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Transcrição:

MESORREGIÃO OESTE DO PARANÁ: IMPLICAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS (1940-1980) Vânia Salete Klein de Oliveira Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Marechal Cândido Rondon. E-mail: vsklein1@hotmail.com José Edézio da Cunha Professor/orientador do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Marechal Cândido Rondon. E-mail: edeziocunha@hotmail.com Introdução O processo de ocupação das terras do Estado do Paraná, mesmo que tenha cooperado com as políticas estaduais, trouxe implicações socioambientais ao longo da sua história de colonização. O recorte espacial e temporal da pesquisa foi considerado necessário para compreender as motivações do processo de ocupação produtiva, particularmente da Mesorregião Oeste do Paraná no período de 1940 a 1980. Embora o processo de desmatamento da Mesorregião tenha sido decorrente do aumento populacional, da atuação de empresas colonizadoras e da ocupação das terras pelo sistema de posses, tenha contribuído para as implicações socioambientais, foi a continuidade desse desmatamento, cada vez mais generalizado e intensificado, associado às inovações de tecnologias produtivas, particularmente a partir da década de 1960, que acelerou os problemas socioambientais na referida região.. Diante dessa problemática, esta pesquisa buscou analisar a relação entre o processo ocupacional e a alteração das características produtivas e as implicações decorrentes. Objetivos O objetivo geral deste artigo é analisar a relação do processo de ocupação produtiva da Mesorregião Oeste paranaense com as implicações socioambientais. Sendo assim, foram delimitados os seguintes objetivos específicos: a) analisar as implicações socioambientais decorrentes da ocupação territorial do Oeste do Paraná

ocorrida a partir de 1940; b) analisar os efeitos da inovação das técnicas produtivas implantadas na Mesorregião Oeste do Paraná a partir de 1960. Metodologia Neste estudo foram realizadas leituras de livros e trabalhos acadêmicos que permitiram o melhor entendimento do processo de ocupação do Oeste paranaense e suas consequências. Também foram analisados e interpretados os dados censitários do IBGE, de 1940 a 1980, que auxiliaram tanto a confecção de quadros e gráficos, como a análise e a compreensão da dinâmica populacional e da organização produtiva dos estabelecimentos agropecuários. Resultados e Discussão Com a implantação, pelo Governo de Vargas, da política nacional conhecida como Marcha para o Oeste, a partir de 1930, iniciou a ocupação das fronteiras nacionais ainda consideradas vulneráveis. Na Mesorregião Oeste do Paraná, essa ocupação se intensificou a partir de 1940. Nesse processo ocupacional, o governo priorizou a ação de empresas colonizadoras na negociação das terras. Contudo, o sistema de posses também ocorreu na Mesorregião Oeste do Paraná, como foi o caso dos municípios de Assis Chateaubriand, Cascavel e Itaipulândia (SOUTO MAIOR, 1996; PIAIA, 2004; SCARPATO & BÖHM, 2006), resultando em conflitos pela posse de terras que, em alguns casos, perduram até hoje. Segundo Gregory (2002), a atuação das colonizadoras motivou a migração para a Mesorregião Oeste paranaense, refletindo no acelerado crescimento demográfico regional, mas, em áreas de ocupação de terras por posse essa ocorreu no mesmo ritmo. As empresas colonizadoras atraíam os migrantes, principalmente do Sul e Sudeste do país, com a promessa de recursos naturais propícios à produção agrícola e o parcelamento dos pagamentos na compra das terras, que, associados à implantação de pequenas propriedades, aceleravam a ocupação populacional. Porém havia pessoas que, ao conhecerem a região, se instalaram em áreas onde essas empresas não operavam. Sendo assim, o crescimento demográfico foi intensificado a cada década até 1970, tendo seu ritmo reduzido a partir de então (GRÁFICO 1).

Esse acentuado processo migratório contribuiu tanto com o desenvolvimento regional, como com o desmatamento generalizado e rápido, pois eram muitas as famílias precisando de instalações e de trabalho para sobrevivência. Sendo assim, até a década de 1950, 45% da área dos estabelecimentos agropecuários já estava desmatada, índice que perdurou até 1960, havendo crescimento percentual da área utilizada para lavoura temporária (GRÁFICO 2). Entretanto, cabe ressaltar, que em 1960 a área desmatada era maior devido ao aumento do número de propriedades ocupadas, conforme pode ser observado no QUADRO 1. GRÁFICO 1 Dinâmica populacional da Mesorregião Oeste paranaense (1940 a 1980) 1. Organizado por: Vânia Salete Klein de Oliveira. Fonte: Biblioteca do IBGE, Censos Demográficos e Econômicos de 1940 (p. 51) e de 1950 (p. 65); Censos Demográficos de 1960 (p. 80), de 1970 (p. 368) e de 1980 (p. 2). A implantação das inovações das técnicas de produção agropecuária, a partir de 1960, colaborou com o aumento do desmatamento nos estabelecimentos agropecuários passando de 45%, em 1950, para 93% da área desmatada em 1980, e com a ampliação da área destinada à produção de lavouras temporárias passando de 12% para 62% no mesmo período (GRÁFICO 2). A contribuição da inovação técnica é evidenciada quando comparados os percentuais de 1960 e de 1970 que apresentam alteração muito maior que os percentuais de 1950 e 1960 (GRÁFICO 2). Outra característica que merece destaque é que nesse período houve uma redução do percentual de áreas de terras não cultivadas devido à ocupação produtiva ter 1 Os dados de 1940 e de 1950 correspondem apenas à área do então município de Foz do Iguaçu, pois era o único com área total dentro dos limites da atual Mesorregião Oeste paranaense, perfazendo 89% da área total da mesma.

sido intensificada pelo tempo dos migrantes na Mesorregião e, principalmente, pela mecanização. Cabe ressaltar também que essas eram terras que haviam sido preparadas para a exploração, mas não usadas, por causa da falta de tempo para realizar tal tarefa concomitantemente à prática do desmatamento. GRÁFICO 2 Quadro comparativo do percentual da área dos estabelecimentos agropecuários da Mesorregião Oeste paranaense, distribuída pelo tipo de uso (1950 a 1980) 2. Organizado por: Vânia Salete Klein de Oliveira. Fonte: Biblioteca do IBGE, Censo Demográfico e Econômico de 1950 (p. 177); Censo Agrícola de 1960 1ª parte (p. 32); Censos Agropecuários de 1970 (p. 156), de 1975 1ª parte (p. 276) e de 1980 1ª parte (p. 320). QUADRO 1 Área desmatada nos estabelecimentos agropecuários da Mesorregião Oeste paranaense (1950 1980) 3. Área (ha) Percentual Estabele- Matas TOTAL de área cimentos Desmatada Estabelecimentoregiãtada* Mesor- desma- Naturais Plantadas Total 1950 387 18.550 362 18.912 15.143 34.055 2.285.100 1% 1960 13.985 331.663 9.875 341.538 279.485 621.023 2.285.100 12% 1970 82.570 472.686 22.341 495.027 1.117.697 1.612.724 2.285.100 49% 1975 91.133 170.917 13.036 183.953 1.564.427 1.748.380 2.285.100 68% 1980 75.094 135.161 23.383 158.544 1.678.985 1.837.529 2.285.100 73% * Percentual da área desmatada, em estabelecimentos agropecuários, calculado em relação à área total da Mesorregião. Organizado por: Vânia Salete Klein de Oliveira. 2 Os dados de 1950 correspondem apenas à área do então município de Foz do Iguaçu, pois era o único com área total dentro dos limites da atual Mesorregião Oeste paranaense, perfazendo 89% da área total da mesma. 3 Os dados de 1950, com exceção da área total da Mesorregião, correspondem apenas à área do então município de Foz do Iguaçu, pois era o único com área total dentro dos limites da atual Mesorregião Oeste paranaense. O município perfazia 89% da área total da mesma.

Fonte: Biblioteca do IBGE, Censo Demográfico e Econômico de 1950 (p. 177); Censo Agrícola de 1960 1ª parte (p. 32); Censos Agropecuários de 1970 (p. 156), de 1975 1ª parte (p. 276) e de 1980 1ª parte (p. 320). Considerando apenas a área desmatada nos estabelecimentos agropecuários, percebe-se um aumento acentuado do desmatamento no Oeste paranaense. Tendo a Mesorregião uma área de 22.851 km² é possível afirmar que esse desmatamento, em 1960, representava 12% e, em 1980, 73% da área total (QUADRO 1). Portanto, a inserção das inovações técnicas produtivas na Mesorregião facilitou o trabalho agrícola, resultando em aumento da área destinada às lavouras temporárias (GRÁFICO 2); acelerou o desmatamento (QUADRO 1) e reduziu o crescimento demográfico (GRÁFICO 1). Esse último devido à redução do emprego de mão-de-obra no campo. Corroborando, Schörner (2009) diz que, o emprego dessas inovações tecnológicas facilitou a produção, ocasionando a saída de pessoas do Oeste paranaense para outras regiões brasileiras e para o Paraguai. Dentre os migrantes, estavam trabalhadores rurais, agricultores que utilizavam o sistema de parceria ou arrendamento e pequenos agricultores com condições financeiras menos favorecidas. Além da saída de pessoas da Mesorregião, a mecanização acarretou a migração para as cidades ampliando a concentração fundiária, evidenciada no QUADRO 1. Nesse pode-se constatar que, entre 1975 e 1980, houve expansão da área destinada aos estabelecimentos agropecuários, em contrapartida há uma redução destes em número. Os maiores problemas socioambientais, até 1960, procediam do intenso crescimento populacional e do desmatamento seguido de queimada para possibilitar a produção agropecuária. As alterações das características naturais, iniciadas nesse período, contribuíram para a continuidade dos problemas socioambientais, principalmente porque o agricultor preferia iniciar o desmatamento nas margens dos rios para facilitar o acesso à água. Entre 1960 e 1980, a implantação da modernização das técnicas de produção agropecuária acentuou os problemas socioambientais, aumentando as áreas desmatadas dos estabelecimentos agropecuários de 45% para 93%, as quais, combinadas ao uso de máquinas e equipamentos, acarretaram a erosão e a compactação dos solos e o assoreamento de rios. Somado a isso, o uso de adubação química e de agrotóxicos contribuiu para a contaminação dos solos e das águas.

Conclusões A adoção da política nacional conhecida como Marcha para o Oeste, promoveu intenso fluxo migratório para o Oeste paranaense acelerando o processo de desmatamento. Além disso, apesar da busca por uma ocupação espacial organizada por parte do Governo e das empresas colonizadoras, durante esse período ocorreram diversos conflitos pela posse das terras da Região, sendo que alguns perduram até hoje. A partir de 1960 principiou o processo de inovação das técnicas produtivas e a ampliação do desmatamento já iniciado, que associado à intensa mecanização, à adesão da monocultura e ao uso de insumos químicos e agrotóxicos, propiciou a ocorrência de processos erosivos, assoreamento de rios e contaminação química das águas e do solo. Ademais, o uso da mecanização substitui grande quantidade de mão-de-obra provocando intenso fluxo migratório de saída de pessoas do campo em direção à cidade ou às outras regiões onde ainda não havia iniciado a exploração econômica. Ao finalizar este estudo, conclui-se que existem implicações socioambientais que ainda merecem destaque, tanto entre as décadas de 1940 e 1980, quanto, particularmente, o período pós 1980 em que a modernização das técnicas produtivas foi maior. Referências Bibliográficas GREGORY, V.. Os eurobrasileiros e o espaço colonial: migrações no Oeste do Paraná (1940-1970). Cascavel: Edunioeste, 2002, 306 p. IBGE. Censo demográfico e econômico do Paraná de 1940. Rio de Janeiro: 1940. Disponível em: %20RJ/CD1940/Censo%20Demografico%20e%20Economico%201940_pt_XVIII_PR. pdf. Acessado em: 09 de Novembro de 2012. IBGE. Censo demográfico e econômico do Paraná de 1950. Rio de Janeiro: 1950. Disponível em: %20RJ/CD1950/CD_1950_XXVI_PR.pdf. Acessado em: 09 de Novembro de 2012. IBGE. Censo agrícola de 1960 do Paraná e de Santa Catarina (1ª parte). Rio de Janeiro: 1960. Disponível em: %20RJ/censoagropecuario/Censo%20Agricola_1960_PR_SC_1Parte.pdf. Acessado em: 09 de Novembro de 2012.

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