UMA HISTÓRIA DA DISCIPLINA LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA (UFS, )

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Transcrição:

Sociedade na Contemporaneidade: desafios e possibilidades UMA HISTÓRIA DA DISCIPLINA LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA (UFS, 1990-2010) Alan Marcos Silva de Rezende Universidade Federal de Sergipe alan_ufs@hotmail.com Jefferson dos Santos Ferreira Universidade Federal de Sergipe jefferson.mat@hotmail.com Shirlei Souza Passos Universidade Federal de Sergipe profamatematica@hotmail.com Ivanete Batista dos Santos Universidade Federal de Sergipe ivanetebs@uol.com.br Resumo: O objetivo deste artigo foi buscar uma compreensão acerca da constituição histórica da disciplina Laboratório de Ensino de, de maneira a examinar as mudanças e continuidades ocorridas nela, com o intuito de tecer enredo sobre o que é tratado nessa disciplina e como ela passa a fazer parte do currículo do curso de formação dos professores de da Universidade Federal de Sergipe (UFS), campus São Cristovão. Para tanto, foram examinados carga horária, ementa e pré-requisitos da mesma. Foram utilizadas como fontes as Resoluções do Conselho Nacional de Pesquisa (CONEPE) da UFS. Como referenciais teóricos foram utilizados Chervel (1990), Mariani (2010) e Valente (2008), documentos como, por exemplo, o parecer do Conselho Nacional de. Ao final, foi possível observar algumas mudanças no que diz respeito às mudanças e continuidades de carga horária, ementa e pré-requisitos, e que elas estavam atreladas às finalidades e necessidades à época. Palavras-chave: Laboratório de Ensino de ; Formação de professores de ; Universidade Federal de Sergipe. Introdução A formação de professores de sofreu mudanças durante determinados períodos da história, como, por exemplo, o surgimento de novas disciplinas voltadas para a profissionalização dos professores dessa disciplina, tais mudanças aconteceram para se adequar as exigências e finalidades à época. Valente (2008) destaca que a prática do professor no Brasil, historicamente, esteve atrelada a diferentes necessidades da sociedade, no que diz respeito ao conhecimento matemático, que em determinado momento era voltada para táticas 1

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Sociedade de guerrilha para a defesa da colônia, o autor apresenta esse destaque que a preocupação com a proteção do território inicia-se em 1699 mas até segundo ele a Aula de Fortificações no ano 1710. Ele destaca ainda que a partir de 1738 é que passa a ser obrigatória a Aula de Artilharia Fortificações e nesse sentido em relação aos professores de : [...] nosso ancestral de profissão tem como uma de suas tarefas maiores, a partir da geometria, ensinar como é possível calcular o número de balas de canhão que um determinado lugar pode conter. Ou, ainda, à vista de uma pilha de balas de canhão, saber quantas balas a pilha tem. Esse longínquo professor de matemática pratica seu magistério ditando curso, isto é, fazendo com que seus alunos anotem parte de sua obra didática (VALENTE, 2008, p. 14). A prática do professor de no período, de acordo com o autor era voltada ao ensino de Geometria como forma de melhorar a prática militar da época, prática essa que conforme foi explicitado anteriormente era justificada pela necessidade de proteção da colônia. Em Seguida o autor destaca que a partir da independência do Brasil não fazia mais sentido enviar os filhos da elite brasileira para estudos em Portugal (VALENTE, 2008, p. 15), dessa forma, começam a surgir no país os cursos jurídicos, e com eles, a necessidade de preparar os alunos para os cursos preparatórios até se chegar ao surgimento da disciplina a partir da Reforma Francisco Campos em 1930, e, por fim, na década de 1960, uma tentativa de modernizar a matemática, com o Movimento da Moderna (MMM) era preciso esquecer tudo o que sabia antes e aprender novamente o que irá ensinar (VALENTE, 2008, p. 20). A partir disso, percebe-se que o professor de tinha a sua formação voltada para atender as diversidades presentes em cada período, desse modo, destaca-se a importância de conhecer como determinados fatos ocorreram. Nesse sentido, neste artigo o objetivo foi buscar compreender fatos que acarretaram em mudanças e continuidades ocorridas na disciplina Laboratório de Ensino de e como essa disciplina passa a fazer parte do currículo dos cursos de formação dos professores de da Universidade Federal de Sergipe (UFS), para tanto, foram tratados de pontos como, por exemplo, ementa, carga horária e pré-requisitos. 2

Sociedade na Contemporaneidade: desafios e possibilidades O interesse por essa disciplina se deu a partir das discussões levantadas em sala de aula na disciplina Tópicos Especiais em Ensino de 1, do Programa de Pósgraduação em Ensino de Ciências e (NPGECIMA). Tais discussões versavam sobre história das disciplinas escolares, baseadas na idéias presentes no texto de Chervel (1990). O marco cronológico inicial de 1990 foi tomado por ser a Resolução n.º 58/1990 do Conselho de e Pesquisa (CONEPE/UFS) o primeiro documento, dentre os localizados, em que se pode constatar a presença da disciplina Laboratório de Ensino de. O marco final, de 2010, por sua vez, foi tomado por ser a Resolução n.º 96/ 2010 o último documento, até o ano de 2015, em que foi possível perceber referências ao curso de Licenciatura da UFS e que trata da disciplina em questão. Para atingir o objetivo proposto, foram examinadas as resoluções do CONEPE/UFS 2. As mudanças e continuidades verificadas dizem respeito, principalmente, à carga horária; pré-requisitos e ementas. Os resultados desses exames podem ser vistos nos tópicos que seguem. LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA Laboratório de Ensino de (LEM) é uma disciplina que, atualmente, está presente no quarto semestre da matriz curricular do curso de Licenciatura da UFS. Segundo Mariani (2010), tal disciplina proporciona ao graduando, dentre outras coisas, a possibilidade de incitar a criatividade, construir recursos didáticos, conhecer metodologias de ensino e conhecer o que é o LEM como espaço físico 3. Assim, é necessário compreender os objetivos gerais desse curso, o qual apresenta os seguintes objetivos gerais: a) formar professores de para a segunda fase do ensino fundamental e para o ensino médio; b) possibilitar reflexões sobre o papel do professor no processo de ensino e aprendizagem, sobre metodologias de ensino de e sobre pedagogia em geral e, c) preparar o futuro professor para desenvolver iniciativas para atualização e aprofundamento constante de seus conhecimentos para 1 Ministrada pela Profª Drª Ivanete Batista dos Santos. 2 https://www.sigrh.ufs.br/sigrh/public/colegiados/resolucoes.jsf 3 Vale destacar que o entendimento aqui adotado é uma sala-ambiente para estruturar, organizar, planejar e fazer acontecer o pensar matemático, é um espaço para facilitar, tanto ao aluno como ao professor (LORENZATO, 2006, p. 7). 3

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Sociedade que possa acompanhar as rápidas mudanças na área (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, 2009, p. 1) Para buscar atender esses objetivos a matriz curricular desse curso é diversificada e dentre as disciplinas presentes estão as que pertencem ao Núcleo dos Conteúdos Profissionais 4 localizadas, principalmente, a partir do terceiro semestre do curso. Um melhor detalhamento desse núcleo pode ser constatado no Quadro 1 a seguir. Quadro 1: Disciplinas obrigatórias profissionais da Graduação em Licenciatura. Fonte: Quadro retirado da Resolução nº. 013/2006 do CONEPE/UFS. Essas disciplinas tratam, dentre outros aspectos, do processo de ensino e aprendizagem, das ferramentas e das metodologias utilizadas por um professor de, de maneira a preparar o discente para a sua prática docente. Desse modo, considerando a importância dessas disciplinas para a formação dos futuros professores de, para este artigo optou-se por buscar uma compreensão acerca da constituição histórica de uma 5 delas, com respeito às mudanças e continuidades ocorridas nela, a saber, Laboratório do Ensino de (LEM). Tal compreensão diz respeito à carga horária, ementa e pré-requisitos, de maneira a buscar entender parte do processo que se deu até chegar à estrutura dessa disciplina até o momento desta pesquisa. Para tal compreensão, foram examinadas algumas resoluções do CONEPE/UFS. A saber: nº. 058/1990, nº. 002/1998, nº. 013/2006, nº. 150/2009 e nº. 096/2010. Para melhor entendimento desse exame é apresentada a tabela 1 a seguir. 4 Aqui vale a ressalva que adotamos a mesma nomenclatura que consta na Resolução nº. 013/2006 do CONEPE/UFS. 5 A escolha de apenas uma disciplina examinada neste trabalho deve-se ao fato do respeito para com as normas do evento, no que diz respeito ao quantitativo de páginas. 4

Sociedade na Contemporaneidade: desafios e possibilidades RESOLUÇÃO Nº 058/1990 CONEPE Nº 002/1998 CONEPE Nº 13/2006 CONEPE Nº 150/2009 CONEPE Nº 96/2010 CONEPE Tabela 1: Tabela de exame das Resoluções CONEPE/ UFS LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA CRÉDITOS/CARGA HORÁRIA 6 créd. 90hrs 6 créd. - 90hrs 6 créd. - 90hrs 6 créd. - 90hrs 6 créd. - 90hrs PRÉ- REQUISITO DIDÁTICA (401101) E MATEMÁTICA PARA O ENSINO DO 2º GRAU II (105013) DIDÁTICA (401101) E MATEMÁTICA PARA O ENSINO DO 2º GRAU II (105013) METODOLOGIA DO ENSINO DE MATEMÁTICA (105116) METODOLOGIA DO ENSINO DE MATEMÁTICA (105116) METODOLOGIA DO ENSINO DE MATEMÁTICA (105116) MUDANÇA NA EMENTA COM RELAÇÃO À RESOLUÇÃO ANTERIOR? NÃO CONSTA A EMENTA NA RESOLUÇÃO --- SIM SIM NÃO Tabela construída a partir do exame das resoluções CONEP/UFS, Nº: 058/1990, 002/1998, 13/2006, 150/2009 e 96/2010. O primeiro documento examinado foi a Resolução nº. 058/1990, que reformula os currículos dos cursos do centro de ciências exatas e tecnologia da UFS, na qual se verifica, a partir da Tabela 1, que ela possuía uma carga horária de 90 horas, dividas em 6 créditos 6, constata-se ainda que tal disciplina tinha outras duas como pré-requisitos, eram elas Didática e para o Ensino do 2º Grau II. Uma vez destacada carga horária e pré-requisitos, cabe uma indagação a respeito de quais conteúdos os alunos da Licenciatura em da UFS teriam contato no LEM. Esse questionamento ainda não pode ser respondido apenas com a Resolução nº. 058/1990, pois nela não consta a ementa da disciplina. 6 Vale observar que na UFS, desde 1971 um crédito é equivalente a 15 horas de atividades em disciplina como pode ser observado no artigo 26 da Resolução nº. 014/1970 do CONEPE/UFS. 5

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Sociedade Outro documento examinado foi a Resolução nº. 002/1998, que trata sobre alterações na carga horária e disciplinas dos cursos de Licenciatura em e Química, de acordo com a Tabela 1, nela é possível verificar que não constam alterações em relação à carga horária e pré-requisitos quando comparada com a Resolução nº. 058/1990. Ainda segundo a Tabela 1, é possível perceber que alterações são constatadas a partir do ano de 2006, na Resolução nº. 013/2006 - que versa sobre a aprovação do Projeto Pedagógico dos Cursos de Graduação em Licenciatura diurno e noturno. Nessa resolução, em relação às outras duas examinadas, há uma mudança de pré-requisitos que a partir daquele ano deixam de ser Didática e para o Ensino do 2º Grau II, passando a ser Metodologia do Ensino de. Em relação à carga horária não se constatou alterações. De modo geral, a partir da análise da Tabela 1, é possível inferir que não ocorreu alteração na quantidade de créditos/carga horária dessa disciplina no período entre 1990 a 2010. Observa-se que há mudanças no pré-requisito e na ementa da disciplina em 2006, antes as disciplinas para o Ensino do 2º grau II e Didática eram as necessárias para poder cursar Laboratório de Ensino de. Para melhor entendimento do que era tratado nessas disciplinas e as mudanças nas suas ementas pode-se observar as citações postas a seguir. 105013 para o Ensino de 2º Grau II Arcos e ângulos. Funções circulares. Relações fundamentais. Redução ao 1º quadrante. Arcos notáveis. Transformações. Equações e inequações. Trigonometria, triângulos. Polinômios, números complexos e equações polinomiais (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, 1998, p. 28). 401101 Didática A didática como prática fundamentada da ação do educador. Multidimensionalidade do processo transmissão/assimilação/produção do conhecimento em função da Infantil, do Ensino das séries iniciais do 1º grau do ensino e do 2º grau (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, 1998, p. 33). 6

Sociedade na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Ao examinar essas ementas percebe-se que o aluno deveria adquirir conhecimentos sobre conteúdos tratados no Ensino do 2º grau e conteúdos relacionados à prática do educador de uma maneira geral. Em seguida, o aluno estaria apto a cursar LEM, ou seja, a conhecer uma aula, metodologias de ensino e recursos didáticos de matemática, como pode ser visto a seguir. 105015 Laboratório de Ensino de Materiais para o ensino de matemática. Aulas de matemática observação. Pesquisa bilbiográfica sobre o ensino de matemática: abordagens, modelos, metodologias e materiais didáticos. Planos de trabalho com materias didáticos. Outros recusos. Minicursos. Ensino de matemática redação (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, 1998, p. 33). A mudança em 2006 está relacionada à resolução Nº 13/2006/CONEPE/UFS, o prérequisito passa a ser a disciplina Metodologia do Ensino de e a ementa de LEM é alterada. A primeira tratava da didática, avaliação do ensino, livros didáticos e documentos oficiais como, por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais. Já a segunda passou a cuidar de propostas metodológicas e materiais instrucionais para o ensino de, como é possível observar nas suas ementas que seguem. 105116 Metodologia do Ensino da. Cr: 06 CH: 90 PEL: 3.00.3 Pré requisito: 406256 Ementa: Didática da. Linhas de pesquisa da : objetivos, características, perspectivas. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Livros Didáticos e Paradidáticos para o Ensino Fundamental e Médio. Avaliação do ensino aprendizagem da : processos, instrumentos (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, 2006, p. 14). 105115 Laboratório de Ensino de. Cr: 06 CH: 90 PEL: 2.00.4 Pré requisito: 105116 Ementa: Metodologia de Projeto de Pesquisa. Propostas Metodológicas para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Materiais Instrucionais: construção e aplicação para o ensino da no Ensino Fundamental e Médio (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, 2006, p. 14). 7

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Sociedade Tais mudanças talvez estejam ligadas ao fato da necessidade de adequação ao meio que a disciplina estava inserida à época, o que implica no seu funcionamento, como salienta Chervel (1990) ao afirmar que Para que uma disciplina funcione é necessário satisfazer às exigências internas que constituem o seu núcleo. Por não levar isso em conta, o ensino fracassa, ou não atende senão a uma parte de seus objetivos (CHERVEL, 1990 p. 201). O que pode ser percebido quando Mariani (2010) salienta que documentos oficiais 7, no período entre 1998 e 2006, apontam indicativos para um ensino mais contextualizado e reflexivo, sendo necessário haver alterações na maneira de como essa disciplina estava sendo tratada. A autora afirma que A legislação e as orientações curriculares da Básica e do Ensino Superior apontam indicativos para que o ensino da seja desenvolvido por meio da resolução de problemas, da contextualização, da significação conceitual e das tendências metodológicas aliadas aos recursos didáticos (MARIANI, 2010, p. 8) Com isso, é possível perceber que determinadas mudanças, como, por exemplo, os pré-requisitos, ocorrem por meio de planejamentos e de forma a atender necessidades em questão. Por fim, em 2009, com a resolução nº. 150/2009 do CONEPE/UFS, que aprova alterações no projeto político pedagógico do curso de Licenciatura diurno e noturno, a ementa de LEM sofre uma pequena alteração: passa a ser necessário abordar Laboratório de Ensino ; como pode ser visto no recorte adiante. 105115 - Laboratório de Ensino de Cr: 06 CH: 90 PEL: 2.00.4 Pré-requisito: 105116 Ementa: Laboratório de ensino. Propostas Metodológicas para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Recursos didáticos: construção e aplicação para o ensino da no Ensino Fundamental e Médio. Metodologia de projetos (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE, 2009, p. 14). Até o momento desta pesquisa, essa é a ementa adotada no curso de Licenciatura em da UFS, com carga horária de 90 horas e com a disciplina Metodologia do Ensino de - tema do tópico que segue - como pré-requisito. 7 A saber, os Parâmetros Curriculares Nacionais das Séries Finais do Ensino Fundamental (BRASIL, 1998), Parâmetros Curriculares do Ensino Médio PCNEM (BRASIL, 1999), Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Parecer CNE/CES 1.302/2001 (BRASIL, 2001), PCN+ - Ensino Médio (BRASIL, 2002) e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006). 8

Sociedade na Contemporaneidade: desafios e possibilidades CONSIDERAÇÕES O objetivo deste artigo foi buscar uma compreensão acerca da constituição histórica da disciplina Laboratório de Ensino de, de maneira a examinar as mudanças e continuidades ocorridas nela, com o intuito de tecer enredo sobre o que é tratado nessa disciplina e como ela passa a fazer parte do currículo do curso de formação dos professores de da Universidade Federal de Sergipe (UFS), campus São Cristovão. Para isso, foram examinadas as resoluções do Conselho do Ensino e Pesquisa (CONEPE) da UFS. A saber: n 058/1990, nº 002/1998, nº 013/2006, nº 150/2009 e nº 096/2010. A partir dessas resoluções, foram examinados a carga horária, ementa e pré-requisitos dessa disciplina. Por fim, após exame, foi possível inferir que no período entre 1990 a 2010 a carga horária não sofreu alteração, sempre foi mantida em noventa horas (seis créditos). Com relação aos pré-requisitos, até 2006 para cursar LEM era necessário ter cursado as disciplinas Didática e para o Ensino do 2 Grau II e que a partir de 2006, até o ano de 2015, o pré-requisito passou a ser a disciplina Metodologia do Ensino da. Ao olhar as mudanças na ementa da disciplina em questão e as ementas das disciplinas que eram/são prérequisitos para a mesma, foi possível verificar que ocorre um anseio maior em preparar o licenciando em matemática para à realidade da prática docente. REFERÊNCIAS CHERVEL, A. (1990). História das disciplinas escolares: reflexões sobre um campo de pesquisa. Teoria &, n.º 2, 177-229. MARIANI. R. C. P. (2010). Laboratório de Ensino de. São Cristóvão/SE: UFS, CESAD, 2010. VALENTE, W. R. Quem somos nós, professores de? Cad. Cedes, Campinas, vol.28, n. 74, p. 11-23, jan./abr. 2008. FIORENTINI, D; LORENZATO, S. Investigação em educação matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas/SP: Autores Associados, 2006. 9

na Contemporaneidade: desafios e possibilidades Sociedade RESOLUÇÕES UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Resolução do CONEPE/UFS nº 014/1970, aprova as normas para implantação do I ciclo e do sistema de créditos na UFS, a partir de 1971, de 29/09/1970. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Resolução do CONEPE/UFS nº 058/1990, reformula os currículos dos Cursos do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, de 04/12/1990. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Resolução do CONEPE/UFS nº 002/1998, altera a Resolução n 21/93/CONEP e dá outras providências, de 09/07/1998. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Resolução do CONEPE/UFS nº 013/2006, aprova projeto pedagógico dos cursos de Graduação em habilitação Licenciatura Diurno (curso 150) e Noturno (curso 152) e dá outras providências, de 28/03/2006. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Resolução nº. 150/2009 do CONEPE/UFS, aprova alteração no Projeto Pedagógico dos Cursos de Graduação em habilitação Licenciatura Diurno (curso 150) e Noturno (curso 152) e dá outras providências, de 18/12/2009. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Resolução n.º 096/2010 do CONEPE/UFS, aprova alterações na Departamentalização do Departamento de e dá outras providências, de 29/10/2010. 10