RESUMO Este texto aponta, no campo social, os fatores determinantes no esclarecimento sobre o comportamento e a cultura de grupo. Na mira da explicação social releva as formas que produzem questionamentos e mudanças nos padrões das sociedades. PALAVRAS-CHAVE fenómeno social total, cultura identitária, interpretação social, formas de solidariedade, imigração, racismo, explicação social A problemática do que se manifesta a partir das identidades, numa apresentação por evidência dos fenómenos, conduz às tentativas de explicação do social pelos fatores de cultura e de relações sociais. Estes fatores, sendo os que não legitimam originariamente, nem estruturas nem ações, permitem o fenómeno social total, e integram o indivíduo no meio social com o seu próprio conteúdo. A explicação para o facto é, portanto, um exercício na tentativa de compreender que a constituição moral referida por Durkheim, ou o contexto coletivo impulsionam ações, até das mais radicais, no Homem. Para esta compreensão, os componentes sociais da realidade favorecem o seu reconhecimento, assim como as interações do global, com os seus respetivos contributos para a multiplicidade de fenómenos de mescla de culturas e de Pag. 1 de 5
afirmações identitárias, como a defesa das tradições locais ou a xenofobia (Silva, 2008: 157). A observação contextual é difusa, no seguimento dos processos de cultura na sociedade integrada, onde o adquirido e o realizado pelo Homem, classificam e explicam, quando padronizados com transmissibilidade e contendo valores universais. Na sociedade integrada, a cultura identitária dos grupos é de padrão semelhante, através dos complexos de traços. São estes que permitem a distinção entre culturas, estabelecendo estas as suas dimensões na interação entre a personalidade e o meio. Cada cultura comporta, no entanto, perspetivas que colaboram na divergência ao padrão da semelhança. Aceitando a cultura como totalidade, sublinha-se a importância da compreensão integral dos fenómenos, e os universais de cultura, numa explicação global. Devido às interdependências dos seus constituintes, a complexidade no paradigma da globalização aponta para princípios de desequilíbrio, questionando o linear e a previsibilidade. Evidenciar as relações no mundo social, através do global emergente, mesmo que parcialmente auto-organizado nos seus significantes personalizados ou nas organizações, com formas de solidariedade orgânica, faz com que se observe a impotência dos Estados na cultura das sociedades. John Urry diz-nos que a turbulência que cria a Centriferia, essa forma global de tempo variável, torna desadequado os meios formais de representação, levando a interação e o complexo ao estrutural. A abordagem antropológica do social com a sua descrição da realidade, atenua a distinção entre sociedade e cultura. A interpretação muda segundo a importância da estrutura social, e aí considera-se o conjunto das relações sociais, ou por outro lado a sua expressão cultural. Pag. 2 de 5
Estamos perante um sistema social, adaptativo, onde a explicação sobre atos de personalidade provém dos fatores de ordem social. Nas causas da interdependência do indivíduo com a sociedade, o conteúdo do indivíduo, e que possa ter efeitos noutros, nem sempre pode incluir-se numa ideia alargada de cultura. As formas de solidariedade, mecânica e orgânica, atuando em bloco ou independentemente, sobre a atração ou interdependência, permitem o reconhecimento da estrutura de relações sociais inerentes ao indivíduo. Neste sentido a sua relação com a família, o parentesco, ou a diferença, a atividade social, e, portanto, considerações individualizáveis, são importantes para uma abordagem a partir de dados concretos. A extrapolação para fenómenos de maior dimensão na tentativa de compreender as manifestações de racismo, com enfoque numa subcultura, e na procura de padrões que reconheçam os grupos, tem origem num sistema de equilíbrio, entretanto dissolvido. A imigração, com as diferenças étnicas expostas no plano social, e a evidência da mudança, levam-no a tecer hipóteses na abordagem, com fatores de racismo e diferenciação. Aliás, a construção de identidades, e as suas representações das diferenças, entre elementos constitutivos sociais, como os grupos, faz emergir o racismo (Vala, 1999: 145). As lógicas de inferiorização e diferencialista podem legitimar pelo biológico uma ordem social e mostrar o agente ameaçador da homogeneidade: o grupo, fenómeno social total, de atualização a todos os níveis, que na etnia cigana se nos apresenta como uma unidade, real e parcial, directamente observável e assente em atitudes colectivas, contínuas e ativas. Pag. 3 de 5
Determinadas caraterísticas da etnia cigana mantêm-se, explicáveis pelos traços da natureza, imutáveis. Como refere Gurvitch, são unidades coletivas com múltiplas formas de sociabilidade, integrando-se nas sociedades globais - de que são um elemento constitutivo. É neste sentido que se entende que a categorização do grupo pelas diferenças culturais pode gerar discriminação (Vala, 1999: 152). Desmascarando falsos ou institucionalizados componentes globais, mas não partilhados na realidade social, a abordagem, pelo método científico, conduz o autor à discriminação baseada na aparência ou na pertença cultural, comprovando o racismo, e obtendo válidas contribuições interpretativas para a identidade do grupo e da cultura entre grupos. Não é irrelevante que a mutabilidade da sociedade não tenha, pelas circunstâncias políticas e do Estado, e das forças globais, alterada uma conceção face às minorias, concluindo Marques a mesma impotência dos Estados, face às sociedades e às suas culturas. Os Nós, da sociabilidade espontânea, que subentende a intensidade do fenómeno, distinto por massa, comunidade ou comunhão, distinguem a relação de aproximação e de afastamento, ou mista. Os Nós pressupõem participações recíprocas e intuições coletivas (Gurvitch, 1977: 245). O modo do indivíduo socializar estabelece padrões de cultura entre os grupos a que pertence. Será aceitável uma explicação do social que no seu processo vivo de culturas não equacione o indivíduo como resposta à forma como altera e produz a inconstância e a complexidade nas relações sociais? A tentativa de explicação do social pode compreender o indivíduo, na sua cultura e nas suas relações sociais, como global. BIBLIOGRAFIA Referências bibliográficas omitidas contacte o autor Pag. 4 de 5
PUBLICAÇÃO DA SILVA LOPES, Jaime, Fatores Sociais e Culturais. Lisboa, 2010. Pag. 5 de 5