DOSES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NO MILHO SAFRINHA, FONTES E MODOS DE APLICAÇÃO DE FÓSFORO EM SISTEMA DE SUCESSÃO COM SOJA NO ESTADO DO MATO GROSSO

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Transcrição:

74 DOSES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NO MILHO SAFRINHA, FONTES E MODOS DE APLICAÇÃO DE FÓSFORO EM SISTEMA DE SUCESSÃO COM SOJA NO ESTADO DO MATO GROSSO Aildson Pereira Duarte (1) e Claudinei Kappes (2) 1. Introdução O emprego de fórmulas concentradas em nitrogênio no sulco de semeadura contribuiu para o aumento da produtividade do milho safrinha nas regiões tradicionais de cultivo, a partir dos resultados de pesquisas na década de 1990 (Cantarella & Duarte, 1995). Devido às perdas do N por lixiviação, doses maiores que 40 a 50 kg ha -1 devem ser parceladas em cobertura, para atender a forte demanda das plantas durante toda a fase vegetativa. A recomendação da dose total de N requer pesquisas regionais considerando as peculiaridades da cultura e do ambiente de produção, por exemplo, os excedentes hídricos. O milho safrinha expandiu para os chapadões do Brasil Central e estados limítrofes, com uso generalizado da aplicação de todo o fósforo do sistema, de forma antecipada e a lanço, apenas na soja, em vez de fazê-la no sulco de semeadura nas duas culturas. Para viabilizar a distribuição de todo o fertilizante a lanço, tem sido feita apenas a adubação de cobertura com nitrogênio e potássio no milho safrinha e, na maioria das vezes, tardiamente. O fósforo é aplicado na semeadura apenas nas propriedades que fazem adubação no sulco. Mas, quase todas as pesquisas foram realizadas sem avaliar o efeito residual da adubação do milho safrinha na nutrição na produtividade da soja e vice-versa (Duarte & Cantarella, 2007), e pouco se conhece sobre o efeito da aplicação do enxofre no milho safrinha. Este nutriente não se acumula nas camadas superficiais de solos que recebem calcário e adubo fosfatado, por causa da predominância de cargas negativas devido aos maiores valores de ph e do deslocamento pelo P do sulfato dos sítios de adsorção (Cantarella & Duarte, 1995). Considerando a importância da aplicação de N na semeadura do milho safrinha (Duarte & Kappes, 2015) e do processo de adsorção no solo de parte do fósforo aplicado nas adubações, que reduz sua disponibilidade para a próxima cultura, estudou-se o efeito (1) Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador Científico, Programa Milho e Sorgo IAC/APTA, Instituto Agronômico, Campinas - SP. E-mail: aildson@apta.sp.gov.br (2) Engenheiro Agrônomo, Dr., Pesquisador, Fundação MT, Rondonópolis - MT. E-mail: claudineikappes@fundacaomt.com.br

75 da associação de fósforo e enxofre junto com o nitrogênio na adubação de semeadura do milho safrinha, em diferentes doses de nitrogênio em cobertura, no estado do Mato Grosso. 2. Material e Métodos Os experimentos foram conduzidos em Itiquira, Sapezal e Deciolândia, no estado do Mato Grosso, em Latossolo Vermelho Distrófico. O experimento começou com o milho safrinha, em 2013, em Sapezal e Itiquira e, em 2014, em Deciolândia. A soja foi cultivada em sucessão, finalizando as colheitas na safra 2016/2017, após 3 ou 4 anos contínuos. Em todos os locais, o solo apresentava textura argilosa (teor de argila igual ou superiores a 69%) e já eram cultivados com milho safrinha e soja sob sistema plantio direto. Na camada de 0 a 20 cm, os teores de fósforo estavam altos em Sapezal e médios em Itiquira e Deciolândia, pelo método da resina. O enxofre estava acima do nível crítico, exceto em Deciolândia, onde o teor era de 5,0 mg dm -3 pelo método do fosfato de cálcio. O delineamento estatístico foi o de blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas com quatro repetições. Nas parcelas foram dispostos cinco tratamentos relativos as fontes (Tabela 1) e dois sobre modos de aplicação dos fertilizantes no momento da semeadura (sulco e a lanço). Utilizou-se um tratamento extra com superfosfato triplo, especificamente no sulco, apenas como referência em relação ao controle (sem N, P e S). Nas subparcelas procedeu-se a aplicação de quatro doses de nitrogênio em cobertura, 0, 30, 60 e 90 kg ha -1 de N, na forma de nitrato de amônio, a lanço em área total no estádio de cinco folhas (V5), exceto em 2015, que foi em V6. Tabela 1. Fontes de N, P e S aplicadas na semeadura do milho safrinha e da soja no período 2013 à 2016 e 2013/2014 à 2016/2017, respectivamente. Tratamento - especificação Millho safrinha Soja Fonte N P 2O 5 K 2O S /1 Fonte P 2O 5 K 2O lanço lanço ----------------------------- kg ha -1 ---------------------------- Controle Sem - - 34 - - - 80 NPS apenas milho 13-33-00 +15S 39 99 34 45 - - 80 NPKS milho e P Soja 16-18-14 + 8S 39 44 34 /2 19 ST /3 55 80 NP apenas milho Fosfato diamônico 39 99 34 - - - 80 N milho e P soja Nitrato de amônio 39 zero 34 - ST 99 80 /1 Partes iguais na forma de enxofre elementar e sulfato; /2 Único caso de aplicação de K no sulco de semeadura, em tratamento específico; /3 ST = superfosfato triplo.

76 As parcelas foram constituídas por 14 a 20 linhas espaçadas de 0,45 m de 40 m de comprimento, subdividindo-as por 10 m e deixando 0,5 m de corredor entre as subparcelas. A parcela útil foi constituída de quatro linhas de milho com 4,0 m de comprimento. Os fertilizantes foram aplicados no sulco com máquina-semeadora adaptada para experimentação agrícola. A aplicação a lanço dos fertilizantes relativos a semeadura foi realizada em área total pelo método manual e no mesmo dia da semeadura do milho. O potássio foi aplicado a lanço no momento da semeadura em todos os tratamentos, seja no sulco ou a laço, exceto no NPKS no sulco, por ser uma fórmula pronta. O milho transgênico Dow 2B587 PW foi semeado no terceiro decêndio de fevereiro até o primeiro decêndio de março, com a população inicial de 57.000 plantas ha -1. As sementes foram tratadas com o inseticida tiametoxam e aplicaram-se inseticidas e fungicidas no manejo fitossanitário. A cultura foi mantida no limpo com o herbicida glifosato. Procedeu-se a colheita das espigas manualmente e o transporte para laboratórios de pós-colheita, onde foram trilhadas para pesagem e determinação da umidade dos grãos. A produtividade foi calculada, em kg ha -1, corrigindo-se a umidade dos grãos para 13%. Calculou-se a dose de maior retorno econômico a partir das equações de regressão da produtividade em função das doses e o custo de 1 kg de N igual a 10 kg de grãos de milho. Os resultados foram analisados pelo programa Statistical Analysis System (SAS, 1989), procedendo-se a análise de variância ao nível de 10% de significância. Os tratamentos sobre fontes e modos de aplicação dos fertilizantes foram analisados pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade e as doses de N em cobertura por regressão polinomial. 3. Resultados e Discussão A maior produtividade média geral dos experimentos foi obtida em Sapezal (8.920 kg ha -1 ), seguida de Deciolândia (7.630 kg ha -1 ) e Itiquira (7.112 kg ha -1 ) (Tabela 2). Verificou-se efeito das fontes dos fertilizantes na semeadura em todos os locais. O controle foi pior que os demais tratamentos; a simples adição de N na semeadura elevou a produtividade média em 11%, 11% e 18% em Sapezal, Itiquira e Deciolândia respectivamente. Nestes mesmos locais, efeito do N na presença de P (NP no sulco versus P no sulco - dados não mostrados) foi de 9%, 7% e 9%, confirmando a importância do N. Em Sapezal e Itiquira, os tratamentos NPS, NP e NPKS não diferiram entre si e, em Deciolândia, o NPS foi o melhor. A adição de 22,5 kg ha -1 - de S-SO 4 resultou em maior média de produtividade em Deciolândia, devido a deficiência deste nutriente na camada 0-20 cm. Em Itiquira, com teor médio de P no solo, o tratamento NP superou o N, mesmo com

77 o fósforo do sistema tendo sido aplicado na soja. Em Deciolândia, também com P médio, isso não aconteceu, provavelmente, por ser S o nutriente mais crítico no solo. Tabela 2. Valores médios e resultados da análise de variância da produtividade de grãos em função dos fatores fontes e modos de aplicação dos fertilizantes fosfatados na semeadura e doses de nitrogênio em cobertura, em três locais no Mato Groso (média de quatro anos em Sapezal e Itiquira e três anos em Deciolândia). Tratamentos Sapezal Itiquira Deciolandia Fontes na semeadura ------------- Produtividade de grãos (kg ha -1 ) ------------- NPS 9.264 a 7.456 a 8.088 a NP 9.174 ab 7.341 a 7.830 b NPKS 9.083 ab 7.267 ab 7.880 b N 8.981 b 7.097 b 7.779 b Controle 8.100 c 6.400 c 6.579 c Modos de aplicação Lanço 8.991 a 7.255 a 7.709 a Sulco 8.850 b 6.969 b 7.554 b Doses N em cobertura 0 kg ha -1 7.973 6.480 6.739 30 kg ha -1 8.878 7.017 7.445 60 kg ha -1 9.305 7.410 8.046 90 kg ha -1 9.524 7.541 8.294 ----------------------------- p<f ----------------------------- Fonte ** ** ** Modo ** ** ** Dose ** ** ** Linear ** ** ** Quadratico ** ** ** Fonte x Modo + ** ** Fonte x Dose ** ** ns Modo x Dose ns ns ns Fonte x Modo x Dose ns ns ns P sulco vs NP sulco ** ** ** Bloco + ns + CV (%) 3,3 3,9 3,8 Teste F: **, + e ns significativo a 1% e 10% de probabilidade e não significativo, respectivamente. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. CV: coeficiente de variação. A produtividade foi maior na aplicação a lanço comparada ao sulco nos três locais, na ordem de 2% (Sapezal e Deciolândia) e 4% (Itiquira). Mas, não ocorreu diferença entre os modos para o tratamento N, em Itiquira e Deciolândia, e o tratamento NPKS, em Sapezal (dados não mostrados). Logo, o efeito ocorreu principalmente com as fontes de P e PS em doses elevadas. Destaca-se o espaçamento reduzido, encurtando o tempo para que as

78 raízes explorassem a entrelinha do milho, onde parte do adubo foi distribuída, e as chuvas frequentes nos estádios iniciais e a maior fertilidade nos primeiros centímetros de solo, que devem ter contribuído para que as raízes explorassem primeiro a parte superficial do solo. A adubação nitrogenada de cobertura aumentou a produtividade de grãos nos três ambientes, com interação entre fontes na semeadura e doses de N em Sapezal e Itiquira (Tabelas 2 e 3). Tabela 3. Resposta do milho safrinha ao nitrogênio em cobertura, doses e produtividades correspondentes ao máximo retorno econômico, em função das fontes aplicadas na semeadura no sistema de sucessão com a soja, em três locais do Mato Grosso. Fonte na Nível econômico Reposta ao N em cobertura semeadura Nitrogênio Produtividade (equações) do milho Cobertura Total Média Ganho /1 ------------ kg ha -1 ------------ kg kg -1 N ---------------------------------------------- Sapezal ---------------------------------------------- NPS y = -0,1305x 2 + 26,586x + 8.479 64 103 9.641 20 NPKS y = -0,0757x 2 + 20,903x + 8.381 72 111 9.493 13 NP y = -0,151x 2 + 29,993x + 8.300 66 105 9.624 19 N y = -0,2161x 2 + 33,441x + 8.157 54 93 9.335 16 Controle y = -0,3794x 2 + 59,482x + 6.619 65 65 8.884 - ----------------------------------------------- Itiquira ---------------------------------------------- NPS y = -0,1399x 2 + 23,192x + 6.853 47 86 7.635 53 NPKS y = -0,1545x 2 + 22,037x + 6.762 39 78 7.386 90 NP y = -0,1098x 2 + 21,019x + 6.741 50 89 7.519 35 N y = 11,882x + 6.563 /2 0 39 6.563 - Controle y = -0,1399x 2 + 30,449x + 5.470 73 73 6.948 - ------------------------------------------- Deciolândia ------------------------------------------- NPS y = -0,1583x 2 + 30,334x + 7.222 64 103 8.517 46 NPKS y = -0,1563x 2 + 32,273x + 6.920 71 110 8.426 34 NP y = -0,0373x 2 + 19,013x + 7.092 90 129 8.501 23 N y = -0,0982x 2 + 24,961x + 6.965 76 115 8.297 26 Controle y = -0,1844x 2 + 38,287x + 5.437 77 77 7.289 - /1 Razão entre as diferenças da produtividade e da dose de N econômico entre a fonte e o controle; /2 Ganho de 11,9 kg de grãos de milho é muito próximo ao custo de 1 kg de N. A produtividade foi muito baixa na ausência de adubações na semeadura e em cobertura. No controle, o N em cobertura teve efeito mais pronunciado nas doses menores e aumentou pouco a produtividade nas doses mais elevadas, resultando em baixos valores de N total no máximo retorno econômico. A associação de P e PS ao nitrogênio, comparado à aplicação exclusiva do N, proporcionou os maiores valores de produtividade e/ou de ganhos de eficiência da adubação nitrogenada de cobertura, em termos de kg de milho por K de N.

79 Nos ambientes estudados, considerando produtividades iguais ou superiores a 7,4 t ha -1, foram necessários 10 a 13 kg de N para produzir uma tonelada de grãos, que é o dobro de produtividades até 6,0 t ha -1, cuja recomendação é de apenas 30 a 40 kg ha -1 de N (Duarte et al., 1996). Ressalte-se que, no caso do uso da ureia em cobertura, é necessário acrescentar as possíveis perdas por volatilização, pois se utilizou o nitrato de amônio. O NPS foi superior ao NPKS, com aplicação de 44 kg ha -1 de P 2O 5 e 9,5 kg ha -1 de S- - SO 4 (Tabela 3), principalmente em Deciolândia, ambiente mais responsivo ao S. 4. Conclusões A associação do fósforo e enxofre junto ao nitrogênio, em comparação ao uso exclusivo do N na semeadura, proporciona os maiores valores de produtividade e de ganhos de eficiência econômica da adubação nitrogenada de cobertura, seguida da sua associação apenas com fósforo. A ausência de N e P na semeadura do milho safrinha limita o seu potencial produtivo e o retorno econômico da adubação de cobertura, não devendo, nesta condição, ultrapassar 77 kg ha -1 de N, mesmo nos ambientes mais responsivos. Em solos argilosos, planos, de média a alta fertilidade, os fertilizantes podem ser aplicados no milho safrinha tanto a lanço como no sulco de semeadura. Agradecimentos À Fundação MT e à PA Consultoria Agronômica, Pesquisa & Agricultura de Precisão pela condução dos experimentos e à Mosaic Fertilizantes pelo apoio financeiro. Referências CANTARELLA, H.; DUARTE, A.P. Adubação do milho safrinha. In: SEMINÁRIO SOBRE A CULTURA DO MILHO SAFRINHA, 3., Assis. Anais... Campinas: IAC, 1995. p.21-27. DUARTE, A.P.; CANTARELLA, H.; RAIJ. B. van. Milho safrinha. In: RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: IAC/Fundação IAC, 1996. p.60-61. DUARTE, A.P.; CANTARELLA, H. Adubação em sistemas de produção de soja e milho safrinha. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE MILHO SAFRINHA, 9., Dourados, 2007. Anais... Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2007. p.44-61. DUARTE, A.P.; KAPPES, C. Evolução dos sistemas de cultivo de milho no Brasil. Informações Agronômicas, Piracicaba, v.152, p.15-18, 2015.