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37 Investimento em Ativos Mobiliários: Um levantamento da realidade do mercado financeiro nacional. Autor: Dimas F. Vidal* Nos últimos trinta anos o Sistema Financeiro Nacional passou por um processo de mudanças significativas. Mudanças na legislação, fortalecimento de instrumentos de governança corporativos, modernização dos instrumentos de liquidação e custódia, o fortalecimento dos mercados de capital e de derivativos, e por fim, do crescimento das instituições de Previdência Privada e dos chamados Regimes Próprios de Previdência. Mudanças estas que contribuíram para o fortalecimento e o crescimento das instituições públicas e privadas que atuam no mercado financeiro, e por consequência, o aperfeiçoamento dos ativos mobiliários hoje disponíveis aos investidores, individuais ou institucionais, nacionais ou estrangeiros. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários CMV (2014) há no mercado dois mecanismos disponíveis de investimentos: No primeiro, o investidor faz uso das instituições corretoras de valores mobiliares para negociar títulos mobiliares diretamente no mercado. No segundo, o investidor realiza seus investimentos através de condomínios, conhecidos como Fundos de Investimentos. Neste artigo, estaremos apresentando e descrevendo as diversas alternativas de ativos mobiliários disponíveis no mercado financeiro, com destaque para os Fundos de Investimentos e das Ações, apresentando suas principais características de liquidez, de risco e de retorno. Sistema Financeiro Nacional O Sistema Financeiro Nacional é composto por instituições integrantes de um Subsistema Normativo e de um Subsistema de Intermediação. No primeiro subsistema estão as instituições responsáveis pela normatização e controle das diversas atividades e serviços financeiros, tendo como principais integrantes o Conselho Monetário Nacional, o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários. No subsistema de intermediação estão as instituições responsáveis pelas operações de intermediação, tais como bancos, financeiras, corretoras de valores, seguradoras, etc (figura 1). Figura 1 Sistema Financeiro Nacional Fonte: Gomes e Almeida (2008) Dimas F. Vidal, Economista e Administrador, Mestre em Administração, Professor e Pesquisador Revista da Universidade Openacad Review Estácio de Sá.
38 No que tange ao Mercado Financeiro Nacional, este é subdividido em quatro mercados, cada um deles destinado a necessidades específicas: O Mercado de Capitais, o Mercado de Crédito, o Mercado Monetário e o Mercado de Cambio. O Mercado de Capitais, normatizado e controlado pela Comissão de Valores Mobiliários, é constituído por instituições financeiras responsáveis pelas negociações, intermediação e administração de carteira de investimento em ativos mobiliários, além das instituições responsáveis pela liquidação e custódia. Neste mercado, destacam se dois mecanismos de investimentos: no primeiro, estão os mecanismos de investimentos em grupo, tais como os Fundos de Investimentos e os Clubes de Investimentos. No segundo, o investidor, com a intermediação de uma corretora de valores, decide e negocia a composição de sua carteira de ativos mobiliários, tais como, ações, debêntures e os Títulos do Tesouro Nacional. Para os fins deste trabalho, serão apresentados os Fundos de Investimentos e as ações como os ativos mobiliários disponíveis aos investidores, relacionados diretamente ao mercado de capitais. Fundos de Investimentos Os fundos de investimentos representam uma modalidade de investimento realizado na forma de um condomínio e seu patrimônio dividido em cotas, onde a soma do total de cotas dos investidores resulta no valor do patrimônio do fundo. É uma estrutura formada por um conjunto de investidores organizados formalmente através de um condomínio para realizarem investimentos em uma condição que, geralmente não seria possível ser feita de forma individual. São regulados e controlados pela CVM - Comissão de Valores Mobiliários. O valor das cotas é atualizado todos os dias em função dos resultados obtidos pelo fundo, sejam eles positivos ou negativos. Os ganhos ou perdas do investidor são resultantes da valorização ou desvalorização do patrimônio do fundo, e, por conseguinte, da valorização ou desvalorização das cotas. Os fundos de investimentos podem ser constituídos como um condomínio aberto ou condomínio fechado. No primeiro caso, é permitida a entrada e saída de novos investidores ou mesmo da aquisição de novas cotas por cotistas antigos, resultando no aumento ou diminuição do número de cotas do fundo. Já nos fundos fechados, não é permitido o aumento ou a redução de cotas depois de sua constituição. Portanto é vedada a entrada ou saída de novos cotistas, nem tampouco novos investimentos por parte dos antigos cotistas. Nesta modalidade, portanto, se os cotistas do fundo precisarem rever seu capital antes do prazo de encerramento do fundo, este deverá vender suas cotas a terceiros. Com o objetivo de aumentar a liquidez dos fundos fechados, a Bolsa de Valores, Bovespa, disponibilizou mecanismos de negociação de cotas de fundos em seus pregões, fornecendo o ambiente adequado para estas negociações, nos mesmos moldes das ações das empresas listadas na Bolsa. Os fundos representam uma modalidade de investimento que, sob a forma de condomínio, reúne recursos de pessoas físicas e/ou jurídicas, possuidoras de objetivos comuns. Estes recursos, administrados por uma instituição financeira, são destinados à aplicação em carteiras diversificadas de Títulos e Valores Mobiliários, em quotas de fundos e, ainda, em outros títulos específicos, dependendo do objetivo previsto, o qual definirá o perfil do fundo. A sua constituição em forma de condomínio caracteriza a copropriedade dos bens, ou seja, estes pertencem aos condôminos, denominados de quotistas, que são proprietários de partes ideais, representadas por quotas proporcionais ao valor investido (LIMA, LISBOA,1998).
39 Os fundos de investimentos possuem uma condição bem peculiar de governança. Possui três instâncias de poder de decisão: o administrador do fundo, o gestor da carteira de investimentos, e a assembleia de cotistas. O administrador é responsável pelas questões administrativas do fundo. Geralmente são os criadores do fundo, responsáveis, portanto, pela definição do regulamento, e por representar o condomínio assim como exercer todos os direitos relacionados aos ativos do fundo. Também é obrigação do administrador a contratação de um auditor independente, para auditar as demonstrações contábeis do Fundo; Uma das principais obrigações do administrador de um fundo de investimento é a divulgação de informações aos investidores, na periodicidade, prazo e teor definidos pela regulamentação da CVM. Esta divulgação deve ser feita de forma imparcial entre todos os cotistas (CVM, 2014). A Comissão de Valores Mobiliários, através da portaria 522/2012, tornou obrigatório aos administradores dos fundos, a adoção de políticas e práticas de controles internos, com o objetivo de garantir a liquidez necessária à carteira do fundo, no que diz respeito aos prazos previstos em seus regulamentos de resgate ou de pagamento de rendimento. O gestor do fundo de investimento é o profissional, ou instituição financeira habilitada pela Comissão de Valores Mobiliários, responsável pela administração da carteira de ativos do fundo. O gestor tem competência para negociar os ativos, segundo o que estabelece o regulamento do fundo. Dentre as principais atividades do gestor do fundo, destacam-se: Escolher os ativos que irão compor a carteira do fundo, selecionando aqueles com melhor perspectiva de rentabilidade, dado um determinado nível de risco compatível com a política de investimento do Fundo; Emitir as ordens de compra e venda com relação aos ativos que compõem a carteira do Fundo, em nome do Fundo (CVM, 2014). Em última instância, a palavra final sobre o destino do fundo cabe à assembleia de cotista. A assembleia é soberana quando da necessidade de mudanças na política de investimentos, nas alterações do regulamento, ou até mesmo de um possível encerramento das atividades do fundo. Fundos de Investimento e os riscos envolvidos Um dos aspectos mais importantes dos fundos de investimentos é aquele relacionado à gestão de risco. Com relação ao mercado de capitais, geralmente define-se risco como a possibilidade de um determinado investimento não atingir o retorno esperado. Em relação aos fundos de investimentos, o risco está relacionado aos ativos que compõem suas carteiras. A Comissão de Valores Mobiliários destaca três riscos principais que o investidor está sujeito: Risco de Mercado: O risco de mercado é decorrente das variações de preços dos ativos mobiliários nos mercados em que são negociados. Neste caso, quanto maiores forem as oscilações dos valores destes ativos no mercado, maiores serão os riscos envolvidos. No caso dos fundos de investimentos, esta variação para cima e para baixo, reflete no valor do patrimônio do fundo, e, por conseguinte, no valor das cotas do fundo. Risco de Crédito: Ao adquirir seus ativos, um fundo de investimento está na verdade adquirindo direito de receber no futuro os valores resultantes destes ativos. O risco de crédito
40 está relacionado à falta de capacidade dos emissores destes ativos de cumprirem seus compromissos contratuais, geralmente por condições econômicas e financeiras. Risco de Liquidez: O risco de liquidez está relacionado à capacidade do fundo de liquidar seus ativos na data do vencimento. Ao adquirir um ativo no mercado, um fundo de investimento espera resgatar estes valores em determinada data, através dos mesmos mecanismos que permitiram sua aquisição. O risco de crédito pode ser definido como a possibilidade de não conseguir resgatá-lo, ou só conseguir a um custo muito elevado, comprometendo sua capacidade de honrar seus compromissos com os cotistas do fundo. Lâminas de um Fundo de Investimento Os fundos de investimento são obrigados por lei a elaborar e publicar uma lâmina de informações sobre o fundo, como objetivos, público alvo, política e estratégias de investimento, taxa de administração, despesas, rentabilidade, variação do patrimônio e valor das cotas pela marcação de mercado. Algumas instituições de análise de mercado e de risco publicam lâminas especiais para o mercado, criando uma condição mais adequada para o acompanhamento do desempenho dos principais fundos de investimentos ativos. No gráfico abaixo é possível acompanhar o desempenho da variação do patrimônio do fundo (linha superior), comparado com um indicador de referencia, geralmente o Certificado de Depósito Interbancário CDI (linha inferior). Além dos dados apresentados no gráfico, as taxas de variação percentual são apresentadas na tabela seguinte ao gráfico. Fonte: https://magnetis.com.br Abaixo são apresentados os níveis de risco, risco retorno e variação patrimonial. Fonte: https://magnetis.com.br
41 Alem destes recursos, também está disponível ao investidor o portal da Comissão de Valores Mobiliários dedicada aos fundos de investimentos. No portal, é possível encontrar todas as informações que o administrador do fundo tem obrigação de disponibilizar ao mercado, tais como, o regulamento, a composição detalhada carteira que compõem o patrimônio do fundo, os Demonstrativos de Resultado, etc. Tipos de Fundos Fundos Referenciados Os Fundos Referenciados são fundos cujos contratos estabelecem uma referencia de rentabilidade. Devem acompanhar a variação do indicador de referencia definido em seu objetivo. Dentre os fundos de investimentos referenciados, os mais populares são os fundos o DI, cujo objetivo de investimento é acompanhar a variação diária das taxas de juros no mercado interbancário (CDI). Para a composição de sua carteira, os fundos referenciados devem ser compostos com os seguintes ativos: No mínimo, 95% de sua carteira composta por ativos que acompanhem referido indicador; 80%, no mínimo, do seu patrimônio líquido, em títulos de emissão do Tesouro Nacional ou do Banco Central do Brasil ou em ativos financeiros de renda fixa considerados de baixo risco de crédito. Além disso, podem utilizar derivativos apenas com o objetivo exclusivo de proteção (hedge), sem permitir alavancagem. Fundos de Renda Fixa Os fundos de renda fixa têm como característica a composição de seu ativo cujo fator de risco está baseado em taxa de juros ou índices de variação de preços. Devem ter sua carteira de investimento composta com um mínimo de 80% de seus ativos aplicados em títulos relacionados ao fator de risco que o originou. Podem utilizar derivativos com o objetivo exclusivo de proteção de seu ativo, sem permitir alavancagem. Podem ter em sua carteira títulos de dívida pública ou títulos de maior risco, como os títulos privados. Os fundos de renda fixa possuem uma boa liquidez, pois possibilitam resgates imediatos e baixo risco, são ideais para investidores conservadores, menos suscetíveis a tomadas de risco. As taxas de administração geralmente são baixas, o que permite uma rentabilidade esperada maior. Como desvantagem, pode se destacar a incidência do imposto de renda com taxas decrescente em função do tempo de resgate, que geralmente é bastante logo (acima de 2 anos). Fundos de Ações Conhecidos no mercado como fundos de renda variável, estes tem como característica principal ter em sua carteira, aproximadamente 70% de seus ativos aplicados em ações negociadas em bolsa de valores ou no mercado de balcão organizado, desde que as
42 empresas que as emitiram estejam listadas na bolsa de valores correspondente. Seu fator de risco está relacionado com as variações dos preços das ações no mercado, portanto, destinado a investidores mais suscetíveis a exposição a risco, visto que buscam ganhos maiores. Há um tipo de fundo de ações com características especiais denominados Fundos de Índice. São fundos de ações que buscam acompanhar a variação dos índices de referencia das bolsas de valores, tais como Bovespa, Nasdaq, etc. Ao adquirir cotas de um Fundo de ações referenciado em um Índice de ações, o investidor passa a deter cotas do fundo cujo patrimônio é composto por todas as ações que compõem este índice, de forma proporcional. Isto permite um melhor acompanhamento do desempenho do fundo, visto que basta acompanhar o desempenho do índice que lhe serve de referencia. Há algumas vantagens em investir em um Fundo de Índice, o que os torna bastantes populares no mercado: Praticidade e rapidez na aquisição de um conjunto de ações relevantes para a composição de um índice e da praticidade de uma gestão centralizada da carteira por parte da administração do fundo. Este tipo de fundo permite ao investidor uma garantia da diversificação da carteira de ações e de sua composição, permitindo a este um domínio maior sobre sua exposição ao risco. Uma característica interessante dos fundos de índice é que estes são negociados em bolsa, como se fossem ações, ou seja, podem ser comprados e vendidos no mercado secundário da mesma forma que uma ação listada em bolsa. Fundos de Investimento Imobiliário Os fundos de investimentos imobiliários são fundos cujos recursos são destinados a investimentos em empreendimentos imobiliários com o objetivo de comercialização ou obtenção de rendimento proveniente de aluguel. É permitido, também, a estes fundos a aquisição de cotas de outros ativos imobiliários, tais como LCI Letras de Crédito Imobiliário. As cotas de um Fundo Imobiliário não são resgatáveis, visto que são, por determinação legal, constituídos como fundos fechados. Em função disto, a maioria dos fundos de investimentos imobiliários são listados em bolsa, e, por conseguinte, suas cotas são negociadas como as ações, aumentando de forma significativa sua liquidez e o interesse por este tipo de investimento. Os rendimentos dos fundos imobiliários são provenientes de receita de alugueis, de juros de títulos de crédito imobiliário e da valorização de seus ativos. Geralmente, os fundos de investimentos imobiliários distribuem rendimento aos cotistas mensalmente, o que os tornam investimentos muito interessantes para os investidores que necessitam de rendimentos regulares. Fundos de investimentos imobiliários tem uma característica particular quanto ao imposto de renda. Rendimentos recebidos por cotista que possuam menos de 10% das cotas de um fundo e que o mesmo possua um número de cotista igual ou maior que 50 (cinquenta), terão isenção do imposto de renda.
43 A isenção de imposto de renda só é válida para os valores recebidos mensalmente a título de rendimento. Eventuais ganhos de capital obtidos, por exemplo, quando o investidor vende as cotas do FII, sujeitam-se à incidência do imposto à alíquota de 20% (CMV, 2014). Fundos de Investimentos Creditórios Os fundos de direitos creditórios destinam parte considerável de seus recursos em ativos ou direitos creditórios, ou seja, títulos de crédito oriundos do sistema financeiro, de instituições comerciais ou industriais, de créditos imobiliários, hipotecas, etc. Destinado exclusivamente a investidores qualificados, e pode ser constituído como condomínio fechado ou condomínio aberto. Os Fundos de Investimentos Creditórios podem ter dois tipos de cotas: Cotas Subordinadas: Este tipo de cota é considerado não preferencial, e são adquiridas por empresas ou instituições que cedem direitos creditícios como contrapartida à aquisição das cotas. Cotas Seniores: São consideradas cotas preferenciais, ou seja, possuem preferência no pagamento de juros. Ao contrário das cotas subordinadas, nos fundos de investimentos fechados, cotas seniores só podem ser adquiridas quando da criação do fundo, ou no mercado secundário quando listadas em bolsa de valores, ou ainda negociadas no mercado de balcão. Segundo o portal acionista, os Fundos de Investimentos Creditórios podem ser classificados segundo a origem de seus ativos creditícios: Financeiro: Investimento em carteira de recebíveis de empresas nos setores de crédito imobiliário, consignado, financiamento de veículos, crédito pessoal e multicarteira financeira. Mercantil: São realizados em carteiras de recebíveis pulverizadas com o objetivo de minimizar os riscos, originadas e vendidas por diversos cedentes que antecipam seus recebimentos por meio de um fomento mercantil através de títulos como cheques e duplicatas. Comércio, Agronegócio, Indústria: Investimento em carteira de recebíveis de empresas nos setores de infraestrutura, indústria, agronegócio, crédito corporativo, multicarteira agros e recebíveis comerciais. Outros: Investimento em carteiras de recebíveis ligadas ao poder público e multicarteiras. Fundos Multimercados Como o nome sugere, os fundos multimercados têm como característica a diversificação de ativos mobiliários distintos na composição de sua carteira de ativos. Este tipo de fundo pode possuir ativos de renda fixa, de renda variável, ativos de dívida pública ou privados, direito creditícios e derivativos, com ou sem opção de alavancagem. Tem como
44 objetivo principal a obtenção de rendimentos maiores, para tanto, estão expostos a riscos maiores. Geralmente adotam a estratégia de intensa diversificação com o objetivo de minimiza-lo. Fundo de Investimento em Participações Conhecidos no mercado como Fundos Private Equity, este tipo de fundo é destinado exclusivamente a investidores qualificados, e são constituídos como condomínios fechados. Seus recursos são destinados à aquisição de ações, debêntures ou outros ativos mobiliários conversíveis por ações de empresas sociedade anônimas de capital aberto ou fechado. Geralmente, as aquisições realizadas por este tipo de fundo têm como um dos objetivos a participação na administração direta ou indireta nas empresas adquiridas. É bastante comum que o fundo de investimento Private Equity promova mudanças na estratégia da organização, nos processos gerenciais com o objetivo de melhorar o desempenho em seus negócios, para que no final deste processo, possa se desfazer de suas ações com os ganhos relativos aos seus investimentos. As ações e o Mercado Acionário Alem dos fundos de investimentos, estão disponíveis ao mercado outros ativos mobiliários destinados a diferentes tipos de investidores, alguns deles relacionados ao mercado de capitais, outros ligados ao mercado de crédito, dentre os quais se destaca as ações de companhias de capital aberto. O mercado de ações é um dos maiores e mais importantes de todo o mercado de capitais. É através do mercado de ações que se financia parte significativa da atividade econômica e, por conseguinte, o crescimento e o desenvolvimento econômico de uma nação. Ações são títulos de renda variável, emitido por empresas de sociedade anônimas listadas em bolsa de valores. Podem ser negociadas no chamado mercado primário, quando da emissão de novas ações por parte das empresas, ou no mercado secundário, quando as ações são negociadas entre investidores. Representam a menor fração do capital destas empresas. Dependendo do contrato de governança corporativa estabelecido entre a empresa e a bolsa de valores, as empresas brasileiras podem emitir dois tipos de ações: as ordinárias e as preferenciais. As ações ordinárias dão ao seu detentor direito a voto nas assembleias de acionista, já as preferenciais garantem ao acionista preferência no recebimento de dividendos e no resgate de seu capital, no caso de dissolução da empresa. Uma das características que mais chamam a atenção no mercado de ações está relacionada aos ganhos que podem ser obtidos pelos investidores, dentre as quais se destacam: Ganhos com dividendos: São ganhos provenientes da distribuição do lucro obtido pela empresa sob a forma de dividendos em dinheiro, na proporção da parte do lucro que será distribuído. Juros sobre capital próprio: As empresas, ao remunerarem seus acionistas, podem optar em fazê-lo com juros sobre seu capital próprio, antes da distribuição de dividendos, desde que atendidas determinadas condições estabelecidas em lei.
45 Bonificação em ações: Ganhos resultantes da distribuição de novas ações a seus acionistas, resultante da incorporação de reservas e lucros de exercícios anteriores. A distribuição das ações é realizada de forma proporcional à participação dos acionistas. Direito de subscrição: Representa o direito de subscrever novas ações em quantidade proporcional a sua participação. O direito de subscrição permite ganhos de arbitragem, dado a condição de diferença entre o preço do lançamento das ações novas e os preços de mercado das ações em circulação. Permitem também, ganhos na venda deste direito em um mercado conhecido como mercado de opções. Valorização no valor das ações: São ganhos obtidos pela valorização das ações no mercado secundário, geralmente proveniente da expectativa dos investidores em geral sobre o futuro da empresa. Considerações finais Nos últimos anos o mercado financeiro brasileiro passou por um verdadeiro turbilhão de mudanças, particularmente as sofridas pelo mercado de capitais. As mais significativas destinadas à sua modernização, nos mesmos moldes dos mercados dos países desenvolvidos. Mudanças na legislação, nos instrumentos de governança corporativa, nos instrumentos de controle sobre o mercado, na modernização das instituições de intermediação, da internacionalização das negociações, dos instrumentos de liquidação e custódia. De alguma forma, tanto o mercado, como as instituições normativas e controladoras tem mostrado uma maturidade diferenciada, importantíssimo neste momento em que passa o país, decorrente deste cenário de incertezas e de desencontros entre os interesses políticos e interesses verdadeiramente republicanos. Procurou, neste artigo, apresentar uma visão geral do Sistema Financeiro Nacional, do Mercado de Capitais, particularmente com a apresentação dos principais ativos mobiliários disponíveis para negociação. Buscou se destacar e descrever os diversos tipos de Fundos de Investimentos, particularmente em função da importância, para o mercado, deste tipo de instrumento de investimento. As ações e o mercado acionário receberam o destaque condizente a um dos instrumentos mais importantes no financiamento da atividade econômica.
46 Referencias ANBIMA. Com investir? Disponível em: www.comoinvestir.com.br. Acesso em: 2017. BM&FBOVESPA. Como e Porque se Tornar uma Companhia de Capital Aberto: Utilizando o mercado de capitais para crescer. Disponível em: www.bmfbovespa.com.br, São Paulo, 2009. CÂMARA DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA. Como Investir. Disponível em: www.cetip.com.br. Acesso em: 2017. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. O mercado de valores mobiliários brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro: Comissão de Valores Mobiliários, 2014. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Portal do Investidor. Disponível em: www.investidor.gov.br. Acesso em: 2017. GOMES, Guilherme Duarte da Costa; ALMEIDA, Anderson de. Introdução ao Direito Econômico e Financeiro macrovisão acerca da atual política monetária nacional. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XI, n. 52, 2008. Disponível em: www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2726. LÂMINAS DE FUNDOS. Disponível e: https://magnetis.com.br/laminas_de_fundos. Acesso em 2017. LIMA, I.S.; LISBOA, L. P. Manual de Contabilidade dos Fundos de Investimento. Estudos financiados pela FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. 1ª ed. São Paulo, 1998.