GRADUAÇÃO E TRABALHO EM ENFERMAGEM RELACIONADOS AO SOFRIMENTO PSÍQUICO: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA



Documentos relacionados
As Mulheres e o Trabalho de Cuidar SÃO PAULO,07 DE NOVEMBRO DE 2014.

NÚCLEO DE APOIO AO ACADÊMICO Projeto de Funcionamento

III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010

TÍTULO: SÍNDROME DE BURNOUT VOLTADO À PROFISSIONAIS DO SETOR DE NEONATOLOGIA INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - Cetec. Ensino Técnico

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CUSTOS NA ELABORAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

Gestão de Qualidade. HCFMRP - USP Campus Universitário - Monte Alegre Ribeirão Preto SP Brasil

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS ENFERMEIROS SOBRE A SAÚDE DO HOMEM NO MUNICÍPIO DE CAJAZEIRAS-PB.

Dalva Lúcia Limeira Barreto da Silveira

Manual de Competências do Estágio dos Acadêmicos de Enfermagem-Projeto de Extensão

Técnico Auxiliar de Saúde

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EDUCAÇÃO INCLUSIVA 400h. Estrutura Curricular do Curso Disciplinas

Assistência na Fase Final da Vida e Luto: Assistência à Família. Ana Paula M. Bragança dos Santos Assistente Social/INCA

RESOLUÇÃO CFP N 009/2000 DE 20 DE DEZEMBRO DE 2000

REGULAMENTO NÚCLEO DE ACESSIBILIDADE E ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO - NAAP INSTITUTO MASTER DE ENSINO PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS

O PROCESSO GERENCIAR DA ENFERMAGEM NO CENTRO CIRÚRGICO EM UM HOSPITAL REGIONAL NO MUNÍCIPIO DE PAU DOS FERROS, RN, BRASIL.

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS INEP

Lidando com o paciente oncológico C A M I L A M A N O S S O F U N E S J É S S I C A D E O L I V E I R A S T O R R E R

Capítulo IV Programas de treinamento pós-graduado

A GESTÃO DE PESSOAS NA ÁREA DE FOMENTO MERCANTIL: UM ESTUDO DE CASO NA IGUANA FACTORING FOMENTO MERCANTIL LTDA

PALAVRAS-CHAVE: Uso Racional de Medicamentos. Erros de medicação. Conscientização.

REGULAMENTO GERAL DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

DIMENSÃO 8 ATENDIMENTO AOS ESTUDANTES

A INFLUÊNCIA DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO DA EGDS EM RELAÇÃO À QUALIDADE E À DEMANDA

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - CETEC. Ensino Técnico

PLANO DE TRABALHO DIREÇÃO DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE. UNIOESTE - Campus de Francisco Beltrão. Quadriênio Candidata

25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

OFICINAS CORPORAIS, JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS - UMA INTERVENÇÃO COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RISCO

O IMPACTO DAS MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO E OS TRABALHADORES DE ENFERMAGEM

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - Cetec. Ensino Técnico. Qualificação: Auxiliar de Enfermagem

Em resumo, trata-se de seis (6) modalidades de serviços de 24 horas:

ESPECÍFICO DE ENFERMAGEM PROF. CARLOS ALBERTO

TÍTULO: A ENFERMAGEM E OS USUÁRIOS DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NO CAPS: RELATO DE VIVÊNCIAS.

TÍTULO: AUTORES: INSTITUIÇÃO ÁREA TEMÁTICA: INTRODUÇÃO

CUSTO HUMANO NO TRABALHO: avaliação de enfermeiros em Terapia Intensiva àluz da psicodinâmica do trabalho

OTRABALHO NOTURNO E A SAÚDE DO TRABALHADOR: ESTUDO EXPLORATÓRIO EM TAUBATÉ E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Humanização no atendimento do Profissional Envolvidos Com as Técnicas Radiológicas

ESPECIALIZAÇÃO EM CIÊNCIAS DA ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE

Gerenciamento de Riscos Risco de Liquidez

QUALIFICAÇÃO DA ÁREA DE ENSINO E EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA PROFISSIONAIS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Amigos da mãe: Identificação da gestante em risco psíquico

(Anexo II) DESCRIÇÃO ESPECIALISTA EM EDUCAÇÃO

ATIVIDADES TÍPICAS DOS CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR

A PARTICIPAÇÃO EM GRUPOS DE PESQUISAS E A OPORTUNIDADE DE CRESCIMENTO E VISIBILIDADE DA ENFERMAGEM 1

RELATÓRIO AUTO-AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL FACULDADE POLITÉCNICA DE UBERLÃNDIA

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

5.1 Nome da iniciativa ou Projeto. Academia Popular da Pessoa idosa. 5.2 Caracterização da Situação Anterior

ONDE SE LÊ: * Ver alteração de salário para os cargos Agente Redutor de Danos, Auxiliar Técnico Oficineiro e Técnico Enfermagem.

Processo Seletivo Para atuar no CAPS (Centro de Apoio Psicossocial) Para Vagas em Aberto e Formação de Cadastro Reserva

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

Proposta de Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Proteção Social Básica do SUAS BLOCO I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

3. Número de vagas: Cursos de extensão Docentes envolvidos Nº de vagas LICITAÇÕES E CONTRATOS SILVIO LEÔNIDAS 05

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

Suplementar após s 10 anos de regulamentação

REGULAMENTO NÚCLEO DE APOIO PEDAGÓGICO/PSICOPEDAGÓGICO NAP/NAPP. Do Núcleo de Apoio Pedagógico/Psicopedagógico

Proposta de Serviços de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Proteção Social Básica do SUAS BLOCO I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Regulamento Institucional do Serviço de Apoio Psicopedagógico SAPP

MANUAL DE ATIVIDADES COMPLEME MENTARES CURSO DE ENFERMAGEM. Belo Horizonte

REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO DO CURSO DE PSICOLOGIA DA FACULDADE ANGLO-AMERICANO

Categoria Profissional

PROJETO. A inserção das Famílias no CAMP

Universidade Livre para a Eficiência Humana. Desenvolver e valorizar o ser humano nas empresas e sociedade

REGULAMENTO PROGRAMA DE APOIO AO DISCENTE - PADI DA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS DE GUARANTÂ DO NORTE

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Projeto. Supervisão. Escolar. Adriana Bührer Taques Strassacapa Margarete Zornita

ÍNDICE ENQUADRAMENTO CARACTERIZAÇÃO DO AGRUPAMENTO... 4

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação-Porto\Portugal. Uma perspectiva comportamental em Adolescentes Obesos: Brasil x Portugal

14 de dezembro de 2012 MONITORAMENTO DO PROGRAMA APRENDIZ LEGAL/ FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

Evanir Soares da Fonseca

Área temática: Enfermagem CÂNCER NA ADOLESCÊNCIA: SENTIMENTOS DOS PORTADORES E PAPEIS DE FAMILIARES E ENFERMEIROS

REDUÇÃO DE DANOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE

Análise da qualidade de vida no trabalho em uma empresa prestadora de serviços de fotocópias e serviços diversos no município de Bambuí/MG

VII JORNADA DE ESTAGIO DE SERVIÇO SOCIAL A PRÁTICA DO SERVIÇO SOCIAL NO DEPARTAMENTO DE PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL DO MUNICIPIO DE CARAMBEÍ PR.

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

PLANO DE TRABALHO DOCENTE 1º Semestre/2015. Ensino Técnico

Uma proposta de Processo de Aquisição de Software para uma Instituição Federal de Ensino

Felipe Pedroso Castelo Branco Cassemiro Martins BALANCED SCORECARD FACULDADE BELO HORIZONTE

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO. Secretaria de Educação Especial/ MEC

O Assédio Moral, o nexo causal para doença do trabalho e o artigo 483 da Consolidação das Leis do Trabalho

RELATÓRIO FINAL DO I FÓRUM DE DEBATES SOBRE QUALIFICAÇÃO E REQUALlFICAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SECRETARIADO

PROGRAMA ULBRASOL. Palavras-chave: assistência social, extensão, trabalho comunitário.

Mapeamento da atuação de psicólogos do esporte no Estado de São Paulo, desafios e perspectivas de futuro profissional.

PRODUÇÃO CIENTIFICA SOBRE A SAÚDE DO TRABALHADOR: UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

A ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NO PROCESSO ASSISTENCIAL À FAMÍLIA DE RECÉM-NASCIDO DE RISCO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA.

Governança de TI. ITIL v.2&3. parte 1

Avaliação Psicossocial: conceitos

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO PARECER COREN-SP GAB Nº 073/2011

III Mostra Nacional de Produção em Saúde da Família IV Seminário Internacional de Atenção Primária / Saúde da Família Brasília, 05 a 08 de Agosto de

TÍTULO: PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS PROFISSIONAIS FORMANDOS DA ÁREA DE NEGÓCIOS DA FACIAP

PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS DE RECURSOS HUMANOS REFERENTES À AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES

O PSICÓLOGO (A) E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ¹ RESUMO

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

O OLHAR DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E DA TEORIA DE BASE PSICANALÍTICA SOBRE PACIENTES HIPERTENSOS NO CONTEXTO HOSPITALAR

As pesquisas podem ser agrupadas de acordo com diferentes critérios e nomenclaturas. Por exemplo, elas podem ser classificadas de acordo com:

Transcrição:

GRADUAÇÃO E TRABALHO EM ENFERMAGEM RELACIONADOS AO SOFRIMENTO PSÍQUICO: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Luana Aparecida Alves da Silva 1 Ana Carolina Rossin¹ Thaís Dresch Eberhardt 2 Leonardo Dresch Eberhardt 3 INTRODUÇÃO Este estudo apresenta a relação dos ambientes acadêmico dos estudantes e profissional dos trabalhadores de Enfermagem com sofrimento psíquico. Justificamos a escolha do tema devido à vivência nos espaços de aprendizagem aonde percebemos grande quantidade de acadêmicos e enfermeiros queixando-se do ritmo acelerado exigido pela vida acadêmica e profissional. OBJETIVOS Identificar causas e consequências do sofrimento psíquico em acadêmicos e trabalhadores de Enfermagem, tipo de assistência prestada a eles. MATERIAL E MÉTODOS Este estudo é classificado em exploratório, descritivo, bibliográfico (Gil 2002). Foi realizada busca de artigos científicos em bases de dados on-line e sites de revistas de Enfermagem e psiquiatria. Foram encontrados 15 artigos e lidos seus resumos. Foi feita leitura na íntegra e fichamento de 10 artigos publicados no período de 1995 a 2009, que se enquadraram no tema. Para agrupar os resultados, estes foram divididos em três categorias. Estas são interrelacionadas, uma interfere na evolução das demais, já que não há distinção temporal entre elas. 1 Acadêmicas da 4ª série de Enfermagem da UNIOESTE. 2 Relatora. Acadêmica da 4ª série de Enfermagem da UNIOESTE. Endereço: Rua da Imigração, nº 478, Apto. 04, Bairro Nova Cidade, Cascavel PR. Telefone: (45) 84083931. E-mail: thaiseberhardt@gmail.com. 3 Acadêmico da 1ª série de Enfermagem da UNIOESTE. 1

RESULTADOS Rouquayrol apud Gobbi e Durman (2007), afirmam que sofrimento psíquico caracteriza-se por dificuldade de operar planos e definir sentido à vida, sentimentos de impotência e vazio, o eu experimentado como coisa alheia. Causas de sofrimento psíquico em acadêmicos e trabalhadores de Enfermagem Santos et al. (2003) e Garro, Camillo e Nóbrega (2006) realizaram estudos com acadêmicos de Enfermagem, aplicando o Inventário Beck de Depressão. Apontaram como causas de depressão: - Gerais: baixa renda, condições adversas de convívio, enfrentamento das normas impostas pela instituição hospitalar, adequação da expectativa pessoal aos padrões vigentes, convívio com o sofrimento, supervisão do enfermeiro durante a realização dos procedimentos, constante avaliação; - 1º ano: reação de ajustamento ao curso, medo e insegurança da decisão acadêmica; residir fora de casa; - 2º ano: complexidade do currículo, ocorrência concomitante do ciclo básico e profissionalizante; início do aprendizado prático em estágios, adquirir conhecimentos, habilidades e valores que caracterizam o enfermeiro; contato com a morte; - 3º ano: processo adaptativo à clínica; - No 4º ano: expectativa da formatura e entrada no mercado de trabalho em que passam a ser responsáveis pelos próprios atos, sem retaguarda da universidade; - Acadêmicos que trabalham na área da saúde: ritmo de vida intenso e desgastante; sono e disposição afetados; pouco tempo para estudar; indisponibilidade para convívio familiar, lazer, necessidades pessoais. Nas universidades onde foram realizados os estudos, o curso possui formação de quatro anos. Cerchiari, Caetano e Faccenda (2005), em estudo com acadêmicos, com aplicação de questionários, identificaram como principal causa de transtornos mentais menores (TMM) o processo de aprendizagem estressante. No 4º ano 2

as principais causas são o sentimento de incapacidade de desempenhar satisfatoriamente suas atividades, receio pelo futuro, o fato da universidade e da sociedade fornecerem garantias mínimas de realização profissional e pessoal. Em relação aos trabalhadores, os resultados encontrados apontam que as causas no âmbito clínico/hospitalar são similares aos do ambiente universitário, decorrentes do nível de exigência aplicada. Condições adversas de trabalho são as principais causadoras de sofrimento psíquico identificadas por Gobbi ; Durman (2007). Contudo, como compete ao trabalhador prestar assistência independentemente das condições, cria-se mecanismos de defesa, mesmo inconscientemente. Araújo et al. (2003) apontam como principais causas de TMM: alta demanda psicológica, baixo controle sobre o trabalho, alta exigência e trabalho ativo. Lemos, Cruz e Botomé (2002) indicam fatores inerentes à organização do trabalho (falta de recursos materiais/humanos para prestação de assistência qualificada). Manetti e Marziale (2007), através de revisão da literatura, mostram fatores desencadeantes, associados à depressão, internos ao meio ambiente e processo de trabalho (setores de atuação, turno, relacionamento interpessoal, sobrecarga, serviço, problemas na escala, autonomia na execução de tarefas, desgaste, insegurança, conflito de interesses, estratégias de enfrentamento) e fatores externos ao trabalho (sexo, idade, carga de trabalho doméstico, suporte e renda familiar, estado de saúde do trabalhador). A não definição do papel do enfermeiro contribui para o surgimento de sentimentos de desvalorização e insatisfação com o trabalho, pois percebem que realizam diversas tarefas que não suas atribuições, sobrecarregando-os além de suas atividades pré-determinadas (GOBBI; DURMAN 2007). Consequências do sofrimento psíquico em acadêmicos e profissionais de Enfermagem Nos estudos analisados, não foram encontradas consequências do sofrimento psíquico nos acadêmicos. Contudo, nossa vivência, revela baixo rendimento, evasão, consumo excessivo de álcool, estímulo à automedicação/drogadição, 3

prejuízo do sono/repouso, falta de tempo para lazer e alimentação adequados, precarização das relações sociais. Cria-se ambiente propício à geração de conflitos entre acadêmicos, estes e docentes. Nos trabalhadores Lemos, Cruz e Botomé (2002) identificaram utilização de mecanismos de defesa como negação, sublimação e banalização do sofrimento, da assistência e informações prestadas aos pacientes e familiares. Assistência prestada aos acadêmicos e trabalhadores de Enfermagem em sofrimento psíquico Segundo Jorge e Rodrigues (1995) os responsáveis pelos cursos de Enfermagem não demonstram preocupação com o aluno, considerando-o apenas mais um no seu elenco, a grande maioria pretende atender às necessidades do acadêmico com orientação pedagógico-administrativa de maneira formal, geral e impessoal. Santos et al. (2003) indicam a criação do Núcleo de Apoio Pedagógico da Enfermagem, um instrumento importante para propostas e intervenções terapêuticas aos estudantes e docentes. Referente à assistência prestada aos trabalhadores, Manetti e Marziale (2007) apontam que as estratégias e propostas para a prevenção da depressão enfatizam a melhoria do suporte administrativo e do relacionamento interpessoal entre a equipe e demais profissionais; melhor divisão do trabalho entre número adequado de profissionais apoiados no gerenciamento da depressão e redução do estresse no trabalho; implantação de programas de atenção à saúde do trabalhador. CONCLUSÃO Observa-se que as principais causas das variadas formas de manifestação do sofrimento, nos acadêmicos, estão relacionadas com o processo de ensino aprendizagem dos cursos; nos trabalhadores, condições adversas de trabalho. O sofrimento psíquico não surge a partir de um fator isolado, mas do contexto de trabalho e/ou aprendizagem em interação com corpo e mente. Apesar dos estudos não apontarem consequências do sofrimento nos acadêmicos, vivenciamo-nas em nossa prática. Entretanto, percebemos que as 4

consequências aos trabalhadores podem trazer prejuízos à qualidade da assistência ao usuário. Apesar de alguns autores indicarem a necessidade de assistência psicológica aos portadores de sofrimento psíquico, esta indicação foi, na maioria parte, inespecífica, não implicando em melhoria da qualidade de vida do acadêmico/ trabalhador. Percebemos que existem poucos estudos sobre o tema, apesar da importância. Isto faz com que questionemos se o sofrimento psíquico ainda é revestido de preconceitos pela sociedade ou se sua importância é sublimada. Demonstra, também, a necessidade de novas pesquisas. Sugerimos que as escolas de Enfermagem e os locais de trabalho dos enfermeiros pensem em propostas para melhoria da qualidade de vida dos membros e redução dos danos causados pelo sofrimento psíquico. AGRADECIMENTO À Professora Doutora Neide Tiemi Murofuse pela colaboração. REFERÊNCIAS ARAÚJO, T. M. et al. Aspectos psicossociais do trabalho e distúrbios psíquicos entre trabalhadoras de Enfermagem. Rev. Saúde Pública, São Paulo. v. 37, n. 4, p. 424-33, ago. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsp/v37n4/16776.pdf>. Acesso em 24 out. 2009. CERCHIARI, E. A. N.; CAETANO, D; FACCENDA, O. Prevalência de transtornos mentais menores em estudantes universitários. Estudos de psicologia, Natal RN. v. 10, n. 3, p. 413-20, set./dez. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/epsic/v10n3/a10v10n3.pdf>. Acesso em 24 out. de 2009. CRIVELATTI, M. M. B. Sofrimento psíquico na adolescência. Monografia (Graduação em Enfermagem). Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Cascavel, 2004. GARRO, I. M. B.; CAMILLO, S. de O.; NÓBREGA, M. do P. S. de S. Depressão em graduandos de Enfermagem. Acta Paul. Enferm., São Paulo. v. 19, n. 2, p. 162-7, abr/jun 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v19n2/a07v19n2.pdf>. Acesso em 24 out. 2009. GOBBI, C.; DURMAN, S. Sofrimento psíquico no trabalho: percepções do enfermeiro no HUOP. Anais do I Congresso Paranaense de Pesquisa em Saúde, Cascavel, nov. 2007. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 5

JORGE, M. S. B.; RODRIGUES, A. R. F. Serviços de apoio ao estudante oferecidos pelas escolas de Enfermagem no Brasil. Rev. Latino-am. Enfermagem, Ribeirão Preto. v. 3, n. 2, p. 59-68, jul. 1995. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v3n2/v3n2a05.pdf>. Acesso em 15 out. 2009. LEMOS, J. C.; CRUZ, R. M.; BOTOMÉ, S. P. Sofrimento psíquico e trabalho de profissionais de Enfermagem. Estudos de Psicologia, Natal RN. v. 7, n. 2, p. 407-409, jul/dez 2002. Disponível em: <http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/261/26170222.pdf>. Acesso em 18 out. 2009. MANETTI, M.L.; MARZIALE, M.H. Fatores associados à depressão relacionado ao trabalho de Enfermagem. Estudos de Psicologia, Natal RN. v. 12, n.1, p. 79-85, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/epsic/v12n1/a10v12n1.pdf>. Acesso em 28 out. 2009. SANTOS, T. M. dos et al. Aplicação de um instrumento de avaliação do grau de depressão em universitários do interior paulista durante a graduação em Enfermagem. Acta Scientiarium Health Sciences, Maringá PR. v. 25, n. 2, p. 171-6, 2003. Disponível em: <http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/actascihealthsci/article/viewpdfi nterstitial/2228/1456 >. Acesso em 24 out. 2009. 6