RELAÇÕES TRÓFICAS ATRAVÉS DE ANÁLISE DE ISÓTOPOS ESTÁVEIS ( 13 C E 15 N)

Documentos relacionados
RELAÇÕES TRÓFICAS NA COMUNIDADE BENTÔNICA DA REGIÃO ESTUARINA DA LAGOA DOS PATOS, RS, BRASIL

Universidade Federal do Rio Grande Programa de Pós-graduação em Oceanografia Física, Química e Geológica. Dinâmica de Ecossistemas Marinhos

8 Saco de Tapes R-III R-II R-I Estuário Abundância Log 1(CPUE+1) RI RII RIII AP AF AP AF AP AF R-I R-I R-II R-II R-III R-III SPP = 83; AP=

Núcleo de Oceanografia Biológica NOBiol. The Oceanic Biological Pump

Modelagem da teia trófica da Baía do Araçá e simulação dos impactos da expansão do Porto de São Sebastião. Ronaldo Angelini.

5 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO E ESPÉCIES ANALISADAS

FARFANTEPENAEUS PAULENSIS COMO GERADOR DE RENDA

OBJETIVO: MATERIAIS E MÉTODOS:

COMPARAÇÃO DA DIETA NATURAL DO SIRI-AZUL CALLINECTES SAPIDUS

OBJETIVO: O monitoramento dos Bioindicadores realizado no âmbito do Contrato de Prestação de Serviço Nº 652/2014 SUPRG/FURG, tem por objetivos:

O ESTUÁRIO DA LAGOA DOS PATOS: UM EXEMPLO PARA O ENSINO DE ECOLOGIA NO NÍVEL MÉDIO

Monitoramento da Salinidade 2015.

A ICTIOFAUNA DO PARQUE NACIONAL DA LAGOA DO PEIXE, RS, BRASIL. Loebmann, D.; Ramos, L. A. R.; Vieira, J. P.

Ecologia. introdução, fluxo de energia e ciclo da matéria. Aula 1/2

Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Desembocaduras estuarino lagunares do litoral Sudeste e Sul

ECOSSISTEMAS CARACTERÍSTICAS

Workshop: FURG e Corsan - Mapeando Competências

Ecologia II Módulo «Ecossistemas aquáticos» Licenciatura em Ecoturismo Manuela Abelho Sector de Biologia e Ecologia

Biodiversidade e Funcionamento de um Ecossistema Costeiro Subtropical: Subsídios para Gestão Integrada. BIOTA/FAPESP - Araçá

Palestra-Debate Ecossistemas lacustres: desafios e potencialidades

FUNDAMENTOS DE ECOLOGIA. Profa. Dra. Vivian C. C. Hyodo

Dinâmica da Vegetação Aquática Submersa no estuário da Lagoa dos Patos (Projeto DIVAS)

A B C D E. ONTOGENIA INICIAL DA PIABANHA (Brycon insignis), Souza, G (2003).

9.2 Tabela tamanho mínimo de captura

População conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que ocorrem juntos em uma mesma área geográfica no mesmo intervalo de tempo (concomitantemente)

ECOSSISTEMA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ECOLOGIA

COMISSÃO PERMANENTE DE SELEÇÃO COPESE PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO PROGRAD CONCURSO VESTIBULAR 2010 PROVA DE BIOLOGIA

Gabriela Guerra Araújo Abrantes de Figueiredo


Relatório Trimestral de Monitoramento da Proliferação de Macrófitas Aquáticas no Reservatório da UHE São José. Março/2011

Ecologia Geral MEAmb Nome: Nº

FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA PESQUEIRA

Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Processo de Seleção de Mestrado 2015 Questões Gerais de Ecologia

Ecologia. Pirâmides Ecológicas Teias Alimentares. Conceitos Ecológicos Fundamentais. Cadeias Alimentares. Professor Fernando Stuchi

Talassociclo e Limnociclo. Profa. Dra. Vivian C. C. Hyodo

Mestrando: Leonardo Martí. Orientador: Dr. Marcos E. C. Bernardes

QUALIDADE DA ÁGUA DO RIO VELHO QUIXERÉ ATRAVÉS DE MACRÓFITAS

Ciclos Biogeoquímicos. A trajetória dos nutrientes nos ecossistemas

Leonildo Lepre Filho Eduardo Paulo Pires Pereira

BIOMAS. Professora Débora Lia Ciências/Biologia

Teias tróficas, complexidade e estabilidade. Profa. Cristina Araujo

DIVERSIDADE, HISTÓRIA NATURAL E CONSERVAÇÃO DE VERTEBRADOS NA AMÉRICA DO SUL BIZ0304

BIOLOGIA - 3 o ANO MÓDULO 60 ECOLOGIA: CADEIA E TEIA ALIMENTAR

CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DE UMA ÁREA DE MARISMA CONHECIDA COMO SACO DO RATÃO (ESTUÁRIO TRAMANDAÍ-ARMAZÉM), TRAMANDAÍ, RS, BRASIL

OS RECURSOS PISCÍCOLAS

Introdução à Ecologia. Prof. Fernando Belan

Nome: Data: 1. Observa a molécula de água e tenta descobrir qual a fórmula escrita que melhor a representa (marca com um X a resposta correta):

Biologia. Rubens Oda e Alexandre Bandeira (Hélio Fresta) Ecologia

Biomassa recrutas. Cavalinha Pacífico (Parrish & MacCall, 1978) Biomassa estoque adulto

ante) (Deca O impacto da pesca do camarão-rosa arfantepenaeus Farf Daniel Loebmann 1 & João Paes Vieira 2

MANEJO INTEGRADO DE PLANTAS AQUÁTICAS

Prof. Adriano S. Melo

Seminário Ano Internacional da Biodiversidade Quais os desafios para o Brasil? Painel 11: Os Oceanos e a Biodiversidade Marinha

ANÁLISE QUALITATIVA DE ESPÉCIES DE PEIXES DE QUATRO LAGOAS DO NORTE FLUMINENSE/RJ

Fluxo de energia e ciclo da matéria - Introdução. Hélder Giroto Paiva - EPL

Ecossistemas I. Umberto Kubota Laboratório de Interações Inseto-Planta Dep. Zoologia IB Unicamp. Produtividade secundária

Tipos de Ecossistemas Aquáticos

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PÓS-GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA

Amêijoa-japonesa: uma espécie invasora que alterou o cenário da apanha de bivalves no estuário do Tejo. Miguel Gaspar

ENTRE A TERRA E O MAR

Cadeias alimentares teias tróficas

Aquacultura em Portugal. 26 de Fevereiro de 2014 APA - Associação Portuguesa de Aquacultores 1

DIAGNÓSTICO DA PESCA NO LITORAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

5 Resultados e Discussão

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC CENTRO DE ECAÇÃO SUPERIOR DO ALTO VALE DO ITAJAÍ CEAVI PLANO DE ENSINO

Núcleo de Aquacultura e Biotecnologia Marinha: Linhas de Pesquisa, Planejamento e Ações. Rio Grande, 13 de Junho de 2014!

Sedimentos Límnicos 15/06/2015. Disciplina: Limnologia Docente: Elisabete L. Nascimento. Integrantes: Gabriel Jussara Natalia Nilza Solange

Mestrado Em Ecologia Ecologia De Crustacea. Prof. Dr. Alvaro Luiz Diogo Reigada

O programa Aliança EcoÁgua Pantanal e sua contribuição para o Pacto em defesa das cabeceiras do Pantanal. Maitê Tambelini Ibraim Fantin da Cruz

FATORES LIMITANTES: Lei do Mínimo, Lei da Tolerância, Fatores Reguladores, Indicadores Ecológicos.

OceanLab. Protegendo os Oceanos: vem ao laboratório fazer connosco! Actividades mãos-na-massa. Biotecnologia azul

ALTERAÇÕES NA ZONA COSTEIRA CTA 2005/6

2.4. Zoobentos. PELD Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração 89. Introdução. Materiais e métodos. Resultados e discussão

Sistemas de Produção

Universidade Federal de Goiás

Ecossistemas Cadeias Alimentares. Hélder Giroto Paiva Escola Portuguesa do Lubango

3 Caracterização da área de estudo e das espécies estudadas

SESSÃO DE DEBATE: CONHECER O PATRIMÓNIO DO TEJO. Tema : A PESCA E A APANHA NO TEJO ( Estuário)

Agrupamento de Escolas do Forte da Casa Concurso 2010/11: Os Recursos Hídricos e a Biodiversidade - SNIRH

CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE MARINHA E PESCA SUSTENTÁVEL. 7 Outubro 2016, CC Príncipe An Bollen, FPT

INSTRUÇÃO NORMATIVA N 53, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2005

Ecossistemas e Saúde Ambiental :: Prof.ª MSC. Dulce Amélia Santos

Atividade de Perfuração Marítima nos Blocos BM-PAMA-16 e BM-PAMA-17 Bacia do Pará - Maranhão

Conhecendo a pesca artesanal em Tramandaí e Imbé RS: Distribuição espacial e desafios

[Ano] Águas do planeta Terra II. Universidade Cruzeiro do Sul

ECOSSISTEMA. inseparavelmente ligados. Organismos vivos + Ambiente (abiótico) interagem entre si

CLASSE MALACOSTRACA SUBCLASSE EUMALACOSTRACA SUPERORDEM EUCARIDA

Condições ambientais do Canal São Gonçalo.-

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PÓS-GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA

Ecologia Cadeia Alimentar X Teia Alimentar

Disciplina: BI63 B - ECOSSISTEMAS Profa. Patrícia C. Lobo Faria

PROJETO DE LEI N o, DE (Do Sr. Feu Rosa) O Congresso Nacional decreta:

PRODUÇÃO E CONSUMO DE PESCADO NO BRASIL

Simulado Plus 1. PAULINO, W. R. Biologia Atual. São Paulo: Ática, (SOARES, J.L. Biologia - Volume 3. São Paulo. Ed. Scipione, 2003.

GOIÂNIA, / / 2015 PROFESSOR: ALUNO(a):

Ervas marinhas: Ecologia e produção primária

BIOLOGIA - 2 o ANO MÓDULO 21 RELAÇÕES TRÓFICAS

A TÓ IO IO GOUVEIA AQUACULTURA

Transcrição:

RELAÇÕES TRÓFICAS ATRAVÉS DE ANÁLISE DE ISÓTOPOS ESTÁVEIS ( 13 C E 15 N) Alexandre Garcia Colaboradores externos: David Hoeinghaus (University of North Texas) Kirk Winemiller (Texas A&M University) Alunos envolvidos no momento: Marlucy Claudino (mestranda PGOB)

Isótopos como indicadores do fluxo de matéria ( 13 C/ 12 C) e da posição trófica ( 15 N/ 14 N)

Isótopos como indicadores do fluxo de matéria ( 13 C/ 12 C) e da posição trófica ( 15 N/ 14 N)

Estudos prévios no ELP

b b a Fresh_A Estu_B Estu_C Garcia et al. 2007

ASSINATURA ISOTÓPICA PLANTAS C 3 E C 4 Garcia et al. 2007 Espécies Límnico (A) Ocorrência Scirpus californicus (C 3 ) pantânos de água doce - inferior -26.12 5.67 Salvinia sp (C 3 ) flutuante -27.80 7.10 Eichhornia azurea (C 3 ) flutuante -28.59 7.41 Polygonum sp (C 3 ) pantânos de água doce - média -28.95 10.28 Pistia striolates (C 3 ) flutuante -27.82 10.45 Enhydra sp (C 3 ) pantânos de água doce - média -30.44 11.50 Eichhornia crassipes (C 3 ) flutuante -27.96 12.24 Média -28.24 9.23 SD 1.32 2.49 Estuário (B) Spartina densiflora (C 4 ) pântano salgado - superior -11.60 6.71 Juncus kraussii (C 3 ) pântano salgado - superior -26.33 5.37 Cyperus giganteus (C 3 ) alagados próximos ao pântano salgado -27.97 5.64 Scirpus maritimus (C 3 ) pântano salgado - inferior -27.28 7.42 Cladium jamaicense (C 3 ) transição pântano salgado-doce -27.52 7.75 Média -24.14 6.58 SD 7.04 1.05 Estuário (C) Spartina densiflora (C 4 ) pântano salgado - superior -10.83 8.90 Spartina alterniflora (C 4 ) pântano salgado - inferior -11.42 11.43 Ruppia maritima (C 4 ) pradarias submersas -11.84 8.05 Juncus kraussii (C 3 ) pântano salgado - superior -27.69 5.89 Scirpus olneyi (C 3 ) pântano salgado - inferior -26.06 9.16 Scirpus maritimus (C 3 ) pântano salgado - inferior -26.39 7.27 Média -19.04 8.45 SD 8.43 1.88 13 C 15 N

25 12 13 10 8 22 23 Limnico 1 14 9 7 3 28 2 31 5 4 26 6 11 peixes água doce peixes estuarino Estuário B 16 9 28 25 15 21 8 26 24 23 20 25 22 29 19 26 18 23 27 Estuário C 17 1 21 24 30 Garcia et al. 2007

Abreu et al. 2006 Uso do 15 N/ 14 N como indicador de processos de eutrofização

Hipótese geral de limnificação: a) haverá um aumento da carga sestônica; b) a dinâmica e organização da biota serão alteradas; c) o recrutamento de espécies marinhas deverá diminuir consideravelmente; d) as interações tróficas e o fluxo de energia nas diferentes cadeias alimentares será modificado; e) haverá uma expansão na área de cobertura do mexilhão dourado Limnoperna fortunei para o Sul da Lagoa dos Patos.

Objetivos específicos e) Determinar os elos tróficos dominantes entre produtores primários e consumidores do macrozoobentos estuarino, incluindo crustáceos decápodes e peixes de importância sócioeconômica na pesca artesanal, como o siri, camarão-rosa, tainha e corvina, e os predadores de topo (botos); f) Identificar e quantificar a importância relativa das fontes de carbono mais relevantes em termos da sustentação dos macrozoobentos e peixes dominantes no ambiente estuarino da Lagoa dos Patos e sua região marinha adjacente;

PONTOS DE COLETA: ISÓTOPOS

Organismos selecionados como indicadores, os quais terão a composição isotópica determinada: Infauna/Epifauna: - gastrópode Heleobia australis - tanaidáceo Kalliapseudes schubartii - poliqueta Laeonereis culveri - bivalvo Erodona mactroides Macrocrustáceos decápodos - siri azul Callinectes sapidus - camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis Peixes (isótopos + conteúdo alimentar) - tainha Mugil platanus - corvina Micropogonias furnieri - peixe-rei Atherinella brasiliensis Estações de coleta: 2 Periodicidade: sazonal Amostras em triplicata, totalizando ~57 amo por estação do ano Diferentes tamanhos (peixes) Custo anual na determinação Isotópica das amostras: R$ 6.748,80 *Fontes: Macroalgas, Ruppia, detrito orgânico, perifíton, seston

Perspectivas & possíveis interações Possíveis variações temporais na composição isotópica poderão ser relacionadas ao aporte de material alóctone em períodos de maior vazão continental (EN) ou estiagem (LN) e sua incorporação na cadeia trófica estuarina. Variabilidade interanual na composição isotópica de organismos ainda é pouco explorada na literatura (e.g., Nordstrom et al 2009 MEPS) e nos permitira avaliar questões relacionadas a estabilidade da cadeia trófica do ELP. Prospecção de apoio (e.g., CNPq, Exterior) para coletas adicionais na região límnica e marinha adjacente para avaliar aspectos de conectividade e interação entre sistemas. Interação com o grupo que irá avaliar o impacto de spp invasivas (mexilhão dourado). Perspectiva de interação com outros grupos no âmbito do PELD (Mamíferos-Eduardo) e na PGOB (Aves costeiras-bugoni).

Perspectivas & possíveis interações Uso do 15N/14N na acompanhamento temporal de processos de eutrofização. Perspectivas futuras de estudos comparativos entre estuários com diferentes hidromorfologia e localizados em diferentes províncias geográficas (e.g., Brazil, México, EUA). EUA (TEXAS) MÉXICO (ECOSUR) NE (PELD) RS (PELD) *PELD AGOSTINHO