MAIS VIDA AOS ANOS MAIS ANOS À VIDA: O UNIPAM SÊNIOR E O RESGATE DA CIDADANIA DE IDOSOS



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Transcrição:

MAIS VIDA AOS ANOS MAIS ANOS À VIDA: O UNIPAM SÊNIOR E O RESGATE DA CIDADANIA DE IDOSOS Maria da Penha Vieira Marçal UNIPAM Patos de Minas penhavm@terra.com.br 1 Leonardo Moreira Ulhôa UFU Uberlândia MG e UEG Morrinhos GO lulhoa@yahoo.com.br 2 Resumo: O objetivo desta pesquisa é de analisar a importância do Projeto UNIPAM SÊNIOR na vida dos idosos, principalmente, para o resgate da cidadania. Para efetivar a nossa pesquisa optamos por realizar uma pesquisa exploratória descritiva, com abordagem qualitativa. A amostragem é censitária e se encontra em realização junto aos 179 alunos matriculados no Projeto UNIPAM SÊNIOR, no primeiro semestre de 2008. A técnica utilizada é o questionário contendo perguntas objetivas e descritivas. A análise de resultados será organizada em categorias, por meio de uma exaustiva leitura dos dados qualitativos. Tendo em vista que a pesquisa ainda se encontra em andamento, podemos afirmar, a priori, que os participantes consideram se privilegiados por estarem inseridos em uma universidade e, não têm apresentado nenhum problema de relações interpessoais. Assim, nos apoiamos em Neri (2004) para defendermos a real necessidade de criação de políticas públicas de inclusão, principalmente na área da educação, como uma alavanca para o fortalecimento da auto estima e da integração dos idosos na sociedade, visando a transpor as limitações e os preconceitos que aprioristicamente são impostos a essa faixa etária. Palavras chave: Idosos. Cidadania. Universidade. Considerações Iniciais A longevidade humana ocorreu, inicialmente, com maior predominância em países desenvolvidos, de forma gradual, como conseqüência dos avanços da Medicina e da Farmacologia, ampliação das possibilidades de acesso aos serviços de saúde, a generalização dos serviços de saneamento básico, modificação nos hábitos alimentares e de higiene, como também o estímulo à prática de exercícios físicos, dentre outros fatores. Segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) enquanto a população com menos de 20 anos cresceu 12% no período de 1980 a 1999, neste mesmo período, a população idosa cresceu 70%, o que significa um crescimento de aproximadamente 6 milhões de pessoas idosas. Assim, podemos estimar que no ano de 2025 ocorra um crescimento na ordem de 15% do segmento idoso sobre a população total. Para Berquó (1996) 1 em cada 13 pessoas no Brasil pertencerá à população idosa 1 Profª. Ms UNIPAM / FAFIPA/FACISA Patos de Minas MG 2 Técnico em Assuntos Educacionais UFU Uberlândia MG e Prof. Ms UEG Morrinhos GO

2 nas primeiras décadas do nosso século. Isso nos mostra que a população idosa no Brasil cresce não só em números, como também em anos de vida. Considerando esse fenômeno da longevidade, é necessário que a sociedade e as políticas públicas proporcionem a esse segmento da população melhor qualidade de vida. No entanto, sabemos que não basta para isso apenas Leis que demonstrem essa preocupação, como o Estatuto do Idoso, Lei Nº 10.741 de 2003, mas além da implementação dessas leis, é imprescindível que a sociedade compreenda o envelhecimento como um processo natural, apesar de ainda ser evidenciados preconceitos e/ou estereótipos negativos em relação a essa faixa etária da população. O exercício da cidadania não pode ser simplesmente outorgado por lei, mas, que, cumpre ao indivíduo conquistá lo e exercitá lo constantemente nos diferentes momentos e situações vivenciadas no cotidiano, desenvolvendo o sentido de sua responsabilidade pessoal e social. Deste modo, a educação para e pela cidadania deve fazer se presente em todas as instâncias da vida social, envolvendo a família, a comunidade, as associações, os sindicatos, os partidos políticos, dentre outras instituições. A cidadania precisa ser compreendida como participação política e como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, a serem adotadas no dia a dia por meio de atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito. A conquista do exercício da cidadania, principalmente dos idosos, passa necessariamente pelo processo educacional. Sabemos que um dos melhores instrumentos de inserção social e valorização pessoal de que dispomos é a educação. Neri (2004) afirma que a educação emerge como uma alavanca para o fortalecimento da auto estima e da integração dos idosos na sociedade, procurando transpor as limitações e os preconceitos que aprioristicamente são impostos a essa faixa etária No entanto, o grau de escolaridade dos idosos ainda é extremamente baixo, além de as oportunidades de ensino ser, também, escassas. Os idosos de hoje são parte de uma geração que fez a transição do Brasil rural para o Brasil urbano e moderno. Construíram as bases daquilo que o país tem hoje de mais avançado. Recebiam a educação para o emprego dentro do próprio trabalho, onde começavam como aprendizes e iam avançando, tendo a prática como melhor escola. Assim, essa geração chegou à terceira idade sem ter experimentado uma das grandes molas mestras do conhecimento humano, que é a universidade.

3 Nesse contexto as Instituições de Ensino Superior (IES), voltadas para a sua função de extensão e a responsabilidade social que possuem com a sociedade na qual estão inseridas devem oferecer programas educativos para essa faixa etária. Desta forma, foi introduzida uma nova vertente de ensino superior, desta vez não mais voltada para o mercado de trabalho, e sim para o acúmulo de novos conhecimentos As Universidades da Terceira Idade. Esta vertente de ensino surgiu há 30 anos, na França, e desde então seu modelo se espalhou pelo mundo, chegando ao Brasil na década de 1990. O objetivo destas universidades deve ser não apenas valorizar o idoso por sua experiência de vida, mas integrar socialmente e enriquecer intelectualmente o idoso por meio da promoção de atividades culturais, recreação e lazer, acrescentando motivação, abertura a novas idéias e um espaço de convivência estimulante. Temos conhecimento de que ainda são insipientes estas iniciativas, considerando o grande contingente de idosos brasileiros, porém, cada vez mais esse compromisso e responsabilidade social das Instituições de Ensino Superior têm contribuído para o resgate da cidadania dos idosos brasileiros, na medida em que são superados os estereótipos negativos atribuídos à velhice. É fato que os idosos precisam e merecem outro olhar por parte da sociedade. No entanto, a sociedade mais justa e mais humanista que almejamos para o século XXI precisa também dos idosos, da sua participação empenhada e do testemunho da sua sábia maturidade. As extraordinárias oportunidades de desenvolvimento abertas pelas novas tecnologias servirão pouco se não aprendermos a lição que nos pode ser dada pelo testemunho de uma vida. A inclusão social, principalmente do idoso, é um processo que contribui para a construção de uma nova sociedade, com o intuito de se criar possibilidades de transformação nas maneiras de pensar e agir dos cidadãos. 1 O projeto UNIPAM SÊNIOR como trabalho de extensão universitária A Fundação Educacional de Patos de Minas (FEPAM) mantenedora do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM), com cinco Faculdades que ministram vinte e cinco cursos, oferece, também, um trabalho social traduzido em cinco projetos, que visam à formação para o exercício da cidadania e melhoria da qualidade de vida da população de Patos de Minas. Dentre estes projetos se destaca o UNIPAM SÊNIOR Universidade aberta para a Terceira Idade do Centro Universitário de Patos de Minas, com a preocupação de oferecer um olhar especial sobre o idoso.

4 O UNIPAM SÊNIOR visa a trabalhar, ao mesmo tempo, o envelhecimento e a promoção da saúde, por meio de uma educação continuada, para a cidadania e de uma adequada formação de seus alunos para o atendimento profissional ao crescente público idoso (UNIPAM, 2007). Segundo Silva (2008), a participação dos idosos nos programas de extensão universitária está de alguma forma relacionada à luta pela garantia do direito de participar e interferir nas decisões que lhes dizem respeito sem a tutela dos filhos, numa disposição para enfrentar o conflito intergeracional e estabelecer novas possibilidades de diálogo. Considerando esta perspectiva o Projeto UNIPAM SÊNIOR tem se mostrado como uma oportunidade de convivência em que a troca de saberes e experiências têm estimulado e enriquecido o encontro e o diálogo entre professores e alunos. Veras e Caldas (2004) afirmam que a inserção do idoso em universidades vem se difundindo e representa uma nova forma de promover a saúde da população que envelhece, através da ação interdisciplinar comprometida com a inserção do idoso como cidadão ativo na sociedade. Assim, o Projeto UNIPAM SÊNIOR vem se consolidando como referência no trabalho de inclusão social de idosos na comunidade local e regional, através do envolvimento desta mesma comunidade, e das parcerias com ramos de empresa de planos de saúde, floricultura, vestuário, restaurante, supermercados, bufê, laticínios, farmácias e laboratórios, academias de dança, bancos, cursos de línguas, dentre outras. O público alvo do Projeto UNIPAM SÊNIOR são adultos alfabetizados, a partir dos 50 anos de idade. A Instituição não faz exigência de escolaridade mínima. É necessária a assinatura de um contrato entre a instituição e os alunos, o qual versará, entre outros assuntos, sobre as condições de oferecimento dos cursos, em relação às condições de saúde. Em hipótese alguma os alunos terão prioridade sobre outras pessoas em tratamentos a serem oferecidos pelas diversas clínicas de estágios curriculares (UNIPAM, 2007). O curso é ministrado em dois semestres, com aulas duas vezes por semana, sendo três aulas diárias de uma hora relógio cada. Cada aula constará de disciplinas relacionadas à promoção da saúde, com cursos, palestras, seminários e outras estratégias, em que serão tratados temas relacionados à saúde dos idosos. A outra aula de cada dia é oferecida em forma de atividades físicas diversas. Por fim, a terceira aula

5 versa sobre atualização e aquisição de novos conhecimentos, com temas diversos. Esses temas são renovados a cada semestre e sempre são oferecidos para a escolha dos alunos em número de dois ou três, de modo que se formem turmas por interesses. Cada tema será desenvolvido em módulos, de quantas aulas forem necessárias ao cumprimento do conteúdo. Assim, se todos os temas de um semestre forem oferecidos em módulos de 8 aulas, por exemplo, nas vinte semanas poderá ocorrer 5 módulos, ou seja, cada turma passará por cinco temas diferentes (UNIPAM, 2007). Além disso, a universidade oferecerá, também, atividades extraclasses, tais como: eventos comemorativos de datas ou acontecimentos significativos para os alunos, excursões, visitas técnicas, eventos em parceria com outras instituições, ações de assistência social, pelos idosos participantes. Não faz parte do curso atividades relacionadas ao tratamento e/ou controle de doenças, uma vez que os objetivos da universidade aberta visam à melhoria da qualidade de vida, o que exige informações sobre prevenção. Faz se mister que exames clínicos, semestrais, são realizados com os alunos no sentido de se verificar a resistência e a capacidade dos mesmos para a execução dos exercícios físicos. 2 O UNIPAM SÊNIOR e sua função social As universidades ampliam sua função social na medida em que busca integrar aqueles que se encontram à margem do processo de desenvolvimento (OLIVEIRA, 1999, p.240). Os diferentes programas oferecidos pela universidade aberta do Centro Universitário de Patos de Minas se caracterizam como formas alternativas de atendimento ao idoso, visando além da valorização das pessoas dessa faixa etária, uma sensibilização da sociedade de modo geral para a conscientização ao respeito pelo processo de envelhecimento da população do nosso país que é uma realidade (BOTH, 2003). A inserção do idoso na comunidade universitária e a integração entre diferentes gerações ocorrem, necessariamente, fomentando debates sobre as questões que envolvam essa faixa etária, favorecendo análise sobre os preconceitos e discriminações ora sustentados socialmente e que se apresentam sem fundamentação científica. O próprio idoso, ao se conscientizar de seu espaço na sociedade, terá de si mesmo uma visão mais otimista, considerando se produtivo, útil, capaz de muito ainda colaborar para a sociedade na qual está inserido. Pinsk (2003, p.9) afirma que

6 os direitos civis e políticos não asseguraram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do individuo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranqüila. Exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais. Na busca pelo exercício da cidadania três aspectos devem ser levados em consideração: a informação, a motivação e a educação para a participação. No âmbito da informação destaca se a importância de que esses alunos universitários apresentam se abertos à busca de novos conhecimentos e de novos projetos de vida, proporcionando lhes fazer a articulação entre o passado, o presente e o futuro. No âmbito da motivação destaca se a necessidade de se trabalhar e incentivar a auto estima, bem como novas possibilidades de ocupação do tempo livre. A motivação leva à participação e propicia o diálogo e a comunicação com os outros e com as outras experiências. Durante as disciplinas ou cursos oferecidos pelo UNIPAM SÊNIOR tem sido constantemente valorizado a importância das relações de convivência nos grupos que se formam durante as atividades dentro e fora da sala de aula bem como a abertura para a busca de novos espaços. No âmbito da educação para a participação a universidade aberta do UNIPAM privilegia o desenvolvimento de ações participativas propiciando aos idosos a compreensão e o reconhecimento de sua capacidade de assumir posições políticas diante de situações do seu cotidiano. As atividades desenvolvidas, durante o percurso de cada disciplina ministrada em cada módulo do UNIPAM SÊNIOR, têm representado a possibilidade para esse segmento social desenvolver novas habilidades e potencialidades no sentido de acionar capacidade criativa, além de ampliar a conscientização dos seus direitos e da importância de sua contribuição para com o desenvolvimento das novas gerações. Nesta nova inserção no meio social e educacional, os idosos vislumbram o direito de viver mais e viver com qualidade de vida. Luta esta que não se resume ao atendimento das necessidades de sua faixa etária, mas que busca a garantia do bem estar da sociedade como um todo. Neste caminho procuram qualificar a sua participação e interferência política nas ações cotidianas junto á família e junto a outros grupos de interesses o que inclui a participação política através do voto e por meio do engajamento em movimento e lutas pela garantia dos direitos de sua categoria.

7 Considerações Finais A troca de experiências e saberes no espaço das salas de aula do Projeto UNIPAM SÊNIOR tem significado para os idosos a possibilidade do encontro com o novo que se abre em novas oportunidades de conhecimento e de acesso à educação, a cultura, ao lazer, a saúde e às formas de convivência saudável com a sua própria faixa etária. Mais do que isso tem representado a possibilidade da concretização de atividades no campo da extensão, da pesquisa e da produção do conhecimento sobre as condições do envelhecimento saudável pautado na garantia dos direitos de cidadania. Podemos afirmar, contudo, que são os idosos mais pauperizados que vêm participando ativamente de movimentos pela conquista de direitos sociais. Daí porque, os velhos e velhas que tiveram durante as suas vidas os seus direitos de cidadania respeitados têm responsabilidade de contribuir para a agilização de processos capazes de tornar efetivos os projetos de justiça social No espaço da sala de aula, verificamos uma nova experiência no que se refere ao direcionamento do processo ensino aprendizagem, o qual se constrói na relação dialógica entre professor e alunos, que juntos selecionam eixos gerais de discussão a partir do significado que os temas representam para a sua trajetória de vida. Dessa forma alunos e professores procuram manter uma permanente articulação entre o passado relembrado, o presente que se vivencia e o futuro que se põe como perspectiva. Sabemos que a inserção do idoso na realidade social no Brasil padece historicamente de preconceitos e estigmas que tenderam a negligenciar e até mesmo desconsiderar a contribuição do velho e sua participação enquanto cidadão. A base cultural, econômica e social desses preconceitos e estigmas pode ser associado à figura do idoso a um ser improdutivo, relegado às dificuldades próprias de sua faixa etária, isolado do convívio social, ignorado e desrespeitado no que lhes é mais caro que é a sabedoria e experiências acumuladas. Esse trato social ou por que não dizer esse descaso para com a pessoa idosa em nosso país revela a ausência de uma cultura de civilidade que valorize o cidadão no seu percurso enquanto ser envelhecente. Como resultado de nossa pesquisa, que ainda se encontra em andamento, podemos antecipar que os idosos precisam ter os seus direitos assegurados quanto à garantia de qualidade de vida. Por isso, é imprescindível cada vez mais a criação de

8 universidades abertas pelas Instituições de Ensino Superior visando a sensibilização da população e do poder público para as questões da velhice, que é de interesse de todos. Segundo Oliveira (2008, [s.p]) chegar a velhice poderá, para alguns, ser uma experiência que jamais poderão ter, mas é um compromisso social dignificar e incentivar os que a ela chegam. Defendemos a idéia de que cada vez mais se faz necessário o início da transformação progressiva do lugar social da terceira idade, a fim de favorecer um espaço e valorização dos idosos pelo reconhecimento da velhice como etapa natural da vida, permitindo uma imagem do idoso enquanto sujeito histórico existente e como agente social que vive, contribui e participa da sociedade a que pertence. REFERÊNCIAS ANDERSON, M. I. P. et al. Saúde e qualidade de vida na terceira idade: textos sobre envelhecimento. Rio de Janeiro, v.1, n.1, 1998. Berquó, E. Considerações sobre o envelhecimento no Brasil. In: NERI, A. L. Velhice e sociedade. 2.ed. Campinas: Papirus, 2004. p. 11 40. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: jul. 2008. BOTH, Agostinho. Envelhecimento humano: múltiplos olhares. Passo Fundo: UFPF, 2003. Neri, A. L. Teorias Psicológicas do Envelhecimento. In: FREITAS, E. V. (org.). Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002, p. 32 45.. Psicologia do envelhecimento. Campinas: Papirus, 1995. OLIVEIRA, Rita de Cássia da Silva. Terceira idade: do repensar dos limites aos sonhos possíveis. São Paulo, Paulinas, 1999..; OLIVEIRA, F. S. O resgate da cidadania do idoso mediado pela educação. Disponível em: <www.alb.com.br/anais16/sem01pdf/sm01ss11_09.pdf>. Acesso em: jul.2008.. PINSK, J. Introdução. In:.; PINSK, C.B. (org.). História da cidadania. São Paulo: contexto, 2003. p.9 13.

9 SÁ, J. L. M. Universidade da terceira idade: fundamentos filosóficos, educacionais e epistemológicos. Campinas: PUC, 1996. SILVA, M. R. F. A prática docente no programa de extensão universitária para a terceira idade da UFPI. Disponível em: <http://www.ufpi.br/mesteduc/eventos/iiencontro/gt 2/GT 02 07.htm>. Acesso em: jul. 2008. UNIPAM. Programa de Extensão Universidade da Terceira Idade. UNIPAM SÊNIOR: Universidade Aberta para a Terceira Idade Projeto. Patos de Minas, 2007. VERAS, Renato Peixoto; CALDAS, Célia Pereira. Promovendo a saúde e a cidadania do idoso: o movimento das universidades da terceira idade. Ciência & Saúde Coletiva. Publicação da Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva. N. 9, v. 2, 2004. p. 423 432. Disponível em: <http://www.scielo.br> Acesso em: jul. 2008.. País jovem com cabelos brancos: saúde do idoso no Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro: UERJ, 1994.