área de conhecimento sobre raiva e quanto à informação central. Foi observado se a



Documentos relacionados
Palavras- chave: Vigilância epidemiológica, Dengue, Enfermagem

Raiva humana VS Componente Epidemiológico

NOTA TÉCNICA

APRESENTAÇÃO. Foto 1: Imagem aérea da Ilha de Santa Catarina

Projeto de Controle Populacional de Cães e Gatos no município de Jaraguá do Sul-SC -- Minuta do Projeto --

Prováveis causas para agressividade canina e os ataques de cães nas Cidades Brasileiras

S/SUBVISA/SVFSZ/UJV Unidade de Diagnóstico, Vigilância, Fiscalização Sanitária e Medicina Veterinária Jorge Vaitsman

Informe Epidemiológico CHIKUNGUNYA N O 03 Atualizado em , às 11h.

Estado do Amazonas Câmara Municipal de Manaus Gabinete do Vereador Gomes

Programa para seleção pública do AGENTE DE COMBATE A ENDEMIAS I

Vigilância Epidemiológica de Agravos Transmissíveis de Notificação Sistema de Informação de Agravos de Notificação SINAN

A SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE-SVS e o DECRETO n 7.508/2011

Boletim Epidemiológico

Raiva. Replicação no citoplasma - corpúsculo de inclusão

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

Projeto de pesquisa: Peludinhos errantes

INFORME TRIMESTRAL SOBRE A RAIVA

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº, DE 2015 (Do Sr. Ricardo Izar e outros)

ESTADO DE GOIÁS PREFEITURA MUNICIPAL DE CAVALCANTE SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE PROJETO ALEITAMENTO MATERNO

Mondial Pet Protection CONDIÇÕES GERAIS PRINCIPAIS BENEFÍCIOS: Assistência Emergencial. Implantação de Microchip. Desconto em Cirurgias

RENASES LISTA 2012 V I G I L Â N C I A S A N I T Á R I A

DECRETO MUNICIPAL N O 2462/2015 Data: 28 de maio de 2015

Informe Técnico - SARAMPO nº2 /2010 Atualização da Situação Epidemiológica

GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA Secretaria da Saúde do Estado da Bahia Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde

Modelo Domiciliar de. Assistência ao Doente. Crônico

CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS DE IDOSAS. UM OLHAR PARA VIÇOSA, MINAS GERAIS, BRASIL

PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE INDAIATUBA

5.4. Programa de Comunicação Social. Revisão 00 NOV/2013. PCH Dores de Guanhães Plano de Controle Ambiental - PCA PROGRAMAS AMBIENTAIS

PROVA FORMAÇÃO DE AGENTE DE COMBATE A ENDEMIAS Prefeitura Municipal de Ouro Preto 1- Assinale a alternativa que define o que é epidemiologia.

CÂMARA MUNICIPAL DE INDAIATUBA

PALAVRAS-CHAVE: Uso Racional de Medicamentos. Erros de medicação. Conscientização.

Mostra de Projetos Programa Municipal de Controle Ético da População Canina e Felina

Standard da OIE Controle de cães não domiciliados

TÍTULO I DAS DISPOSIÇOES INICIAIS. Art. 3º O projeto mencionado nos artigos 1º e 2º desta Lei é destinado, prioritariamente, nesta ordem:

Clipping Eletrônico Domingo dia 26/10/2014

6A Aids e a tuberculose são as principais

Segunda etapa de vacinação contra a Poliomielite acontece no próximo sábado (13)

INTERAÇÃO HOMEM x ANIMAL SOB A PERSPECTIVA DO PRODUTOR RURAL ESTUDO PRELIMINAR. ¹ Discente de Medicina Veterinária UNICENTRO

PREFEITURA DO RECIFE SECRETARIA DE SAÚDE SECRETARIA EXECUTIVA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE CLIPPING

Jornal de Piracicaba, Piracicaba/SP, em 4 de Junho de 1993, página 22. Animais de companhia: O verme do coração do cão

Nara Rubia Borges da Silva Vitória Maria Lobato Paes

Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária Belo Horizonte 12 a 15 de setembro de 2004

Experiência: VIGILÂNCIA À SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Desigualdades em saúde - Mortalidade infantil. Palavras-chave: mortalidade infantil; qualidade de vida; desigualdade.

Condicionalidades do Programa Bolsa Família Intersetorialidade na gestão integrada entre serviços e renda CONGEMAS Rio Verde/GO

CURSO DE ATUALIZAÇÃO. Gestão das Condições de Trabalho e Saúde dos Trabalhadores da Saúde

O retrato do comportamento sexual do brasileiro

MS divulga retrato do comportamento sexual do brasileiro

20o. Prêmio Expressão de Ecologia

2007: Seguindo as recomendações de 2006, o projeto ganha complexidade e chega aos seguintes resultados: 30 escolas, 1865 alunos e 92 professores.

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

DOENÇA DIARREICA AGUDA. Edição nº 9, fevereiro / 2014 Ano III. DOENÇA DIARRÉICA AGUDA CID 10: A00 a A09

A A transversalidade da Saúde Ambiental na formação do Médico Veterinário

Proposta de Lei n.º 189/XII

Plano de Qualificação das Linhas de Cuidados da Transmissão Vertical do HIV e da Sífilis nos Estados do Semiárido e Amazônia Legal

OBSERVAÇÃO DOS CONHECIMENTOS E PRÁTICAS DA POPULAÇÃO, DE UMA MICROÁREA DE UM BAIRRO DO RECIFE-PE SOBRE DENGUE

PROGRAMA TRANSPORTE AÉREO DE MATERIAIS BIOLÓGICOS

ALERTA SARAMPO Atualização da Situação Epidemiológica, Setembro 2014:

6 Benefícios operacionais e financeiros atingidos após implantação do roteirizador de veículos

DECISÃO DE EXECUÇÃO DA COMISSÃO

PALAVRAS-CHAVE: Mortalidade Infantil. Epidemiologia dos Serviços de Saúde. Causas de Morte.

Vigilância em saúde para prevenção de surtos de doenças de transmissão hídrica decorrentes dos eventos climáticos extremos

1º de Dezembro Dia Mundial de Lutra Contra a Aids. Una-se a esta causa! Diga não ao preconceito e a discriminação.

Relatório da IES ENADE 2012 EXAME NACIONAL DE DESEMEPNHO DOS ESTUDANTES GOIÁS UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

D I R E T O R I A D E S A Ú D E. Saúde In-forma

PERCEPÇÃO DO CONHECIMENTO DE PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO BÁSICA E ACOMPANHAMENTO DE ATIVIDADES VOLTADAS À SAÚDE DO COLETIVO

Raimunda Cláudia Souza Rocha

Resumo da Conferência Electrónica: Preparando o Dia Mundial da Raiva

Sobre o Movimento é uma ação de responsabilidade social digital pais (família), filhos (jovem de 6 a 24 anos), escolas (professores e diretores)

GARANTIA DA QUALIDADE DE SOFTWARE

PROJETO DE LEI N.º 605, DE 2015 (Do Sr. Lobbe Neto)

Número 24. Carga horária de trabalho: evolução e principais mudanças no Brasil

Conceito de Sistema e Enfoque Sistêmico. Professora Cintia Caetano

LEVANTAMENTO DOS DADOS DOS ATENDIMENTOS ULTRASSONOGRÁFICOS DO SERVIÇO DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DO HV/EVZ/UFG

Febre Amarela Silvestre, Brasil, 2009.

Sumário PNAD/SIMPOC 2001 Pontos importantes

Vigilância em Saúde. Perfil do Tétano em Alagoas de 2007 a Nesta Edição: ANO 4 Nº 01 ANUAL JANEIRO 15

PROGRAMA DE CONTROLE POPULACIONAL DE CÃES E GATOS

II. Envio dos públicos (listagens) para acompanhamento aos parceiros da saúde e educação;

PEN - Processo de Entendimento das Necessidades de Negócio Versão 1.4.0

Briefing. Boletim Epidemiológico 2010

Criminalidade. Luciano Nakabashi Juliano Condi

UMA PESQUISA SOBRE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NO IFC-CÂMPUS CAMBORIÚ

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE O NASF

Manual do DEC Domicílio Eletrônico do Contribuinte

Boletim Epidemiológico

Empresário. Você curte moda? Gosta de cozinhar? Não existe sorte nos negócios. Há apenas esforço, determinação, e mais esforço.

Equipe: Ronaldo Laranjeira Helena Sakiyama Maria de Fátima Rato Padin Sandro Mitsuhiro Clarice Sandi Madruga

PREFEITURA DE NOVO HAMBURGO INFORMATIZA SERVIÇOS DE SAÚDE E TRAZ MELHORIAS PARA CIDADÃOS E PROFISSIONAIS DA REDE

O Marketing Educacional aplicado às Instituições de Ensino Superior como ferramenta de competitividade. Xxxxxx Xxxx Xxxxxxx Xxxxxxx Xxxxxxxxxxx

Mostra de Projetos Campanha Contra Câncer do Colo do Útero e da Mama

12/2/2009. São doenças e infecções naturalmente transmitidas entre animais vertebrados e os humanos. ZOONOSES *

Informações básicas para Doação a Fundos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente 2014/2015

Boletim Epidemiológico Secretaria de Vigilância em Saúde Ministério da Saúde Influenza: Monitoramento até a Semana Epidemiológica 37 de 2015

CECAD Consulta Extração Seleção de Informações do CADÚNICO. Caio Nakashima Março 2012

Software $uplementa Certo: Benefício/Custo da Suplementação na Seca

Alcançado (b) Número total de casos notificados. Número total de notificações negativas recebidas

Ass. de Comunicação Veículo: Jornal de Brasília Data: 01/01/2009 Seção: Cidades Pág.: 6 Vacinação garante férias tranqüilas

Saúde da mulher em idade fértil e de crianças com até 5 anos de idade dados da PNDS 2006

Transcrição:

Descrição das informações sobre raiva veiculadas nos jornais O ESTADO DE SÃO PAULO e A FOLHA DE SÃO PAULO, no período de 2000 a 2002 Resultados Preliminares DUBUGRAS, Maria Thereza Bonilha 1; ACHKAR, Samira. Maria. 2 ; KOTAIT, Ivanete 3 1- Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina - UNIFESP 2 Instituto Pasteur de São Paulo 3 Instituto Pasteur de São Paulo RESUMO A raiva é a zoonose viral mais importante, por sua distribuição mundial e pelas implicações na saúde pública e animal. A população deve estar informada sobre a doença, porque algumas das medidas de controle dependem de sua participação, como a vacinação animal e a imediata procura de assistência médica nos casos de acidentes com mamíferos. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, uma das estratégias educativas é a veiculação de informações pelos Meios de Comunicação de Massa. Este trabalho relata os dados preliminares sobre a análise de informações sobre raiva publicadas nos jornais O ESTADO DE SÃO PAULO e A FOLHA DE SÃO PAULO, entre 01/01/2000 e 31/12/2002 (OESP:75; FSP:58). Foram estabelecidas categorias quanto à área de conhecimento sobre raiva e quanto à informação central. Foi observado se a raiva era tema central do texto. Nos textos em que o tema central era a raiva, foi observado qual a editoria em que foram inseridos, número de caracteres e descritas outras informações sobre a doença estavam presentes. Nos textos em que a raiva não era o foco da notícia, foi observado qual era o tema tratado e quais eram as informações sobre raiva existentes. As categorias encontradas foram: descrição, prevenção, relato de caso, situação epidemiológica, produção de imunobiológicos, pesquisa e eventos. A pesquisa terá continuidade com a realização da análise de conteúdo e a comparação das informações veiculadas com os dados epidemiológicos para verificar se os periódicos retrataram a situação da doença no período com fidelidade.

INTRODUÇÃO A raiva é considerada a mais importante das zoonoses, por sua distribuição mundial (presente em todos contentes, com a exceção da Antártida), e conseqüências para a saúde pública e animal. (Meltzer, 1998) É uma encefalite incurável, causada por um vírus RNA da família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus. Tem sido demonstrado que vários mamíferos são suscetíveis à raiva, sendo que os principais hospedeiros do vírus pertencem às ordens Carnivora e Chiroptera. (Niezgoda, 2002) O cão é o mais importante reservatório e vetor, sendo responsável pela maior parte dos casos de raiva humana no mundo. (Rupprecht, 2002) Os morcegos também são reservatórios do vírus rábico e são hospedeiros de seis dos sete genótipos do gênero Lyssavirus. (Badrane, 2001) No Brasil, os principais transmissores são os cães e os morcegos. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 1998 e 2000, a média anual de casos de raiva humana foi de 27 casos. A maior ocorrência (52,6%) foi registrada na região nordeste. O estado do Maranhão foi responsável por 14,8%. No Estado de São Paulo, observa-se uma mudança do perfil epidemiológico da doença, com a diminuição dos casos de raiva dos animais de estimação e aumento dos casos de raiva dos herbívoros e dos morcegos. O último caso de raiva humana foi registrado em 2001. A doença tem prognóstico fatal, mas pode ser prevenida. A prevenção da raiva animal entre as espécies domésticas inclui a vacinação anual, ações de posse responsável dos animais de estimação e controle de vampiros no caso da raiva dos herbívoros. A raiva entre animais silvestres tem sido controlada em países da Europa com programas de vacinação que visam o estabelecimento de populações imunizadas. (Rupprecht, 2000) O tratamento da raiva humana é preventivo. Até o momento, em casos em que o quadro sintomático está estabelecido o tratamento disponível é paliativo e o curso da doença é fatal. As ações de controle da raiva animal dependem da participação da comunidade e o sucesso da profilaxia de casos humanos está sujeito a rápida procura da assistência médica da pessoa exposta.

A prevenção da raiva humana começa com a educação da população e dos profissionais de saúde. (Moran, 2000) Segundo o Guidelines for Implementation and Development of Educational Activites for the Elimination of Human Rabies (Panamerican Health Organization Division of Disease Prevention and Control, 1999), para obter-se a participação da comunidade em um Programa para a eliminação da raiva é necessário a educação e organização da comunidade (...) através de atividades de INFORMAÇÃO, EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E PROMOÇÃO EM SAÚDE. A comunicação do risco de uma doença para a população nem sempre está colocada nos objetivos principais dos esforços da saúde pública. Com freqüência, o foco das ações governamentais está na acurácia das pesquisas científicas, vigilância epidemiológica e imunização. (Freimuth, 2000) As atividades necessárias de um programa de promoção da saúde podem ser organizadas em três grupos: Educação em Saúde, Participação Social e uso dos Meios de Comunicação de Massa para informar a população sobre fatos ou riscos que os afetam e possíveis soluções. (Panamerican Health Organization Division of Disease Prevention and Control, 1999) Campanhas educativas nos Meios de Comunicação de Massa produzem um desfecho específico, em um determinado período, atingindo um grande número de pessoas. (Rogers, 1987) Os veículos podem informar e alertar sobre uma questão, aumentar o conhecimento e crenças e reforçar atitudes já existentes. (Alcaley, 1983; Gandy, 1982; Klapper, 1960; McCombs, 1972; Wallack, 1990) O que se deve falar sobre raiva? É necessário informar sobre o agente etiológico, modo de transmissão, vetores animais, prevenção e controle. Em relação à prevenção e controle, o Guidelines for Implementation and Development of Educational Activites for the Elimination of Human Rabies define que os comportamentos necessário da população para o combate da raiva canina são: possuir apenas o número de cães que se é capaz de cuidar; vacinar cães contra raiva todos os anos e procurar a assistência médica em casos de agressão de um animal. (Panamerican Health Organization Division of Disease Prevention and Control, 1999) O Programa de Controle da Raiva, preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Organização Pan Americana de Saúde, pela Gerência Técnica de Controle e Vigilância de Fatores Ambientais/ Coordenadoria de Vigilância Ambiental

(COVAM)/ Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI)/ Fundação Nacional de Saúde (FUNASA)/ Ministério da Saúde (MS) e pela Comissão Estadual do Programa de Controle da Raiva, da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo estabelece as seguintes atividades para o controle da raiva: (Reichmann, 2000) Vacinação anual de cães e gatos. Apreensão de cães errantes. Atendimento de pessoas envolvidas em agravos com animais. Observação clínica de cães e gatos suspeitos, que pode ser feita na casa do proprietário do animal. Tratamento das pessoas expostas ao risco da infecção rábica. Vigilância epidemiológica. Educação em saúde. A participação da comunidade nesse programa inclui encaminhar os animais de estimação todos os anos para a vacinação, manutenção dos animais domiciliados, saindo de casa apenas de coleira e guia, procura pela assistência médica em caso de acidente com animal em no máximo 24 horas, não sacrificar animais suspeitos e, quando proprietário de animal suspeito e havendo a possibilidade, mantê-lo sob controle para a observação clínica por 10 dias. No caso da raiva dos herbívoros, a comunidade deve vacinar os animais anualmente e notificar a existência de abrigos de morcegos. O comportamento desejado para a prevenção da raiva silvestre é o não contato com esses animais. Como falar sobre raiva? Mensagens eficientes para a promoção de saúde devem ser claras, simples e positivas, sendo tanto emocionais como racionais; se causarem medo, trazem alternativas para alivia-lo; se objetivarem a motivação devem seguir para que se produza a resposta esperada. (Freimuth, 2000) MATERIAL E MÉTODO Foi realizada a pesquisa eletrônica nos arquivos dos jornais O ESTADO DE SÃO PAULO e A FOLHA DE SÃO PAULO. A palavra utilizada na busca foi raiva e o período foi entre 01 de janeiro a 31 de dezembro dos anos 2000, 2001 e 2002. Do resultado da busca eletrônica, foram excluídos os textos em que a palavra raiva não se referia a doença em estudo e sim usada com seu significando de sentimento

violento de ódio. Seguindo esse critério de exclusão, a amostra foi constituída de 129 textos, descritos na tabela 1 e 2. Período Número de textos 01/01/2000 a 31/12/2000 26 01/01/2001 a 31/12/2001 23 01/01/2002 a 31/12/2002 25 Total 74 Tabela 1- Textos publicados em O ESTADO DE SÃO PAULO Período Número de textos 01/01/2000 a 31/12/2000 15 01/01/2001 a 31/12/2001 27 01/01/2002 a 31/12/2002 13 Total 55 Tabela 2 - Textos publicados em A FOLHA DE SÃO PAULO Foram estabelecidas categorias em relação à área de conhecimento relacionada à raiva e em relação à informação principal sobre a doença. O corpus foi dividido em dois grupos, se a raiva era o foco do texto ou não. Nos textos em que a raiva era o foco do texto, foi observado qual a editoria em que foram inseridos, número de caracteres e descritas outras informações sobre raiva contidas nos textos. Do segundo grupo, textos em que a raiva não era o foco da notícia, foi observado qual era o tema tratado e quais eram as informações sobre raiva estavam presentes. RESULTADOS As categorias estabelecidas segundo a área de conhecimento relacionada à raiva foram: a) Raiva Animais de Estimação (R.AE) assuntos relacionados à raiva de cães e gatos. b) Raiva dos Herbívoros (R.Herb) assuntos relacionados a raiva de cães e gatos.

c) Raiva dos Animais Silvestres (R. Silv) - assuntos relacionados à raiva dos animais silvestres. d) Raiva Humana (R Hum) - assuntos relacionados à raiva humana. e) História dos estudos sobre raiva (Hist) - assuntos relacionados a fatos históricos. f) Imunobiológicos (Imunob) - assuntos à vacina contra raiva e soro anti-rábico. g) Raiva Geral (RG) informações gerais sobre a doença, sem especificar hospedeiro. As categorias em relação à informação principal sobre a doença: a) Relato de caso - notificação de casos de raiva humana. b) Prevenção ações de profilaxia da raiva animal. c) Descrição da doença informações sobre pelo menos um dos assuntos: agente etiológico, patogenia, modo de transmissão, sintomas, curso da doença. d) Eventos congressos. e) Situação epidemiológica dados sobre ocorrência. f) Pesquisa pesquisas científicas sobre raiva. Entre os 129 textos estudados, 46 tinham a raiva como assunto central (O ESTADO DE SÃO PAULO 29/74 ; A FOLHA DE SÃO PAULO 17/55). A raiva como tema central A raiva foi tratada como assunto central de 46 textos, (O ESTADO DE SÃO PAULO 29/74 ; A FOLHA DE SÃO PAULO 17/55), descritos nas tabelas 3 e 4. Texto Data Categoria/ Editoria Nº de Categoria/ Tema área caracteres informação central E00/01 08/03/2000 R Herb Agrícola 1.433 Situação epidemiológica Surto de raiva bovina no estado de São Paulo E00/02 26/04/2000 R.Herb Agrícola 1.130 Prevenção Campanha de vacinação E00/03 28/06/2000 R. Geral Agrícola 1.525 Descrição da doença Transmissão da raiva pelos morcegos E00/04 28/06/2000 R.Herb Agrícola 2.710 Prevenção Captura de hematófagos E00/05 02/08/2000 R. Geral Curtas 370 Eventos Seminário Internacional da raiva em São Paulo E00/06 02/08/2000 R. Herb Agrícola 866 Descrição da doença Veterinário esclarece sobre surto de raiva em São Paulo E00/07 04/09/2000 R. AE Cidades 299 Prevenção Campanha de vacinação

E00/08 04/09/2000 R. Hum Geral 394 Relato de caso Caso de R. Hum em Cuiabá E00/09 11/10/2000 R. Hum Geral 444 Relato de caso Novo caso de R. Hum em Cuiabá E00/10 23/11/2000 R. Hum. Geral 441 Relato de caso Quatros novos casos/ Cuiabá E001/11 13/03/2001 R. Hum. Geral 288 Relato de caso Caso de raiva hum./ Bahia E01/12 03/04/2001 R. AE Geral 1.150 Prevenção São Paulo deve controlar a raiva até 2002 E01/13 01/04/2001 R. Hum. Geral 1.011 Relato de caso Caso de Minas Gerais óbito em São Paulo E01/14 03/08/2001 R.AE Norte 456 Prevenção Campanha de vacinação na zona Norte E01/15 11/08/2001 R.AE Cidades 456 Prevenção Veterinários da zona norte fazem vacinação E01/16 14/08/2001 R.AE Geral 1.737 Prevenção Campanha de vacinação em São Paulo E01/17 14/08/2001 R.AE Cidades 475 Prevenção Campanha de vacinação em São Paulo E01/18 31/10/2001 R. Herb Agrícola 2.906 Prevenção Vacinação de rebanho no Estado de SP E01/19 28/11/2001 R. Geral Agrícola 164 Eventos Seminário Internacional de raiva em São Paulo E02/20 02/01/2002 R. Herb. Agrícola 480 Pesquisa Pesquisa sobre r, herb. Em São Paulo E02/21 04/02/2002 Imunob. Caderno 2 441 Prevenção Exportação de vacinas para Marrocos E02/22 07/05/2002 R. Hum. Geral 408 Relato de caso Caso de raiva em MG E02/23 11/08/2002 R AE Geral 523 Prevenção Campanha de vacinação E02/24 12/08/2002 R AE Geral 397 Prevenção Campanha de vacinação E02/25 19/08/2002 R AE 1963 Prevenção Polêmica sobre a captura de animais errantes E02/26 20/08/2002 R AE Cidades 412 Prevenção Campanha de vacinação E02/27 17/09/2002 R AE Geral 278 Prevenção Rib. Preto: cães e gatos apreendidos para exame E02/28 20/11/2002 Imunob. Agrícola 424 Prevenção Lab Biovet produz vacina E02/29 04/12/2002 Imunob. Agrícola 298 Prevenção Lab Fort Dodge produz vacina Tabela 3 - Textos publicados em O ESTADO DE SÃO PAULO, entre 2000 e 2002, cujo foco era a raiva. Texto Data Categoria/ Área Editoria Nº de caracteres Categoria/ informação central F00/01 06/06/2000 R Herb Agrofolha 4.059 Situação epidemiológica Tema Epidemia de raiva dos herbívoros avança em SP F00/02 01/08/2000 R.Herb Agrofolha 290 Eventos o Seminário internacional sobre raiva em SP F00/03 17/08/2000 R. Hum Cotidiano 867 Relato de caso Caso no município de Rosário Oeste F00/04 20/08/2000 R.Silv. Cotidiano 536 Evento Seminário internacional sobre raiva em SP F00/05 11/10/2000 R. Hum Cotidiano 500 Relato de caso Caso em Mato Grosso F01/06 18/01/2001 R.AE Opinião 818 Prevenção Polêmica em relação do sacrifício de animais

F01/07 20/01/2001 R. AE Opinião 570 Prevenção Controle da raiva depende da vacinação e não do sacrifício de animais errantes F01/08 30/01/2001 R. Herb Dinheiro 223 Situação São Paulo não registrou casos epidemiológica F01/09 20/02/2001 R. Herb Agrofolha 210 Prevenção Processo de rastreamento de casos F01/10 27/07/2001 R Hum Cotidiano 1977 Relato de caso Dracena - Primeiro caso no estado de SP, desde 1997 F01/11 03/08/2001 R Hum Cotidiano 607 Relato de caso Dracena - Cepa do vírus era de morcego F01/12 25/11/2001 R Silv Cotidiano 178 Eventos Seminário Internacional sobre morcegos com transmissores da raiva F01/13 02/12/2001 R Silv Cotidiano 367 Eventos Seminário Internacional sobre morcegos com transmissores da raiva F02/14 14/04/2002 R Hum Cotidiano 1407 Descrição da doença Forma de raiva transmitida por morcegos F02/15 09/06/2002 R AE Cotidiano Prevenção Vacinação de cães e gatos F02/16 09/06/2002 R Herb Dinheiro 240 Prevenção Porcentagem de animais vacinados em SP F01/17 06/10/2002 R Herb Cotidiano 214 Situação epidemiológica Casos de raiva dos herbívoros em Franca Tabela 4 - Textos publicados em A FOLHA DE SÃO PAULO, ENTRE 2000 E 2002, cujo tema central era a raiva. A distribuição das categorias de área de conhecimento foi: Raiva Geral - 03 (6,52%); Raiva dos Animais de Estimação-14 (30,43%); Raiva Humana 11 (23,91%); Raiva dos Herbívoros 12 (26,08%); Raiva dos animais silvestres-03 (6,52%); História da raiva-0(0) e Imunobiológicos 03 (6,52%).(Gráfico 1) Raiva Humana 3 3 3 11 Raiva dos Herbívoros Raiva dos Animais de Estimação Imunobiológicos 14 12 Raiva Geral Raiva dos Animais de Estimação Gráfico 1 - Distribuição dos textos segundo a categoria de área de conhecimento

A distribuição das categorias segundo a informação principal sobre a doença foi: Relato de caso-10 (21,73%); Prevenção 22 (47,82%); Descrição da doença 03 (6,52%); Eventos 06 (13,04%); Situação epidemiológica 04 (8,69%); Pesquisa 01 (2,17%). (Gráfico 2) Relato de caso 6 4 1 10 Prevenção Descrição da doença 3 Eventos 22 Situação epidemiológica Pesquisa Gráfico 2 - Distribuição das categorias de informação central As informações veiculadas em cada categoria foram: a) Relato de caso - notificação de casos de raiva humana, amostra do vírus rábico responsável por caso de raiva humana. b) Prevenção vacinação de herbívoros, campanha de vacinação de animais de estimação, controle da população de vampiros. c) Descrição da doença agente etiológico, modo de transmissão, sintomas, prognóstico. d) Eventos congressos. e) Situação epidemiológica ocorrência da raiva dos herbívoros no Estado de São Paulo, surtos de raiva bovina. f) Pesquisa pesquisas científicas sobre raiva. Dezenove textos traziam informações complementares sobre a doença, além da que era o tema da notícia. Textos em que a raiva não era o tema central A raiva é citada em 83 textos sobre diferentes assuntos, descritos na tabela.

Tema Nºde textos Morcegos 04 Acidentes com mamíferos 03 Economia 01 Animais silvestres na área urbana 01 Controle de doenças infecciosas no Brasil 01 Personagem de quadrinhos 01 Ações de Posse Responsável 12 Controle de zoonoses 02 Institutos de pesquisa 05 Controle da População canina 23 Atribuições do veterinário 01 Verbas para assistência médica 01 Registro de cães 04 Prevenção de doenças infecciosas/ viagens 02 História da produção de vacinas no Brasil 01 Re-emergência de doenças/ problemas na vigilância epidemiológica 01 Comércio de bovinos 05 Comércio de animais de estimação 01 Vida e contribuição científica de Louis Pasteur 03 Investimentos para controle de doenças de bovinos 01 BSE 02 Comércio de eqüinos 01 Produtos veterinários 02 Pesquisa para desenvolvimento de vacina contra AIDS 01 Saúde rebanhos 03 Adoção de cães abandonados 01 TOTAL 83 Tabela 5 - Matérias em que a raiva não era o tema central Foram estabelecidas as categorias em relação à informação sobre raiva contida nesses textos: a) Categorias da área: Raiva dos Animais de Estimação-40 (48,20%); Raiva dos animais silvestres-08 (9,63%); Raiva Humana 06 (7,22%); História da Raiva-09 (10,84%); Raiva dos Herbívoros-12 (14,45 %); Imunobiológicos-05 (6,02%); Raiva Geral 03 (3,61%). b) Categorias da informação central sobre raiva: descrição da doença 07 (8,43%); prevenção-62 (74,70%); pesquisa-08 (9,63%); situação epidemiológica-06 (7,22%).

Discussão A limitação desse estudo está no recorte que seleciona apenas dois jornais e na busca eletrônica dos textos. Não foi possível determinar qual a porcentagem de matérias publicadas disponibilizadas pelos arquivos eletrônicos. Com os dados recolhidos neste recorte é possível observar que os temas mais tratados nas matérias sobre raiva se relacionam à Raiva dos Animais de Estimação (30,43%); Raiva dos Herbívoros (26,08%) e Raiva Humana (23,91%). A raiva dos animais silvestres teve um menor número de matérias (6,52%), que abordaram, na sua maioria, a raiva dos morcegos, não citando quais outros mamíferos selvagens também podem transmitir a doença. O único caso de raiva humana ocorrido no Estado de São Paulo, no período estudado (Dracena, julho de 2001), foi noticiado apenas no jornal A FOLHA DE SÃO PAULO, em dois textos. O primeiro texto (F01/10) traz informações sobre a vítima e o animal transmissor e os anos em que tinham ocorrido os últimos casos em São Paulo. Destaca a importância da vacinação anual já que relaciona a manutenção da raiva aos animais não vacinados. Mas o texto traz uma informação incorreta, de que a variante do vírus rábico seria a característica dos cães (foi demonstrado que se tratava da variante de morcego). Essa informação é apresentada de forma incompreensível para o leitor não especializado já que usa o termo técnico cepa, sem traduzi-lo, bem como, não explica quais são e o que são variantes do vírus e qual a importância para a epidemiologia da doença. O segundo texto publicado sobre o assunto (F01/11) traz informações sobre a doença, risco, prevenção e controle. Nesta matéria é informada que a variante do vírus era a característica de morcego. A prevenção foi o foco da maior parte dos textos sobre raiva (47,82%). Alguns destes traziam informações sobre serviços de prevenção. As discussões sobre a necessidade da captura de animais de estimação não domiciliados não tiveram uma conclusão. Não foi encontrado nenhum texto que abordasse a alteração do perfil epidemiológico da raiva no Estado de São Paulo. Nos textos em que a raiva não era o tema central, a grande maioria se relacionava à Raiva dos Animais de Estimação (48,20%) e prevenção (74,70%). Nestes textos, a vacina contra raiva é citada como exemplo das descobertas de pesquisas de Louis Pasteur, a raiva é um exemplo de zoonose importante para a saúde pública,

participa das discussões sobre controle da população de animais de estimação e posse responsável. Nos textos sobre produção de imunobiológicos, é citada a vacina contra raiva, mas não foram apresentadas outras informações sobre a doença. Os textos selecionados nos dois periódicos informam o que a comunidade precisa saber sobre raiva? Essa descrição representa os resultados preliminares deste estudo. A partir desses dados, será feita análise do tratamento da informação em função da inteligibilidade, do grau de implicação e acurácia. As informações veiculadas nos dois jornais serão comparadas com os dados epidemiológicos para ser verificado se os periódicos retrataram a situação da doença no período com fidelidade. Referências Bibliográficas ALCALEY, R. The impact of mass communication campaigns in the health field Soc Sci Med, 1983; 17:87-94 BADRANE, H.;TORDO,N. Host Switching in Lyssavirus History from the Chiroptera to the Carnivora Orders. Journal of Virology 2001, 75(17):8096-8104 FREIMUTH, V. Communicating the threat of Emerging Infections to the Public. Emerging Infectious Disease,2000;6(4) In: www.cdc.gov/ncidod/eid/vol6no4/freimuth.htm GANDY, O.H. Beyond agenda setting. Norwood (NJ): Alblex; 1982. KLAPPER, J. The effects of mass communication. Glencoe (IL): Free Press, 1960. McCOMBS, M.E. ; SHAW, D.L. The agenda-setting function of the media. Public Opinion Quartely, 1972; 36:176-188 MELTZER, M.I.; RUPPRECHT, C.E. A review of the economics the prevention and control of rabies: part I, global impact and rabies in humans Pharmacoeconomics, 1998:14:365-383

MORAN, G.J.; TALAN, D.A. MOWER, W. et al. Apropiateness of rabies postexposure prophylaxis treatment for animal exposures. JAMA 2000, 284: 1001-1007 Freimuth, 2000 NIEZGODA, M.; RUPPRECHT,C.E. Animal rabies. In: JACKSON, A. WUNNER,W. eds. Rabies. San Diego. Academic Press, 2002. PANAMERICAN HEALTH ORGANIZATION DIVISION OF DISEASE PREVENTION AND CONTROL, Guidelines for Implementation and Development of Educational Activites for the Elimination of Human Rabies, 1999 REICHMANN, M.L.A.B. Educação e promoção da saúde no Programa de Controle da Raiva. São Paulo, Instituto Pasteur, 2000. ROGERS, E.M.; STORY, J.D.; Communication campaigns. Handbook of communication science. Berger C., Chaffe S., editors. Newburg Park (CA): Sage Publication, 1987. RUPPRECHT, C.E. Rabies re-examined. The Lancet - Infectious Disease, 2002; 2:327-343 WALLACK, L. Mass media and health promotion: promise, problem and challenge. Mass communication and public health. Atkin, C.; Wallack, L., editors. Newbury Park (CA): Sage Publication, 1990.