noturno DCV 0551 Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Departamento de Direito Civil Professor Doutor Antonio Carlos Morato

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D E C I S Ã O M O N O C R Á T I C A

Transcrição:

Direito de Autor período noturno DCV 0551 Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Departamento de Direito Civil Professor Doutor Antonio Carlos Morato

Desapropriação

Desapropriação de Obra Científica, Artística ou Literária

Desapropriação de Obra Científica, Artística ou Literária CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

Desapropriação de Obra Científica, Artística ou Literária CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: (...) II - desapropriação;

Desapropriação de Obra Científica, Artística ou Literária CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: (...) III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; (...) 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

Da Perda da Propriedade art. 1.275 do Código Civil. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: V - por desapropriação. 1- por utilidade pública (art. 5º do Decreto3.365/41) 2 por necessidade pública (questões que envolvam urgência defesa salubridade e da segurança pública) 3 para a reforma agrária (art. 184 da CF)

Desapropriação de Obra Científica, Artística ou Literária Decreto-Lei nº 3.365/41 (21 de junho de 1941) Art. 5o Consideram-se casos de utilidade públicap blica: (...) o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica, artística ou literária ria;

Direitos Conexos

Direitos Conexos

Direitos Morais e Patrimoniais do Autor e do Intérprete DIREITOS DO AUTOR Art. 22 da LDA: Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou. DIREITOS CONEXOS Art. 89 da LDA: As normas relativas aos direitos de autor aplicam-se, no que couber, aos direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores fonográficos e das empresas de radiodifusão. Parágrafo único. A proteção desta Lei aos direitos previstos neste artigo deixa intactas e não afeta as garantias asseguradas aos autores das obras literárias, artísticas ou científicas.

DIREITOS CONEXOS - Previstos pela Convenção de Roma (Brasil - Decreto 57.125/65) Comumente é usada a terminologia direitos conexos. Existe ainda o uso dos termos análogos, afins, vizinhos, correlativos, vizinhos aos direitos de autor, quase-direitos de autor e paraautorais. Em francês fala-se em droit voisins ou connexes, ou como cita Georges Bry, droit de representation ; em alemão Verwandte ou Nachbarrechte, em italiano diritti conessi ; em inglês neighbouring rights, ou ainda como cita Georges Bry, playright (direito de representação). Georger Strasnov entende ser uma tarefa difícil definir uma nomenclatura, que tenha um valor absoluto. Todavia, entendemos ser melhor a terminologia conexo, isto porque o trabalho do intérprete ou do executante é um intermediário, entre o autor e o público, decerto, é necessário existir uma obra que preceda a interpretação ou sua execução. A obra subsiste sem interpretação, mas vive sem fluxo de energia de alma. Por isso, a interpretação ou execução é conexa à obra intelectual (Cf. Eduardo Pimenta. Princípios de Direitos Autorais : um século de proteção autoral no Brasil 1898-1998. Livro I. Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2004.. p. 18)

Artistas, Intérpretes e Executantes

ARTISTAS, INTÉRPRETES E EXECUTANTES Art. 90 da LDA. Tem o artista intérprete ou executante o direito exclusivo de, a título oneroso ou gratuito, autorizar ou proibir: I - a fixação de suas interpretações ou execuções; II - a reprodução, a execução pública e a locação das suas interpretações ou execuções fixadas; III - a radiodifusão das suas interpretações ou execuções, fixadas ou não; IV - a colocação à disposição do público de suas interpretações ou execuções, de maneira que qualquer pessoa a elas possa ter acesso, no tempo e no lugar que individualmente escolherem; V - qualquer outra modalidade de utilização de suas interpretações ou execuções. 1º Quando na interpretação ou na execução participarem vários artistas, seus direitos serão exercidos pelo diretor do conjunto. 2º A proteção aos artistas intérpretes ou executantes estende-se à reprodução da voz e imagem, quando associadas às suas atuações.

ARTISTAS, INTÉRPRETES E EXECUTANTES Art. 91 da LDA. As empresas de radiodifusão poderão realizar fixações de interpretação ou execução de artistas que as tenham permitido para utilização em determinado número de emissões, facultada sua conservação em arquivo público. Parágrafo único. A reutilização subseqüente da fixação, no País ou no exterior, somente será lícita mediante autorização escrita dos titulares de bens intelectuais incluídos no programa, devida uma remuneração adicional aos titulares para cada nova utilização.

Vedação da desfiguração da interpretação Art. 92 da LDA. Aos intérpretes cabem os direitos morais de integridade e paternidade de suas interpretações, inclusive depois da cessão dos direitos patrimoniais, sem prejuízo da redução, compactação, edição ou dublagem da obra de que tenham participado, sob a responsabilidade do produtor, que não poderá desfigurar a interpretação do artista.

Falecimento de participante da obra audiovisual Art. 92 da LDA (...)Parágrafo único. O falecimento de qualquer participante de obra audiovisual, concluída ou não, não obsta sua exibição e aproveitamento econômico, nem exige autorização adicional, sendo a remuneração prevista para o falecido, nos termos do contrato e da lei, efetuada a favor do espólio ou dos sucessores.

Giovanna Antonelli x SBT Sentença - juíza Maria Cristina de Brito Lima, da 5ª Vara Cível da Barra da Tijuca (RJ) Condenou o SBT Fatos: contratada em 1996 pela extinta TV Manchete para gravar a novela Xica da Silva. Em 2005, o SBT passou a exercer os direitos de reexibição e transmissão. A atriz reclamou que não recebeu nada do SBT pelos direitos de imagem.

Giovanna Antonelli x SBT Sentença - juíza Maria Cristina de Brito Lima, da 5ª Vara Cível da Barra da Tijuca (RJ) - Condenou o SBT Fundamentos: SBT feriu os direitos patrimoniais da atriz. A juíza Maria Cristina de Brito Lima, da 5ª Vara Cível da Barra da Tijuca (RJ), aplicou ao caso o artigo 49, inciso III, da Lei de Direitos Autorais. De acordo com a regra, os direitos de autor poderão ser total ou parcialmente transferidos a terceiros, por ele ou por seus sucessores, a título universal ou singular, pessoalmente ou por meio de representantes com poderes especiais, por meio de licenciamento, concessão, cessão ou por outros meios admitidos em Direito, obedecidas as seguintes limitações: III na hipótese de não haver estipulação contratual escrita, o prazo máximo será de cinco anos. Tendo os contratos sido firmados para o período de 1996 a 1997, o prazo de cinco anos estabelecidos em lei tem início a partir de 16 de julho de 1997. Como a telenovela foi exibida pela ré em 2005, já tinha escoado o prazo contratual para tanto, sendo necessária, dessa forma, a autorização da autora [Giovanna Antonelli], afirmou a juíza. Como a ré assim não procedeu, feriu o direito patrimonial da autora, conforme os artigos 28 e 29 da Lei 9.610/98, concluiu.

Giovanna Antonelli x SBT Processo: 2007.001.63552 Recurso do SBT : O principal argumento da emissora foi o de que a primeira instância julgou extra petita porque ignorou as disposições contratuais e aplicou regra incabível para o caso. Marina Draib Alves argumentou que a atriz pediu indenização por uso de imagem e recebeu por violação dos direitos autorais. Além disso, o contrato foi regido antes da lei de 1998, por tanto a regra aplicável seria a da Lei 5.988/73, que prevê exclusividade por 10 anos. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro entendeu que não houve lesão a imagem ou a honra. Apenas seria caso de pagamento dos direitos conexos, o que não foi pedido pela atriz. O recurso foi parcialmente provido porque não foi acolhida a reconvenção do SBT. Na reconvenção, a emissora pediu indenização em decorrência das inúmeras notícias sobre o ajuizamento da ação e declarações do advogado da atriz. Cabe recurso da decisão.

Giovanna Antonelli x SBT Apelação nº 2007.001.63552 SÉTIMA CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL Nº 2007.001.63552 APELANTE: TV SBT CANAL 4 DE SÃO PAULO S/A APELADO: GIOVANNA ANTONELLI RELATOR: DES. ANDRÉ ANDRADE Rio de Janeiro, 12 de março de 2008. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. DIREITO AUTORAL CONEXO. USO INDEVIDO DA IMAGEM. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. REEXIBIÇÃO DE NOVELA COM EXPOSIÇÃO DA IMAGEM DA AUTORA AUTORIZADA EM PACTO ADJETO DE DIREITOS CONEXOS VINCULADO AO CONTRATO DE TRABALHO. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO RELATIVA AO PAGAMENTO DOS DIREITOS CONEXOS. MERO DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL NÃO GERA DANO MORAL. MANUTENÇÃO DA IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO RECONVENCIONAL. PARCIAL REFORMA DA SENTENÇA. PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO.

Giovanna Antonelli x SBT Apelação nº 2007.001.63552 SÉTIMA CÂMARA CÍVEL - APELAÇÃO CÍVEL Nº 2007.001.63552 APELANTE: TV SBT CANAL 4 DE SÃO PAULO S/A - APELADO: GIOVANNA ANTONELLI RELATOR: DES. ANDRÉ ANDRADE - Rio de Janeiro, 12 de março de 2008. Verifica-se que a apelada firmou com a extinta Rede Manchete pacto adjeto de direitos conexos vinculado ao contrato de trabalho por tempo determinado (fls. 71/74), que, em sua cláusula segunda, parágrafo único, item I, estabeleceu que o empregador poderia reexibir o programa objeto do contrato tantas vezes quantas desejasse, mediante o pagamento do valor de 10%, incidente sobre a última remuneração, para cada reexibição, em todo o território nacional, a titulo de direito conexo. Ademais, no parágrafo único, da clausula terceira do referido pacto, ficou estabelecido que para os efeitos daquele ajuste a expressão cada reexibição compreenderia a retransmissão simultânea ou não por uma vez, em todo o território nacional, por todas as emissoras autorizadas a exibir programação da empregadora. Outrossim, é inequívoco que a antiga empregadora da apelada estava por ela autorizada a ceder ou transferir os direitos de transmissão da obra, conforme consta da cláusula sétima do contrato de trabalho (fls. 67/70), cujo teor é o seguinte: o empregado e a empregadora reconhecem, expressamente, que os programas e/ou realizações artísticas que venham a participar, por se tratar de obras realizadas por diferentes pessoas, mas organizada pela empregadora, e que em seu nome será utilizada são de autoria da empregadora, consoante o disposto no art. 15, da Lei de direito autoral pelo que dela é o direito de negociar a obra, fixando-lhe preços e condições.

Giovanna Antonelli x SBT Apelação nº 2007.001.63552 SÉTIMA CÂMARA CÍVEL - APELAÇÃO CÍVEL Nº 2007.001.63552 APELANTE: TV SBT CANAL 4 DE SÃO PAULO S/A - APELADO: GIOVANNA ANTONELLI RELATOR: DES. ANDRÉ ANDRADE - Rio de Janeiro, 12 de março de 2008. Assim, haja vista o contrato de cessão de direitos de reexibição e transmissão de obra videofonográfica Xica da Silva firmado entre a apelante e a extinta Rede Manchete (fls. 113/119), verifica-se que a conduta da emissora apelante foi legítima, não existindo dúvidas de ter havido autorização da apelada para a utilização de sua imagem em reexibição da novela Xica da Silva.(...) a reexibição da obra artística em questão pela emissora apelante está expressamente autorizada nos contratos firmados com a anuência da apelada. Assim, se a autora autorizou a reexibição, por quem quer que seja, mediante o pagamento de verba correspondente a direitos conexos, não pode alegar uso indevido de sua imagem pela ré e muito menos que tenha sofrido dano moral em razão dessa utilização. Por todo o exposto, verifica-se que a autora somente faz jus ao direito de receber o pagamento do valor de 10%, incidente sobre a última remuneração, a título tulo de direito conexo, o qual a autora alega não ter recebido. (...) Deve ser mantida a improcedência do pedido reconvencional, uma vez que não demonstrou a apelante ter havido lesão a sua imagem ou reputação perante o público telespectador e patrocinadores

Impenhorabilidade dos direitos patrimoniais Art. 76 da LDA. É impenhorável a parte do produto dos espetáculos reservada ao autor e aos artistas.

Risco integridade física f ou moral Lei 6.533 de 24 de maio de 1978 Art. 27 - Nenhum Artista ou Técnico em Espetáculos de Diversões será obrigado a interpretar ou participar de trabalho possível de pôr em risco sua integridade física ou moral.

Penhor Legal Lei 6.533 de 24 de maio de 1978 Lei 6.533 de 24 de maio de 1978 Art. 31 - Os profissionais de que trata esta Lei têm penhor legal sobre o equipamento e todo o material de propriedade do empregador, utilizado na realização de programa, espetáculo ou produção, pelo valor das obrigações não cumpridas pelo empregador.

Produtores

EMPRESAS DE RADIODIFUSÃO art. 5º, XI da LDA: produtor a pessoa física ou jurídica que toma a iniciativa e tem a responsabilidade econômica da primeira fixação do fonograma ou da obra audiovisual, qualquer que seja a natureza do suporte utilizado ;

PRODUTORES FONOGRÁFICOS FICOS Art. 93 da LDA. O produtor de fonogramas tem o direito exclusivo de, a título oneroso ou gratuito, autorizar-lhes ou proibir-lhes: I - a reprodução direta ou indireta, total ou parcial; II - a distribuição por meio da venda ou locação de exemplares da reprodução; III - a comunicação ao público por meio da execução pública, inclusive pela radiodifusão; IV - (VETADO) todas as utilizações a que se referem o art. 29 desta lei a que se prestem os fonogramas veto exclusivo do autor V - quaisquer outras modalidades de utilização, existentes ou que venham a ser inventadas.

PRODUTORES FONOGRÁFICOS FICOS Art. 94 da LDA. Cabe ao produtor fonográfico perceber dos usuários a que se refere o art. 68, e parágrafos, desta Lei os proventos pecuniários resultantes da execução pública dos fonogramas e reparti-los com os artistas, na forma convencionada entre eles ou suas associações. (Art. 68 da LDA. Sem prévia e expressa autorização do autor ou titular, não poderão ser utilizadas obras teatrais, composições musicais ou lítero-musicais e fonogramas, em representações e execuções públicas. )

Empresas de Radiodifusão

EMPRESAS DE RADIODIFUSÃO Art. 95 da LDA. Cabe às empresas de radiodifusão o direito exclusivo de autorizar ou proibir a retransmissão, fixação e reprodução de suas emissões, bem como a comunicação ao público, pela televisão, em locais de freqüência coletiva, sem prejuízo dos direitos dos titulares de bens intelectuais incluídos na programação.

DOMÍNIO PÚBLICOP DIREITOS CONEXOS Capítulo V - Da Duração dos Direitos Conexos Art. 96. É de setenta anos o prazo de proteção aos direitos conexos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subseqüente à fixação, para os fonogramas; à transmissão, para as emissões das empresas de radiodifusão; e à execução e representação públicap blica, para os demais casos.

Agradeço a atenção de todos Direito de Autor DCV 0551 Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Departamento de Direito Civil Docente: Antonio Carlos Morato (período noturno)