Apêndice F-21a Relatório das Atividades de outubro da Aliança Jovem Ambiental relativo ao Projeto de engajamento dos Jovens no PPA Minas Gerais, Brasil Grupo Jovem de Barra do Guaicui- AJA Preparado para: Susan Kurbis, consultora da AJA da WFT Preparado por: Juan Camilo Cortes Aguirre, estagiário da AJA
Uma introdução ao projeto Em 4 de outubro de 2005, um estagiário da Aliança Jovem Ambiental (AJA) chegou ao Brasil com o intuito de participar de um projeto da WFT chamado Peixes, Pessoas e Água (PPA), que atualmente trabalha na bacia hidrográfica do Rio São Francisco. A tarefa do estagiário é facilitar a criação de modelos de engajamento ambiental dos jovens ao longo do rio com diversos objetivos: Tomar parte dos Temas Interdisciplinares B e C do Projeto PPA, assim como pode ser visto na proposta Pescarias no Interior do Brasil: Conservação e Meios de vida Sustentáveis, apresentada para a CIDA pela WFT e Universidade Federal de São Carlos. Para que os grupos sirvam de ferramenta para a disponibilização de espaço para a participação dos jovens nas comunidades ao longo do Rio São Francisco. Criar projetos-piloto em parceria com municípios locais para a contínua implementação de futuras atividades similares com jovens marginalizados. Fornecer à juventude interessada a oportunidade de se organizar de forma a tornar-se participante ativa em tudo que for de sua comunidade. Ajudar na criação de projetos ambientais que possam eventualmente tornar-se fontes de renda para os participantes. Descrição dos projetos A área de influência principal do projeto é a região em torno da bacia hidrográfica do Rio São Francisco. As comunidades com as quais esse projeto especifico da WFT está trabalhando envolve as cidades da Barra de Guaicui, Ibiai e Pirapora todas elas com uma colônia de pescadores organizada. Uma breve descrição da cidade, do grupo e dos projetos jovens será apresentada e as atividades do primeiro mês serão dicutidas. Em geral, os temas trabalhados em todos os grupos são relativos ao rio: sua bacia, a biomassa natural ao seu redor e os seus usuários principais, particularmente os pescadores. Barra de Guaicui A cidade A cidade da Barra do Guaicui está localizada aproximadamente entre Pirapora e Ibiai e tem uma população de 5.000 habitantes (AJA). A maioria dessas pessoas pratica ou praticou alguma forma de pesca para o próprio sustento, mesmo sendo raro encontrar um pescador puro, isto é, aquele que vive exclusivamente desta atividade (isso é verdadeiro para todas as comunidades). Barra de Guaicui não está situada diretamente no Rio São Francisco, mas em um dos seus principais afluentes, o Rio das Velhas. Barra é localizada perto de onde os rios se encontram e, dessa forma, a qualidade do Rio das Velhas afeta Barra do Guaicui antes mesmo que tenha a chance de ser diluído pelo encontro dos rios. O Rio das Velhas é um importante rio que passa por Belo Horizonte, a capital do estado de Minas Gerais. É por
essa razão que o Rio das Velhas apresenta um dos mais elevados níveis de contaminação da região (Manuelzão). Barra de Guaicui é pequena e a juventude normalmente não tem muitas oportunidades de decidir sobre o que acontece na cidade. Existem dois projetos sociais sendo trabalhados na cidade, o Programa Peti, contra o trabalho infantil, e o Projeto Manuelzão, atualmente relacionado com problemas sociais e ambientais no Rio das Velhas. O Grupo: Candeia Um grupo de 15 jovens, a maioria deles mulheres, começou trabalhando na implementação do projeto criado na oficina de trabalho oferecida no início de outubro pela AJA e facilitadores da WFT. Anteriormente, uma líder da comunidade, chamada Luza, mostrou interesse no projeto dos jovens, de forma que seu envolvimento foi permitido previamente pelos participantes. Ela mostrou grande desejo em ajudar no projeto através do fornecimento de espaço e recursos para o desenvolvimento do mesmo. Luza também faz parte do Projeto Manuelzão, mencionado acima. O Projeto O objetivo principal do projeto é criar um projeto piloto para restauração da margem do rio ao longo dos Rio das Velhas. Para atingir esses objetivos, foi determinado pelos jovens que uma série de sub-projetos deveriam ser criados para adquirir qualquer informação e materiais necessários para implemantação do projeto final e a criação de uma estufa. Para adquirir a informação necessária, uma série de encontros foram organizados afim de que o grupo tivesse tempo e espaço para realizar a pesquisa que precisavam. Uma vez que a informação for coletada, um encontro da comunidade será rea;izado para o público, no qual o grupo jovem procurará por parcerias e tentará estabelecer canais de comunicação com o resto da comunidade. Mesmo que o grupo ainda não tenha alcançado este estágio, uma série de oficinas de trabalho e comerciais de rádio foram pensados como sendo apropriados para atingir a comunidade. Uma vez que a informação necessária for obtida, entidades governamentais encarregadas da juventude e do meio-ambiente serão contactadas para verificar como podem ajudar na implementação do projeto. O grupo acredita que o Instituto Estadual de Floresta (IEF) pode ajudar na aquisição de alguns materiais para o projeto. Uma vez que a etapa de estabelecimento de comunicação e parceria esteja em andamento, outro subprojeto terá início, no qual o grupo começará coletando e separando o lixo com o intuito de tomar uma iniciativa de reciclagem na comunidade. Isso poderá ajudar o grupo a alcançar dois objetivos: como meio para adiquirir materiais de graça, como no caso dos receptáculos plásticos utilizados para o crescimento de algums plantas na estufa, e na busca de potenciais oportunidades de angariação sustentada de fundos para esse projeto. Se esse projeto começar com sucesso, a última parte do projeto terá início: a
estufa e a criação de uma pequena estação de teste ao longo do rio, na qual o projeto piloto de restauração da margem terá inicio. A cidade Ibiaí Ibiai s population is about 10000 strong with a highly organized fishers colony. The municipality has formerly shown interest in revitalization and environmental strategies which might help in the project implementation part of the youth initiative. A população de Ibiaí gira em torno de 10.000 habitantes e conta com uma colônia de pescadores altamente organizada. O município mostrou interesse formal na revitalização e estratégias ambientais, o que pode ajudar na implementação de parte do processo da iniciativa jovem. Os grupos Cerca de 12 jovens estão envolvidos no projeto. Devido as obrigações escolares e outras considerações, a participação no projeto depende do tempo livre desses jovens, o que tem-se refletido na mudança constante do número de participantes. Os projetos Existem dois grupos de jovens trabalhando em projetos ambientais similares. O primeiro grupo trabalha na separação do lixo produzido na cidade e jogado no rio e o segundo grupo está trabalhando para aumentar a conscientização relativa aos contaminantes do mesmo. Surpreendentemente, os dois grupos possuem passos similares a seguir, o que pode ou não ser uma vantagem para o time de facilitação. O primeiro passo de ambos os projetos é avaliar qual informação eles necessitam para continuar a aumentar a conscientização. Uma vez que essa etapa for concluída, uma série de oficinas de trabalho e anúncios visuais serão preparados para informar a comunidade sobre o funcionamento dos grupos e seus objetivos mais importantes. Um dos objetivos principais do grupo é aumentar a conscientização dentro da comunidade a respeito do lixo e, assim que o processo começar, os facilitadores podem determinar compleção do primeiro projeto do grupo. É necessário dizer que, mesmo quando o time facilitador terminar sua participação, isso não significa que o projeto tem que chegar ao fim. Ao contrário, a decisão de continuar com o processo de conscientização ou de procurar um projeto maior para o grupo ficará a critério dos jovens envolvidos.
AJ de Pirapora durante um encontro do minicurso- AJA O objetivo do segundo grupo é começar um trabalho que limpará áreas vulneráveis como o rio e certos lugares para o lixo. Isso, entretanto, requer a conscientização da comunidade sobre o projeto, de forma que ambos os projetos estão relacionados. A cidade Pirapora Pirapora é e tem sido uma cidade importante desde seu surgimento, pois auxiliou na colonização do interior do Brasil nos últimos dois séculos. O nome vem da língua Tupi e significa lugar onde o peixe pula. Pirapora situa-se entre as áreas conhecidas como Alto e Médio São Francisco e tem uma característica geograficamente importante que é a de servir de ligação entre o Norte e o Sul do Brasil. Mais de 50.000 pessoas moram em Pirapora e em torno de 3.000 dependem direta ou indiretamente das atividades de pesca. Os grupos e os projetos Projeto Renascer e Pingo de Luz Em 24 de outubro, um primeiro encontro foi organizado com os coordenadores do projeto, no qual uma estratégia jovem de educação ambiental e alguns objetivos conjuntos foram acertados. Nesse encontro, foi decidido que os facilitadores da WFT trabalhariam com 6 monitores dos projetos Renascer e Pingo de Luz para estabelecer
estratégias de educação ambiental para os jovens de ambos os projetos com um tema interdisciplinar no desenvolvimento de suas expressões artistícas. Uma série de atividades foram planejadas para as 32 crianças que compõem ambos os projetos, como se segue abaixo: Uma atividade de cinema no qual mostraríamos o filme Ilha das Flores, que serve como introdução para problemas ambientais em geral, mas com ênfase no lixo e contaminação do rio. A partir dessa atividade, idéias sobre o que as crianças querem ou não em suas comunidades foram levantadas para a discussão ao mesmo tempo em que criavam mapas imaginários de como eles gostariam que suas comunidades fossem. A segunda atividade planejada para as ciranças envolve a criação de expressões musicais relativas à importância do rio e a vida do pescador na sua cidade. A terceira atividade envolve a criação de um dia de atividade ambiental, no qual testes físicos e de conhecimento serão dados por eles de maneira relacionada ao ambiente em que vivem. Para que as crianças conheçam mais sobre sua área, uma pequena oficina de trabalho será organizada antes ou depois do dia de atividade ambiental, na qual tópicos sobre plantações nativas e não nativas serão abordados. A quarta e última atividade para o ano será a criação de uma corrida ambiental com as crianças com intuito de ganharem conhecimento sobre a vizinhança que está diretamente relacionada com o local onde os projetos estão funcionando. Isso acontecendo, poderá ser estabelecida uma relação com o modo de vida pesqueira da vizinhança de Nossa Senhora Aparecida, a cidade de pescadores de Pirapora. Outras atividades dependerão da disponibilidade dos jovens para o próximo ano e do sucesso da implementação das atividades. Agente Jovem (AJ) O grupo de Agente Jovem é composto de 50 jovens e 4 monitores. A tarefa dos monitores é realizar uma diversidade de atividades durante o ano, desde oficinas de trabalho sobre geração de renda até todas as formas possíveis de expressões artistícas. O grupo AJ reune-se todos os dias de 1 às 4 da tarde e assim o time facilitador inicialmente reservou um dessers horários de encontro com eles para iniciar o projeto. Mais ou menos tempo será reservado de acordo com as necessidades do projeto. O resultado dos primeiros 14 dias de oficina dos consultores da AJA e WFT no grupo de AJ de Pirapora foi a proposta de começar 7 projetos ambientais na área de Pirapora e um na localidade de Buritizeiro. Devido a dificuldades logísticas de ambas as partes (entre o
grupo de Buritizeiro e o time facilitador), o projeto de Buritizeiro ainda está em estágio de planejamento. O time facilitador observou as necessidades para unificar ou esclarecer qualquer conceito ambiental antes dos grupos começarem seus projetos, assim uma série de minicuros foram realizados com os tópicos que os jovens da AJ haviam se questionado. Os 3 tópicos discutidos pelo time de facilitadores e o grupo de AJ foram relacionados ao Rio São Francisco e disseram respeito a aua ecologia e estado atual. sua revitalização e os efeitos da transposição. Os minicursos foram usados como introdução para o pensamento ambiental, assim como uma ferramenta para facilitadores para entender realmente o quão os jovens envolvidos nos projetos sabiam sobre seus ambientes. Outra ferramenta que foi proposta para o grupo AJ de Pirapora envolveu o uso de uma parede em branco na qual eles poderiam escrever ou copiar anonimamente qualquer informação ou questão que fosse relativa ao ambiente. Mesmo com AJ concordando com a atividade, o seu intresse nessa ferramenta diminuiu com o passar do tempo até a posterior interrupção de sua utilização. No meio de outubro, o time facilitador começou a realizar encontros semanais com os monitores do AJ fora dos horários tidos como regulares, com o intuito de obter maior participação dos mesmos e iniciar a troca de comunicação para aprender como o projeto poderia ser melhor servido. Ao final de outubro, o time facilitador conversou sobre os efeitos locais no Rio São Francisco e as pessoas que vivem dele. Um ponto importante foi feio quando os jovens do grupo foram questionados sobre seu envolvimento com o rio e muitas respostas surgiram. A discussão girou em torno de como os projetos ambientais poderiam ser o início de uma série de passos que serão dados pelo pessoal do projeto AJ e pelos jovens no grupo ambiental da WFT para alcançar uma melhor qualidade de vida nas suas comunidades. O filme Ilha das Flores foi mostrado e discutido como parte do encontro.. Os passos para o próximo mês envolvem: começar o estágio de implementação do projeto, apoiando os grupos com os materiais necessários e acompanhando os mesmos em suas atividades para guiar o processo de cada um e registrar qualquer informação relevante. É justo afirmar que, em geral, no ponto de vista desse do facilitador, o mês de outubro foi usado mais para apreender informação sobre os grupos para nossas necessidades de planejamento do projeto do que para eles mesmos. Foi difícil avaliar todos os grupo com apenas alguns encontros por mês e teria sido ainda mais difícil começar o trabalho nos projetos sem um bom entendimento da origem dos jovens envolvidos. É ainda muito cedo para pensar que o time facilitador conheçe os grupos de jovens, mas com o passar do tempo, faz-se notar a melhoraria do relacionamento entre as partes envolvidas.
Habilidades aprendidas O planejamento do projeto envolve uma constante avaliação dos objetivos do projeto e da dinâmica de trabalho frente a forças externas, que por vezes ajudam ou impedem o processo de formação do grupo. Essa foi a habilidade mais exigida de ambos os facilitadores durante o mês de outubro. Enquanto habilidades individuais certamento envoluirão diferentemente por conta de suas próprias definições, uma forte comunicação tem de ser estabelecida entre os membros do time facilitador para que mais atividades tenham sucesso. Como o time facilitador mal teve um mês para conhecer uns aos outros, a caminhada não tem ocorrido sem dificuldades. Entretanto, o time perfeiçoa o entendimento de cada membro com o passar do tempo e se completa na realização das funções que melhor lhe cabem. Indivudualmente, minha avaliação ao final do mês de outubro é de que eu não estava preparado para a carga de trabalho que me esperava quando aqui cheguei. Meu interesse em fazer um bom trabalho continua grande e toda minha determinação está concentrada em como melhorar a comunicação com os habitantes da área. Com tempo, eu acredito que desenvolverei um melhor entendimento dos problemas locais, que vão desde a transposição do rio (proposta pelo governo) até a questão da reforma agrária. Falando mais especificamente sobre o relacionamento com os grupos de jovens, eu imagino que mais tempo será preciso para estabelecer uma melhor conexão com todos os membros da comunidade com a qual estamos trabalhando. Esse trabalho continua hoje sendo isolado em um país diferente daquele onde moro, e é uma oportunidade constante para aprender uma ampla variedade de pontos de vista que não são evidentes para você em outras situações corriqueiras. Bibliografia Environmental Youth Alliance (EYA) Youth engagement: Peixes, pessoas e agua. 2004. Environmental Youth Alliance, Vancouver, Canada. Aliança Jovem Ambiental (AJA). Engajamento jovem: Pesixes, pessoas e água.2004. Aliança Jovem Ambiental (AJA), Vancouver, Canadá. Jornal Manuelzão. Em 2010, vou navegar, pescar e nadar no Rio das Velhas. Parceria entre o Projeto Manuelzão, IGAM e CBH Velhas. Minas Gerais, Brasil. Novembro, 2004.