LESÕES CÉRVICO VAGINAIS NA CIDADE DE TEIXEIRA DE FREITAS-BA: LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO E PREVALÊNCIA NO PERÍODO DE JANEIRO/2006 A JULHO/2010

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Transcrição:

LESÕES CÉRVICO VAGINAIS NA CIDADE DE TEIXEIRA DE FREITAS-BA: LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO E PREVALÊNCIA NO PERÍODO DE JANEIRO/2006 A JULHO/2010 Ana Maria de Souza Silva¹ Manuella Fernandes Amaral Bissaro² RESUMO O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a instalar o método de Papanicolaou para a detecção precoce do câncer do colo do útero, porém esse câncer ainda tem altas incidências sendo um problema de saúde pública, representando a segunda neoplasia maligna mais incidente em mulheres. Com o objetivo de analisar os aspectos citopatológicos e as principais lesões cérvico vaginais do colo de útero, foi elaborada uma pesquisa descritiva em 12.132 mulheres submetidas ao exame citológico, na cidade de Teixeira de Freitas BA, no período de janeiro de 2006 a julho de 2010. Realizou-se uma revisão bibliográfica e uma pesquisa de campo, tendo como base para o levantamento de dados a transcrição e interpretação dos resultados de exames citopatológicos arquivados no banco de dados do SISCOLO. Resultados encontrados na pesquisa revelam 2,18% de exames positivos para alterações celulares epiteliais escamosas e glandulares, destes 1,12% referentes à atipias de significado indeterminada de células escamosas e glandulares; 0,83% com lesão intra-epitelial de baixo grau; 0,19% com lesões intra-epiteliais de alto grau e 0,05% com carcinoma invasor. Em relação à análise microbiológica dos exames citopatológicos, foi verificado que entre a faixa etária dos 25 aos 39 anos foram mais acometidas pela presença de lactobacilos, bacilos, cocos e outros (flora mista) e Gardnerella vaginallis. Palavras chave: Citologia Clínica. Prevalência. Lesões Cervico-Vaginais. ¹Graduada em Biomedicina pela Universidade Tiradentes, Especialista em Hematologia Clínica pela Atualiza Cursos e/ou Universidade de Guarulhos, e-mail: anabiomedica@hotmail.com ²Graduada em Biomedicina pelas Faculdades Unidas do Norte de Minas FUNORTE, e-mail: manubissaro@hotmail.com ¹-²Especialista em Citologia Clínica, Atualiza Cursos e/ou Universidade Castelo Branco

2 INTRODUÇÃO O exame citopatológico tem sido um dos mecanismos mais eficientes para se detectar lesões precursoras do câncer do colo do útero, por ter baixo custo e desempenho diagnóstico. O exame de prevenção do câncer cervico uterino, o papanicolaou, além de sua importância para a saúde da mulher, é um procedimento importante de detecção precoce de lesões pré-invasivas e, consequentemente, instrumento essencial para a diminuição da mortalidade por esta patologia. Entre os anos 70 e 80, surgiram às primeiras evidências da provável associação do HPV (Papiloma Vírus Humano) com o câncer de colo uterino e, no final dos anos 90, descrevia-se a presença viral em aproximadamente 100% dos casos de câncer cervical (FERREIRA, 2009). Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2006): As mais altas taxas de colo do útero são observadas em países pouco desenvolvidos, indicando uma forte associação deste tipo de câncer com as condições precárias, com os baixos índices de desenvolvimento humano, com a ausência ou fragilidade de educação comunitária (promoção e prevenção em saúde) e com a dificuldade de acesso a serviços de saúde para o diagnóstico precoce e o tratamento das lesões precursoras. Esta situação torna indispensável para as políticas de saúde públicas bem estruturadas. Qualquer profissional da saúde pode realizar o exame citopatológico, desde que tenha sido adequadamente treinado. Consiste na coleta de material para exame na parte externa (ectocérvice) e interna (endocérvice) do colo do útero. O material coletado é afixado em lâmina de vidro, corado pelo método de Papanicolaou e, então examinado ao microscópio. Toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve submeter-se a exame preventivo periódico, especialmente dos 25 aos 59 anos de idade. O tratamento é realizado através de medicamentos orais e tópicos. No Brasil ficou definido que o exame citopatológico deve ser realizado em mulheres entre 25 e 60 anos de idade, ou que já tenham realizado atividade sexual mesmo antes dessa faixa de idade, uma vez por ano, e após dois exames anuais consecutivos negativos, a cada três anos (OLIVEIRA, 2006). Este trabalho tem como tema o levantamento epidemiológico e prevalência das principais lesões cérvico vaginais na cidade de Teixeira de Freitas-Ba no período de janeiro/ 2006 a julho/2010. Uma das razões para explicar o alto índice de lesões cervico-vaginais no Brasil resulta do fato que o exame de papanicolaou é realizado de forma não organizada dentro de um programa eficaz, onde a maioria dos exames citopatológicos realizados pela

3 rede de saúde publica eram feitos por mulheres com idade inferior aos 35 anos, possivelmente seriam aquelas mulheres preocupadas com fatores relacionados à natalidade, não atingindo a faixa etária de maior risco. Isto contribui para que dados referentes aos últimos 15 anos não foram alcançados com significância sobre a mortalidade do câncer do colo do útero (BRASIL, 2002). Sendo fundamental que os serviços de saúde orientem as mulheres quanto à necessidade da realização do preventivo periodicamente, de sua importância, para que essas taxas de mortalidade se reduzam. A elaboração desta pesquisa tem como justificativa demonstrar através de dados a importância de políticas mais efetivas a serem tomadas em relação ao programa da saúde da mulher nos países em desenvolvimento, que merecem maior atenção, isto envolve também os profissionais da área da saúde a terem maiores competências e responsabilidades durante a atividade da citopatologia, desde a coleta ao diagnóstico. Para Amaral (2003), no Brasil, ao contrário do que ocorre nos países mais desenvolvidos, as taxas de mortalidade por câncer do colo do útero continuam elevadas. A incidência de carcinoma invasivo em regiões praticamente sem programas de prevenção varia de 25 a 45 casos por 100.000 mulheres ao ano. Esta pesquisa tem como objetivo realizar um estudo epidemiológico das principais lesões cérvico vaginais encontradas na cidade de Teixeira de Freitas - Ba. Guimarães et al (2007), em seu estudo sugere progressão das lesões intra-epiteliais de baixo para alto grau ou carcinoma com tempo médio de cinco anos em 25% dos casos. É possível que adolescentes com lesão intra-epitelial de baixo grau não tratadas desenvolvam em poucos anos lesões de alto grau ou carcinoma. Neste sentido, este levantamento tem a seguinte problemática: Quais são as principais lesões cérvico vaginais que prevalecem na cidade de Teixeira de Freitas Ba, no período de janeiro de 2006 a julho de 2010? O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a instalar o método de Papanicolaou para a detecção precoce do câncer do colo do útero, porém esse câncer ainda tem altas incidências sendo um problema de saúde pública. Estimativas do Inca apontam que, em 2001, foram registrados 16,2 mil novos casos da doença no país. Todos os dias cerca de 10 mulheres morrem vítimas desse mal. Sendo o câncer de colo de útero o terceiro tipo mais comum entre as mulheres. As taxas de incidência de câncer de colo do útero são geralmente altas na América Latina. No Brasil, existe uma variação nas taxas de

4 incidência, sendo as maiores nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Se tratada e diagnosticada com precocidade, o câncer do colo de útero tem 100% de chances para a cura. Mulheres que tem relações sexuais, o exame preventivo pode reduzir em 70% o índice de mortalidade (BRASIL, 2010). A fim de se reduzir os fatores de risco encontrados, e conhecer o perfil epidemiológico das comunidades de Teixeira de Freitas-Ba e, também de outras comunidades, para melhor promoção, proteção e recuperação da saúde, acredita-se ser essa uma forma de contribuir com a melhora da qualidade de vida da população, não esquecendo que a erradicação do câncer do colo uterino depende de ações básicas de prevenção e controle dos fatores predisponentes, de políticas de proteção à saúde da mulher. 2. METODOLOGIA Foi realizada uma revisão bibliográfica e uma pesquisa de campo sobre as principais lesões cérvico vaginais e o câncer de colo de útero que acometem as mulheres, analisando-se qual tipo de lesão, e de câncer é mais prevalente no grupo de estudo segundo a faixa etária. O levantamento de dados teve como base a transcrição e interpretação dos resultados de exames citopatológicos arquivados no banco de dados do SISCOLO. A coleta dos exames foi realizada por profissionais de saúde dos Postos de Saúde (PSF), na sua maioria enfermeiros, exames estes realizados em mulheres em idade fértil a partir dos 15 anos de idade, atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os resultados dos exames foram agrupados em satisfatório, quando apresentavam agrupados de células escamosa e /ou da junção escamo-colunar (JEC) e, em insatisfatórios, apresentando lâminas hemorrágicas, muito purulentas, dessecadas, quantidade insuficiente de células entre outras. Os resultados dos diagnósticos eram classificados de acordo o Sistema de Bethesda 2001, sendo relacionados com as idades das mulheres. Teixeira de Freitas-Ba, cidade fundada em 1985, localizada no extremo sul do Estado da Bahia, numa altitude de 186m, a 30 km do litoral e a 884 km da Capital, cidade de Salvador. Sua população é de 118.702 habitantes, e com densidade demográfica de 102,59 hab/km². Segundo o CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) a cidade conta com 54 estabelecimentos de saúde, sendo 28 de atendimento público pelo SUS (Sistema único

5 de Saúde). A maior parte das mulheres fazem seus exemes preventivos na rede pública do município, contando com 34 unidades de saúde da família para coleta de material citológico (IBGE, 2010). Para Lakatos e Marconi (2003), pesquisa de campo é utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. A presente pesquisa é classificada em três grupos: exploratórios, descritivos e explicativos. Pesquisa se enquadra nos estudos explicativos, sendo estes, o que se aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas (GIL, 1999). Exploratórias por ter como finalidade desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos (LAKATOS; MARCONI, 2003). Já a pesquisa descritiva está interessada em descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los (RUDIO, 2000). 3. REFERENCIAL TEÓRICO O exame citopatológico possui um importante papel na detecção das lesões precursoras do câncer do colo do útero, pois, quando diagnosticado precocemente, há grande possibilidade de cura, chegando perto de 100% e podendo ser tratado em nível ambulatorial em cerca de 80% dos casos. No Brasil, as neoplasias cervicais representam a terceira causa de óbito geral na população feminina e de forma geral, o câncer do útero corresponde a 15% de todos os tipos de câncer feminino (AMARAL et al, 2006). O exame de Papanicolaou é utilizado em diversos países para o rastreamento e detecção precoce do câncer de colo uterino. Dada a lenta evolução deste câncer, é possível o diagnóstico na fase intra-epitelial (não-invasiva) em mulheres assintomáticas, quando o tratamento é de baixo custo e tem elevado percentual de cura. No Brasil, excluindo as causas mal definidas (ou subnotificadas), as neoplasias são o terceiro grupo de doenças mais prevalentes (11,9%), ficando atrás apenas das doenças do aparelho circulatório (27,5%) e causas externas (12,6%). Entre as mulheres, o câncer de mama é o mais freqüente, seguido

6 pelo câncer de colo uterino, mas este ocupa o primeiro lugar nas regiões Norte e Nordeste do país (LEAL et al, 2003). A recomendação para os países latino-americanos é realizar o rastreamento em mulheres de 35 a 59 anos de idade, com periodicidade de três anos. O Ministério da Saúde Brasileiro recomenda que toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve se submeter a exame preventivo periódico, especialmente dos 25 aos 59 anos de idade. Inicialmente, o exame deve ser feito a cada ano. Se dois exames anuais seguidos apresentarem resultado negativo para displasia ou neoplasia, o exame pode passar a ser feito a cada três anos. A população alvo da segunda fase de intensificação do Programa Nacional de Controle do Câncer Cérvico-Uterino (PNCCU) foi constituída por mulheres de 35 a 49 anos que nunca realizaram o exame de Papanicolaou na vida ou que o realizaram há três anos ou mais (OLIVEIRA et al, 2006). O Brasil foi um dos precursores na utilização da citologia no diagnóstico do câncer. Há referência de que em 1942, Antonio Vespasiano Ramos apresentou tese de docência intitulada Novo método de diagnóstico precoce do câncer no país, que se acredita ser o primeiro registro da utilização da citologia no diagnóstico do câncer no país (THULER, 2008). Diante desse fato, surge uma questão bastante instigante: por que o Brasil, apesar de ter sido um dos primeiros países a utilizar a colposcopia associada ao exame citopatológico (Papanicolaou) para a detecção precoce do câncer do colo do útero ou de suas lesões precursoras, ainda tem uma das mais altas taxas de mortalidade por esse tipo de câncer? Uma das respostas possíveis para essa questão é que existe uma brecha entre os avanços técnicos e o acesso da população a eles. É, portanto, fundamental que haja mecanismos por meio dos quais mulheres motivadas a cuidar de sua saúde encontrem uma rede de serviços quantitativamente e qualitativamente capaz de suprir essa necessidade em todo o País (BRASIL, 2002). A idade avançada, o baixo nível sócio-econômico, pertencer a certos grupos étnicos, não ter cônjuge (solteiras, separadas e viúvas), entre outros, têm sido identificados como fatores associados a não realização do exame de Papanicolaou. A limitação do acesso aos serviços de saúde, por barreiras sócio-econômicas, culturais, e geográficas também se

7 apresenta como responsável pela baixa cobertura dos exames de citologia oncótica, sendo um problema a ser enfrentado pelos gestores do programa de controle do câncer de colo de útero (AMORIM, 2006). O Ministério da Saúde, por intermédio do Instituto Nacional de Câncer, vem buscando parcerias para desenvolver ações a fim de mudar esse quadro. Faz parte desta promover implementação de estratégias importantes, tais como a padronização de procedimentos e de condutas que garantam a qualidade dos processos técnicos e operacionais para o controle do câncer. A estruturação do Viva Mulher Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama prevê a formação de uma grande rede nacional na qual o profissional de saúde esteja capacitado para estimular a prevenção, realizar a detecção precoce de lesões precursoras da doença e promover o tratamento (BRASIL, 2002). As lesões intra-epiteliais escamosas do colo do útero são comprovadamente precursoras do carcinoma invasivo cervical. Sua identificação precoce é importante na terapêutica e prognóstico das pacientes. Vários exames são utilizados na avaliação destas lesões. Dentre eles, destaca-se a utilização do exame citológico acompanhado de colposcopia. O exame citológico de Papanicolaou é o método de excelência na avaliação do grau de alteração celular do epitélio escamoso cervical, e tem ajudado a diminuir drasticamente a incidência de câncer de colo uterino. Para a classificação dos resultados dos exames, vários sistemas de nomenclatura podem ser utilizados. O sistema de Bethesda é o mais utilizado, classificando as anormalidades do epitélio escamoso cervical em Lesão de baixo grau (LIBG), Lesão de alto grau (LIAG), Atipias Celulares de Significado Indeterminado (ASCUS) e Carcinoma Invasor (TUON, 2002). As lesões inflamatórias estão associadas com corrimento mucopurulento, soropurulento, branco ou seroso e sintomas como dor abdominal baixa, dor lombar, prurido e dispareunia. Como mencionado anteriormente, são mais comumente causadas por infecções ou corpos estranhos irritantes. Os microorganismos infecciosos comumente causadores de tais lesões incluem protozoários como Trichomonas vaginalis; fungos como Candida albicans; crescimento excessivo de bactérias anaeróbias (Bacteriodes, Peptostreptococcus, Gardnerella vaginalis, Gardnerella mobiluncus) em uma afecção como a vaginose bacteriana; outras bactérias como Chlamydia trachomatis, Haemophilus ducreyi, Mycoplasma hominis,

8 Streptococcus, Escherichia coli, Staphylococcus e Neisseria gonorrhoea e vírus como o vírus do herpes simples (IARC, 2010). Acredita-se que a infecção pelo papiloma vírus humano (HPV) seja a causa primária do câncer do colo do útero. Sua prevalência na lesão do colo é superior a 98% e, dois subtipos do vírus (16 e 18) estão presentes em mais de 80% dos casos de câncer invasor. Também são relacionados como co-fatores outras doenças sexualmente transmissíveis, especialmente a presença do vírus da imunodeficiência humana (HIV), o uso de tratamento imunossupressivo e história de transplante de órgãos (MENDONÇA, 2008). Pesquisas recentes sobre o HPV deram informações mais detalhadas acerca da evolução das lesões intra-epiteliais e do câncer invasivo de colo uterino. Mesmo assim, ainda existem muitas indefinições, particularmente no que diz respeito ao uso da tipagem de HPV como um guia terapêutico e de acompanhamento para essas mulheres. Ainda no aguardo do surgimento de técnicas confiáveis e baratas que possam caracterizar novos tipos virais e elucidar as propriedades biológicas do HPV. O papel deste vírus é uma incógnita, bem como seus mecanismos de ativação viral (KOSS; GOMPEL, 2006). O controle desta neoplasia obedece à estratégia de prevenção secundária baseada na citologia cervical. Esta técnica de detecção, conhecida popularmente como Papanicolaou ou simplesmente exame preventivo, vem sendo realizada por mais de 30 anos. Apesar do exame preventivo ser simples, inócuo, eficiente, de baixo custo, o câncer cérvico-uterino ainda tem sido uma das principais causas de morte entre as mulheres brasileiras. No Brasil a prevenção do câncer não recebe atenção caracterizada por ações educativas. Esta situação é consequência da falta de conscientização da população sobre a importância do diagnóstico precoce e da falta de definição dos serviços de saúde sobre o caminho a ser seguido pela mulher, desde a primeira queixa até o diagnóstico e o tratamento especializado. Em estudo sobre a vivência da mulher no exame ginecológico para a prevenção do câncer cérvico-uterino a autora comenta que existe um vazio entre os programas de prevenção desta neoplasia e a adesão das mulheres (MERIGHI; HUMANO; CAVALCANTE, 2002). Richart, em 1967, estudando a história natural do câncer do colo uterino estabeleceu o conceito de Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) para as lesões precursoras

9 do carcinoma escamoso invasor do colo uterino, considerando-as como um fenômeno único, contínuo e progressivo, caracterizadas por diversos graus de atipias celulares compreendendo parte ou toda a espessura do epitélio cervical. Assim, as neoplasias intra-epiteliais cervicais foram divididas, histologicamente, em três graus: NIC I, caracterizada por atipias celulares localizadas no terço inferior do epitélio escamoso; NIC II, em que as atipias ocupam os dois terços inferiores desse epitélio; e NIC III, em que as células atípicas comprometem mais de dois terços ou toda a espessura do epitélio. A NIC I, a NIC II e a NIC III correspondem, respectivamente, a displasia leve, displasia moderada e displasia acentuada/carcinoma in situ (FIALHO et al, 2009). O Instituto Nacional do Câncer (National Cancer Institute - NCI), em 1988, patrocinou a criação de nova e atualizada terminologia a ser utilizada nos laudos da colpocitologia oncótica, a "Classificação de Bethesda", que visava a corrigir essas falhas existentes na classificação de Papanicolaou e a imprimir mais uniformidade aos laudos citológicos dos esfregaços do colo uterino. As recomendações surgidas passaram a ser chamadas de Sistema de Bethesda - TBS - The Bethesda System. Com o TBS foram introduzidos os termos citológicos de lesões intra-epiteliais escamosas de baixo grau (LSIL) e lesões intra-epiteliais escamosas de alto-grau (HSIL). As LSIL compreendem os achados citopatológicos sugestivos de infecção pelo HPV e as neoplasias intra-epiteliais de grau leve (NIC I). Já as HSIL incluem as neoplasias intra-epiteliais de grau moderado (NIC II) e de grau acentuado (NIC III). Embora essa nomenclatura não substitua os termos histológicos, os diagnósticos de LSIL ou HSIL apresentam correspondência com a possibilidade de progressão da patologia (SOUZA; KALIL; LEITE; GEBER, 2004). 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados foram agrupados por faixa etária de acordo as idades, por grupos: 15 a 24 anos, 25 a 39 anos, 40 a 54 anos e acima dos 55 anos de idade. Com base nas análises de 2.660.775,000 exames realizados em todo estado da Bahia, no período de janeiro de 2006 a julho de 2010, de mulheres que procuraram os serviços do sistema único de saúde, parte relevante de 12.132 dos laudos, ou 0,45% foram feitos na cidade de Teixeira de Freitas-Ba.

10 Sendo que do total de 12.132 apenas 1.507 dos exames estavam com resultados dentro da normalidade. Neste Trabalho a maioria dos esfregaços 11.993 (98,85%) foi satisfatória, sendo que a maioria das lâminas rejeitadas apresentavam obscurecimento por sangue. De acordo a Tabela 01, o maior número de mulheres submetidas ao exame compreendia entre a faixa etária de 25 a 39 anos (38,31%), seguida de 40 a 54 anos (29,24%). Tabela 01 - Quantidade de Exames por Faixa Etária Idade (anos) n % 15-24 2146 17,7 25-39 4648 38,31 40-54 3548 29,24 55 1790 14,75 Total 12132 100,00 FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE, SISTEMA DE INFORMAÇÃO DO CÂNCER DA MULHER (SISCAM), 2010. Em relação à análise microbiológica dos exames citopatológicos, foi verificado que a flora predominante foi da flora mista (bacilos, cocos e outros) com 5.380 (38,34%), seguida de lactobacilos 4.731 (33,71%) e Gardnerella vaginalis 3.100 (22,09%). Percebe-se que a faixa etária dos 25 aos 39 anos foram mais acometidas pela presença de lactobacilos (2.088), Gardnerella vaginallis (1.342), e bacilos, cocos e outros (1.301), (Figura 01). Dados semelhantes foram encontrados na pesquisa realizada por Irion e Buffon (2009), onde também teve o predomínio de lactobacilos 775 (49,36%), seguida de flora mista 305 (19,43%) e Gardnerella vaginalis 257 (16,37%). Outros processos inflamatórios foram encontrados durante esta pesquisa, como 08 (oito) casos de pacientes acometidas por Chlamydia, 02 (dois) casos de Herpes vírus e 01 (um) caso de Actinomyces sp. Em outro estudo realizado no Rio de Janeiro por Souza e Vianna (2005), também relata que o trato genital feminino foi mais colonizado por cocos e bacilos em 52% dos exames e, 33% por lactobacilos. As alterações descritas no epitélio cervico-vaginal representaram 2,18% (232) do grupo total, sendo que as mulheres com menos de 39 anos representaram 60,34% (140) das alterações e as mulheres com mais de 40 anos 39,65% (92).

11 Figura 01: Distribuição da Microbiologia segundo a faixa etária em mulheres submetidas ao exame citopatológico na cidade de Teixeira de Freitas-Ba, no período de janeiro/2006 a julho de 2010 FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE, SISTEMA DE INFORMAÇÃO DO CÂNCER DA MULHER (SISCAM), 2010. Sabe-se que as campanhas de prevenção ao câncer do colo do útero tem como alvo principal as mulheres jovens e em idade fértil, pois estas estão mais vulneráveis a desenvolver lesões cervico vaginais. Sendo importante a realização do exame citopatologico, que irá auxiliar no diagnostico precoce de lesões, beneficiando a ter um tratamento antes mesmo que a neoplasia venha a progredir para uma possível lesão maligna (GUIMARÃES et al, 2007). Resultados encontrados na pesquisa revelam 2,18% de exames positivos para alterações celulares epiteliais escamosas e glandulares, destes 1,12% referentes à atipias de significado indeterminado de células escamosas e glandulares; 0,83% com lesão intra-epitelial de baixo grau; 0,19% com lesões intra-epiteliais de alto grau e 0,05% com carcinoma invasor.

12 Tabela 02 - Distribuição, por faixa etária, das lesões intra-epiteliais escamosas Idade (anos) 15 a 24 n(%) 25 a 39 n(%) 40 a 54 n(%) > 55 n (%) Total n (%) ASC-US 21 (20,80) 37 (36,63) 35 (34,65) 8 (7,92) 101 (43,53) ASC-H 1(8,33) 5 (41,70) 2 (16,70) 4 (33,33) 12 (5,17) AGH 0 (0) 2 (33,33) 3 (50) 1 (16,70) 6 (2,59) LSIL 25 (28,41) 39 (44,32) 20 (22,72) 4 (4,55) 88 (37,93) HSIL 1 (5) 8 (40) 6 (30) 5 (25) 20 (8,62) CA 0 (0) 1 (20) 2 (40) 2 (40) 5 (2,15) Total (100%) 48 292 68 54 232 FONTE: MINISTÉRIO DA SAÚDE, SISTEMA DE INFORMAÇÃO DO CÂNCER DA MULHER (SISCAM), 2010. Do total de 12.132 das lâminas examinadas 10.625 (87,58%) apresentaram alterações, sendo 232 (2,18%) com lesões intra-epiteliais escamosas, dentre estas as alterações mais descritas foram ASC-US e LSIL, com uma freqüência de 101 (43,53%) e 88 (37,93%) dos casos, respectivamente, entre o total das lâminas alteradas, de acordo a Tabela 02. Observou-se também que a taxa de ASC-US encontrada em nossa pesquisa (0,83%) condiz com o consenso que o diagnóstico deste não deve ultrapassar mais de 5% de todas as amostras citológicas em um serviço de citologia, porem entre as lesões escamosas, percebe-se que o ASC-US representou um total de 43,55%, considerável alto entre todas as amostras analisadas, sendo necessário rever o porquê desses valores pelo Percebe-se que o carcinoma de células escamosas pode surgir em qualquer faixa etária, desde a segunda década de vida ate a terceira idade. A prevalência máxima pode ser observada numa certa idade mais jovem, a partir dos 40 anos, sendo que as atipias e lesões precursoras mais freqüentes encontradas entre 25-39 anos foram ASC-US, LSIL e HSIL, afirmando assim com dados encontrados em outras pesquisas. Os casos de carcinoma surgem entre 25-39 anos com um caso e com 4 casos, dos 40 anos a mais. Relatos de adenocarcinoma não foram encontrados durante o estudo. De acordo a Tabela 02 percebe-se que a faixa etária entre 25 e 39 anos foi a mais acometida por lesões de baixo e alto grau e de significados indeterminados, sendo também o grupo que mais realizou exames de 2006 a 2010. Isso indica que nesta faixa etária houve uma maior preocupação em fazer o preventivo, e também por apresentar maior índice de lesões e processos infecciosos, indicando que as mulheres dessa cidade começaram a vida sexual precocemente, e que o não uso de contraceptivo como a camisinha tenha levado a esse quadro de lesões, provavelmente relacionados ao HPV.

13 5. CONCLUSÃO Conhecer o perfil epidemiológico das principais lesões cérvico vaginais do colo uterino, das mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), torna-se relevante, pela grande quantidade de mulheres atendidas por este sistema na cidade de Texeira de Freitas- BA, o que dar informações, para um planejamento e avaliação de programas efetivos no controle do câncer cérvico-uterino na rede básica de atenção à saúde que se favoravelmente estruturados, servem para diminuir a mortalidade e incidência do câncer de colo uterino. As mulheres atualmente tem iniciado a vida sexual mais cedo, notou-se neste trabalho que a quantidade de mulheres entre 15 e 24 anos que fazem o exame preventivo do câncer do colo do útero ainda é baixo se comparado com a quantidade de mulheres examinadas. Incumbindo às políticas públicas da mulher no Brasil rever as questões da idade de risco para o câncer que atualmente é de 25 a 60 anos. Já que o início das relações sexuais entre os jovens está mais precoce, assim idealizar estratégias para conscientizar este público mais jovem a fazerem exame citológico, devido á sua importância na prevenção do câncer bem como da detecção de outras infecções do trato genital feminino. O estudo realizado evidenciou que nos exames predominaram a microbiota composta por cocos, bacilos, lactobacilos, e Gardnerella vaginalis; e as DSTs evidenciadas foram Trichomonas vaginalis e, possivelmente sugere-se o HPV. Tais resultados corroboram que processos inflamatórios e microbiológicos, acometem qualquer faixa etária, podendo ser diagnosticas precocemente com eficácia pela citologia oncótica. CERVICAL LESIONS VAGINA IN THE CITY OF TEIXEIRA DE FREITAS BA: EPIDEMIOLOGICAL AND PREVALENCE SURVEY IN A PERIOD OF JANUARY/2006 JULY/2010 ABSTRACT Brazil was among the first countries in the world to install the Papanicolaou method for early detection of cervical cancer but this cancer is still high incidences being a public health problem, representing the second most frequent malignancy in women. Aiming to analyze the main aspects of cytopathology and cervical vaginal lesions of the cervix, was drafted in a descriptive 12,132 women who underwent cytological examination in the city of Teixeira de Freitas - BA, from January 2006 to July 2010. We conducted a literature review and field research, based on survey data for the transcription and interpretation of the results of

14 cytopathology archived in database SISCOLO. Results found in the research reveal 2.18% of positive tests for changes in cells and glandular epithelial, of 1.12% regarding atypical squamous cells of undetermined significance and glandular, 0.83% with intraepithelial lesion of low grade; 0.19% intraepithelial lesions of high grade and 0.05% with invasive carcinoma. In relation to the microbiological analysis of cervical screening was found that between the ages of 25 and 39 years were most affected by the presence of lactobacilli, bacilli, cocci and others (mixed flora) and Gardnerella vaginallis. Key - words: Clinical Cytology. Prevalence. Cervico Vaginal Lesion. REFERÊNCIAS AMARAL, Rita Goreti et al. Fatores que podem comprometer a qualidade dos exames citopatológicos no rastreamento do colo do útero. [200_?]. Disponível em: <www.sbac. org.br/pt /pdfs/rbac/rbac_38_01/rbac3801_02.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2010 AMORIM, V. M. S. L. et al. Fatores associados à não realização do exame de Papanicolaou: um estudo de base populacional no município de Campinas, São Paulo, Brasil. Revista Eletrônica da Associação Médica Brasileira, Rio de Janeiro, nov. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0102311x2008001100017&script=sci_arttext>. Acesso em: 28 mar. 2010). BRASIL.Ministério da Saúde. Vigilância epidemiológica. [200_?]. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/visualizar_texto.cfm?idtxt=241>. Acesso em 30 mar. 2010..SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE. Falando sobre Câncer do colo do Útero. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em < bvsms.saude.gov.br/ bvs/.../inca/ falando_cancer_colo_utero.pdf>. Acesso em: 21 mar. 2010. CRUZ, Flávia Cilene da; et al. Aspectos morfológicos da junção escamo-colunar de ratas Em estro permanente e tratadas com associação de estrogênio e glicocorticóide. Revista Eletrônica da Associação Médica Brasileira, Rio de Janeiro, set. 2004. Disponível em: < www.scielo.br/scielo.php?pid=s0100...script >. Acesso em: 01 jun. 2010. FERREIRA, Maria de Lourdes da Silva Marques. Motivos que influciam a não-realização do exame papanicolaou segundo a percepção de mulheres. Revista eletrônica de enfermagem. São Paulo, maio-abr 2009.Disponívelem:<http://www.eean.ufrj.br/revista_enf/20092/artigo %2018.pdf>. Acesso em 14 nov. 2010. FIALHO, Susana Cristina Aidé Viviane. Neoplasia Intraepitelial Cervical. Revista eletrônica DST J bras Doenças Sexualmente Transmissíveis. Rio de Janeiro, maio. 2009. Disponível em: <http://www.dst.uff.br/revista21-4-2009/3-neoplasiaintraepitelial.pd>. Acesso em: 02 nov. 2010. GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

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