KARL MARX MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO

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Transcrição:

KARL MARX MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO

MÉTODO DE ANÁLISE * A DIALÉTICA HEGELIANA (IDEALISTA): Afirma a contradição, o conflito, como a própria substância da realidade, a qual se supera num processo incessante de negação, conservação e síntese. Os fenômenos contêm em si um movimento, uma tendência, uma inquietação, são cheios de negação em si. * MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO: A análise da vida social deve partir do estudo dos fatos concretos. São os indivíduos reais, a sua ação e suas condições materiais de existência que formam a base de todas as suas relações. Assim, a formação das idéias decorre da prática material, e não, ao contrário, como diria Hegel, que explicava a prática a partir das idéias.

* Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua consciência.

* INFRA-ESTRUTURA: É a base material da sociedade, e é constituída pelas FORÇAS PRODUTIVAS e pelas RELAÇÕES DE PRODUÇÃO. * FORÇAS PRODUTIVAS: Correspondem aos MEIOS DE PRODUÇÃO e à FORÇA DE TRABALHO. As forças produtivas são os elementos necessários ao processo de produção, já que os meios de produção são os meios de trabalho (oficinas, máquinas, ferramentas, etc.) e a força de trabalho é o elemento essencial das forças produtivas, que expressa o grau de capacidade física e intelectual (técnica) do desenvolvimento social.

* RELAÇÕES DE PRODUÇÃO: Correspondem às relações sociais instituídas pelos indivíduos no processo de produção. Estas relações de produção, quando se instaura a propriedade privada, se tornam relações de propriedade, ou seja, relações sociais entre os proprietários dos meios de produção e aqueles que possuem somente a força de trabalho. São, portanto, o substrato para a estruturação das classes sociais.

* Ao se desenvolverem as forças produtivas trazem conflito entre os proprietários e os nãoproprietários dos meios de produção. Assim, surgem relações de produção novas. Com isso, a SUPERESTRUTURA (ideologias políticas, concepções religiosas, códigos morais e estéticos, as leis, o Estado, etc.) também se modifica. * Portanto, a infra-estrutura determina a superestrutura.

* Marx identifica alguns estágios de desenvolvimento das forças produtivas, ou MODOS DE PRODUÇÃO. Assim, buscava evidenciar sua teoria da contradição entre as forças produtivas e as relações de produção, além de apontar o curso do desenvolvimento histórico do modo de produção capitalista.

* Feudal: Baseia-se em um campesinato subjugado. Existe uma dependência pessoal que assinala as relações feudais de produção. O mundo medieval para Marx era essencialmente produto da servidão. * Asiático: As atividades agrícolas eram de controle do Estado, o qual era o verdadeiro proprietário da terra. Apoiava-se na consistência da velha comunidade de aldeia que, combinando agricultura e artesanato, era economicamente auto-suficiente. * Antigo: É caracterizado pela escravidão. A escravidão concretiza o potencial das forças produtivas e garante o seu desenvolvimento.

* No feudalismo, o desenvolvimento de suas forças produtivas propicia o surgimento da burguesia. À medida que estas forças produtivas se desenvolvem, elas vão negando as relações feudais de produção e introduzindo as relações capitalistas de produção. A luta entre a nobreza e a burguesia vai se acirrando; em um determinado ponto deste desenvolvimento ocorre a ruptura e aparece o modo de produção capitalista.

MODOS DE PRODUÇÃO ASIÁTICO: Teve início em 2500 a.c., na Idade Antiga, caracteriza pelos primeiros Estados surgidos na Ásia Oriental, Índia, China e Egito. A agricultura base da economia desses Estados, era praticada por comunidades de camponeses presos à terra, que não podiam abandonar seu local de trabalho e viviam submetidos a um regime de trabalho compulsório. Os camponeses tinham acesso à coletividade das terras de sua comunidade, ou seja, pelo fato de pertencerem a tal comunidade, eles tinham o direito e o dever de cultivar as terras desta.

MODO DE PRODUÇÃO ESCRAVISTA: Surgiu na Grécia clássica e foi assimilado pelos Romanos. Com o surgimento da propriedade privada, os parentes mais próximos dos chefes dos clãs ficaram com as melhores terras. Com o aumento das famílias nobres, eram necessários mais terras e mais gente para trabalhar no cultivo dessas terras. Esse problema era resolvido com guerras de conquista: guerreava-se com povos vizinhos, as terras conquistadas eram repartidas entre os nobres, e o povo derrotado era escravizado. Os escravos eram propriedades do Estado cedidas aos nobres para o trabalho em suas terras. Um cidadão não-estrangeiro também poderia se tornar escravo de alguém, se adquirisse dessa pessoa uma dívida da qual não pudesse pagar.

MODO DE PRODUÇÃO FEUDAL: Tem suas origens no século IV a partir das invasões germânicas (bárbaras) ao Império Romano (Europa). As características gerais do feudalismo são: poder descentralizado, economia baseada na agricultura de subsistência, trabalho servil, economia monetária e sem comércio, onde predomina a troca (escambo), o sistema econômico é de subsistência. Os trabalhadores do feudo trabalhavam sob um regime de servidão, ficavam presos à terra, não podendo abandoná-las, porém não eram considerados escravos pois recebiam proteção de seus senhores e além disso, possuíam direitos. As principais obrigações devidas pelos trabalhadores eram: corvéia e a talha.

* São as lutas entre duas classes sociais distintas e fundamentais que formam o novo modo de produção. Marx sabe que há outras classes sociais que co-existem juntamente na sociedade. No entanto, haveria uma polarização em somente duas classes sociais (burguesia e proletariado). * A história de todas as sociedades que já existiram é a história de luta de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, chefe de corporação e assalariado; resumindo, opressor e oprimido estiveram em constante oposição um ao outro.

* Somente o proletariado pode intervir para solucionar o conflito entre as forças produtivas e as relações de produção que são engendradas pelo modo de produção capitalista. Por meio da REVOLUÇÃO se chegaria ao COMUNISMO. Com esta formação social termina, pois, a pré-história da sociedade humana. * E da sociedade comunista que se engendraria, se criaria uma estrutura nova, onde não haveria diferenças de classes e toda a produção estaria concentrada nas mãos dos indivíduos associados, com poder público perdendo seu caráter político.

* Há o fim também da ALIENAÇÃO. O proletariado trabalha para viver, nem sequer considera o trabalho parte de sua vida, mas um sacrifício de sua vida. Assim, o trabalhador não se reconhece no produto que criou, em condições que escapam de seu arbítrio e às vezes até à sua compreensão, nem vê no trabalho qualquer finalidade que não seja a de garantir sua sobrevivência. * O termo alienação é a tradução mais divulgada das três principais palavras alemãs empregadas por Marx para expressar a idéia de TORNAR-SE ESTRANHO A SI MESMO, NÃO RECONHECER-SE EM SUAS OBRAS, DESPRENDER, DISTANCIAR-SE, PERDER O CONTROLE.

* O trabalhador é tanto mais pobre quanto mais riqueza produz, quanto mais cresce sua produção em potência e em volume. O trabalhador convertese numa mercadoria tanto mais barata quanto mais mercadorias produz. A desvalorização do mundo humano cresce na razão direta da valorização do mundo das coisas. O trabalho não apenas produz mercadorias, produz também a si mesmo e ao operário como mercadoria, e justamente na proporção em que produz mercadorias em geral (Karl Marx).

* Portanto, o propósito último da crítica marxista é mostrar o caminho da humanização, a fim de que os homens possam tomar a direção da produção, orientando-se segundo sua vontade consciente e suas necessidades.