IMPLANTAÇÃO DE UMA CAPTAÇÃO PROSPECÇÃO HIDROGEOLÓGICA: Uma Metodologia Conjunto de estudos, operações e trabalhos que, desenvolvidos e analisados de forma integrada, permitem seleccionar o local mais favorável para a realização de uma obra de pesquisa (sondagem) que antecede a obra de captação. xxx Abordagem: simples e resumida; Baseada em: conhecimentos e experiência próprios cruzados e enriquecidos com consulta de outros autores.
JOSÉ MARTINS DE CARVALHO, 2005 Obra de referência Tese de doutoramento: as linhas metodológicas que, na sua perspectiva, devem guiar os estudos de prospecção hidrogeológica. CIÊNCIAS INCLUÍDAS NA METODOLOGIA DE PROSPECÇÃO -Geologia; -Geomorfologia; -Geologia estrutural; -Geofísica; - Hidrogeologia. COMO EVOLUIU A PROSPECÇÃO, Em Portugal Até meados dos anos sessenta: Câmaras ou reservatórios construídos sobre as emergências naturais, minas e poços; destaca-se FREIRE DE ANDRADE. Entre 1963 e meados dos anos setenta: Introduzida a prática de construção de furos; implantação próxima das captações pré-existentes e orientados, geralmente, por critérios simples, geológicos e estruturais: destaca-se HERTMURT SEIFERT.
Primeiros anos da década de oitenta: Inicia-se um NOVO CICLO é o nascimento da verdadeira prospecção hidrogeológica - com a introdução de Modelos Geológico-Estruturais, consistentes e profissionais, que servem de suporte físico aos Modelos Hidrogeológicos. No arranque do novo ciclo, 1979-1983, destacaram-se: PORTUGAL FERREIRA: na condição de Petrólogo e Estruturalista; LOPO MENDONÇA & MARTINS CARVALHO: na condição de Hidrogeólogos, que juntaram de forma muito significativa, as competências geológico-estrutural e hidrogeológica. Desenvolvimento do Novo Ciclo, ao Longo do Tempo Prospecção, pesquisa e captação, cada vez mais profunda e mais afastada. METODOLOGIA GERAL DE PROSPECÇÃO - Visita inicial ao terreno; - Pesquisa de informação técnico-cientifica, em arquivos e bases de dados; - Conhecimento de interpretações anteriores, reanálise e reaproveitamento dos dados; - Consulta de cartas temáticas, geológicas, geomorfológicas, estruturais; - Fotointerpretação geológica, a escalas intermédias; - Preparação de mapas e outras bases para trabalhos de campo; -Trabalhos de campo: geológicos, estruturais e hidrogeológicos; - Prospecção geofísica: técnicas adequadas; - Análise integrada de toda a informação e resultados obtidos.
VISITA INICIAL AO TERRENO Esta visita é essencial e indispensável: é o 1º Contacto com a realidade geológica e hidrogeológica; orientará a fase seguinte de pesquisa de informação técnica e ciêntífica; não raro, revela aspectos surpreendentes. PESQUISA, CONSULTA E COMPILAÇÃO DE DADOS -Arquivos das Concessionárias existem estudos, notas e informações técnicas que permitem uma primeira aproximação ao quadro geológico e hidrogeológico. -Direcção-Geral de Energia e Geologia (D.G.E.G.) possui um arquivo muito rico organizado por Concessões e Explorações, -Laboratório Nacional de Energia e Geologia (L.N.E.G.), antigo (I.G.M.); destaca-se pelo acervo de relatórios de sondagens hidrogeológicas (décadas de reunião) INTERPRETAÇÕES ANTERIORES i) Análise dos modelos hidrogeológicos anteriormente propostos. ii) Reanálise e reaproveitamento dos dados existentes; iii) Eventual reformulação dos modelos conceptuais. CONSULTA DE CARTAS TEMÁTICAS Para enquadramento regional das áreas a investigar, nos campos geológico, geomorfológico e estrutural. FOTOINTERPRETAÇÃO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS: Gabinete Técnica de aplicação universal, indispensável em estudos de fracturação; i) Identificação de estruturas lineares: tem grande interesse hidrogeológico; 1º passo na identificação de falhas e grandes fracturas que condicionam os padrões regionais de fluxo. -ii) Identificação de corpos geológicos e estruturas geomorfológicas;.
MAPAS E BASES, PARA TRABALHOS DE CAMPO - Carta Militar de Portugal, à escala 1/ 25 000; - Fotografias aérias (as da fotointerpretação); - Ortofotomapas (grandes escalas). Mapas e Bases GEOREFERENCIADAS, e toda a informação pontual a recolher no campo. TRABALHOS DE CAMPO -Inventário de pontos de água: ficha tipo; -Trabalhos de Geologia: reconhecimentos e cartografia; - Estudos de fracturação: às escalas regional e de afloramento. Arquitectura Geral de Uma Falha.
Exemplo de arquitectura geral de uma falha Arquitectura de uma falha em rocha competente, não alterada.
Exemplo de arquitectura de uma falha em rocha competente, não alterada. ESTUDOS GEOFÍSICOS IDENTIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO E GEOMETRIA DO SUBSOLO, -Posição rigorosa de falhas e seu desenvolvimento em profundidade; - Morfologia de falhas e diversos corpos geológicos; -Localização e delimitação de corpos geológicos muito alterados; -Detecção de novas falhas, de zonas fracturadas e de contactos geológicos. HIDROGEÓLOGO: Apresenta ao GEOFÍSICO as questões que pretende confirmar, esclarecer ou aprofundar. GEOFÍSICO: Escolhe o método e interpreta os resultados. HIDROGEÓLOGO + GEOFÍSICO: Análise conjunta confronto entre modelo geológico pré-formulado e a interpretação geofísica; HIDROGEÓLOGO: Modelo enriquecido ou reformulado.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE PROSPECÇÃO GEOFÍSICA - Geoeléctricos; - Electromagnéticos; - Magnéticos; -Gravimétricos. MÉTODOS GEOELÉCTRICOS: TÉCNICAS -Sondagens eléctricas verticais (SEV); espessura de alteração de rochas; -Perfis de resistividade aparente e tomografias; Estruturas de falha (com diferentes inclinações), zonas de alteração, massas rochosas de resistividade muito contrastante, e as respectivas morfologias. -Dispositivos do tipo rectângulo ; Mapa de resistividades aparentes; definem-se alinhamentos de anomalias de baixo ou alto valor, indiciadoras de corpos e estruturas lineares notáveis. MODELO GEOLÓGICO-ESTRUTURAL (ZONA DE DESCARGA DE ÁGUA MINERAL OU DE NASCENTE) -ELABORAÇÃO DO MODELO: análise integrada de todos os dados recolhidos; -CONTRIBUTO: Geologia ; Geomorfologia; Geologia estrutural, Geofísica e Hidrogeologia; -APRESENTAÇÃO DO MODELO: mapa global, complementado com perfis geológicos em escala adequada e georeferenciado;
MODELO HIDROGEOLÓGICO (ZONA DE DESCARGA DE ÁGUA MINERAL OU DE NASCENTE) A apresentação: sobre versão simplificada do mapa e dos perfis geológico-estruturais (modelo geológico-estrutural), Inclusão: dos elementos e parâmetros hidrogeológicos referentes à água mineral natural e à água comum. Definição: papel hidrogeológico de falhas, grandes fracturas, filões, contactos geológicos e zonas de alteração. MODELO HIDROGEOLÓGICO GLOBAL: zonas de recarga e de percolação, em circuito longo e profundo; -De qual direcção procede a água nobre? Simples/indefinição; IMPLANTAÇÃO DA SONDAGEM DE PESQUISA E EVENTUAL CAPTAÇÃO -Selecção de locais favoráveis: sobre o mapa hidrogeológico da zona de descarga, ordenados por prioridades; -Estruturas favoráveis: -Falhas e fracturas de grande extensão; -Locais de intersecção de falhas e grandes fracturas; - Filões competentes e fracturados; -Contactos geológicos do tipo tectónico; -Margens de Falhas de caixa larga; - Zonas de maior espessura de rocha-de-cobertura.
CONDICIONANTES DE IMPLANTAÇÃO Acessibilidades para máquinas de perfuração; Disponibilidade de terrenos; Envolvente ambiental; Risco das captações a desastres naturais: fenómenos de inundação; Outros. CASO DE ESTUDO ÁGUA MINERAL NATURAL GASO-CARBÓNICA NO NORTE DE PORTUGAL A)ESTUDOS ANTERIORES -Inventário hidrogeológico exaustivo; -Reconhecimentos geológicos e estruturais; -Geofísica geoeléctrica, em áreas próximas das nascentes tradicionais, e segundo direcções interessantes, em zonas mais afastadas. -Estabeleceu-se um modelo hidrogeológico da área de descarga; -Fizeram-se sondagens inclinadas de pesquisa, marcaram-se 2 captações; -Captações, furos verticais, com sucesso; - Em exploração experimental, mesmo a baixos caudais, a água de uma captação descaracterizou, a outra não, mas o caudal sustentável, reduziu-se demasiado.
B) NOVOS ESTUDOS Objectivo Captar afastado das nascentes tradicionais e furos existentes, - Leitura de interpretações anteriores dados e modelo hidrogeológico; - Fotointerpretação realizada por GEÓLOGO ESTRUTURALISTA; - Estudos de fracturação no terreno: classificação e descrição de falhas e fracturas, sugeridas pela fotointerpretação; - Confirmações de inventário e localização de novos pontos de água do tipo difuso, por indicação de naturais da terra. -Constrangimento: Zona disponível para pesquisar, em zona coberta; -Geofísica de superfície: Em função do constrangimento, foi decidido proceder a estudos geofísicos de superfície, realizados por GEOFÍSICOS.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos, operações e trabalhos de prospecção hidrogeológica devem ser assegurados por TÉCNICOS E CIENTISTAS ESPECIALIZADOS nas áreas da Geologia, Geologia Estrutural e Geofísica. AO HIDROGEÓLOGO COORDENADOR do programa de prospecção, compete definir o tipo e sequência dos trabalhos, e a requisição de especialistas. Nenhum programa de prospecção oferece garantia plena de sucesso: mas contribui para reduzir significativamente - o risco do investimento; A DEFINIÇÃO DE BONS MODELOS, tem vindo a possibilitar: - A captação de água nobre em locais muito afastados; - A captação a profundidades significativas; - Afirmação e valorização dos estudos de prospecção hidrogeológica.