12º FÓRUM DE EXTENSÃO E CULTURA DA UEM

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Transcrição:

12º FÓRUM DE EXTENSÃO E CULTURA DA UEM DIFICULDADES DA ATIVIDADE E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DOS PRODUTORES DE LEITE DE BASE FAMILIAR NA REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ Mauricio Novak 1 Nathan Machado Cavalcanti 2 Renata Cristiane Pereira 3 Bruna Fernanda Negrelli da Silva 4 Arthur de Canini Cezar 5 Alexandre Florindo Alves 6 Julyerme Matheus Tonin 7 Osvaldo Hidalgo da Silva (coordenador) 8 Com o objetivo de identificar as necessidades e pretensões dos produtores de leite, através da organização das formas do trabalho e de buscar melhora nas condições de trabalho em propriedades de produção de leite de base familiar, foram realizadas visitas de assistência técnica rural e aplicação de questionários para produtores de leite familiares em quatro municípios da região norte do Paraná: Nossa Senhora das Graças (30 produtores), Santo Inácio (30 produtores), Itaguajé (29 produtores) e Colorado (10 produtores), totalizando 99 produtores. A aplicação dos questionários possibilitou estabelecer as dificuldades relatadas pelos produtores na execução de atividades dentro e fora da atividade leiteira, permitindo também compartilhar com os mesmos via técnicas extensionistas, novos conhecimentos que poderão contribuir para a melhoria no desenvolvimento de suas atividades leiteiras. Foi identificado o quesito em que o produtor tem maior dificuldade, a falta de férias e lazer. O trabalho tem como objetivo propor como alternativa de organização do trabalho para atender esta dificuldade observada na atividade leiteira por meio de 1 Graduando de Ciências Econômicas, Bolsista SETI/PR, Universidade Estadual de Maringá. 2 Graduando de Zootecnia, Bolsista SETI/PR, Universidade Estadual de Maringá. 3 Graduanda de Agronomia, Bolsista SETI/PR, Universidade Estadual de Maringá. 4 Zootecnista, Bolsista SETI/PR, Universidade Estadual de Maringá. 5 Engenheiro Agrônomo, Bolsista SETI/PR, Universidade Estadual de Maringá. 6 Professor Doutor, Departamento de Economia Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Estadual de Maringá. 7 Professor Mestre, Departamento de Economia Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Estadual de Maringá. 8 Professor Doutor, Departamento de Agronomia - Centro Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Maringá.

uma instituição especializada na contratação de mão de obra. A ideia da instituição foi bem aceita por grande parte dos produtores, com aceitação de 81 dos 99 produtores entrevistados. Palavra-chave: Atividade leiteira. Produtores rurais. Falta de tempo livre. Área Temática: Tecnologia e Produção. Coordenador do projeto: Osvaldo Hidalgo da Silva, ohsilva@gmail.com, Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Maringá. Introdução A importância da atividade leiteira pode ser destacada pelo elevado valor nutritivo do leite, alimento essencial a algumas faixas da população, pela geração de renda da centenas de produtores e ainda pela alta participação do leite e derivados na cesta básica e, por consequência, nos índices que calculam a inflação (GOMES, S. T., 1999). Estima-se que cerca de 1 milhão de produtores correm o risco de serem imediatamente excluído da atividade, o que representa cerca de 3,2 milhões de pessoas que dependem destas propriedades para sobreviverem (BORGES, M. S.; ARRUDA, R., 2010). Estes dados demonstram a necessidade urgente de ações para retardar esses processos. Muitas mudanças vêm ocorrendo na cadeia produtiva leiteira brasileira, desde o início da década de 1990, causadas tanto pela política desregulamentação do mercado, liberação de preços e abertura comercial quanto pelas alterações no mercado entre elas, a redução global do número de trabalhadores (BÁNKUTI et al., 2007). Diante das dificuldades na sucessão dentro da agricultura familiar, com a saída de membros da família, que buscam outras opções de trabalho, tem-se procurado alternativas para contornar essa situação, ou mesmo, em buscar aumento do tempo livre para os produtores (GUILLAUMIN et al., 2004). Uma das maneiras de se amenizar essa situação é através do aumento da produtividade do trabalho nos sistemas de produção de leite (HOSTIOU; DEDIEU, 2012). O projeto teve por objetivo ressaltar as dificuldades encontradas pelo produtor na atividade leiteira, em especial a falta de tempo livre, elencando os motivos que dificultam resolver esta dificuldade e propor uma possível alternativa através de uma forma de organização do trabalho que atenda às necessidades dos produtores, preferencialmente de forma coletiva, atendendo simultaneamente a legislação vigente. Materiais e Métodos Este trabalho faz parte do projeto de extensão financiado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - SETI/PR e conta com a ajuda de parceiros como o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER). Para se conhecer a realidade dos produtores de leite foi elaborado um questionário específico, previamente discutido em reunião da equipe, realizando inicialmente um pré-teste para treinamento dos membros e posterior aplicação dos questionários definitivos através de visitas pontuais aos produtores.

O questionário incluiu questões relacionadas à caracterização do produtor rural, da propriedade rural, da atividade produtiva e da organização do trabalho rural. Foram realizadas entrevistas aos produtores de leite de base familiar em quatro municípios da região norte do Paraná: Nossa Senhora das Graças (30 produtores), Santo Inácio (30 produtores), Itaguajé (29 produtores) e Colorado (10 produtores). No total, foram abordados 99 produtores. Realizou-se a análise de consistência individualizada dos questionários para detecção de erros ou problemas no preenchimento. Para as análises, recorreu-se a instrumentos de estatística descritiva e de análise de conteúdo. Após análise os dados estão sendo apresentados aos produtores, na forma de compartilhamento de conhecimento para soluções de problemas inerentes aos temas enfocados. Discussão de Resultados Com a aplicação dos questionários foi possível observar quais as maiores dificuldades dos produtores na execução da atividade leiteira, no que diz respeito a fatores dentro da propriedade e fora desta. Em relação aos fatores fora da propriedade, a maior dificuldade do produtor é com os custos dos insumos, 63,64% apresentaram grande dificuldade com esta variável, conforme ilustrado no Gráfico 1. Gráfico 1 N í v e l d e d i f i c u l d a d e r e l a t a d o p e l o s p r o d u t o r e s p a r a q u e s t õ e s f o r a d a p r o p r i e d a d e nos municípios de Santo Inácio, Nossa Senhora das Graças, Itaguajé e Colorado. Fonte: Pesquisa de campo, 2013/14 Além dos custos dos insumos, outro fator de grande dificuldade para os produtores, que também pode ser observado nesse mesmo gráfico é o preço do leite, em que 37,37% dos produtores afirmaram ter muita dificuldade neste quesito. Estes dois fatores são determinados fora do âmbito de decisão do produtor familiar, o qual tem o preço dos insumos determinados pelas poucas empresas atuantes no setor e o preço do leite determinado pelas poucas cooperativas e laticínios atuantes nestes segmentos. O produtor está em uma posição em que os insumos são fornecidos por poucos vendedores (oligopólio) e o preço do leite é determinado pelos poucos compradores (oligopsônio). Assim, enquanto os setores a montante (indústria de insumos) e a jusante (indústria transformadora) da produção de leite são

determinadores de preço, o produtor atua na cadeia produtiva como um tomador de preço. Acrescenta-se a isso, a falta de organização coletiva que poderia contribuir para maior controle por parte dos produtores, de sua produção. Por outro lado, dentro da propriedade a maior dificuldade do produtor é com a falta de tempo livre e lazer, conforme retratado no Gráfico 2, a seguir. Gráfico 2 N ível d e d i f i c u l d a d e r e l a t a d o p e l o s p r o d u t o r e s p a r a q u e s t õ e s d e n t r o d a p r o p r i e d a d e nos municípios de Santo Inácio, Nossa Senhora das Graças, Itaguajé e Colorado. Fonte: Pesquisa de campo 2013/14 De acordo com o Gráfico 2, 76,77% dos produtores afirmaram ter grande dificuldade para ter tempo livre, o que é uma restrição imposta pela atividade leiteira, sobretudo em propriedades familiares, em que o capital físico (máquinas e equipamentos) é reduzido, assim como, o número de trabalhadores assalariados para auxiliar o produtor na atividade. Há certa dificuldade por parte dos produtores com fatores como o controle de custos, em que 41,41% dos produtores responderam ter muita dificuldade neste ponto, assim como relataram ter dificuldade com a rotina de trabalho (33,33%). O manejo dos animais foi à atividade de menor dificuldade para os produtores, apenas 7,07% responderam ter muita dificuldade, enquanto 67,68% têm pouca dificuldade na atividade. No que tange a contratação de mão de obra, há certa restrição por parte dos produtores, como foi observado ao perguntá-los se eles contratariam outra pessoa para substituí-lo no dia a dia da atividade leiteira a fim de proporcionar ao produtor um fim de semana livre ou a possibilidade de tirar férias. Dos 99 produtores entrevistados, 40 ou 40,40% não realizariam a contratação para substituí-los. São destacados como principais motivos levantados pelos produtores para justificar esta posição a falta de confiança no trabalhador assalariado para exercer a atividade, a redução na produção obtida na atividade e falta de qualificação suficiente para o trabalho. Os produtores também ressaltaram que em razão da baixa produção diária, poucas tecnologias adotadas e pelo baixo lucro obtido com a atividade, não sobram muitos recursos para realizar contratação de mão de obra. Algumas das dificuldades acentuadas pelos produtores poderiam ser supridas caso fosse estabelecida uma instituição especializada na contratação de funcionários, que poderia de forma planejada, substituir o produtor nas suas necessidades, como por exemplo, afastamento por doença, visita a familiares, descanso, entre outros. Essa

instituição seria coletiva e deveria atender o grupo que pertenceria a ela. Quando perguntados quanto à contratação de trabalhadores fornecidos por esta instituição, a quantidade de produtores que declararam que não fariam uso da contratação de mão de obra reduz de 40 para 18 produtores. Uma instituição nestes moldes fornece ao produtor maior confiança para realizar a contratação de mão de obra, já que por ser especializado, o trabalhador assalariado não traria redução considerável na produção, de forma que o rebanho se acostumaria mais facilmente ao manejo. Conclusões As dificuldades na atividade leiteira são diversas. Tanto dentro da propriedade quanto fora desta o produtor enfrenta uma série de dificuldades para exercer a atividade. Dentre todas as atividades descritas, a que apresentou maior dificuldade foi à falta de férias e lazer. A impossibilidade dos produtores de tirar dias de folga é agravada pela falta de confiança para realizar contratação de mão de obra. Neste panorama, é cabível a instauração de uma instituição especializada em contratação de mão de obra para auxiliar os produtores e permitir que estes possam ter tempo livre de descanso. Dentro da parceria que esse projeto desenvolve com a Emater-PR e com base nos dados analisados, o tema será discutido com os produtores em reuniões para que possam conhecer e entender a sua própria problemática e buscar soluções para a mesma. Referências BANKUTI, S. M. S.; SOUZA FILHO, H. M. de.; BANKUTI, F. I. Estruturas de governança na cadeia produtiva do leite: uma comparação de casos no Brasil e na França. In: XLV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural SOBER. Anais... Londrina, PR, julho, 2007. BARTHEZ, A. Les relations de l'agriculteur avec son travail. Une longue histoire, de forts changements actuels. Travaux et Innovations, v. 25, n.1, p.15-18, 1996. BORGES, M. S.; ARRUDA, R. O processo de modernização e a exclusão dos produtores de leite no Brasil e na Argentina: o bônus e o ônus de uma década globalizada. In: XIII SEMEAD Seminários em Administração, setembro 2010. GOMES, S. T.; Diagnóstico e perspectiva da produção de leite no Brasil. Universidade Federal de Viçosa, 2010. Disponível em: http://www.ufv.br/der/docentes/stg/stg_artigos/art_121%20- %20DIAGN%C3%93STICO%20E%20PERSPECTIVA%20DA%20PRODU%C3%87% C3%83O%20DE%20LEITE%20DO%20BRASIL%20(11-3-99).pdf. Acesso em maio 2014. GUILLAUMIN, A.; KLING-EVEILLARD, F.; MOREAU, J.C. et al. Résulats d'enquêtes en Aquitaine. Quand les éleveurs laitiers parlent de leurs conditions de travail. Travaux et Innovations, v.115, n.1, p.30-35, 2005 HOSTIOU, N; DEDIEU, B. A method for assessing work productivity and flexibility in livestock farms. Animal, v.6, n.5, p.852-862, 2012