Pâncreas, Fígado e Vesícula Biliar. Prof a. Marta G. Amaral, Dra. Histofisiologia

Documentos relacionados
:: ORGÃOS ASSOCIADOS AO TUBO DIGESTÓRIO ::


SISTEMA DIGESTÓRIO. Prof. Dr. José Gomes Pereira

Metabolismo e produção de calor

UNIP Profº Esp. Thomaz Marquez

8 GLÂNDULAS ANEXAS DO SISTEMA DIGESTIVO

Vinícius Reis Batista Acadêmico do 4 período de Medicina Orientador: Wanderson Tassi

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS. voltar índice próximo CIÊNCIAS. Unidade º ANO» UNIDADE 1» CAPÍTULO 3

Boca -Faringe - Esôfago - Estômago - Intestino Delgado - Intestino Grosso Reto - Ânus. Glândulas Anexas: Glândulas Salivares Fígado Pâncrea

Aula: 29 Temática: Metabolismo dos lipídeos parte I

Organismos autótrofos - produzem o próprio alimento (ex: bactérias, cianobactérias, algas e plantas).

Sistema Digestório. Prof. MSc. Leandro Felício

Bioquímica Nutrição Estrutura, propriedades, digestão, transporte, absorção e oxidação de lipídeos. Prof. Sérgio Henrique

SISTEMA DIGESTIVO HUMANO (Parte 4)

Digestão, absorção e transporte plasmático dos lipídeos -lipoproteínas- Bioquímica. Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes

Fisiologia Gastrointestinal

A maioria dos alimentos precisa ser transformada para entrar nas células e realmente nutrir o organismo.

Os alimentos representam a fonte de matéria e energia para os seres vivos

SISTEMA DIGESTÓRIO. 8º ano/ 2º TRIMESTRE Prof Graziela Costa 2017

SISTEMA DIGESTÓRIO MÓDULO 7 FISIOLOGIA

SISTEMA DIGESTÓRIO. Prof a Cristiane Oliveira

FASE CEFÁLICA. Estimulo:

FISIOLOGIA FISIOLOGIA ANIMAL 4/3/2011 SISTEMAS DO ORGANISMO

Tecido Conjuntivo. Prof a. Marta G. Amaral, Dra. Histofisiologia

Sistema Gastrointestinal

Fisiologia: Digestão, Respiração e Circulação

Móds. 29 ao 34 Setor Prof. Rafa

17/11/2016. Válvula em espiral e cecos pilóricos = aumentam área de absorção no intestino. Anfíbios: cloaca; não apresentam dentes; língua protrátil.

4/19/2007 Fisiologia Animal - Arlindo Moura 1

Fisiologia do Sistema Endócrino. Pâncreas Endócrino. Anatomia Microscópica. Anatomia Microscópica

02- Analise a imagem abaixo: Nomeie os órgãos numerados de 1 a 5.

INTESTINO DELGADO SECREÇÕES ENTÉRICAS E PANCREÁTICAS

Sistema Circulatório. Prof. a Dr. a Tatiana Montanari Departamento de Ciências Morfológicas ICBS UFRGS

Hormônios do pâncreas. Insulina. Glucagon. Somatostatina. Peptídeos pancreáticos

METABOLISMO ENERGÉTICO integração e regulação alimentado jejum catabólitos urinários. Bioquímica. Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes

Nutrição, digestão e sistema digestório. Profª Janaina Q. B. Matsuo

PÂNCREAS ENDÓCRINO. Felipe Santos Passos 2011

Sistema Digestivo. Prof a : Telma de Lima. Licenciatura em Biologia. "Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.

ACERVO DIGITAL FASE II

FISIOLOGIA HUMANA. Funções SISTEMA DIGESTÓRIO

a) A digestão enzimática de carboidratos só se inicia no duodeno. b) O meio ácido do estômago inativa todas as enzimas digestivas.

DIGESTÃO DOS LIPÍDIOS

Perfil Hepático FÍGADO. Indicações. Alguns termos importantes

Fisiologia celular I. Fisiologia Prof. Msc Brunno Macedo

Fisiologia: Digestão, Respiração, Circulação, Excreção, Coordenação e Reprodução

30/05/2017. Metabolismo: soma de todas as transformações químicas que ocorrem em uma célula ou organismo por meio de reações catalisadas por enzimas

Sumário. Anatomia funcional do trato gastrintestinal e dos órgãos que drenam nele 1

Monossacarídeos. açúcares simples. Monossacarídeos. Carboidratos formados por C, H, O

Sistema Linfático. Prof. a Dr. a Tatiana Montanari Departamento de Ciências Morfológicas ICBS UFRGS

Organelas envolvidas na síntese de macromoléculas

LIPOPROTEÍNAS LIPOPROTEÍNAS SANGUÍNEAS COLESTEROL E TRIGLICERÍDEOS

Conceitos fundamentais de Biologia Celular

GUIA DE ESTUDOS INSULINA E GLUCAGON

1- TURMA A. Biologia. a) proteínas. b) glicídios. c) lipídios. d) lipídios e glicídios. e) lipídios e proteínas.

SISTEMA DIGESTÓRIO TUBO DIGESTÓRIO E ANEXOS. Componentes do tubo digestório

Nutrição e metabolismo celular

Jonas Alves de Araujo Junior

Prof. Leonardo F. Stahnke

ESTUDO SOBRE AS CÉLULAS E SUAS ORGANELAS

DISCIPLINA DE ANATOMIA E FISIOLOGIA ANIMAL SISTEMA DIGESTÓRIO. Prof. Dra. Camila da Silva Frade

Bioquímica Prof. Thiago

Uma grande área da biologia é responsável pelo estudo das reações químicas que acontecem no nosso organismo, chamada Fisiologia Humana

Tecido conjuntivo de preenchimento. Pele

01. Descreva o modelo de mosaico fluído proposto por Singer e Nicholson para a estrutura da membrana plasmática.

Membrana Celular (Membrana Plasmática)

Aparelho Respiratório

Epinefrina, glucagon e insulina. Hormônios com papéis fundamentais na regulação do metabolismo

DIAGNÓSTICO DA ALIMENTAÇÃO HUMANA ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO

Ciências Naturais 9.º ano Fonte: Planeta Terra Santillana.

DISCIPLINA: RCG FISIOLOGIA II MÓDULO: FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO

CIÊNCIAS NATURAIS 9º Ano de Escolaridade SISTEMA DIGESTIVO ALIMENTOS E NUTRIENTES MORFOLOGIA E FISIOLOGIA

Monitoria de Fisiologia 2014 Questões fisiologia gastrointestinal

BIOLOGIA - 1 o ANO MÓDULO 14 RETÍCULOS ENDOPLASMÁTICOS E COMPLEXO GOLGIENSE

DIGESTÃO É UMPROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO

Terapia Ocupacional. Fisilogia

Histologia. Leonardo Rodrigues EEEFM GRAÇA ARANHA

Gliconeogênese. Gliconeogênese. Órgãos e gliconeogênese. Fontes de Glicose. Gliconeogênese. Gliconeogênese Metabolismo dos aminoácidos Ciclo da Uréia

EXERCÍCIO DE CIÊNCIAS COM GABARITO 8º ANO 1. (PUC-SP) O esquema abaixo é referente ao coração de um mamífero

Regulação Endócrina do metabolismo do cálcio e do fosfato

UMA VIAGEM AO CORPO HUMANO. Professor: Mário Castro CED. Taquara 8º / 9º Ano

Cap. 8: A arquitetura corporal dos animais. Equipe de Biologia

Excreção. Expulsão de produtos residuais da actividade celular e de outras substâncias presentes em excesso no sangue.

Sangue e Sistema Linfoide

Índice. Tecido Epitelial, Tecido Conjuntivo, Tecido Cartilaginoso, Tecido Ósseo, Tecido Muscular e Tecido Nervoso.

SISTEMA CARDIOVASCULAR

V OBTENÇÃO DE MATÉRIA PELOS SERES HETEROTRÓFICOS MULTICELULARES

GUIA DE ESTUDOS INSULINA E GLUCAGON

DIVISÃO FUNCIONAL DO TRATO DIGESTÓRIO HUMANO

ORGANIZAÇÃO DO CORPO HUMANO - CÉLULAS. 8 ano Prof. Jair Nogueira Turma 82 - Ciências

Estudo de frações isoladas microssomos rugosos e lisos. Dra. Maria Izabel Gallão

HISTOLOGIA DO TECIDO EPITELIAL - 3

Citoplasma. Citoesqueleto e organelas. Natália Paludetto

Metabolismo de PROTEÍNAS

01. A figura abaixo mostra o aparelho digestório humano.

TECIDO EPITELIAL. Professora Melissa Kayser

HISTOLOGIA II. Por Daniele Fernandes, Isadora Paz, Julia Chrysostomo e Luã Iepsen

CITOLOGIA 8º ano Prof. Graziela Grazziotin Costa

Transcrição:

Pâncreas, Fígado e Vesícula Biliar Prof a. Marta G. Amaral, Dra. Histofisiologia

Pâncreas É uma glândula mista. O ducto pancreático principal se une a extremidade do ducto bilar, formando a ampola de Vater, que entra no duodeno liberando as secreções pancreáticas e biliares.

Pâncreas exócrino é acinar composto

O SNA (parassimpático) em conjunto com os hormônios secretina e colecistoquinina ou pancreozimina (enteroendócrina do duodeno e jejuno), estimulam e controlam a secreção pancreática. A acidez no lúmen do duodeno provoca a liberação da secretina. Ela faz com que seja liberada a secreção alcalina produzida pelos ductos intercalares, rica em bicarbonato, para alcalinizar o quimo.

A presença de ácidos graxos de cadeia longa, ácido gástrico e aminoácidos no lúmen do ID estimulam a liberação de colecistoquinina que irá promover a liberação dos grânulos de zimogênio pelo pâncreas, estes grânulos são ativados no ph ácido. A secreção pancreática é rica em água íons e enzimas inativas. Grânulos de zimogênio: 1. Proteinases: Tripsinogênios 1, 2 e 3; quimiotripsinogênio, pré-elastases 1 e 2; proteinase E, calicreinogênio, précarboxipeptidases A1, A2, B1 e B2. 2. Amilase 3. Lipase: lipase de triglicerídeos, co-lipase e hidrolase carboxil-éster. 4. Fosfolipase A2 5. Nucleases 6. Ribonucleases 7. Desoxiribonucleases

Fígado Processa os nutrientes absorvidos pelo trato digestivo e armazena para o uso posterior de outros órgãos. Cerca de 70-80% do sangue chega ao fígado pela veia porta, o restante chega pela artéria hepática. Nutrientes absorvidos no intestino Veia porta Quilomícrons artéria hepática Bile é a secreção exócrina que elimina substâncias tóxicas e auxilia na digestão dos lipídeos. Produz proteínas plasmáticas como albumina e fibrinogênio.

Lobo Hepático Cápsula de Glisson Hilo é a região onde a veia porta e a artéria hepática entram no fígado e os ductos biliares saem.

Lóbubo Hepático

O fígado humano tem de 3-6 espaços porta por lóbulo Espaço porta: 1 ramo da artéria hepática 1 ramo da veia porta 1 ramo ducto biliar vasos linfáticos

Os hepatócitos se dispõem radialmente, direcionados da periferia para o centro e se anastomosam, formando um labirinto. Entre as placas de hepatócitos estão os capilares sinusóides com LB descontínua e células de Kupffer

Região periportal presença de células de Kupffer superfície luminal das células endoteliais Os sinusóides são sustentados por um arcabouço de fibras reticulares

Células de Kupffer fagocitam eritrócitos velhos, digerem hemoglobina, apresentam antígenos, fagocitam bactérias e secretam proteínas

ESPAÇO DE DISSE é o espaço subendotelial entre os hepatócitos e o sinusóides O material transportado pelos sinusóides entra em contato com os hepatócitos, ocorre troca de macromoléculas entre eles

Armazenam e liberam retinóides (ácido retinóico, retinol) e vitamina A, sintetizam proteínas da matriz extracelular. Produzem fatores de crescimento, citocinas, regulam o diâmetro dos sinusóides em resposta a fatores reguladores como as prostaglandinas e outros. Célula de Ito/Células armazenadoras de lipídeos/células estreladas quiescentes Contém inclusões lipídicas ricas em vitamina A

Fibrose hepática

Figure 1 - Delivery of antifibrotic vitamin A coupled liposomes to hepatic stellate cells. Scott L Friedman, Nature Biotechnology 26, 399-400 (2008), doi:10.1038/nbt0408-399 Lipossomos carreadores de RNAi dirigido para a inibição da proteína (HSP47) que é carreadora de retinol, para atenuar a síntese de colágeno. O lipossomo se liga a receptores de membrana da célula estrelada, promovendo a degradação da fibrose extracelular na matriz na tentativa de inverter a fibrose da cirrose.

Suprimento sanguíneo 20% pela artéria hepática rico em oxigênio. 80% chega pela veia porta, pouco oxigenado, mas rico em nutrientes A veia porta ramifica-se em vênulas portais, vênulas distribuidoras e capilares sinusóides Os sinusóides correm radialmente e formam a veia centro lobular, que se unem para formar as veias hepáticas que desembocam na veia cava inferior

A artéria hepática distribui sangue oxigenado para os hepatócitos, se ramifica em arteríolas interlobulares (espaço porta), estas desembocam nos sinusóides, misturando o sangue arterial e venoso.

O comportamento dos hepatócitos periféricos é diferente dos centrais, porque eles recebem primeiro os nutrientes e as toxinas ISSO INTERFERE NO DESEMPENHO DOS HEPATÓCITOS E SE TORNA EVIDENTE EM DETERMINADAS PATOLOGIAS

HEPATÓCITO INÍCIO DOS DUCTOS BILIARES Célula muito versátil, é exócrina e endócrina ao mesmo tempo Célula grande, poliédrica, com citoplasma eosinófilo (muitas mitocôndrias e REL) 1-2 núcleos redondos com 1-2 nucléolos Alguns núcleos podem ser poliploides, Quanto > o núcleo, > a ploidia Muitos RER (corpos basofílicos) e REL Muitos C. Golgi, até 50 por célula Dependendo da localização apresentam determinadas características estruturais, histoquímicas e bioquímicas.

A bile flui pelos canalículos biliares, ductulos biliares ou canais de Hering, ductos biliares do espaço porta, até formar o ducto hepático que sai do fígado Gap junctions entre os hepatócitos, delimitando os canalículos biliares

Síntese de bilirrubina ICTERÍCIA: excesso de glucuronato de bilirrubina no sangue Causas relacionadas com o hepatócito: 1.Defeito celular em captar a bilirrubina 2. Incapacidade celular em conjugar a bilirrubina por deficiência enzimática 3. Problemas na transferência ou excreção do glucuronato de bilirrubina para os canalículos Não relacionada com o hepatócito: Obstrução do fluxo de bile por litíase ou tumores No REL a glucoronil-transferase faz a conjugação da bilirrubina em glucuronato de bilirrubina, que é solúvel em água e liberada para os canalículos biliares. A bilirrubina, insolúvel em água, tem origem do metabolismo da hemoglobina feita pelos macrófagos do baço e fígado.

O CH é armazenado sob a forma de glicogênio no REL. Quando a glicemia está baixa, ocorre a glicogenólise, onde o glicogênio é degradado e a glicose é liberada para o sangue GLICONEOGÊNESE: os aa são transformados em glicose, em períodos de jejum prolongado. Síntese protéica e armazenamento CH Os aa são transformados no RER em proteínas como albumina, fibrinogênio, protrombina, lipoproteínas, etc.

Síntese de ácidos biliares Os ácidos biliares irão compor a bile, que é liberada para o intestino auxiliando na digestão Sintetizados no REL através da conjugação do ácido cólico com os aa glicina ou taurina, produzindo ácido glicocólico ou taurocólico. Estes ácidos auxiliam na emulsificação dos lipídios, facilitando a digestão pelas lipases para a absorção dos lipídios

Regeneração A renovação celular é lenta. Em alguns animais o fígado tem ótima capacidade de regeneração, Nos humanos, a regeneração é mais restrita. Cirrose: os hepatócitos ficam desorganizados, não formam os lóbulos, são substituídos por conjuntivo, formando uma área extensa de fibrose Causas: etanol, drogas, medicamentos, agentes químicos, hepatite viral, doença auto-imune, esquistosomose. Cirrose avançada: desnutrição, presença de ascite (líquido na cavidade abdominal) por hipoalbuminemia e hipertensão portal.

Vesícula biliar

Vesícula biliar Sua função é armazenar e concentrar a bile, para excretá-la no intestino quando for necessário. Pode armazenar entre 30-50ml de bile. Quando há gordura para digerir, a colecistoquinina estimula da contração da musculatura lisa para liberação da bile. Mucosa: com pregas epitélio cilíndrico simples, com microvilosidades + LP Muscular: músculo liso Adventícia face superior voltada para o fígado Serosa na face inferior voltada para o peritônio.

Litíase biliar

Obrigada!