MARCELA ALCAZAS BASSAN AS FUNÇÕES DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E A PREVENÇÃO DE DANOS FUTUROS Dissertação de Mestrado Apresentada ao Departamento de Direito Civil Orientador Prof. Titular Rui Geraldo Camargo Viana FACULDADE DE DIREITO USP SÃO PAULO 2009
MARCELA ALCAZAS BASSAN AS FUNÇÕES DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E A PREVENÇÃO DE DANOS FUTUROS Dissertação apresentada ao Departamento de Direito Civil da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do grau de Mestre, sob a orientação do Professor Titular Rui Geraldo Camargo Viana. FACULDADE DE DIREITO USP SÃO PAULO 2009
Banca Examinadora
Aos meus pais, pelas constantes lições de vida e pelo amor incondicional que dedicaram à minha criação; por me ensinarem os reais valores do mundo e pelo sempre seguro porto que representam para mim...
Agradeço ao Professor Dr. Rui Geraldo Camargo Viana, primeiramente, a oportunidade e, então, a confiança, as lições, a compreensão e a amizade, neste período de aprendizado constante. Agradeço aos Professores Fernando Campos Scaff e Nestor Duarte as bem-vindas sugestões que prestaram ao meu trabalho. Sugestões sensatas que, com certeza, enriqueceram este estudo. Agradeço aos meus amigos e irmãos, Maurício e Angelita, que garantiram os bons momentos em família, imprescindíveis para o caminho que sigo! E ao Ivo, por toda compreensão, paciência e amor com que acompanhou este desafio tão meu...
RESUMO Este trabalho aborda os aspectos qualitativos da indenização por danos morais, relacionando-os à prevenção de danos. Por causa da polêmica doutrinária acerca das funções que deve desenvolver a indenização por danos morais, procura-se desvincular a eficácia preventiva da noção de punição. Analisa-se a função punitiva, a começar pela investigação de sua origem os punitive damages e dos problemas que traz ao ordenamento jurídico nacional. O estudo das características dos punitive damages demonstra as dificuldades enormes que o instituto apresenta nos países onde é aplicado, bem como as diferenças existentes entre o referido instituto e a indenização punitiva por danos morais. Tendo em vista o fato de que a maior justificativa para a indenização punitiva é a pretensa prevenção de novos danos, investiga-se a função preventiva da responsabilidade civil, em um primeiro momento, para depois localizar na indenização compensatória um escopo tão preventivo quanto o que justifica a adoção da indenização punitiva. A atuação judicial é fundamental para se afastar o efeito punitivo, pois atua na eleição de critérios cuja análise fundamentará o valor da indenização. A indenização fixada de forma justa desperta no responsável pelo dano a cautela necessária à maioria das situações em que os danos morais são isoladamente causados. Para os casos de danos morais repetitivos, ou que atinjam um grande número de pessoas, além da indenização, o ordenamento jurídico oferece alguns instrumentos processuais que possuem um potencial preventivo e que podem ser úteis no refreamento dessas condutas. Desse modo, pode-se concluir a indenização por danos morais, tão-somente compensatória é a forma de reparação mais adequada aos danos morais para o nosso ordenamento.
ABSTRACT This study addresses the qualitative aspects of the indemnification for moral damage, relating them to prevention of these damages. Because of the controversy about the roles that the indemnification should develop, it tries to separate the preventive efficacy of the concept of punishment. It analyses the punitive role to begin the investigation of its origin the punitive damages and the problems that it brings to the national legal system. The study of characteristics of the punitive damages shows the enormous difficulties that the institute presents where it is applied, and the differences between the institute and by punitive indemnification. In view of the fact that the major justification for punitive indemnification is the prevention of further damage, it was investigated the preventive function of liability it at first, and then, find in compensatory damages as a scope as preventive which justifies the adoption of punitive damages. The judge action is essential to avoid the punitive effect, because it acts in the election of criteria whose analysis of the value base compensation. The compensation fixed fairly awakens liable for damage in the care needed for most situations in which damage is caused in isolate way. For the cases of moral damage "repetitive," or they reach a large number of people, in addition to damages, the law offers some procedural instruments that have a potential preventive and can be useful in reducing these behaviors. Thus, we can conclude the compensation for moral damages as compensation-only is the most appropriate way to repair the damage to our judicial system.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO...01 CAPÍTULO I: Dano Moral e sua Reparação Aspectos Gerais... 05 1. Objeto da reparação... 05 2. A evolução da reparação do dano moral no Brasil... 13 3. Formas de reparação do dano moral... 17 3.1 Reparação in natura... 19 3.2 Reparação por equivalente... 22 4. A atuação dos Tribunais no julgamento da ação de indenização por dano moral... 28 CAPÍTULO II: Indenização Punitiva e Punitive Damage... 40 1. Responsabilidade civil e penal: separação dos institutos no curso da história... 40 2. Pena Privada: principais contornos e conceitos relacionados... 44 3. Noções acerca dos punitive damages... 47 3.1 Common Law... 47 3.2. Tort Law e punitive damages... 52 3.2.1. Evolução histórica dos punitive damages... 56 3.2.2 Punitive damages: delineamentos e críticas... 58 4. Função punitiva e punitive damages... 65 5. As implicações da dupla função da indenização por danos morais e os argumentos contrários à função punitiva... 69 6. Algumas hipóteses de punição no Direito Civil... 78 CAPÍTULO III : As Possibilidades de Prevenção dos Danos Morais no Direito Brasileiro... 83 1. Um panorama atual da responsabilidade civil: um aceno em direção à função preventiva... 83 1.1 A evolução da responsabilidade civil... 83
1.2 Limites da responsabilidade civil e a prevenção de danos: a proibição do excesso e a proibição da insuficiência... 87 2. Natureza e fundamento da reparação... 91 2.1 Natureza jurídica da reparação... 91 2.2 Fundamento da reparação... 94 3. Eficácia preventiva da sanção:... 96 4. Função preventiva da responsabilidade civil e a indenização por danos morais... 98 5. A atuação do magistrado e os instrumentos de prevenção dos danos morais... 104 5.1. A atuação do magistrado na prevenção dos danos morais... 105 5.2 Instrumentos processuais de prevenção de danos morais... 116 CONCLUSÃO... 123 REFERÊNCIAS... 130