USO DE RECEPTORES GPS DE NAVEGAÇÃO PARA FINS DE MAPEAMENTO EM ATENDIMENTO AO CADASTRO AMBIENTAL RURAL (CAR)

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Transcrição:

USO DE RECEPTORES GPS DE NAVEGAÇÃO PARA FINS DE MAPEAMENTO EM ATENDIMENTO AO CADASTRO AMBIENTAL RURAL (CAR) Lucas Lopes de Souza¹ Marcelo Soares Teles Santos² Keyla Viana dos Santos³ ¹Graduando em Bacharelado Interdisciplinar em Ciências na Universidade Federal do Sul da Bahia UFSB, Centro de Formação em Tecnociências e Inovação CFTI, Campus Universitário, Itabuna/BA, e-mail: lucasouzacad@gmail.com. ²Doutor em Ciências e Engenharia de Petróleo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN. Mestre em Geofísica pela Universidade de São Paulo USP. Docente na Universidade Federal do Sul da Bahia UFSB, Centro de Formação em Tecnociências e Inovação CFTI, Campus Universitário, Itabuna/BA, e-mail: marcelostsantos@gmail.com. ³Mestre em Planejamento Territorial pela Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS. Especialista em Planejamento Ambiental pela Universidade Estadual de Santa Cruz UESC. Docente no Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia Baiano Campus Uruçuca, e-mail: keylaeng@yahoo.com.br. RESUMO: O Novo Código Florestal de 2012 (Lei nº12.651/2012) foi visto como uma revolução legislativa, pois o mesmo trouxe uma série de programas de incentivo a preservação do meio ambiente, inclusive implementou e facilitou a maneira de como realizar o registro da Reserva Legal (RL) e da Área de Preservação Permanente (APP) das propriedades rurais, com a criação do cadastro especifico para isso, o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Dessa forma, objetivou-se neste trabalho apresentar a diferença geográfica da propriedade estudada e ter uma conclusão acerca da possibilidade da realização do CAR com a utilização do Receptor GPS de navegação. A propriedade em estudo, está localizada no município de Itaju do Colônia, denominada como Fazenda Malaquias; a execução do levantamento foi conduzido com a utilização do receptor GPS de navegação e do Receptor GNSS L1/L2. Pelos resultados obtidos, observou-se que as diferenças entre os levantamos referente a perímetro e área são consideráveis. Obtendo-se uma geografia totalmente distorcida da realidade da propriedade. Portanto, a utilização de Receptores GPS de Navegação nos levantamentos planimétricos, para fins de CAR não é recomendado, uma vez que a posição dos vértices limites da propriedade não se apresentam com precisão posicional suficiente a determinação do limite da propriedade. PALAVRAS-CHAVE: Cadastro Ambiental Rural. Receptor GNSS. Receptor GPS de Navegação.

USE OF GPS NAVIGATION RECEPTORS WITH MAPPING OBJECTIVE REGARDING RURAL ENVIRONMENTAL REGISTRATION (RER). ABSTRACT: The new Forest Code of 2012 (Law no. 12.651 / 2012) was seen as a legislative revolution, as it brought a series of incentive programs to preserve the environment, including implemented and facilitated the way to register the Legal Reserve (LR) and the Permanent Preservation Area (PPA) of rural properties, with the creation of the specific register for this, the Rural Environmental Cadastre (RER). In this way, the objective of this work was to present the geographic difference of the studied property and to have a conclusion about the possibility of performing the CAR with the GPS receiver. The property under study is located in the municipality of Itaju do Colônia, known as Fazenda Malaquias; The research was performed using the GPS receivers and the GNSS receiver. Based on the results obtained, it was observed that the differences between the surveys were related to the perimeter and the area is considerable. Getting a totally distorted geography of property reality. Therefore, the use of GPS Navigation Receivers in planimetric surveys for CAR purposes is not recommended, since the geography of the property is not represented in its actual character. KEYWORDS: GNSS receiver. GPS Navigation Receiver. Rural Environmental Cadastre INTRODUÇÃO O Cadastro Ambiental Rural (CAR) tornou obrigatório o registro das áreas ambientais (Área de Preservação Permanente APP e Reserva Legal - RL) de todos os imóveis rurais no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente SINIMA, com isso todo proprietário rural tem o dever de cadastrar sua propriedade conforme o CAR, do contrário o proprietário não poderá pegar algum tipo de empréstimo em um banco ou mesmo quando surgir o interesse em vender a mesma, o valor da propriedade será afetado consideravelmente. Esse sistema tem a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento (BRASIL, 2012). A execução do CAR pode ser realizada utilizando receptores GPS de navegação, mesmo possuindo uma precisão limitada, podendo ultrapassar dezenas de metros. As APPs possuem larguras variadas, existem APPs que possuem cerca de cinco a dez metros de largura. Dessa forma, a utilização desses receptores para a realização do CAR, com objetivo de

mapeamento das APPs e RL para fins de regularização ambiental, pode gerar como consequência uma planta consideravelmente distorcida da geografia real da mesma. Portanto, objetivou-se neste trabalho apresentar a diferença geográfica da propriedade que será estudada e ter uma conclusão acerca da possibilidade positiva ou negativa da realização do CAR com a utilização do Receptor GPS de navegação. Nesse caso, será utilizado na execução do levantamento planimétrico da propriedade o receptor geodésico GNSS (Sistema Global de Posicionamento e de Navegação por Satélite) como referência, para a realização do mapeamento da propriedade rural, receptor esse que possui precisão milimétrica, gerando assim um mapeamento original da propriedade. Para isso, foi utilizado um estudo de caso realizado em uma propriedade rural localizada no município de Itaju do Colônia, Estado da Bahia. Na metodologia proposta, será utilizado o receptor geodésico, com fontes de dados que permite o mapeamento com eficiência, precisão milimétrica e baixo custo. Por outro lado, será utilizado o receptor de Navegação; com objetivo de gerar dois mapas da mesma propriedade e expor as grandezas de suas diferenças geográficas e ter uma conclusão a respeito da utilização do receptor GPS de Navegação na realização do Cadastro Ambiental Rural. METODOLOGIA A execução do levantamento da propriedade em estudo, que está localizada no município de Itaju do Colônia cujas coordenadas Latitude 15 06 55 e Longitude 39 52 09, denominada como Fazenda Malaquias, foi conduzido com a utilização dos receptores GPS de navegação cuja marca Garmin modelo etrex 30x e do receptor GNSS dupla frequência L1/L2 de marca ashtech cujo modelo promark 200. Utilizou-se os softwares TrackMaker, Google Eart e o Qgis para fins de processamento dos dados e o AutoCad para elaboração da planta da respectiva propriedade. Os levantamentos da propriedade foram realizados a partir do dia seis de abril no ano de dois mil e dezessete, e finalizado no dia dez do mesmo mês. Foram realizados dois levantamentos dos limites de uma mesma propriedade, essa que possui em seus limites pastos, capoeiras e cercas. Com isso, foi necessário um total de cinco dias para a execução do levantamento planimétrico e sua respectiva coleta de dados em campo, e um dia de processamento dos dados coletados para elaboração da planta da propriedade.

O primeiro levantamento do perímetro da fazenda foi executado através do receptor GPS de navegação. Foi coletado um total de quinze pontos, esses que eram registrados nos vértices dos limites da fazenda, com o objetivo de registrar o polígono real da mesma. Em seguida, realizou-se um novo levantamento da mesma propriedade, entretanto, dessa vez foi utilizado o receptor geodésico, este que possui uma precisão milimétrica gerando como consequência um resultado preciso da propriedade. Dessa forma, foram coletados os mesmos quinze pontos, em seus respectivos vértices. O tempo estimado para coleta de cada ponto foi cerca de dez minutos. É necessário esse tempo pois existem vários efeitos naturais e artificiais que minimizam a precisão dos pontos coletados; dessa forma, com um maior tempo no vértice, os satélites estarão com uma geometria ideal e consequentemente os arquivos coletados possuirão uma precisão adequada. Na terceira edição da norma do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria) é indicado que os levantamentos sejam realizados com a utilização do receptor geodésico, pois ele possui precisão que representa a realidade geográfica da propriedade, entretanto, a realização do CAR (Cadastro Ambiental Rural) pode ser realizada utilizando receptores de navegação, mesmo possuindo uma precisão limitada. Após a coleta dos dados em campo, os mesmos foram encaminhados ao escritório para serem descarregados e processados, com o objetivo de gerar as plantas da propriedade. Dessa forma, o processamento dos dados foi executado e em seguida, as coordenadas foram importadas no software AutoCad, pois através dele que a planta da propriedade será gerada. Portanto, a planta da propriedade possui planta de situação, memorial de coordenadas, memorial dos confrontantes e a escala utilizada foi de 1/100. RESULTADOS E DISCUSSÕES Após a execução do levantamento planimétrico da fazenda, foram geradas as plantas da propriedade e suas respectivas coordenadas. Os resultados gerados estão descritos na Tabela 01, que apresenta os resultados de perímetro e área do imóvel, e na Tabela 02, que possui os vértices da propriedade e as distâncias entres os mesmos. As coordenadas dos pontos estão referenciadas ao Datum SIRGAS 2000 (Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas), Datum esse que é o sistema de referência geodésica para o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) e para o Sistema Cartográfico Nacional (SCN). Ademais, a tabela ainda especifica a área em metros quadrados e o perímetro da propriedade dos respectivos levantamentos.

Tabela 01: Valores de Área e Perímetro da propriedade, levantados por receptores GNS e de navegação. Fonte: Elaborado pelo autor. TABELA DO PERÍMETRO Denominação: Parcela n : Hemisfério: Receptor GNSS Faz. Malaquias 01 Sul Área (m²): 140634,67 Perímetro (m): 1625,46 Sistema de Referência: Coordenadas: Mer. Central Receptor GPS de Navegação SIRGAS 2000 UTM -39 00 00 Área (m²): 142574,26 Perímetro (m): 1663,16 Tabela 02: Detalhamento dos resultados obtidos para o perímetro da propriedade rural. Contendo as cooordenadas obtidas por receptores GNSS e de navegação, além do resíduo e suas respectivas média, desvio padrão, mínimo e máximo. Fonte: Elaborado pelo autor. Vértice E(X) N(Y) E(X) N(Y) E(X) N(Y) Coordenadas Receptor Geodésico Coordenadas Receptor GPS de Navegação Resíduo (m) (Geodésico Navegação) MR01 MR02 406615,04 8328736,70 406616 8328740-1 -3 MR02 MR03 406666,11 8328653,76 406667 8328656-1 -2 MR03 MR04 406677,74 8328632,32 406683 8328631-5 1 MR04 MR05 406597,67 8328572,46 406590 8328573 8-1 MR05 MR06 406693,01 8328396,64 406700 8328394-7 3 MR06 MR07 406607,67 8328333,37 406605 8328336 3-3 MR07 MR08 406530,82 8328277,60 406533 8328274-2 4 MR08 MR09 406434,34 8328205,13 406436 8328202-2 3 MR09 MR10 406398,86 8328182,75 406398 8328179 1 4 MR10 MR11 406358,68 8328237,39 406357 8328237 2 0

MR11 MR12 406346,18 8328254,73 406345 8328255 1 0 MR12 MR13 406324,97 8328284,15 406327 8328286-2 -2 MR13 MR14 406245,18 8328394,63 406237 8328391 8 4 MR14 MR15 406199,53 8328456,87 406196 8328458 4-1 MR15 MR01 406460,84 8328634,09 406462 8328632-1 2 Média: 0,4 0,6 Desvio Padrão: 4,2 2,6 Mínima: -7-3 Máximo: 8 4 Tabela 03: Detalhamento do perímetro da propriedade em estudo, contendo distâncias entre os marcos do perímetro (m), além do resíduo e suas respectivas média, desvio padrão, mínimo e máximo. Fonte: Elaborado pelo autor. Vértice Distância entre os Marcos do Perímetro (m) Resíduo (m) (Geodésico Navegação) Receptor Geodésico Receptor GPS de Navegação MR01 MR02 97,40 100,50-3,10 MR02 MR03 24,39 27,42-3,03 MR03 MR04 99,98 109,51-9,53 MR04 MR05 200,00 208,82-8,82 MR05 MR06 106,23 111,06-4,83 MR06 MR07 94,95 95,02-0,07 MR07 MR08 120,66 120,87-0,21 MR08 MR09 41,95 44,34-2,39 MR09 MR10 67,82 70,66-2,84

MR10 MR11 21,38 21,55-0,17 MR11 MR12 36,27 35,79 0,48 MR12 MR13 136,27 138,06-1,79 MR13 MR14 77,19 78,91-1,72 MR14 MR15 315,73 318,63-2,9 MR15 MR01 185,22 182,02 3,2 Média -2,51 D.P 3,33 Mínima -9,53 Máximo 3,2 Pelos resultados obtidos, observa-se que as diferenças entre os levantamos referentes a perímetro e área são consideráveis. Obtendo-se uma geografia totalmente distorcida da realidade da propriedade. Existem coordenadas que se distanciam cerca de 8 metros das coordenadas originais que foram referenciadas e certificadas pelo INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria), com a utilização do receptor geodésico; esse que foi utilizado para o primeiro levantamento da propriedade com o objetivo de obter as coordenadas originais e compará-las com um segundo levantamento feito com receptor GPS de Navegação. Os resultados referentes às coordenadas do vértice MR13 demostram um resultado superior a oito metros a mais daquele feito pelo receptor de referência, obtendo um erro considerável. Quanto aos demais parâmetros referentes à área e perímetro, também se mostrou muito elevado. A tabela demonstra cerca de dois mil metros quadrados a mais do que o encontrado com a utilização do receptor de precisão, isso no fator área (metros quadrados). Em relação ao perímetro, a diferença se mostrou em exatamente trinta e sete metros a mais daquele encontrado através das coordenadas originais. No entanto, essa diferença poderia ser superior ou inferir daqueles coletados pelo receptor de precisão, uma vez que existe a possibilidade desse ponto ultrapassar os limites da propriedade em seu âmbito interno ou externo, já que o receptor de navegação possui precisão métrica. Dessa forma, a geografia representada pelo receptor de navegação se mostrou bastante distante da original.

A Figura 01 apresenta a área da propriedade e seus limites obtidos com o levantamento realizado com receptor GNSS L1/L2. Por outro lado, a Figura 02 apresenta a área da propriedade e seus limites obtidos com o levantamento realizado com receptor GPS de navegação. A diferença no posicionamento dos vértices dos limites da propriedade e, consequentemente, no desenho do limite, é visível, sobretudo entre os marcos MR09 a MR14. Na planta, essa distorção gera sobreposição de áreas com a divergência da linha limítrofe dos confrontantes dos imóveis. Destaca-se a grande problemática que um levantamento com a utilização do receptor de Navegação pode trazer para essa finalidade, uma vez que o mesmo é utilizado em sua maioria para fins de localização, não para levantamentos de propriedade rurais. Figura 01: Planta do Levantamento Planimétrico do Imóvel rural objeto de estudo, localizado no Município de Itaju do Colônia, com a utilização do Receptor GNSS L1 e L2. Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 02: Planta do Levantamento Planimétrico do Imóvel rural objeto de estudo, localizado no Município de Itaju do Colônia, com a utilização do Receptor GPS de Navegação. Fonte: Elaborado pelo autor. CONCLUSÃO A utilização de Receptores GPS de Navegação nos levantamentos planimétrico de determinada propriedade, para fins Cadastro Ambiental Rural, não é recomendado, uma vez que a posição dos vértices limites da propriedade não se apresentam com precisão posicional suficiente a determinação do limite da propriedade. Desta forma, não adequada às exigências de trabalhos como o CAR e o Georrefernciamento de imóveis rurais-incra. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm>. Acesso em: 01 jun. 2017.

CONAMA - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986 Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental.1986. COSTA, T.C.C., SOUZA, M.G., BRITES, R.S. Delimitação e caracterização de áreas de preservação permanente por meio de um Sistema de Informações Geográficas (SIG). Revista Árvore, Viçosa, v. 20, n.1, p. 129-135, 1996. INTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRARIA INCRA. 2014. Informações obtidas no site do INCRA. 2014. Disponível em: <http://www.incra.gov.br>. Acesso em: 02 jun. 2017. MONICO, J.F.G. Posicionamento pelo GNSS: descrição, fundamentos e aplicações. São Paulo: UNESP, 2007.