REFLEXÕES SOBRE O PERCURSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO DO ESTÁGIO A DOCÊNCIA: CURRÍCULO, FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES, ENSINO Autora: Francisca Jardélia Lima Damasceno Co-autor: Luis Távora Furtado Ribeiro Esse trabalho consubstancia apontamentos fruto da experiência vivenciada na disciplina Geografia e Ensino II no curso de licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Ceará no semestre 2015.1 por meio do Estágio a Docência I, disciplina vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Faculdade de Educação da mesma instituição supracitada. O objetivo central é refletir acerca das contribuições didático-pedagógica do Estágio a Docência na construção teórica da pesquisa desenvolvida no mestrado, uma vez que a temática de pesquisa dissertativa em curso trata-se da formação inicial de professores em geografia, currículo e ensino. A natureza metodológica desse trabalho teve como aporte as preposições da pesquisa qualitativa, uma vez que a abordagem qualitativa permite compreender os diferentes significados que um objeto possui através do contato direto do pesquisador. (MYNAYO, 2012); (BIKLEN; BOGDAN, 1982). Os percursos metodológicos foram: planejamento do estágio, participação ativa nas atividades da disciplina, elaboração do relatório final de estágio. Os resultado final aponta que a experiência do Estágio a Docência trouxe importantes contribuições para pensar as questões curriculares envolta da formação inicial de professores. PALAVRA:CHAVE: Estágio a Docência, Formação de Professores, Currículo. Esse trabalho consubstancia apontamentos fruto da experiência vivenciada na disciplina Geografia e Ensino II no curso de licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Ceará no semestre 2015.1 por meio do Estágio a Docência I, disciplina vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da Faculdade de Educação da mesma instituição supracitada. O objetivo central é refletir acerca das contribuições didático-pedagógica do Estágio a Docência na construção teórica da pesquisa desenvolvida no mestrado, uma 9976
vez que a temática de pesquisa dissertativa em curso trata-se da formação inicial de professores em geografia, currículo e ensino. A natureza metodológica desse trabalho teve como aporte as preposições da pesquisa qualitativa, uma vez que a abordagem qualitativa permite compreender os diferentes significados que um objeto possui através do contato direto do pesquisador. (MYNAYO, 2012); (BIKLEN; BOGDAN, 1982). Os percursos metodológicos foram: planejamento do estágio, participação ativa nas atividades da disciplina, elaboração do relatório final de estágio. A organização temática dos conteúdos explorados em aula foi: 1)Teorias do Currículo; 2) A aula como forma de organização do Ensino; 3) Ensino de Geografia; 4)Avaliação da Aprendizagem e 5) Proposta Curriculares e o Livro Didático. No entanto, o desenvolvimento do texto não seguirá uma trajetória linear dessa organização. Antes de iniciar a abordagem das teorias curriculares, houve uma apresentação e discussão do programa da disciplina (ementa) que foi previamente redefinido pela Professora da disciplina. Foi encaminhado para a aula seguinte um capitulo do livro Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem (1997), do norte-americano Henry Giroux com o objetivo de provocar através da leitura crítica da obra desse autor os desafios do trabalho docente frente às condições sociais, culturais, políticas e econômica que a escola pública está inserida e quais as possibilidades de intervenção dos profissionais da educação nessa conjuntura. Nesse curso, foi encaminhado para debate a posteriori, outro texto mais específico do geógrafo Rafael Straforini sobre as questões teórico-metodológica do ensino de geografia e as tessituras epistemológicas e políticas da Ciência Geográfica e do Profissional da Geografia. No mote desse debate algumas questões pertinentes foram surgindo, quais sejam: Qual a função do ensino de geografia? Como ser Professor-Intelectual numa conjuntura de precarização do trabalho docente? Por que a escola parece tão desinteressante para os estudantes? Como mediar o saber na escola no contexto da sociedade da aprendizagem? Tais elementos discursivos foram basilares para a introdução das teorias do currículo em aulas subseqüentes. Metodologicamente, a turma foi dividida em equipes, 2 9977
3 cada qual responsável em apresentar os elementos teórico-metodológicos dos paradigmas das teorias do currículo: Tradicional, Crítica e Pós-Crítica, tendo como texto de apoio o livro Documentos de Identidades: uma introdução as teorias do currículo (2007) do autor Tomaz Tadeu da Silva. No interior dessa atividade que decorreu em quase quatro semanas, os estudantes mostraram-se empolgados, inquietos e reflexivos através de insigths curricular-pessoal por meio de reminiscências escolares. De maneira mais ampla, foi exposto às repercussões curriculares no cotidiano escolar, práticas e saberes e como os currículos moldam aquilo que nos tornamos. Como contribuição, resgatei os saberes adquiridos na disciplina Teorias da Educação cursada no semestre 2014.2 na pós-graduação, contextualizei dentro do debate curricular as Teorias da Educação, com foco ao Paradigma Marxista/Crítico- Emancipatório. Para consolidar a aprendizagem sobre as Teorias do Currículo, foi encaminhada para os estudantes a atividade avaliativa em formato de estudo dirigido. No movimento de reflexão das teorias do currículo, em especial a teoria crítica que entende o currículo como um programa com intencionalidades e finalidade de dominação bem arquitetada, Apple (1994, p.59) afirma que O currículo nunca é apenas um conjunto neutro de conhecimentos que de algum modo aparece nos textos e nas salas de aula de uma nação. Ele é sempre parte de uma tradição seletiva, resultado da seleção de alguém, da visão de algum grupo acerca do que seja conhecimento legítimo. É produto das tensões, conflitos e concessões culturais e econômicas que organizam e desorganizam um povo. (idem, 1994, p.59). Se quisermos, por sua vez, explorar a etimologia da palavra currículo, que vem do latim curriculum, no sentido de pista corrida, (...) Podemos dizer que o curso dessa corrida que é o currículo acabamos por nos tornar o que somos. Nas discussões cotidianas, quando pensamos em currículo pensamos apenas em conhecimento, esquecendo-nos de que conhecimento que constrói o currículo está inextricavelmente, centralmente, vitalmente, envolvido naquilo que somos naquilo que nos tornamos: dizer que além de uma questão de conhecimento, o currículo é também questão de identidade. (SILVA, 2007, p.15) 9978
Convergindo as discussões sobre Currículo e Ensino de Geografia as questões sobre planejamento escolar, organização da aula no ensino e avaliação escolar foram temáticas seqüentes. A Professora da disciplina reafirmou a necessidade de buscar uma coerência teórico-metodológica do trabalho docente e por meio do desempenho intencional no ensino, há o imperativo de planejar as práticas cotidianas de ensino na escola. Nesses termos, o texto de Libâneo (1994), Cavalcanti (2012), Hoffmann (2008) toou como apoio pedagógico no desenrolar das questões pertinentes ao conceito de aula e suas etapas, de ensino e aprendizagem, procedimentos atitudinais, valorativos e operacionais na mediação do conhecimento através da relação entre aluno e professor. Na tentativa de experimentar essa dimensão pedagógica, os estudantes foram convidados a elaborar em equipe os passos didáticos de uma aula centrada na concepção de aula como organização do ensino. Com temas geográficos diversos, as equipes materializaram o plano de aula e texto explicativo como aporte esquemático da aula, na medida em que também simularam como sobreviriam os passos didáticos no bloco de aulas. O grupo (neste caso, em especial, uma dupla) que mais chamou minha atenção foi a que escolheu o conteúdo Pedologia. Tornou-se nítido a preocupação dos dois estudantes em resgatar a abordagem curricular ao tratar do papel histórico da mulher no desenvolvimento da agricultura, atrelando o ensino de geografia contextualizado não só com a questão da interlocução do currículo feminista, mas evidenciando o olhar sobre o cotidiano dos alunos como material de trabalho no desempenho do ensino e aprendizagem. No interstício dessas apresentações/aulas aconteceu a Semana da Geografia, atividade engranzada também na disciplina. Fui convidada a contribuir numa mesa intitulada Formação de professores em Geografia: perspectivas, dificuldades e realidades, essa experiência foi provocativa, fiquei satisfeita com a oportunidade de socializar e debater junto com os colegas membros da mesa e estudantes sobre o que venho pensando e pesquisando acerca dos caminhos da formação docente, em especial a formação da(o) professa(o)r de geografia. Com o encerramento/continuidade desse ciclo, o debate sobre as Propostas Curriculares e o Livro Didático, vem proporcionando junto aos estudantes interesse a e análise mais responsável dos livros didáticos tendo em vista as indicações e discursos 4 9979
5 ideológicos dos documentos oficiais como Parâmetros Curriculares de Geografia (PCNs) e Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), além de conceber os critérios necessários para análise dos livros didáticos, foi discutido como o livro didático enquanto material curricular e mercadoria representa no cotidiano escolar uma ferramenta muitas vezes indispensável à prática de ensino. Portanto, o resultado final apontam que a experiência do Estágio a Docência trouxe importantes contribuições para pensar as questões curriculares envolta da formação inicial de professores, em específico, os professores de geografia. REFERÊNCIAS CAVALCANTI, Lana de Souza. O ensino de Geografia na escola. Campinas, SP: Papirus, 2012. GIROUX, Henry. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Tradução Daniel Bueno. Porto Alegre: Artmed, 1997. LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. HOFFMANN, Jussara. Pontos e contrapontos: do pensar ao agir em avaliação. Porto Alegre: mediação, 2005. MENGA, Lüdke;ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU,1996 MYNAIO, Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 31. ED. Petrópolis, RJ:Vozes,2012. SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo.belo Horizonte: Autêntica, 2009. STRAFORINI, Rafael. Ensinar geografia: o desafio da totalidade-mundo nas séries iniciais. São Paulo: Annablume, 2004. 9980