PROJETO PIBIC RELATÓRIO FINAL (setembro de 2005 a fevereiro de 2006)

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Transcrição:

PROJETO PIBIC RELATÓRIO FINAL (setembro de 2005 a fevereiro de 2006) INTERFERÊNCIAS SEMÂNTICAS E CONTEXTUAIS NO PROCESSAMENTO DA CONCORDÂNCIA SUJEITO-PREDICATIVO Orientadora: Profa. Letícia Maria Sicuro Corrêa Aluna: Maíra Porto Ferreira Instituição: LAPAL (Laboratório de Psicolingüística e Aquisição da Linguagem) Departamento de Letras Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 16 de agosto de 2006

INTRODUÇÃO O projeto Concordância de gênero e de número e o conceito de interpretabilidade em teorias do processamento e da aquisição da linguagem 1 focaliza, dentre outros tópicos, a influência de fatores semânticos/contextuais na concordância de gênero entre sujeito e predicativo. As atividades desenvolvidas como aluna de IC (quota do projeto acima referido), no período de setembro de 2005 a fevereiro de 2006, foram direcionadas para o desenvolvimento desse tópico. Este desenvolvimento teve como objetivo fornecer uma justificativa para a interferência de fatores semânticos/contextuais no processamento de concordância de gênero entre sujeito e predicativo, que permita manter a hipótese de que o processador sintático atua de forma cega com relação à informação semântica e pragmática não codificada como um traço formal da língua. Estudos realizados com Italiano e Francês atestam a influência de fatores semânticos e contextuais na compreensão e produção de relações de concordância seja pronominal ou gramatical. Embora o efeito de informação semântica e contextual na concordância pronominal seja previsível, a influência de fatores semânticos/contextuais na concordância gramatical contradiz suposições básicas da Teoria Lingüística, segundo a qual a computação sintática não enxerga a informação semântica que não esteja representada como um traço formal do léxico. Traços formais são propriedades originalmente semânticas que passaram a ter relevância para a gramática da língua, participando em relações de concordância sintática. Nas línguas românicas, existe uma dissociação entre gênero semântico e gramatical, por razões históricas. Hoje, apenas nomes flexionados em gênero mantêm correspondência entre gênero semântico e gênero gramatical. Existe, em partic ular, um pequeno conjunto de palavras que têm traço semântico [+ animado], mas que não flexionam em gênero, ou seja, o gênero é intrínseco e não tem correspondência com o gênero natural, no caso, sexo, como por exemplo, vítima, criança, testemunha. Essas palavras costumam gerar dificuldade de concordância quando há incongruência entre gênero gramatical (ex. A vítima) e sexo do referente (Ex: João). Essa dificuldade deu origem à hipótese maximalista que prevê a influência de todo o tipo de informação no estabelecimento de relações de concordância, contrariando a hipótese minimalista, segundo a qual a concordância opera com base em informação relativa a gênero gramatical codificada nos chamados traços formais de gênero. Assim sendo, num discurso do tipo (1), o fato de o referente de a testemunha ser do sexo masculino seria levado em conta no processamento da concordância com o predicativo, dando origem a respostas em que o predicativo tem o gênero masculino. (1) Roberto presenciou o roubo de uma joalheria quando voltava do trabalho para casa.a testemunha do assalto ficou assustado/a O estudo para o qual minhas atividades como bolsista foram direcionadas partiu do pressuposto de que a influência de fatores semânticos e contextuais no processamento da concordância sujeito-predicativo não necessariamente indica interferência dos mesmos no processamento da concordância sintática, e da hipótese de que, no processamento do discurso, esse efeito é decorrente do mapeamento imediato do DP sujeito da sentença no 1 CNPq 551491/2002-7, projeto integrado coordenado por Letícia M. Sicuro Corrêa.

referente/antecedente (Roberto, em (1)) e da recuperação deste por meio de um elemento pronominal. Formas pronominais se referem preferencialmente a um elemento com traço semântico [+animado], e codificam como gênero gramatical informação relativa a gênero natural (sexo do antecedente). Neste estudo, considerou-se que a presença de informação relativa ao sexo do antecedente codificada como um pronome na memória de trabalho poderia influenciar o processamento da concordância. O falante teria dois tipos de representação competindo na memória a representação do sujeito, com gênero gramatical feminino, e do elemento pronominal, com gênero gramatical masculino. As condições de produção poderiam favorecer o uso de uma ou de outra informação no estabelecimento do gênero do predicativo. Assim sendo, qualquer que seja o gênero deste, a concordância sintática se realiza apenas com base em informação codificada no traço formal de gênero no sujeito ou do pronome, mantendo-se dessa forma a autonomia do processador sintático. OBJETIVOS: Os objetivos específicos das tarefas vinculadas à bolsa de IC foram: Contribuir para a realização de uma série de três experimentos de produção induzida por parte de adultos, com vistas a: Verificar o efeito da variável congruência de gênero (entre o gênero do nome em questão e o sexo do referente do DP sujeito da sentença alvo, introduzido em um contexto discursivo); Verificar se o número de erros de concordância aumenta em função do grau de favorecimento do fechamento do DP sujeito como unidade independente ou tópico, a ser recuperado por um elemento pronominal; Verificar se o gênero de um pronome manifesto, utilizado na recuperação de um tópico cujo gênero gramatical é incongruente com o sexo do referente, concorda com o do antecedente lingüístico ou representa o gênero natural do referente. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS: Leituras formativas introdutórias na área VIGLIOCCO, G., & Franck, J. (2001). When Sex Affects Syntax: Contextual Influences in Sentence Production, J. of Memory and Language 45, 368 390. CORRÊA, L. M. S.. Aquisição da linguagem: uma retrospectiva dos últimos 30 anos. DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada, São Paulo, v. 15, n. Especial, p. 339-383, 2000. CORRÊA, L. M. S.. Aquisição da Linguagem numa abordagem Psicolingüística: por uma teoria da aquisição da linguagem como processo. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 34, n. 3, p. 27-40, 1999. CORRÊA, L. S. (no prelo) Explorando a relação entre língua e cognição na interface: o conceito de interpretabilidade e suas implicações para teorias do processamento e da aquisição da linguagem. Revista Veredas. Universidade Federal de Juiz de Fora. Leituras informativas acerca do tópico da pesquisa

CORRÊA, L. M. S.. Questões de concordância: uma abordagem integrada para o processamento, a aquisição e o Déficit Especificamente Lingüístico. Lingüística, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 115-145, 2005. Participação nos seminários de IC Seminário apresentado: Interferências semânticas e contextuais no processamento da concordância sujeito-predicativo Preparação de material para os experimentos: Elaboração das sentenças utilizadas nos três experimentos e busca por voluntários na PUC; Condução dos experimentos; O voluntário era trazido ao LAPAL, e esclarecido a respeito do método experimental. Participava do experimento em uma cabine acusticamente isolada, pelo período de aproximadamente 20 minutos. O experimento contava com estímulos em áudio e em vídeo. Participaram 45 voluntários, em um período de aproximadamente dois meses; Tabulação e análise dos resultados; Apresentação de seminário para o LAPAL: Aquisição de Linguagem: Uma breve introdução METODOLOGIA A metodologia utilizada foi de produção de fala induzida por preâmbulo. No experimento 1, o participante deveria repetir o preâmbulo. Na primeira frase o sujeito- DP tinha um substantivo com gênero intrínseco em duas condições: congruência de gênero e incongruência de gênero. Na segunda, o sujeito-dp era um pronome masculino/feminino. Obteve-se uma interação significativa de congruência de gênero e concordância gramatical, o que sustenta a idéia de que a concordância pronominal é essencialmente semântica, apesar de a compatibilidade semântica/sintática facilitar o processamento. No experimento 2, o participante ficou livre para repetir o preâmbulo ou continuar a produção da sentença. No experimento 3, foi solicitado que o tópico apresentado no preâmbulo fosse retomado por um pronome. As variáveis independentes foram: (i) sexo do referente do DP inicial (sujeito/tópico): masculino/feminino; (ii) tipo de gênero: intrínseco/opcional com nome invariável, o que deu origem a 4 condições experimentais. A variável dependente foi o número de erros de concordância respostas em que o gênero do predicativo co ncorda com o sexo do referente (ou do pronome). Os participantes foram 45 alunos de graduação e de pós-graduação da PUC-Rio, falantes nativos de Português, que atuaram como voluntários. Os preâmbulos foram apresentados em áudio e os adjetivos/predicativos foram apresentados em vídeo em forma masculina (gênero não marcado). As respostas foram gravadas e transcritas posteriormente para análise.

Resultados: A tabela 1 apresenta as médias de erros de concordância por experimento. Os resultados são compatíveis com a hipótese de que os erros de concordância de gênero entre sujeito e predicativo decorrem da interferência de um elemento pronominal que recupera o referente daquele. Assim sendo, é possível explicar a interferência de fatores semânticos e contextuais na concordância, mantendo-se a autonomia do processador sintático. Tabela 1: Média de erros de concordância por expermento 3,5 2,5 1,5 0,5 0 1 2 3 Intrínseco Opcional Instrínseco Opcional Intrínseco Opcional Feminino Masculino Exp. 1 Preamble Exp.2 Free Exp.3 Overt Esses resultados foram reportados em Corrêa, L. M. S. (2006) Do sex and syntax go hand in hand? Trabalho apresentado na CUNY Conference on Human Sentence Processing, de 23 a 25 de março, e nos ANAIS PIBIC 2006. PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS NA REALIZAÇÃO DO PROJETO Como pontos positivos, considero: Ampliação no conhecimento a respeito da Teoria Lingüística e da abordagem gerativista; Oportunidade de aplicar experimentos e conhecer técnicas experimentais em Psicolingüística e Aquisição de Linguagem; Oportunidade de conhecer programas estatísticos aplicáveis aos experimentos supracitados. Como aspectos negativos, considero: Número insuficiente de bolsistas dedicados ao Projeto, por limitação do CNPq; Dificuldade de administrar a carga horária requisitada pela bolsa de Iniciação Científica e o número de créditos que é preciso cursar por semestre para que a formatura ocorra no tempo devido. Acredito que essa dificuldade seja a causa da falta de motivação de alguns alunos. CONCLUSÃO Este trabalho foi voltado para o fornecimento de uma justificativa para a interferência de fatores semânticos e contextuais no processamento de concordância de gênero entre sujeito e predicativo, que permitisse manter a hipótese de que o processador sintático atua de

forma cega com relação à informação semântica e pragmática não codificada como um traço formal da língua. Os resultados mostram-se compatíveis com essa hipótese. Minha participação me propiciou bastante informação a respeito da Teoria Lingüística e dos experimentos realizados na Psicolingüística. A quota à qual estive vinculada finalizou-se em fevereiro de 2006. Como não há mais quotas vinculadas ao projeto de pesquisa CNPq da profa. Letícia Sicuro Correa, bem como não houve edital CNPq para Iniciação Científica em 2005, e uma vez que foi concedida apenas uma renovação para bolsista PIBIC para a orientadora, meu vínculo com o LAPAL não se deu por bolsa de Iniciação Científica depois desta data, mas minha participação no grupo de pesquisa do laboratório perdura até o presente momento. Esta participação deverá continuar com uma bolsa recentemente concedida pela FAPERJ, a vigorar a partir de agosto de 2006. Referências CACCIARI, C., Carreiras, M. & Barbolini Cionini, C. (1997). When words have two genders: Anaphor resolution for Italian functionally ambiguous words. J. of Memory and Language, 37, 517-532. CACCIARI, C. & Carreiras, M. (2001). The role of linguistic and conceptual gend er in Italian pronoun resolution. Annual CUNY Conference, Philadelphia, USA. VIGLIOCCO, G., & Franck, J. (1999). When sex and syntax go hand in hand: Gender agreement in language production. J. of Memory and Language, 40, 455 478. VIGLIOCCO, G., & Franck, J. (2001). When Sex Affects Syntax: Contextual Influences in Sentence Production, J. of Memory and Language 45, 368 390. CHOMSKY, N. (1995). The Minimalist Program. Cambridge, Mass: MIT Press. CORRÊA, L.M.S. Questões de concordância: uma abordagem integrada para processamento, aquisição e o Déficit Específico da Linguagem. Rio de Janeiro: Revista da UFRJ, no prelo 3.