ANO XXVIII ª SEMANA DE DEZEMBRO DE 2017 BOLETIM INFORMARE Nº 52/2017

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Transcrição:

ANO XXVIII - 2017-4ª SEMANA DE DEZEMBRO DE 2017 BOLETIM INFORMARE Nº 52/2017 ASSUNTOS SOCIETÁRIOS NOME EMPRESARIAL - ASPECTOS GERAIS... Pág. 747 SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO - ASPECTOS EMPRESARIAIS... Pág. 751 IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA QUEBRAS OU PERDAS DE ESTOQUE - TRATAMENTO FISCAL... Pág. 754

ASSUNTOS SOCIETÁRIOS NOME EMPRESARIAL Aspectos Gerais Sumário 1. Introdução; 2. Conceitos; 2.1 Firma; 2.2 Denominação; 3. Nome Empresarial; 3.1 - Normas Gerais; 3.2 Nome Empresarial Princípio da Veracidade e Novidade; 3.2.1 Empresário Individual e Titular da EIRELI; 3.2.2 Firma; 3.2.3 Denominação; 3.2.4 - Sociedades de Proposito Especifico; 3.2.5 Nome Empresarial Princípio da Novidade; 3.3 - Nomes Empresariais Não Registráveis; 4. Casos Especiais; 4.1 - Grupos de Sociedades; 4.2 - Microempresas e Empresas de Pequeno Porte; 4.3 - Empresas Binacionais Brasileiro-Argentinas e Sociedades Estrangeiras; 4.4 - Empresários e Sociedades Empresárias em Processo de Liquidação ou Recuperação Judicial; 5. Proteção do Nome Empresarial; 6. Identidade ou Semelhança Entre Nomes Empresariais; 7. Critérios Para Análise de Identidade ou Semelhança; 7.1 Transferência de Sede ou de Abertura de Filial de Empresa Com Sede em Outra Unidade Federativa; 8. Expressões, Palavras e Letras - Não Exclusividade Para Fins de Registro; 9. Modificação da Firma do Empresário ou do Titular de Empresa Individual de Responsabilidade Limitada. 1. INTRODUÇÃO Abordaremos neste trabalho alguns aspectos sobre a formação do nome empresarial, e sua proteção perante o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, de acordo com as normas previstas na Lei nº 8.934/1994, regulamentada pelo Decreto nº 1.800/1996, Lei nº 10.406/2002 arts. 1.155 a 1.168 (novo Código Civil), e na Instrução Normativa do Diretor do Departamento de Registro Empresarial e Integração DREI nº 15, de 5 de dezembro de 2013 (DOU de 06.12.2013), alterada pela IN DREI nº 40/2017, e outras fontes citadas no texto. Observação: a matéria foi publicada no boletim de acordo com a legislação vigente à época de sua publicação, estando sujeita a sofrer alterações posteriores a publicação em nosso site. 2. CONCEITOS Nome empresarial é aquele sob o qual o empresário individual, empresa individual de responsabilidade Ltda Eireli, as sociedades empresárias, as cooperativas exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes. O nome empresarial compreende a firma e a denominação. 2.1 Firma Firma é o nome utilizado pelo empresário individual, pela sociedade em que houver sócio de responsabilidade ilimitada e, de forma facultativa, pela sociedade limitada e pela empresa individual de responsabilidade Ltda - Eireli. 2.2 Denominação Denominação é o nome utilizado pela sociedade anônima e cooperativa e, em caráter opcional, pela sociedade limitada, em comandita por ações e pela empresa individual de responsabilidade limitada. No caso da denominação social, na maioria das vezes corresponde a um nome fantasia, não indicando necessariamente o ramo de atividade da empresa, no qual se acresce a expressão indicativa do tipo jurídico da sociedade. 3. NOME EMPRESARIAL 3.1 - Normas Gerais O nome empresarial atenderá aos princípios da veracidade e da novidade e identificará, quando assim exigir a lei, o tipo jurídico da empresa individual de responsabilidade Ltda - Eireli ou da sociedade. IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2017 747

O nome empresarial não poderá conter palavras ou expressões que sejam atentatórias à moral e aos bons costumes. O nome empresarial não poderá conter palavras ou expressões que denotem atividade não prevista no objeto. 3.2 Nome Empresarial Princípio da Veracidade e Novidade O nome empresarial obedecerá aos princípios da veracidade e da novidade de acordo com os subitens a seguir. 3.2.1 Empresário Individual e Titular da EIRELI O empresário individual e o titular de empresa individual de responsabilidade Ltda - Eireli só poderão adotar como firma o seu próprio nome, aditando posteriormente, se quiser ou quando já existir nome empresarial idêntico ou semelhante, designação mais precisa de sua pessoa ou de sua atividade, não constituem sobrenome e não podem ser abreviados: FILHO, JÚNIOR, NETO, SOBRINHO etc., que indicam uma ordem ou relação de parentesco. 3.2.2 Firma A firma: a) da sociedade em nome coletivo, se não individualizar todos os sócios, deverá conter o nome de pelo menos um deles, acrescido do aditivo e companhia, por extenso ou abreviado; b) da sociedade em comandita simples deverá conter o nome de pelo menos um dos sócios comanditados, com o aditivo e companhia, por extenso ou abreviado; c) da sociedade em comandita por ações só poderá conter o nome de um ou mais sócios diretores ou gerentes, com o aditivo e companhia, por extenso ou abreviado, acrescida da expressão comandita por ações, por extenso ou abreviada; d) da sociedade limitada, se não individualizar todos os sócios, deverá conter o nome de pelo menos um deles, acrescido do aditivo e companhia e da palavra limitada, por extenso ou abreviados; Nota: Na firma, observar-se-á, ainda: a) o nome do empresário individual ou do titular da empresa individual de responsabilidade Ltda Eireli deverá figurar de forma completa, podendo ser abreviados os prenomes; b) os nomes dos sócios poderão figurar de forma completa ou abreviada, admitida a supressão de prenomes; c) o aditivo e companhia ou & Cia. poderá ser substituído por expressão equivalente, tal como e filhos ou e irmãos, dentre outras. 3.2.3 Denominação A denominação é formada com palavras de uso comum ou vulgar na língua nacional ou estrangeira e ou com expressões de fantasia, com a indicação do objeto da sociedade, sendo que: a) na sociedade limitada, deverá ser seguida da palavra limitada, por extenso ou abreviada; b) na sociedade anônima, deverá ser acompanhada da expressão companhia ou sociedade anônima, por extenso ou abreviada, vedada a utilização da primeira ao final; c) na sociedade em comandita por ações, deverá ser seguida da expressão em comandita por ações, por extenso ou abreviada; d) na empresa individual de responsabilidade limitada deverá ser seguida da expressão EIRELI ; e) empresa individual de responsabilidade Ltda Eireli e para as sociedades enquadradas como microempresa ou empresa de pequeno porte, inclusive quando o enquadramento se der juntamente com a constituição, é facultativa a inclusão do objeto da sociedade; IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2017 748

f) ocorrendo o desenquadramento da empresa individual de responsabilidade Ltda Eireli ou da sociedade da condição de microempresa ou empresa de pequeno porte, é obrigatória a inclusão do objeto respectivo no nome empresarial, mediante arquivamento da correspondente alteração do ato constitutivo ou alteração contratual. 3.2.4 - Sociedades de Propósito Especifico Na formação dos nomes empresariais das sociedades de propósito específico poderá ser agregada a sigla - SPE, observados os demais critérios de formação do nome do tipo jurídico escolhido, além do seguinte: a) se do tipo Sociedade Limitada, a sigla SPE, quando adotada, deverá vir antes da expressão LTDA; b) se do tipo Sociedade Anônima, a sigla SPE, quando adotada, deverá vir antes da expressão S/A; c) se do tipo Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI, a sigla SPE, quando adotada, deverá vir antes da expressão EIRELI. 3.2.5 Nome Empresarial Princípio da Novidade Observado o princípio da novidade, não poderão coexistir, na mesma unidade federativa, dois nomes empresariais idênticos ou semelhantes, observado o seguinte: a) se a firma ou denominação for idêntica ou semelhante à de outra empresa já registrada, deverá ser modificada ou acrescida de designação que a distinga; b) será admitido o uso da expressão de fantasia incomum, desde que expressamente autorizada pelos sócios da sociedade anteriormente registrada. 3.3 - Nomes Empresariais Não Registráveis Não são registráveis os nomes empresariais que incluam ou reproduzam, em sua composição, siglas ou denominações de órgãos públicos da administração direta ou indireta e de organismos internacionais e aquelas consagradas em lei e atos regulamentares emanados do Poder Público. 4. CASOS ESPECIAIS 4.1 - Grupos de Sociedades A expressão grupo é de uso exclusivo dos grupos de sociedades organizados, mediante convenção, na forma da Lei das Sociedades Anônimas. Após o arquivamento da convenção do grupo, a sociedade de comando e as filiadas deverão acrescentar aos seus nomes a designação do grupo. 4.2 - Microempresas e Empresas de Pequeno Porte As microempresas e empresas de pequeno porte acrescentarão à sua firma ou denominação as expressões Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte, ou suas respectivas abreviações, ME ou EPP. 4.3 - Empresas Binacionais Brasileiro-Argentinas e Sociedades Estrangeiras Aos nomes das Empresas Binacionais Brasileiro-Argentinas deverão ser aditadas Empresa Binacional Brasileiro- Argentina, EBBA ou EBAB e as sociedades estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil poderão acrescentar os termos do Brasil ou para o Brasil aos seus nomes de origem. 4.4 - Empresários e Sociedades Empresárias em Processo de Liquidação ou Recuperação Judicial Ao final dos nomes dos empresários, das empresas individuais de responsabilidade limitada - Eireli e das sociedades empresárias que estiverem em processo de liquidação, após a anotação no Registro de Empresas, deverá ser aditado o termo em liquidação. Nos casos de recuperação judicial, após a anotação no Registro de Empresas, o empresário, a empresa individual de responsabilidade Ltda - Eireli e a sociedade empresária deverão acrescentar após o seu nome empresarial a expressão em recuperação judicial, que será excluída após comunicação judicial sobre a sua recuperação. IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2017 749

5. PROTEÇÃO DO NOME EMPRESARIAL A proteção ao nome empresarial decorre, automaticamente, do ato de inscrição de empresário individual ou do arquivamento de ato constitutivo de empresa individual de responsabilidade Ltda Eireli, de sociedade empresária ou cooperativa, bem como de sua alteração nesse sentido, e circunscreve-se à unidade federativa de jurisdição da Junta Comercial que o tiver procedido, observado o seguinte: a) a proteção ao nome empresarial na jurisdição de outra Junta Comercial decorre, automaticamente, da abertura de filial nela registrada ou do arquivamento de pedido específico, instruído com certidão da Junta Comercial da unidade federativa onde se localiza a sede da empresa interessada; b) arquivado o pedido de proteção ao nome empresarial, deverá ser expedida comunicação do fato à Junta Comercial da unidade federativa onde estiver localizada a sede da empresa. 6. IDENTIDADE OU SEMELHANÇA ENTRE NOMES EMPRESARIAIS Observado o princípio da novidade, não poderão coexistir, na mesma unidade federativa, dois nomes empresariais idênticos ou semelhantes, observado o seguinte: a) se a firma ou denominação for idêntica ou semelhante à de outra empresa já registrada, deverá ser modificada ou acrescida de designação que a distinga; b) será admitido o uso da expressão de fantasia incomum, desde que expressamente autorizada pelos sócios da sociedade anteriormente registrada. 7. CRITÉRIOS PARA A ANÁLISE DE IDENTIDADE OU SEMELHANÇA Ficam estabelecidos os seguintes critérios para a análise de identidade e semelhança dos nomes empresariais, pelos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis - SINREM: a) entre firmas, consideram-se os nomes por inteiro, havendo identidade se homógrafos e semelhança se homófonos; b) entre denominações: b.1) consideram-se os nomes por inteiro, quando compostos por expressões comuns, de fantasia, de uso generalizado ou vulgar, ocorrendo identidade se homógrafos e semelhança se homófonos; b.2) quando contiverem expressões de fantasia incomuns, serão elas analisadas isoladamente, ocorrendo identidade se homógrafas e semelhança se homófonas. 7.1 Transferência de Sede ou de Abertura de Filial de Empresa Com Sede em Outra Unidade Federativa No caso de transferência de sede ou de abertura de filial de empresa com sede em outra unidade federativa, havendo identidade ou semelhança entre nomes empresariais, a Junta Comercial não procederá ao arquivamento do ato, salvo se: a) na transferência de sede a empresa arquivar na Junta Comercial da unidade federativa de destino, concomitantemente, ato de modificação de seu nome empresarial; b) na abertura de filial arquivar, concomitantemente, alteração de mudança do nome empresarial, arquivada na Junta Comercial da unidade federativa onde estiver localizada a sede. 8. EXPRESSÕES, PALAVRAS E LETRAS - NÃO EXCLUSIVIDADE PARA FINS DE REGISTRO Não são exclusivas, para fins de proteção, palavras ou expressões que denotem: a) denominações genéricas de atividades; b) gênero, espécie, natureza, lugar ou procedência; c) termos técnicos, científicos, literários e artísticos do vernáculo nacional ou estrangeiro, assim como quaisquer outros de uso comum ou vulgar; d) nomes civis. IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2017 750

Não são suscetíveis de exclusividade letras ou conjunto de letras, desde que não configurem siglas. 9. MODIFICAÇÃO DA FIRMA DO EMPRESÁRIO OU DO TITULAR DE EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA O empresário individual ou o titular de empresa individual de responsabilidade limitada Eireli modificar a sua firma, devendo ser observadas em sua composição, as regras deste trabalho, observado o seguinte: a) havendo modificação do nome civil de empresário ou de titular de empresa individual de responsabilidade Ltda - Eireli, averbada no competente Registro Civil das Pessoas Naturais, deverá ser arquivada alteração com a nova qualificação do empresário ou do titular de empresa individual de responsabilidade Ltda - Eireli, devendo ser, também, modificado o nome empresarial; b) se a designação diferenciadora se referir à atividade, havendo mudança, deverá ser registrada a alteração da firma; c) o empresário individual desenquadrado da condição do MEI poderá perante a Junta Comercial, alterar o seu nome empresarial, observadas as regras de formação de nome. Fundamentos Legais: Os citados no texto. Sumário SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO Aspectos Empresariais 1. Introdução; 2. Código Civil; 3. Normas Aplicáveis; 3.1 Transformação; 4. Sociedade em Conta de Participação X Sociedade de Propósito Específico; 5. Capital Social; 6. Constituição; 6.1 Nome Empresarial da Sociedade de Propósito Especifico; 6.2 Objeto Social na Sociedade de Propósito Específico; 6.3 Prazo de duração Das SPE; 7. Responsabilidade Dos Sócios; 8. Tratamento Tributário; 9. SPE e o Poder Público; 10. Parceria Público-Privada (PPP). 1. INTRODUÇÃO A Sociedade de Propósito Específico (SPE) vem sendo amplamente utilizada na realização de negócios entre pessoas físicas ou jurídicas que buscam, na união de sua capacidade financeira e tecnológica, executar objetivos específicos e determinados. Nos itens a seguir abordaremos aspectos ligados à legislação e à forma de funcionamento desta espécie societária. Observação: a matéria foi publicada no boletim de acordo com a legislação vigente à época de sua publicação, estando sujeita a sofrer alterações posteriores a publicação em nosso site. 2. CÓDIGO CIVIL O Código Civil, em suas disposições societárias, não definiu o que seria Sociedade de Propósito Específico, embora alguns doutrinadores acreditem que tal previsão é feita tacitamente no artigo 981, parágrafo único da Lei nº 10.406/2002 (Código Civil), que trata das disposições gerais sobre sociedade. De acordo com a redação do referido dispositivo, a sociedade pode ser constituída tanto para a execução de um objeto delimitado quanto para o desenvolvimento de uma atividade econômica contínua. Conforme a IN DREI nº 38/2017, a Sociedade de Propósito Específico como a própria nomenclatura já indica o objeto social deve ser necessariamente específico e determinado. 3. NORMAS APLICÁVEIS IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2017 751

Tendo em vista que o legislador do Código Civil não tipificou a Sociedade de Propósito Específico, a mesma ficará subordinada à aplicação das normas compatíveis com o tipo societário por ela adotado. Sendo assim, acolhida a forma de sociedade limitada, serão aplicáveis os artigos 1.052 a 1.087 do Código Civil; enquanto que, se a opção for pela sociedade anônima, a mesma será regulada pela Lei nº 6.404/1976. 3.1 Transformação A SPE é uma sociedade jurídica regulamentada pelo Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/02), criada com o propósito de um trabalho especifico, sendo extinta ou renovada ao final da empreitada (na intenção de isolar os riscos). É vedada a transformação de qualquer tipo jurídico em SPE, ou vice-versa. A SPE é obrigada a se enquadrar em uma das formas de sociedade do Brasil: Limitada (Lei nº 10.406/02) ou Anônima (Lei nº 6.404/76). 4. SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO X SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO A Sociedade em Conta de Participação consiste na relação jurídica estabelecida entre um sócio ostensivo, tido como empreendedor do negócio, que se associa aos sócios ocultos, que são investidores na exploração de determinada atividade econômica. Trata-se de uma sociedade não personificada, cuja constituição independe de qualquer formalidade e cuja existência pode ser comprovada por todos os meios de prova em direito admitidos. A Sociedade de Propósito Específico, por sua vez, é revestida de personalidade jurídica e atenderá aos requisitos formais exigidos pelo tipo societário escolhido (IN DREI nº 38/2017). 5. CAPITAL SOCIAL O capital social poderá ser integralizado pelos sócios com dinheiro, bens ou direitos, desde que seja possível a atribuição de valor econômico aos mesmos. Ocorrendo a integralização do capital, as contribuições dos sócios passam a compor o patrimônio comum da Sociedade de Propósito Específico, que se torna sua titular e proprietária. 6. CONSTITUIÇÃO Conforme mencionado no item 3, o instrumento de constituição seguirá também a opção da espécie societária, ou seja, eleita a sociedade limitada, as relações jurídicas serão regidas pelo contrato social, que deverá obedecer aos requisitos legais (IN DREI nº 38/2017) e ser averbado na Junta Comercial. Na opção de sociedade anônima, as regras serão as estabelecidas no Estatuto, confeccionado de acordo com os parâmetros estabelecidos pela Lei nº 6.404/1976. 6.1 Nome Empresarial da Sociedade de Propósito Especifico Na formação dos nomes empresariais das sociedades de propósito específico poderá ser agregada a sigla - SPE, observados os demais critérios de formação do nome do tipo jurídico escolhido, além do seguinte (IN DREI nº 15/2013, alterada pela IN DREI nº 40/2017): a) se do tipo Sociedade Limitada, a sigla SPE, quando adotada, deverá vir antes da expressão LTDA; b) se do tipo Sociedade Anônima, a sigla SPE, quando adotada, deverá vir antes da expressão S/A; c) se do tipo Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI, a sigla SPE, quando adotada, deverá vir antes da expressão EIRELI. 6.2 Objeto Social na Sociedade de Propósito Específico Como a própria nomenclatura já indica o objeto social de uma SPE deve ser necessariamente específico e determinado. Não serão aceitas nos objetos das SPE atividades genéricas como, compra e venda de imóveis nem participações em outras sociedades. A SPE não se destina a se desenvolver uma vida social própria, mas sim um projeto ou uma simples etapa de um projeto. 6.3 Prazo de duração Das SPE Obrigatoriamente deve ser limitado ao término de objeto específico e determinado, ou seja, limitado à consecução do próprio objeto social da empresa. Mesmo que a lei não estabeleça que o prazo dessas sociedades deva ser IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2017 752

representado por uma precisa delimitação temporal, sua estipulação deve estar sempre vinculada à consecução do objeto social. As Juntas Comerciais manterão em seus cadastros, a data de início e término quando do arquivamento das SPE. 7. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS Seguindo o mesmo raciocínio, a responsabilidade dos sócios da Sociedade de Propósito Específico será determinada pelo tipo societário escolhido: se constituída sob a forma de limitada, a responsabilidade de cada sócio será restrita ao valor de suas quotas, mas todos responderão solidariamente pela integralização do capital social; enquanto que, sob a forma de sociedade anônima, a responsabilidade dos acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. 8. TRATAMENTO TRIBUTÁRIO Em relação aos aspectos contábeis e tributários, cumpre dizer que a Sociedade de Propósito Específico poderá adotar a opção do lucro real ou do lucro presumido, desde que a receita bruta anual não ultrapasse o limite de R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), ou a R$ 6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses, e que a atividade a ser desenvolvida possibilite tal opção, conforme estabelece o artigo 13 e 14 da Lei nº 9.718/1998, com a nova redação dada pela Lei nº 12.814/2013. 9. SPE E O PODER PÚBLICO A forma de Sociedade de Propósito Específico é hoje adotada largamente para contratar obras, serviços, fornecimentos e concessões do Poder Público. Inicialmente, forma-se um consórcio (grupo de empresas) para participar da licitação que, uma vez vencedor, se extingue, dando espaço para o surgimento de uma SPE, cujo capital será formado pelas mesmas sociedades anteriormente consorciadas. Assim, a Sociedade de Propósito Específico estará habilitada a celebrar o contrato com o órgão público. O conjunto de empresas se reveste de personalidade jurídica, para o cumprimento de seu objeto social, decorrente de um contrato público de obras, serviços ou concessão que celebra. Em algumas ocasiões o próprio Poder Público exige a celebração de um consórcio entre sociedades licitantes, para que, em caso de adjudicação, seja ele extinto e constituída uma SPE; substitui-se, então, o regime de constituição de um consórcio operacional com propósito específico, sem personalidade jurídica, para adotar uma SPE, com personalidade jurídica. Como exemplo da concessão de serviços públicos à Sociedade de Propósito Específico destacamos um trecho de Decreto s/nº, de 21 de janeiro de 2004: Art. 1º - Fica outorgada à Sociedade de Propósito Específico... concessão para exploração de serviço público de transmissão de energia elétrica, mediante construção, operação e manutenção dos empreendimentos, com respectivas instalações necessárias às funções de medição, supervisão, proteção, comando, controle, telecomunicação, administração e apoio. Observamos que esta nova modalidade negocial é de extrema relevância e constitui excelente oportunidade de realização de empreendimentos e obtenção de lucros. 10. PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA (PPP) Parceria Público-Privada é qualquer ajuste celebrado entre a administração pública e entidades privadas que assumam o financiamento e a execução do empreendimento ou atividade, podendo ter como objeto, isolada ou conjuntamente, a prestação de serviço público, o desempenho de atividade de competência da administração e a execução de obra para alienação, locação ou arrendamento à administração pública. É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada: (art. 2º, 4º da Lei nº 11.079/2004, alterada pelo o art. 6º da Lei nº 13.529/2017) a) cujo valor do contrato seja inferior a R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais); IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2017 753

b) cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos; ou c) que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública. Fundamentos Legais: Os citados no texto. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA Sumário QUEBRAS OU PERDAS DE ESTOQUE Tratamento Fiscal 1. Integração no Custo; 2. Quebras ou Perdas Normais; 2.1 Abrangência; 2.2 Comprovação; 2.2.1 - Transporte e Manuseio de Combustíveis; 3. Quebras ou Perdas Anormais; 3.1 - Comprovação Por Laudo ou Certificado de Autoridade Sanitária ou de Segurança; 3.2 - Comprovação Nos Casos de Incêndio, Inundações ou Outros Eventos Semelhantes; 3.3 - Comprovação Por Laudo da Autoridade Fiscal Chamada a Certificar a Destruição Dos Bens; 3.4 - Materiais Obsoletos e Sucateados; 3.5 - Fascículos Obsoletos de Empresas Editoras; 3.6 Vasilhames; 4. Provisão Para Perda de Estoques Pessoas Jurídicas Com Atividades de Editor, Distribuidor, ou Livreiro; 5. Ajustes ao Lucro Líquido; 6. Perda ou Sucateamento de Bens do Ativo Imobilizado; 7. Posicionamento da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil; 1. INTEGRAÇÃO NO CUSTO De acordo com o artigo 291 do RIR/1999, integrará também o custo o valor: a) das quebras e perdas razoáveis, de acordo com a natureza do bem e da atividade, ocorridas na fabricação, no transporte ou no manuseio; b) das quebras e perdas de estoque por deterioração ou obsolescência ou pela ocorrência de quebras ou perdas de estoque por deterioração ou obsolescência ou pela ocorrência de riscos não cobertos por seguros desde que comprovadas: b.1) por laudo ou certificado de autoridade sanitária ou de segurança, que especifique e identifique as quantidades destruídas ou inutilizadas e as razões da providência; b.2) por certificado de autoridade competente, nos casos de incêndios, inundações ou outros eventos semelhantes; b.3) mediante laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a destruição de bens obsoletos, invendáveis ou danificados, quando não houver valor residual apurável. Observação: a matéria foi publicada no boletim de acordo com a legislação vigente à época de sua publicação, estando sujeita a sofrer alterações posteriores a publicação em nosso site. 2. QUEBRAS OU PERDAS NORMAIS 2.1 Abrangência A legislação fiscal contempla como parcela integrante do custo de produção as quebras ou perdas razoáveis. Nessa categoria incluem-se, por exemplo, as perdas resultantes da evaporação de produtos sujeitos a esse fenômeno, assim como resíduos, aparas ou rebarbas de materiais, etc. A previsão da lei fiscal abrange, inclusive, as quebras ou perdas razoáveis verificadas nos estoques de insumos (matérias-primas, materiais auxiliares, etc.) e de produtos acabados ou de mercadorias, ocorridas no transporte ou no manuseio, desde que sejam consideradas normais à espécie de bem e da atividade explorada pela empresa. Por exemplo, é normal a perda resultante da evaporação de produtos químicos, assim como as quebras de quantidade de materiais estocados ou transportados a granel. IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2017 754

2.2 Comprovação A lei não estabelece a forma de comprovação das perdas normais, mas a fiscalização tem exigido que essas perdas sejam comprovadas de alguma forma e o Conselho de Contribuintes tem endossado essa exigência. Nesse sentido, o 1º Conselho de Contribuintes se pronunciou no Acórdão 101-89.583/96 (DOU de 11.06.1996) afirmando que os ajustes no estoque por quebra não convenientemente comprovados, bem como sua dedução do lucro operacional, são considerados como despesas indedutíveis, passíveis de tributação por adição ao lucro tributável do respectivo exercício. 2.2.1 - Transporte e Manuseio de Combustíveis No caso de estoque de combustíveis, será aceita como normal a perda decorrente de evaporação, se dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional do Petróleo. (Portaria DNC nº 26/1992) Na apuração de custos de empresas atuantes no transporte e manuseio de combustíveis, consideram-se razoáveis as quebras e perdas decorrentes da aplicação dos percentuais de 0,6 (seis décimos) e 0,4 (quatro décimos) sobre os volumes de gasolina e álcool, respectivamente (Ac. 1º CC 105-5.740/91 - DOU de 30.10.1991). As quebras ou perdas por evaporação de combustíveis, quando superiores aos parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional do Petróleo (CNP), excedente a razoabilidade, são indedutíveis na apuração do lucro real (Ac. 1º CC 101-78.769/89 - DOU de 12.10.1989). 3. QUEBRAS OU PERDAS ANORMAIS As quebras ou perdas anormais são aquelas verificadas por deterioração ou obsolescência ou pela ocorrência de riscos não cobertos por seguros. As perdas anormais somente são admitidas como dedutíveis, para efeitos fiscais, se forem comprovadas por uma das formas mencionadas no nº II do item 1 deste texto. Nesse sentido, o 1º Conselho de Contribuintes decidiu, por meio do Acórdão 105-0.070/83, que não é dedutível o valor das perdas decorrentes de produtos deteriorados quando não tiverem lastro em laudo ou certificado da autoridade competente que identifique o produto e a quantidade destruída ou inutilizada. 3.1 - Comprovação Por Laudo ou Certificado de Autoridade Sanitária ou de Segurança Essa forma de comprovação é aplicável nos casos de destruição ou inutilização de produtos que ofereçam riscos à saúde ou à segurança pública, sendo exigido que o laudo ou certificado da autoridade competente especifique e indique as quantidades destruídas ou inutilizadas e as razões de tal providência. 3.2 - Comprovação Nos Casos de Incêndio, Inundações ou Outros Eventos Semelhantes Nestes casos, a lei estabelece que a comprovação deve ser feita por certificado de autoridade competente, mas não exige a identificação e a quantificação dos bens inutilizados, que poderão ser impossíveis. Assim sendo, entende-se que o certificado da autoridade competente, que ateste a ocorrência do evento danoso, é suficiente para legitimar a dedução do custo dos bens efetivamente perdidos, desde que não haja cobertura de seguro. 3.3 - Comprovação Por Laudo da Autoridade Fiscal Chamada a Certificar a Destruição Dos Bens Tratando-se de materiais que tenham se tornado imprestáveis em situações não enquadráveis nas hipóteses mencionadas anteriormente, se não existir a possibilidade de serem vendidos nem mesmo como sucata, ou se essa venda não convier aos interesses da empresa, para que a dedução da perda respectiva produza efeitos na apuração do lucro real é necessário solicitar a presença de autoridade fiscal no estabelecimento da empresa para atestar o fato e emitir laudo que certifique a destruição dos bens danificados, obsoletos ou invendáveis. 3.4 - Materiais Obsoletos e Sucateados Se os materiais danificados, sucateados ou obsoletos forem comercializáveis como sucata, não se exige comprovação por meio de laudo ou certificado de autoridade competente, mas a dedução do respectivo custo somente é permitida para efeitos fiscais, no período em que os materiais forem efetivamente vendidos. IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2017 755

3.5 - Fascículos Obsoletos de Empresas Editoras As empresas editoras poderão inventariar os fascículos obsoletos, assim considerados aqueles que tenham sido rejeitados pelo mercado e, em decorrência, não mais figurem nas vendas normais da empresa, com valor 0 (zero), desde que, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do balanço, comuniquem a ocorrência ao órgão da SRF de sua jurisdição (Portaria nº 496/1977). O estoque em questão deve ser mantido em condições de ser verificado e, caso a empresa pretenda, antes da auditoria fiscal, inutilizar, destruir ou vender os fascículos como matéria-prima para reaproveitamento industrial, deve fazer nova comunicação à Secretaria da Receita Federal, até 10 (dez) dias antes de se desfazer, total ou parcialmente, do estoque, devendo ser contabilizada como recuperação de custos a receita obtida nessas condições. 3.6 Vasilhames A Terceira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes decidiu, através do Acórdão nº 103-10.440, publicado no Diário Oficial da União de 16.07.1992, que as quebras de vasilhames ocorridas no processo industrial de bebidas, desde que razoáveis, podem ser admitidas como custos, independentemente de os vasilhames terem sido fabricados ou não pela empresa, nos termos do inciso I do art. 184 do RIR/1980. 4. PROVISÃO PARA PERDA DE ESTOQUES PESSOAS JURÍDICAS COM ATIVIDADES DE EDITOR, DISTRIBUIDOR, OU LIVREIRO As pessoas jurídicas que exerçam as atividades de Editor, Distribuidor e Livreiro conforme os incisos II a IV do art. 5º da Lei nº 10.753/2003, poderão constituir provisão para perda de estoques, calculada no último dia de cada período de apuração do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, correspondente a 1/3 (um terço) do valor do estoque existente naquela data, na forma que dispuser o regulamento, inclusive em relação ao tratamento contábil e fiscal a ser dispensado às reversões dessa provisão, observado o seguinte: (art. 8º da Lei nº 10.753/2003 com redação dada pela o art. 85 da Lei nº 10.833, de 29.12.2003 e Inciso II do art. 70 da IN RFB nº 1.700/2017) a) para a gestão do fundo levar-se-á em conta o saldo existente no último dia de cada exercício financeiro legal, na proporção do tempo de aquisição, observados os seguintes percentuais: a.1) mais de um ano e menos de dois anos: trinta por cento do custo direto de produção; a.2) mais de dois anos e menos de três anos: cinqüenta por cento do custo direto de produção; a.3) mais de três anos: cem por cento do custo direto de produção. b) ao fim de cada exercício financeiro legal será feito o ajustamento da provisão dos respectivos estoques. c) a provisão será dedutível para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido.) 5. AJUSTES AO LUCRO LÍQUIDO A empresa fica sujeita a adicionar ao lucro líquido, no livro Eletrônico de Apuração do Lucro Real (e-lalur) e no Livro Eletrônico de Apuração da Base de Cálculo da CSLL (e-lacs): a) o valor das perdas anormais contabilizadas a débito do resultado, relativas a material não comercializável, se a destruição ou inutilização deste não puder ser comprovada por uma das formas mencionadas no item 3; e b) o valor de material comercializável como sucata que tenha sido debitado ao resultado no período e cuja venda ainda não tenha se efetivado por ocasião do encerramento do período. A adição mencionada na letra "a" é definitiva por se tratar de valor que não será objeto de exclusão em período posterior. Já no tocante à letra "b", o valor adicionado poderá ser excluído do lucro líquido na determinação do lucro real do período em que ocorrer a venda do material e, por essa razão, deve ser registrado na parte B do e- Lalur e do e-lacs. 6. PERDA OU SUCATEAMENTO DE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO Observamos, por derradeiro, que para efeitos fiscais o valor contábil residual (custo corrigido menos depreciação acumulada) de bens do Ativo Imobilizado, que tenham se tornado imprestáveis antes de decorrido o prazo de vida IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2017 756

útil, somente pode ser baixado por ocasião da efetiva saída do patrimônio da empresa (Parecer Normativo CST nº 146/1975). Assim sendo, no caso de bens sucateados, se a empresa baixar contabilmente o respectivo valor antes de efetivada a venda, fica sujeita à adoção dos procedimentos mencionados no item 5 deste trabalho. Nesse sentido, o 1º C.C. decidiu, pelo Acórdão nº 101-81.509/91 (DOU de 08.08.1991), que é procedente a glosa da importância relativa à perda na baixa de bens do ativo imobilizado, por obsolescência, se não comprovado, na forma estabelecida nas leis comerciais e fiscais, o ato ou fato econômico que serviu de base aos lançamentos contábeis efetuados. Se não restar ao bem nenhum valor econômico apurável, a sua baixa contábil somente pode produzir efeitos fiscais se este for baixado fisicamente, isto é, saído em definitivo do patrimônio da empresa, fato que deve ser comprovado por meio de documento de idoneidade indiscutível (Parecer Normativo CST nº 146/1975). Ressalte-se que, no caso de bens sinistrados, somente será dedutível como perda a parcela do valor contábil que não estiver coberta por seguro nem for indenizável por terceiros. 7. POSICIONAMENTO DA SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL Transcrevemos abaixo decisões da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil que dispõe sobre a dedutibilidade de quebras e perdas para fins fiscais: SOLUÇÃO DE CONSULTA RFB Nº 124, DE 27 DE MAIO DE 2013 (8ª Região Fiscal) D.O.U.: 26.08.2013 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ QUEBRAS E PERDAS DE ESTOQUE. DEDUTIBILIDADE. a) Na hipótese de destruição e descarte de produtos nos estabelecimentos de clientes, sempre que não restar caracterizada a reincorporação prévia das mercadorias assim destruídas e descartadas ao patrimônio da fabricante (ou vendedora), inaplicável a dedutibilidade prevista no art. 291 do RIR/99. Assim, após recebimento das mercadorias pelo cliente, a aplicabilidade do dispositivo se circunscreve às mercadorias que sejam efetivamente devolvidas ao estoque da fabricante (ou vendedora), mesmo na hipótese de existência de cláusula contratual que obrigue a reposição das referidas quebras e perdas por novas mercadorias. b) Permite-se a dedutibilidade, como custo, das quebras e perdas de mercadorias que efetivamente componham o estoque da pessoa jurídica, desde que: a) nos casos de quebra ou perda por fabricação, manuseio e transporte, estas sejam razoáveis, a partir de suporte fático-probatório específico; ou b) nos casos de deterioração, obsolescência ou ocorrência de riscos não cobertos por seguros, haja o respectivo laudo exigido na forma das hipóteses elencadas nas alíneas "a" a "c" do inciso II do art. 291 do Decreto no 3.000, de 1999 (RIR/99) Dispositivos Legais: Art. 291 do Decreto no 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99). EDUARDO NEWMAN DE MATTERA GOMES Chefe MINISTÉRIO DA FAZENDA - SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DECISÃO Nº 275 de 02 de Dezembro de 1998 ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ EMENTA: QUEBRAS E PERDAS - O valor das quebras ou perdas razoáveis, de acordo com a natureza do bem e da atividade, ocorridas na fabricação, no transporte e manuseio, integrará o custo de produto. Entende-se por razoável aquilo que está conforme a razão, valendo a adoção de uma média, levantada entre empresas que operam no mesmo ramo. Fundamentos Legais: Os citados no texto. IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2017 757