES PARA EDITAL DO PROGRAMA Oi NOVOS BRASIS 2012

CURSO PRÉ-VESTIBULAR UNE-TODOS: CONTRIBUINDO PARA A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO *

ANEXO I ROTEIRO PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS FIA Cada projeto deve conter no máximo 20 páginas

(Publicada no D.O.U em 30/07/2009)

PLANO DE TRABALHO CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO QUATRIÊNIO

A PERSPECTIVA DOS PROFESSORES DA ESCOLA BÁSICA SOBRE A EDUCAÇÃO FINANCEIRA INFANTIL

POLÍTICAS DE GESTÃO PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE

RELATÓRIO DAS ATIVIDADES 2003

Pequenas e Médias Empresas no Chile. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Promover um ambiente de trabalho inclusivo que ofereça igualdade de oportunidades;

Associação sem fins lucrativos, fundada em 1998, por um grupo de 11 empresários; 1475 associados: empresas de diferentes setores e portes.

ANEXO 2 Estrutura Modalidade 1 ELIS PMEs PRÊMIO ECO

RELATO DE EXPERIÊNCIAS NA GESTÃO DA EAD: NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA(UFSM) E NA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL(UAB).

DEMOCRÁTICA NO ENSINO PÚBLICO

e construção do conhecimento em educação popular e o processo de participação em ações coletivas, tendo a cidadania como objetivo principal.

POLÍTICAS DE EXTENSÃO E ASSUNTOS COMUNITÁRIOS APRESENTAÇÃO

EMATER RS. Seminário. A Extensão Rural Pública e Seus Impactos no Desenvolvimento Municipal Sustentável

INVESTIMENTO SOCIAL. Agosto de 2014

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE PROFESSORES DE GEOGRAFIA DO ENSINO FUNDAMENTAL

WALDILÉIA DO SOCORRO CARDOSO PEREIRA

Maria Fernanda Spina Chiocchetti Coordenadora da Câmara Técnica de EA dos Comitês PCJ

Conteúdo Específico do curso de Gestão Ambiental

Avanços na transparência

Linha 2- Desenvolvimento e Conflitos Sociais:

GRADUAÇÃO INOVADORA NA UNESP

Estado da Arte: Diálogos entre a Educação Física e a Psicologia

Escola de Políticas Públicas

Lei N X.XXX de XX de XXXXX de XXX

QUALIFICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DE PROFESSORES DAS UNIDADES DE ENSINO NA ELABORAÇÃO DE PROGRAMAS FORMAIS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO. Caráter inovador projeto cujo escopo ainda não possui. Complexidade das tecnologias critério de avaliação que

MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM POLÍTICAS PÚBLICAS, ESTRATÉGIAS E DESENVOLVIMENTO

RESPONSABILIDADE SOCIAL: a solidariedade humana para o desenvolvimento local

Projeto de Gestão Compartilhada para o Programa TV Escola. Projeto Básico

Empresa Júnior como espaço de aprendizagem: uma análise da integração teoria/prática. Comunicação Oral Relato de Experiência

Manual do Estagiário 2008

PROJETO Educação de Qualidade: direito de todo maranhense

LURDINALVA PEDROSA MONTEIRO E DRª. KÁTIA APARECIDA DA SILVA AQUINO. Propor uma abordagem transversal para o ensino de Ciências requer um

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CUSTOS NA ELABORAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

Curso de Graduação. Dados do Curso. Administração. Contato. Modalidade a Distância. Ver QSL e Ementas. Universidade Federal do Rio Grande / FURG

DIREITOS HUMANOS, JUVENTUDE E SEGURANÇA HUMANA

Chamada para proposta de cursos de Mestrado Profissional

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CONSELHO UNIVERSITÁRIO

PROGRAMA DE EXTENSÃO DA FASETE - PROESETE Edital de 15 de setembro de 2015.

Sugestões e críticas podem ser encaminhadas para o nape@ufv.br CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

EDUCAÇÃO AMBIENTAL. Meta e Estratégias. Meta

O tipo de gestão pública aplicado no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Alagoas: Um estudo de caso no Campus Arapiraca.

FACEMA SUSTENTÁVEL: Incorporação de educação ambiental na IES: Pedro Augusto da Silva Soares

Faculdade de Direito Promove Comissão Própria de Avaliação PROJETO DE AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

MANUAL PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS. Junho, 2006 Anglo American Brasil

INDICADORES ETHOS PARA NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS E RESPONSÁVEIS. Conteúdo

RELATÓRIO DA DIMENSÃO PESQUISA (volume II e pág. de 100 a 172) 1- Material de referência: Iniciação Científica

Bacharelado em Humanidades

1º Mapeamento Nacional das Iniciativas de Educação Financeira

ÉTICA EMPRESARIAL e RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA: CONCEITUAÇÃO, ANÁLISES E APLICAÇÕES.

III PRÊMIO PARAÍBA ABRAÇA ODM

FACULDADE DE CAMPINA GRANDE DO SUL. Manual de Estágio CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA

SEGURANÇA ALIMENTAR, SUSTENTABILIDADE, EDUCAÇÃO AMBIENTAL: REFLEXÕES A CERCA DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR.

Rompendo os muros escolares: ética, cidadania e comunidade 1

Rafael Vargas Presidente da SBEP.RO Gestor de Projetos Sociais do Instituto Ágora Secretário do Terceiro Setor da UGT.RO

Mapa da Educação Financeira no Brasil


POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

PROJETO DE INCENTIVO À INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA

Comunidade Solidária: parcerias contra a pobreza

Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA Gabinete de Consultoria Legislativa

CHAMADA INTERNA Nº 001/ PROEXT/UNIPAMPA SELEÇÃO INTERNA DE PROPOSTAS. PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA MEC/SESu. EDITAL PROEXT MEC/SESu 2016

Desafios da EJA: flexibilidade, diversidade e profissionalização PNLD 2014

Transcrição:

RESPONSABILIDADE SOCIAL EM EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA ÁREA DE MEIO AMBIENTE: DEVER OU POSSIBILIDADE? VITÓRIA RÉGIA FERNANDES GEHLEN Universidade Federal de São Paulo VICGEHLEN@YAHOO.COM.BR CRISTIANE LUCENA BARBOSA Universidade Federal de Pernambuco cristianelb3@gmail.com DIANA CAROLINA GÓMEZ BAUTISTA Universidade Federal de Pernambuco dianacaro.gomez@gmail.com JACKELINE FERNANDA FERREIRA CAMBOIM Universidade Federal de Pernambuco jackelinecamboim@yahoo.com.br LÍGIA DE OLIVEIRA BRAGA Universidade Federal de Sergipe ligiabraga.gestao@gmail.com

RESPONSABILIDADE SOCIAL EM EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA ÁREA DE MEIO AMBIENTE: DEVER OU POSSIBILIDADE? RESUMO A Extensão Universitária é uma das funções sociais das Universidades juntamente com as de ensino e pesquisa e é por meio dela que tais instituições podem realizar ações de Responsabilidade Social - RS. Entende-se que as Universidades devem estar comprometidas com saberes na área social, econômico e ambiental e na promoção destes junto à sociedade. Ao considerar que ocorre uma crise ambiental global, o foco desta pesquisa está voltado para o que se tem feito para combatê-la. Para atingir esse objetivo, entende-se que se deve experimentar maneiras de se produzir conhecimentos e realizar ações com finalidade da promoção da RS através, principalmente, de programas/projetos de extensão na área ambiental. Avaliando os programas/projetos classificados para terem apoio do Ministério da Educação do ano de 2014 na linha de Meio Ambiente e Recursos Naturais, percebeu-se que tais programas/projetos estão, em número, abaixo de várias outras temáticas. Os dados revelaram ainda que, no tocante a RS, uma necessidade de realizar atividades e incentivos junto às Universidades para que elas despertem para seu papel na sociedade no que diz respeito ao meio ambiente, visto que a problemática ambiental só terá mudança com a sociedade sensibilizada e informada de sua importância neste processo. Palavras chave: Responsabilidade Social; Extensão Universitária; Meio Ambiente. SOCIAL RESPONSIBILITY IN UNIVERSITY EXTENSION IN THE ENVIRONMENTAL AREA: DUTY OR POSSIBILITY? ABSTRACT The University Extension is one of the social functions of universities along with teaching and research and it is through such institutions can perform actions for Social Responsibility - RS. It is understood that universities should be committed to knowledge in the social, economic and environmental and promoting these to society. When considering a global environmental crisis occurs, the focus of this research is facing what has been done to combat it. To achieve this goal it is understood that one must experience ways to produce knowledge and perform actions with the purpose of promoting RS primarily through programs / outreach projects in the environmental area. Evaluating programs / projects rated to have the support of the Ministry of Education in the year 2014 of Environment and Natural Resources online, it was realized that such programs / projects are, in number, under various other topics. The data also revealed that, with respect to RS, a need to carry out activities together and incentives to universities so they awaken to their role in society with regard to the environment, since environmental problems will only change with the sensitized society and informed of their importance in this process. Key Words: Social Responsibility; University Extension; Environment. 1

INTRODUÇÃO Na realidade socioambiental vivenciada, percebe-se, cada vez mais, a necessidade de mudança de comportamento no tocante à relação das pessoas com o meio ambiente. A alteração de comportamento vem se apresentar com a mudança de conceitos que podem ser alcançados através da educação e da incorporação de novos saberes. Segundo Chiavenato (2010), nunca houve uma impressionante mudança no comportamento humano nas organizações e vários fatores estão associados a ela como os econômicos, os tecnológicos, os culturais, os sociais, os políticos, os demográficos e os ecológicos. Entretanto, a educação, em seu sentido mais amplo, enfrenta acentuados problemas de qualidade e não alcançou patamares desejáveis de democratização, pois, se a cidadania, em sua expressão mais clássica, ainda engatinha, a ecocidadania, por seu turno, continua revestida de um caráter utópico e distante (LOUREIRO, 2011). Ao entender que as pessoas são uma das ferramentas capazes de realizar mudanças e, relacionando estas mudanças com a necessidade da incorporação de novos saberes que tragam as questões ambientais em seus diversos olhares, surge assim, a importância da Extensão Universitária nesse contexto. Isso porque essa atividade se apresenta como um dos caminhos para a Universidade mudar uma realidade e dela praticar sua Responsabilidade Social ao proporcionar o diálogo dos acadêmicos com a sociedade (PAULA, 2011; CRUZ et al., 2010). Entende-se por extensão universitária, baseado no Plano Nacional de Extensão como: o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade. Assim, pode-se perguntar: Em que instância se dá a prática da Responsabilidade Social nas Universidades através de seus programas e projetos de extensão? Como estão em relação à linha temática de Meio Ambiente e Recursos Naturais? Deste modo, esta pesquisa, teve como objetivo geral, avaliar os projetos de extensão universitária classificados no Edital do Programa de Extensão Universitária MEC/SESu 2014 divulgados no portal do Ministério da Educação no ano de 2014 das principais Universidades Federais da Região Nordeste. Compreende-se que, pesquisas como esta são de grande importância na conjuntura atual e podem embasar discussões da prática para a geração de novos saberes que buscam soluções para crise ambiental global. Espera-se contribuir para esta importante reflexão e a inserção, cada vez mais, da temática ambiental na prática de extensão das Universidades como o caminho para práticas de ações de Responsabilidade Social com foco em meio ambiente diante da necessidade complexa que é entender a crise ambiental global, como também, buscar o avanço tecnológico com a conservação e manutenção do meio ambiente para as gerações futuras. 1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EM EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA ÁREA DE MEIO AMBIENTE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Existem visões do que seria Responsabilidade Social em diversos segmentos. No presente artigo, será discutida a noção de responsabilidade vinculada aos projetos e programas de extensão universitária e sua relação com a temática ambiental. Com a finalidade de se compreender as bases conceituais e, ao mesmo tempo, proporcionar perguntas em torno de sua prática, Ashley (2005, p.73) faz o seguinte 2

questionamento: o que se entende por Responsabilidade Social nos diversos segmentos empresariais, acadêmicos, governamentais e da sociedade civil organizada? Tal questão serve para descobrir o que está presente nos discursos com a finalidade de perceber as perspectivas e respostas a cerca das práticas que serão recomendadas e realizadas (ASHLEY, 2005). Assim, Ashley (2005 p.56) percebe o conceito de Responsabilidade Social: O conceito de responsabilidade social corporativa não pode ser reduzido a uma dimensão social da empresa, mas interpretado por meio de uma visão integrada, dimensões econômicas, ambientais e sociais que, reciprocamente, se relacionam e se definem. Por meio do conceito de Ashley (2005 p.56), percebe-se que a responsabilidade social não é apenas social, mas engloba vários aspectos que devem ser percebido no tratamento dessa questão. Nesse sentido, Dias (2012) ressalta as diversas terminologias utilizadas para essa prática: Responsabilidade Social Empresarial (RSE); Responsabilidade Social Corporativa (RSC), Responsabilidade Corporativa (RC), porém a mais comum e abrangente entre elas é a Responsabilidade Social (RS). Dias (2012) ainda compreende a Responsabilidade Social como prática que tenham como finalidade evitar prejuízos e trazer benefícios aos envolvidos no processo. Segundo a visão do Instituto Ethos, a Responsabilidade Social se define em: A forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade (ETHOS, 2003). São diversas as razões pelas quais as empresas se veem com necessidade do exercício da Responsabilidade Social. Logo, entendendo as Universidades Federais como empresas educacionais e enquanto organização, não se percebe as mesmas fora deste contexto. Mello & Froes (2005) apontam que um dos motivos está na obtenção dos recursos vindos da sociedade, para assim, fazer uma prestação de contas e promover essa restituição pela obtenção dos recursos, pode ser feita não apenas por meio de produtos, mas, sobretudo, por meio de ações que busquem soluções aos problemas sociais. Essa ação de devolução à sociedade também pode vir com o financiamento de projetos sociais como afirmam Mello & Froes: A empresa deve financiar projetos sociais porque é certo, justo e necessário assim proceder. É um mecanismo de compensação das perdas da sociedade em termos de concessão de recursos para serem utilizados pela empresa. E não uma ação caridosa, típica dos capitalistas do início do século, que utilizavam filantropia como forma de expiação dos seus sentimentos de culpa por obterem lucros fáceis à custa da exploração do trabalho das pessoas e dos recursos naturais abundantes (MELO; FROES, 2005, P. 84-85). Para tanto, nas empresas, a Responsabilidade Social tem por foco o público interno que faz referência aos empregados e seus dependentes e, também, o público externo, quando suas ações visam beneficiar as comunidades, ou seja, investir em projetos sociais da própria empresa, 3

doações e prestações de serviços (MELO; FROES, 2005). Entende-se por Responsabilidade Social externa: Ações de Responsabilidade Social externa têm como foco a comunidade, e visam minimizar as suas principais carências, bem como promover o desenvolvimento sustentável da sociedade por meio de ações de saúde, educação, arte, esportes, cidadania e ecologia, realizados muitas vezes com parcerias do terceiro setor (MONOBE et al., 2010, p.31). Dessa forma, nota-se a importância desta responsabilidade para promover benefícios importantes à sociedade. Apontando para este contexto, estão as Universidades e o seu papel junto à comunidade na prática da Responsabilidade Social através de seus projetos e programas de extensão na área de meio ambiente. A despeito da Responsabilidade Social nas Universidades, o Sistema Nacional de Educação Superior (SINAES) instituída pela Lei nº 10.861/2004 considerada especialmente no que se refere a sua contribuição em relação à inclusão social, ao desenvolvimento econômico e social, á defesa do meio ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural (Art. 3ª paragrafo III. Grifo nosso), o que reforça a importância das ações também na área ambiental. Nesse sentido, o Plano Nacional de Extensão Universitária conceitua extensão universitária como: o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade. Segundo Bolan & Motta (2007), o Sistema Nacional de Ensino Superior não utiliza o termo Responsabilidade Social Universitária por percebê-la como finalidade institucional e acadêmica. Desse modo, percebe-se que a Responsabilidade Social na Universidade não se dá de forma tradicional, mas por meio de projetos de extensão como está determinada no Artigo 207 da Constituição Federal do Brasil de 1988 As universidades gozam de autonomia didáticocientífica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 1988, grifo nosso). Entretanto, para que alguma ação da Universidade seja instituída como extensão é necessário que se tenha uma política de extensão que traga conceitos, diretrizes, além das finalidades e funções abordadas em instâncias institucionais deliberativas e normatizadas por meio de Estatutos, Regimentos, Plano de Desenvolvimento Institucional, Resoluções, Portarias e Editais (PLANO NACIONAL DE EXTENSÃO, 1999). Nessa perspectiva, a importância do ensino universitário para a Responsabilidade Social está no fato, segundo Bollan & Motta (2007 p. 208) de: A promoção de um ensino socialmente responsável abarcaria a formação de indivíduos qualificados para a inclusão no mercado profissional e igualmente a formação de indivíduos críticos, moralmente competente, capazes de tomada de decisões frente a questões éticas, não apenas considerando uma visão deontológica, mas também seus contextos pragmáticos, morais e sociológicos. A auto sustentabilidade, mas do que um conteúdo curricular compreenderia o foco sobre o qual as instituições desenvolveriam ações que fomentem o compromisso dos alunos com a vida e sua preservação. Envolve sua capacitação para ir além do reconhecimento dos problemas ambientais no sentido amplo da palavra. 4

Verifica-se que as questões ambientais podem e devem ser trabalhadas nas Universidades Federais como promoção de novos saberes que proporcionem para a sociedade um conhecimento, tornando a mesma aliada neste tempo de crise ambiental global. Trabalhar meio ambiente, recursos naturais e desenvolvimento sustentável pode favorecer para a manutenção e condições de sobrevivência para as gerações futuras. Nesse cenário, podem-se perceber algumas dimensões em torno do desenvolvimento sustentável com a Responsabilidade Social. O conceito de desenvolvimento sustentável é um conceito que gera polêmica pelas suas múltiplas interpretações, no entanto, o Relatório de Brundtland ressalta o conceito como um avanço na temática, independentemente do surgimento de diversas discussões, segundo Dias: Embora seja um conceito amplamente utilizado, como já mencionado, não existe uma única visão do que seja o desenvolvimento sustentável. Para alguns, alcançar o desenvolvimento sustentável é obter o crescimento econômico contínuo através de um manejo mais racional dos recursos naturais e da utilização de tecnologias mais eficientes e menos poluentes. Para outros, o desenvolvimento sustentável é antes de tudo um projeto social e político destinado a erradicar a pobreza, elevar a qualidade de vida e satisfazer ás necessidades básicas da humanidade que oferece os princípios e orientações para o desenvolvimento harmônico da sociedade, considerando a apropriação e a transformação sustentável dos recursos ambientais (DIAS, 2010, p. 32-33). No contexto de Desenvolvimento Sustentável, pode-se incorporar a questão da extensão universitária como uma alternativa de promoção de projetos que visam satisfazer algumas necessidades da sociedade. Nesse sentido, a extensão pode ser compreendida como uma ação que busca promover uma associação entre Universidade e Sociedade, possibilitando a relação teoria/prática e, com isso, a promoção de saberes acadêmicos e populares (BRASIL, 2001). 2 MATERIAIS E MÉTODOS - METODOLOGIA Entendendo que Extensão é uma das funções sociais da Universidade, o presente estudo, de caráter exploratório-descritivo, teve como objetivo geral avaliar os programas e projetos de extensão universitária classificados das Universidades Federais da Região Nordeste no Edital do Programa de Extensão Universitária - MEC/SESu 2014 divulgados no portal do Ministério da Educação no ano de 2014. Para Gil (2010), as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias e o objetivo de proporcionar visão geral acerca de determinado fato e, através das pesquisas descritivas, pode-se realizar a descrição das características de determinada população ou fenômeno com a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. Para tanto, foi feito o levantamento das Universidades Federais presentes nos estados da Região Nordeste através do portal do Ministério da Educação e considerando a definição de Universidade segundo a Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional (CASA CIVIL, 1996): 5

Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por: I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo s istemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional; II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado; III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral. Uma vez localizadas, para definição da amostra, foram consideradas as maiores Universidades, ou seja, para cada estado da Região Nordeste, foi identificada a maior Universidade, segundo o critério daquela que possuísse mais cursos de pós graduação, mediante consulta ao portal da Capes (CAPES, 2014). Seguem abaixo descritas (Tabela 1). Tabela 1. Listas das universidades públicas com maior número de cursos de pós-graduação dos Estados do Nordeste disponibilizada pela CAPES (2014). UF Instituição de Ensino Superior Sigla Totais de cursos de pós graduação BA Universidade Federal da Bahia UFBA 118 PB Universidade Federal da Paraíba UFPB 74 AL Universidade Federal de Alagoas UFAL 40 PE Universidade Federal de Pernambuco UFPR 123 SE Universidade Federal de Sergipe UFSE 52 MA Universidade Federal do Maranhão UFMA 32 PI Universidade Federal do Piauí UFPI 37 RN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN 93 CE Universidade Federal do Ceará UFC 99 Fonte: autores, 2014. Total = 668 A partir daí, deu-se início a segunda etapa da pesquisa que consistiu em consultar o site do Ministério da Educação, na área do portal referente aos projetos de extensão que foram submetidos por estas Universidades no ano de 2014, fazendo assim, o levantamento destes projetos, registrando o título, área temática, subtema, nota de cada projeto e status de classificação. Esses aspectos possibilitam caracterizar a coleta dos dados dentro de um viés qualitativo para a sua identificação e quantitativo para a apresentação. Logo, para um bom entendimento, ocorreu a associação quali-quantitativa na análise dos dados coletados a fim de responder as questões: Em que instância se dá a prática da Responsabilidade Social nas Universidades Federais no Nordeste brasileiro através de seus programas e projetos de extensão? Como estão em relação à linha temática de Meio Ambiente e Recursos Naturais? 6

Para responder as perguntas propostas, fez-se necessário a análise dos dados coletados e seu diálogo com a fundamentação pesquisada. Pretende-se identificar as atividades relacionadas à prática da Responsabilidade Social que as Universidades Federais estão realizando através de seus projetos e programas de extensão, em especial a linha de Meio Ambiente e Recursos Naturais, entendendo que é de extrema importância o papel das Universidades na promoção do Desenvolvimento Sustentável e da Responsabilidade Social. Seguem abaixo as linhas temáticas (tabela 2). Tabela 2. Linhas temáticas disponíveis no Ministério da Educação (2014) para inscrição dos projetos e programas de extensão das universidades. Linhas Temáticas presentes no EDITAL PROEXT 2014 - PROGRAMA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA Linha 1: Educação Linha 2: Cultura e arte Linha 3: Pesca e aquicultura Linha 10: Direitos humanos Linha 11: Promoção da igualdade racial Linha 12: Mulheres e relações de gênero Linha 4: Promoção da saúde Linha 5: Desenvolvimento urbano Linha 6: Desenvolvimento rural Linha 6: Estágios Interdisciplinares de Vivência EIV Linha 7: Redução das desigualdades sociais e combate à extrema pobreza Linha 8: Geração de trabalho e renda por meio do Apoio e Fortalecimento de empreendimentos econômicos solidários Linha 9: Preservação do patrimônio cultural Brasileiro Linha 13: Esporte e lazer Linha 14: Comunicação Linha 15: Inclusão produtiva e desenvolvimento regional: Rotas de Integração Nacional Linha 16: Justiça e direito do indivíduo privado de liberdade Linha 17: Ciência, tecnologia e inovação para a inclusão social Linha 18: Meio Ambiente e Recursos Naturais Linha 19: Juventude Linha 20: Articulação e Participação Social Fonte: autores, 2014. 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS A problemática ambiental é presente e bastante atual. Mesmo com a existência de legislação e normatização, torna-se ainda mister avançar neste contexto, buscando, cada vez mais, incorporar novos saberes e ter atitudes que venham fazer diferença para a preservação do meio ambiente. 7

Pode-se associar a geração de novos saberes às Universidades, sendo no presente estudo, as Universidades Federais da Região Nordeste e, em relação às mesmas, como se dá a prática da Responsabilidade Social (RS) através de seus projetos e programas de extensão na linha temática de Meio Ambiente e Recursos Naturais. Diante do exposto, inicia-se a análise dos dados coletados em consulta ao portal do Ministério da Educação (2014) que foram tabulados a fim de promover uma melhor compreensão. Observa-se que as linhas temáticas dos projetos de extensão universitária (Tabela 2) estão voltadas para os direitos sociais básicos, uma vez que se encontram em sintonia com o que está disposto do artigo sexto da Constituição Federal de 1988: Art.6º- São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Assim, dessa forma, pode-se corroborar, mais uma vez, a questão de que os projetos de extensão universitária podem ser considerados como a execução de ações de Responsabilidade Social das Universidades para a sociedade. De acordo com DIAS (2012), a Responsabilidade Social varia de acordo com a empresa onde ela é realizada, contudo, há alguns pontos de convergência entre essas ações: Tabela 3. Pontos de Convergência de ações de Responsabilidade Social e sua relação com a atividade de extensão na universidade. Pontos de Convergência de Ações de Responsabilidade Social Pontos Atividades de extensão na Universidade Compromisso social da empresa Decisão voluntária Conduta ética Ações voltadas para fora das portas das Universidades Elaboração dos projetos pelos próprios docentes por decisão própria e opcional A transparência e prestação de contas que existe Benefícios para a sociedade Desempenho ambiental Projetos em consonância com as linhas temáticas voltadas para o social (rever Tabela 2) Linhas temáticas também voltadas para a área ambiental (rever Tabela 2) Adaptabilidade Os projetos que são dos mais diversos e que se adaptam de acordo com a especialidade da equipe que executa o projeto Fonte: Dias, 2012. Como referido anteriormente, os projetos de extensão cumprem sim requisitos de RS: compromisso social versus ações voltadas para fora das portas das Universidades, decisão voluntária versus elaboração dos projetos pelos próprios docentes por decisão própria e opcional, 8

conduta ética versus a transparência e prestação de contas que existem, benefícios para a sociedade versus projetos em consonância com as linhas temáticas voltadas para o social (rever Tabela 2), desempenho ambiental versus as linhas temáticas também voltadas para a área ambiental (rever Tabela 2), adaptabilidade versus os projetos que são dos mais diversos e que se adaptam de acordo com a especialidade da equipe que executa o projeto. Tabela 4. Lista de Projetos de Extensão Universitária contemplados por Instituição de Ensino Superior (IES) disponibilizada no Ministério da Educação (2014). Fonte: autores, 2014. Na Tabela 4, estão dispostos os projetos classificados de acordo com os critérios do Edital (total de 208 projetos classificados) e pode-se constatar certo equilíbrio de projetos por temas, os quais variam de 1 a 23 projetos por tema, mas tendo a variação percentual entre 0 a 11% de representatividade. Esse número era de se esperar, pois, um dos critérios de seleção do Edital do Programa de Extensão Universitária estipula o número máximo de projetos por IES por Linha Temática de 4 ao todo - sendo 2 projetos e 2 programas. Um resultado interessante é o número de projetos classificados pela Universidade Federal da Paraíba, onde 90% dos projetos submetidos foram classificados (Tabela 5), em contraponto à Universidade Federal de Alagoas, onde 56% de seus projetos foram desclassificados. Tabela 5. Apresentação da submissão dos projetos e programas pelas Universidades da Região Nordeste disponibilizadas no Ministério da Educação (2014). IES Submissão Classificados Classificação Relação Desclassificados ao total Relação ao total Universidade Federal da Bahia 35 18 51% 17 49% Universidade Federal da Paraíba 70 63 90% 7 10% Universidade Federal de Alagoas 32 14 44% 18 56% Universidade Federal de Pernambuco 41 19 46% 22 54% Universidade Federal de Sergipe 17 8 47% 9 53% Universidade Federal do Maranhão 10 7 70% 3 30% Universidade Federal do Piauí 14 10 71% 4 29% Universidade Federal do Rio Grande do Norte 55 45 82% 10 18% Universidade Federal do Ceará 43 24 56% 19 44% Fonte: autores, 2014. Total 317 208 109 9

Com a figura 1, observa-se a proporção de projetos classificados na linha de Meio ambiente e recursos naturais em relação aos demais temas, contudo o que se mostra importante é a não classificação de programas e projetos nessa linha temática em cinco das nove Universidades realizadas. Para que isso ocorra pode ter duas hipóteses: a real falta de incentivo e interesse em se realizar ações nessa linha temática, ou então, mas não menos grave, a má qualidade dos programas e projetos apresentados à seleção, o que ocasionou uma possível desclassificação dos mesmos. Ambas as situações são preocupantes, uma vez que se espera que o interesse por desenvolver ações na área ambiental vem se mostrando urgente, bem como, por se tratar das maiores Universidades da Região Nordeste, como também, entende-se que a qualidade dos profissionais de ensino seja de maior gabarito. Figura 1. Apresentação da relação dos programas e projetos na linha de Meio ambiente e recursos naturais disponibilizados no Ministério da Educação (2014). Ainda dentro da linha temática 18: Meio ambiente e recursos naturais, os subtemas relacionados estão listados na tabela 6, conforme segue abaixo: 10

Tabela 6. Subtemas da Linha Temática 18( Meio Ambiente e Recursos Naturais) apoiados no Edital do Programa de Extensão Universitária MEC/SESu 2014. Subtemas da Linha Temática 18: Meio Ambiente e Recursos Naturais 4.18.1 Florestas Apoio às atividades de conservação, recuperação dos ecossistemas e melhoria dos processos de manejo, tendo como público alvo, preferencialmente, agricultores familiares, agricultores beneficiados de assentamentos da reforma agrária e comunidades tradicionais. 4.18.2 4.18.3 4.18.4 4.18.5 4.18.6 4.18.7 Agroecologia e Agroextrativismo: Capacitação e mobilização social mediante a oferta de oficinas, cursos e outros meios de formação inclusive para o cooperativismo e empreendedorismo, que envolvam, preferencialmente, famílias de baixa renda e comunidades tradicionais. Conservação e uso da biodiversidade: Apoio às atividades de conservação, recuperação dos ecossistemas e melhoria dos processos de manejo que envolvam, preferencialmente, famílias de baixa renda e comunidades tradicionais. Gestão de Águas - Apoio às atividades de uso e gestão de recursos hídricos, que envolvam preferencialmente agricultores, organizados por bacia hidrográfica, populações de baixa renda de zonas semiáridas, populações urbanas em situação de risco, prefeituras municipais. Qualidade Ambiental - Promoção da qualidade ambiental, em atividades que envolvam, preferencialmente, as administrações de municípios de pequeno porte na forma de consórcios públicos, cidades médias e catadores de resíduos sólidos organizados. Produção e Consumo Sustentáveis Apoio às atividades de produção e consumo sustentáveis, que envolvam, preferencialmente, arranjos produtivos locais, clusters e a cadeia da construção civil. Juventude e meio ambiente - Apoio às iniciativas que promovam o envolvimento de jovens, dentro e fora da Universidade no cuidado com meio ambiente e na gestão ambiental, por meio de atividades participativas. Os dez projetos classificados estão nas linhas temáticas supracitadas e distribuídas de acordo com a tabela 7 abaixo. 11

Tabela 7. Apresentação da relação dos programas e projetos na linha de meio Ambiente e Recursos Naturais disponibilizados no Ministério da Educação (2014). IES Programa/Projeto Linha 18: Meio Ambiente e Outras Relação Recursos Naturais Subtema Universidade Federal da Bahia 1 17 6% Produção e Consumo Sustentáveis Gestão de Águas Universidade Federal da Paraíba 4 59 7% Produção e Consumo Sustentáveis Conservação e uso da biodiversidade (2x)* Universidade Federal de Alagoas 0 14 - Universidade Federal de Pernambuco 0 19 - Universidade Federal de Sergipe 0 8 - Universidade Federal do Maranhão 0 7 - Universidade Federal do Piauí 0 10 - Universidade Federal do Rio Grande do Norte 2 43 5% Universidade Federal do Ceará 3 22 14% Total= 10 199 *Refere-se a que há dois programas/projetos classificados na mesma linha temática. Fonte: autores, 2014. Conservação e uso da biodiversidade Produção e Consumo Sustentáveis Produção e Consumo Sustentáveis Gestão de Águas Agroecologia e Agroextrativismo Figura 2. Apresentação da frequência dos programas e projetos na linha de meio Ambiente e Recursos Naturais disponibilizados no Ministério da Educação (2014). 12

A tabela 7 juntamente com a figura 2 demonstra que nem todos os subtemas foram contemplados, havendo uma maior concentração no de produção e consumo sustentável e nenhum nos de floresta e qualidade ambiental. Diante do exposto, percebe-se que extensão universitária e a relação da pesquisa/ensino com a sociedade pode ser uma ferramenta de extrema relevância para o exercício da Responsabilidade Social nas Universidades e a produção de novos saberes para todos envolvidos no processo. CONSIDERAÇÕES FINAIS O avanço da tecnologia e as novas descobertas que a ciência apresenta no cenário atual são evidentes. A importância das Universidades Federais no tocante a promoção de saberes que busquem caminhos para equacionar essa relação entre tal avanço e a preservação do Meio Ambiente é urgente e necessária. A Extensão Universitária pode ser este caminho através dos projetos e programas elaborados e desenvolvidos pelas Universidades para viabilizar atividades que resgatem o seu elo com a sociedade. Como visto no decorrer deste texto, estes podem ser submetidos ao Ministério da Educação e, caso aprovados, serem executados e transformados em excelente ferramenta para disseminar conhecimento e interação da academia com a comunidade. O Ministério da Educação apresenta várias linhas temáticas para a submissão destes projetos e programas, dentre elas, a de Meio Ambiente e Recursos Naturais. Assim, pode-se utilizar esta linha como um instrumento de possibilidade para se trabalhar as questões ambientais. Na análise dos dados, ficou evidente que a maneira de atuação das ações de Responsabilidade Social na área ambiental no âmbito da Região Nordeste terá uma atuação bastante limitada. Oportunidades de atuação de programa e projetos de extensão são possibilitadas pelo Ministério da Educação, no entanto não vem sendo aproveitados pela comunidade acadêmica, o que compromete também a sua atuação junto à sociedade. Dessa maneira, espera-se que as Universidades busquem, através de projetos e programas de Extensão Universitária, a prática de ações de Responsabilidade Social na temática ambiental, visto que, diante da crise ambiental global, seu papel torna-se imprescindível para corroborar com mudanças positivas junto à ciência e à sociedade tão ávida por conhecimento sobre Meio Ambiente e de como se pode melhorar esta relação de vivência e sobrevivência, garantindo a preservação do mesmo para as gerações futuras. Assim, pesquisas neste contexto contribuem para que seja dada continuidade em torno desse debate de extrema relevância para a sociedade. REFERÊNCIAS ASHLEY, Patrícia (Cord). Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. 2ª ED. São Paulo: Saraiva, 2005. CAPES, 2014. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Disponível em: 13

<http://conteudoweb.capes.gov.br/conteudoweb/projetorelacaocursosservlet?acao=pesquisr RegiaoIes&codigoRegiao=2&descricaoRegiao=Nordeste>. Acesso em: 16/07/14. CASA CIVIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 30/06/14. CHIAVENATO, Idelbrando. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3ª ED. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. BRASIL. Presidência da República Casa Civil. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 16/07/14. BRASIL. Lei 10.861/04. Dispõe sobre o Sistema Nacional de Educação Superior-SINAES e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.861.htm. Acesso em: 27/07/14.. Avaliação Nacional de Extensão Universitária. Fórum de Pró-Reitores de extensão das Universidades públicas brasileiras, Brasília: MEC/SESU, Paraná (UFPR), Ilhéus (BA) UESC 2001. (coleção extensão universitária v.3) CRUZ, Breno, MELO, et,al. Extensão Universitária e Responsabilidade Social: 20 anos de Experiência de uma Instituição de Ensino Superior. In. XXXIV Encontro da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Administração, Rio de Janeiro, 2010. DIAS, Reinaldo. Responsabilidade Social - Fundamentos e Gestão. 1ª ED. São Paulo: Atlas, 2012. DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e sustentabilidade. 1ª ED. São Paulo: Atlas, 2010. ETHOS, Instituto. Glossário dos Indicadores Ethos, 2003. Disponível em: <http://www3.ethos.org.br/wp-content/uploads/2013/09/gloss%c3%a1rio-indicadores-ethos- V2013-09-022.pdf>. Acessado em 2 de agosto de 2014. GIL, Antônio. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª ED. São Paulo: Atlas, 2010. LOUREIRO, Carlos; et. al. Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. 5ª ED. São Paulo: Cortez, 2011. MELO, Francisco; FROES, César. Responsabilidade Social e Cidadania Empresarial: a administração do terceiro setor. 2ª ED. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. 14

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Portal do Ministério da Educação. Disponível em: http://emec.mec.gov.br/. Acesso em: 16/07/2014. MONOBE, Maria; BENEDICTO, Gideon; SILVA, Lucas. Evolução histórica dos estudos sobre a ética. In. SILVA-FILHO, Cândito; BENEDICTO, Gideon; CALIL, José (Orgs). Ética, Responsabilidade Social e Governança Corporativa. 2ª ED. Campinas: Editora Alínea, 2010. PAULA, Sílvio Luiz de. Responsabilidade Social em instituições de ensino superior: a construção da impressão de organização socialmente responsável. 1ª ED. Recife: Editora Universitária, 2011. 15