DOCÊNCIA EM DEBATE: O FIM OU O RECOMEÇO DA LICENCIATURA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA UEG DE IPORÁ

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Transcrição:

DOCÊNCIA EM DEBATE: O FIM OU O RECOMEÇO DA LICENCIATURA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA UEG DE IPORÁ BARRETO, Maria Olinda¹; FERREIRA, Marilda de Lima Oliveira² Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Iporá ¹maria.olinda@ueg.br; ²marildalima4@yahoo.com.br RESUMO A formação de professores no Brasil passa por uma intensa crise, evidenciada, principalmente pela baixa procura de candidatos aos cursos oferecidos nessa modalidade e também pela queda de concluintes, muitos desistem antes de concluir o curso, por não identificar-se com a profissão ou por conseguir aprovação em outro curso com mais status social. A profissão docente, no país, ainda esta fundada na à ideia de sacerdócio, de missão, não é vista como uma categoria profissional que precisa ser valorizada, inclusive com salários dignos. O presente estudo, feito a partir da prática cotidiana das pesquisadoras e ainda por meio de pesquisa bibliográfica, tem como proposta apresentar reflexões e análises sobre a formação de professores na UEG de Iporá, abordando o crescente desinteresse pelos cursos de licenciatura, muitas vezes identificados como ultima opção para os cursos superiores. Palavras Chaves: Licenciatura-Profissão-Crise INTRODUÇÃO A história da Unidade Universitária da UEG de Iporá teve sua origem na Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Iporá (FECLIP), que surgiu mediante o anseio e luta da população regional, cuja área de abrangência atinge aproximadamente, (20) vinte municípios. O empenho culminou no Movimento Pró Ensino Superior em Iporá, iniciado em 02 de março de 85 com a participação de expressivas lideranças locais. A FECLIP foi Criada pelo decreto-lei Estadual de nº. 2.520 de 30/10/85 (DOE nº 14.899 de 13/10/86), tendo como objetivos principais a formação de professores para suprir a demanda tanto da rede pública quanto da rede particular de ensino, já que, na época, Iporá e região possuía um número significativo de professores sem habilitação, sem graduação na modalidade de licenciatura. A instituição buscava formar professores para atendimento da demanda da rede escolar do Sistema de Educação, promover a formação integral da pessoa humana através de atualização, extensão, seminários, simpósios e palestras, 94

visando difundir conhecimentos, métodos e técnicas educacionais. O primeiro vestibular foi realizado em 88, com duzentas () vagas, sendo sessenta (60) para o curso de Licenciatura Plena em Letras (Português/Inglês), cinquenta (50) para Licenciatura Plena em Geografia, cinquenta (50) para a Licenciatura Plena em História e quarenta (40) para o curso de Licenciatura Curta em Ciências. Em 98 foi conseguida a autorização para o funcionamento de dois novos cursos: Biologia e Matemática. O curso de Ciências que era de Licenciatura Curta foi extinto. Pela Lei nº 13.456, de 16 de abril de 99, publicada no DOE-GO de 20 de abril de 99 a então FECLIP, no governo de Marconi Perillo, transforma-se em Unidade Universitária da UEG de Iporá. Houve uma expansão no campo de ação com a implantação das Licenciaturas Plena Parceladas, criadas pelo Programa Universidade Para os Trabalhadores da Educação, em convênio com a Secretaria Estadual de Educação, Prefeituras da região e Sindicato das Escolas Particulares, oferecendo os cursos de Geografia, História, Letras, Matemática, Biologia, Pedagogia e Educação Física, sendo esta a última turma, dessa modalidade de ensino, tendo seus trabalhos concluídos 09/11/9. De acordo com os dados da Secretaria Acadêmica da UnU de Iporá e do Núcleo de Seleção da UEG, mostrados na tabela e gráfico a seguir, os cursos tem sofrido uma queda significativa tanto na procura (candidato/vaga), quanto no número de concluintes, conforme expressa o quadro e gráficos abaixo. TABELA 1: NÚMERO DE PROFESSORES FORMADOS PELA FECLIP/UEG AO LONGO DOS SEUS 24 ANOS DE EXISTÊNCIA (88/2012). Curso Modalidade 9 1 Ciências Biológicas Ciências Biológicas Regular Parcelada 92 93 9 4 95 96 97 98 99 20 00 95 1 2 3 4 5 6 7 8 9 20 10 2011 Total - - - - - - - - - - 18 12 26 36 28 32 21 26 32 22 25 278 - - - - - - - - - - 16 - - 37 - - - - - - - 53 Ciências Regular 13 04 04 03 04 11 03 01 - - - - - - - - - - - - - 43 Educação Física Parcelada - - - - - - - - - - - - - - - - - - 47 - - 47 Geografia Regular 20 29 28 12 11 35 34 40 39 34 44 27 37 33 35 31 20 29 27 20 604 Geografia Parcelada - - - - - - - - - - 43 - - - - - - - - - 43 História Regular 21 12 18 14 16 24 28 26 25 44 45 41 32 34 33 35 31 29 22 12 23 565 História Parcelada - - - - - - - - - - 44 - - - - 41 - - - - - 85 Letras Regular 30 14 06 23 18 12 23 26 33 33 33 39 34 30 27 33 31 25 22 23 15 530 Letras Parcelada - - - - - - - - - - 43 - - 43 - - - - - - - 86 Matemática Regular - - - - - - - - - - 12 14 34 24 31 35 17 28 21 17 10 243 Matemática Parcelada - - - - - - - - - - - - - 48 - - - - - - - 48 Pedagogia Parcelada - - - - - - - - - - - 86 45 125 35 82 18 - - - - 391

candidatos II Congresso de Educação UEG/UnU Iporá Total 84 59 56 52 49 82 88 93 97 111 298 2 208 410 189 289 138 137 171 93 93 3016 Fonte: Secretaria Acadêmica da UEG de Iporá, maio de 2012. Concorrência no processo seletivo para ingresso nos cursos de licenciatura da UnU Iporá (3/2012) 8 7 6 5 4 3 2 1 0 3 4 5 6 7 8 9 2010 2011 2012 Fonte: site do Núcleo de Seleção da UEG 2012. a nos Ciê ncia s Biológica s Ge ogra fia História Le tra s Ma te m á tica Por mais que a UEG-UnU de Iporá, nesses quase vinte e cinco anos de existência, tenha formado um número considerável de professores, três mil e dezesseis, conforme evidenciado na tabela 1, ainda há carência desse profissional na sociedade, principalmente em algumas áreas específicas como Matemática, Física, Química, Artes, Língua Estrangeira Moderna Inglês/Espanhol, a situação ainda é mais crítica. Outro dado interessante a ser observado é com relação ao número de formandos. Considerando que nos primeiros anos de funcionamento da FECLIP eram oferecidas 50/60 vagas e que atualmente são 40 vagas, pelos dados coletados, percebe-se que muitos não concluem o curso. O número mais significativo de desistência tem sido no curso de Matemática, onde justamente há uma maior carência de professores, em segundo lugar o curso de Letras. Nos últimos anos menos de cinquenta por cento dos que iniciam concluem, em 2011 das quarenta vagas oferecidas no primeiro ano somente formaram15 professores de de Letras (Português/Inglês) e 10 de Matemática. Portanto, buscando refletir sobre as razões do desinteresse pela docência que vem se agravando na UEG de Iporá e também em todo Brasil, é que motivou a elaboração deste texto. MATERIAIS E MÉTODOS A reflexão contida neste texto constitui-se de uma pesquisa bibliográfica, 96

baseada em resultados de trabalhos realizados anteriormente sobre o tema em questão, ao qual será dado continuidade a partir da realização do grupo de trabalho denominado docência em debate: o fim ou o recomeço da licenciatura, que ocorrerá no II Congresso de Educação da UEG de Iporá. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos últimos anos, conforme evidenciado no gráfico de concorrência para ingresso nos cursos de licenciatura da Unidade Universitária da UEG de Iporá, mostrado anteriormente, tem decrescido o número de candidatos, realidade que não tem sido diferente em outras instituições de ensino, o que nos leva a questionar: quais seriam os motivos dessa baixa demanda? Quais as razões do desinteresse pela docência? Consideramos que a resposta a esse questionamento não seja simples nem pode ser buscada fora de um contexto maior. Por isso, é imprescindível refletir sobre como a educação e o professor tem sido considerados pela sociedade e nas políticas públicas educacionais nas últimas décadas. Com as rápidas e constantes transformações, ocorridas principalmente nas relações de produção e comunicação muito tem sido exigido da escola e do professor sem equivalentes investimentos e valorização. Compreendemos que a discussão sobre os cursos de licenciatura da UEG de Iporá e do país, nos remete necessariamente a refletir sobre a profissão e a profissionalização docente e sobre as condições de trabalho, proletarização, salários, saberes docente. Para GUIMARÃES (4, p.4) na discussão da profissionalidade e a profissionalização docente esses temas devem estar interligados. Nas últimas décadas a lógica do mercado, a lei da oferta e da procura, tem norteado as políticas para a educação e para a formação docente. E é nesse contexto de mudanças, conflitos, inovação tecnológica e cobrança por melhores índices na qualidade da educação, que a crise da licenciatura deve ser compreendida. Entendemos que a formação docente não deve ser ou compreendida utilizando os princípios da lei do mercado, ou seja, a demanda não deve ser critério único ou mais importante ao se decidir e/ou optar por abrir ou fechar cursos de licenciatura é preciso considerar outros elementos. Não há dúvidas de que é preciso melhorar a qualidade da educação e que sem isso não haverá desenvolvimento socio-econômico-cultural do país. A contradição consiste em não 97

equacionar qualidade da educação com o equivalente investimento na formação e valorização do professor. De acordo com Libâneo, Oliveira, Toschi (9, p.53), vive-se enfim, num contexto de mal estar docente, de desvalorização da profissão e, por isso, de necessidade de sua reconfiguração. A crise nos cursos de licenciatura, que já perdura há algumas décadas, tem agravado-se à medida que a profissão docente vem sendo paulatinamente desvalorizada. Os inúmeros problemas que vão desde a banalização do conhecimento com a democratização das informações, o desinteresse em aprender, os reflexos dos problemas sociais na escola como violência, drogas, desrespeito, falta de condições dignas de trabalho e imposição de projetos educacionais, na maioria de cunho tecnicistas, tem sido fatores desestimulantes para os professores. Somada a esta situação esses profissionais se veem pressionados por fatores externos, haja vista que são, na maioria das vezes, responsabilizados pela baixa qualidade da educação expressa principalmente pelas avaliações externas. Para Loureiro (99) é necessário que o magistério de torne uma profissão competitiva no mercado para que os investimentos possam valer a pena. Nesse contexto, os professores passam por uma crise de identidade e de acordo com Nóvoa (98, p.31) será revertida a partir valorização intelectual, de uma consolidação de autonomia profissional. Portanto, pensar as licenciaturas implica em rever os conceitos atribuídos a qualidade de ensino, as políticas educacionais implementadas, as propostas de formação docente, a valorização profissional, a formação continuada como direito do professor e dever do Estado. E responsabilidade do Estado com a garantia da educação como um bem e não como mercadoria. CONSIDERAÇÕES FINAIS Formar professor é uma tarefa bastante complexa, portanto, medidas simplistas e banalizadoras, apresentadas como uma fórmula eficiente e produtiva de preparar os profissionais da educação, não resolverá os problemas atuais das licenciaturas. Na discussão sobre os cursos de licenciatura todas as questões apresentadas devem ser consideradas, principalmente a profissionalização e identidade docente. A valorização pessoal, profissional e social do professor é condição indispensável para o fortalecimento das licenciaturas. 98

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GUIMARÃES, Valter Soares. Formação e profissão docente. Goiânia: Ed da PUC Goiás, 9. NÓVOA, António. Relação escola-sociedade: novas respostas para um velho problema. In: Serbino. Raquel Volpato (org). Formação de professor. São Paulo: Fundação editora da UNESP. 98. LIBÂNEO, José Carlos. OLIVEIRA, João Ferreira. TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 3. LOUREIRO, Walderês Nunes (org). Formação e profissionalização Docente. Goiânia: Ed. Da UFG, 99. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS. Núcleo de seleção. Disponível em:<http://www.nucleodeselecao.ueg.br>. Acesso em: 02 mai. 2012 99