Metodologia de Dissertação II. Renata Lèbre La Rovere IE/UFRJ

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Transcrição:

Metodologia de Dissertação II Renata Lèbre La Rovere IE/UFRJ

Recapitulando- bibliografia das aulas anteriores CRESWELL, J.W. Projeto de Pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed, 2007, p.43-63 FLICK, U. Introdução à Pesquisa Qualitativa. São Paulo:Artmed, 2009. Caps. 3 e 5 ECO, U. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1977. Caps. 2, 3 e 5

Bibliografia desta aula FLICK, U. Introdução à Pesquisa Qualitativa. São Paulo:Artmed, 2009. Cap. 8, 9 e 11 WEISBERG, H.F.; KROSNICK, J.A; BOWEN, B.D. An Introduction to Research, Polling and Data Analysis. London:Sage Publications, 1997. Cap.3

O Processo de Pesquisa Qualitativa Conceito tradicional: pesquisa como processo linear Teoria=> hipóteses=> operacionalização=>amostragem=>coleta=>validação Teoria fundamentada: Teorias são descobertas a partir dos resultados do campo; fator determinante na seleção dos objetos de estudo é relevância para o tema da pesquisa Amostragem teórica=>codificação teórica=> redação da teoria Os pressupostos teóricos tornam-se relevantes enquanto versões preliminares da compreensão do objeto que está sendo estudado Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 4

O Processo de Pesquisa Qualitativa Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 5

As Questões de Pesquisa Precisam ser objetivas: quanto menor a clareza na formulação de uma questão de pesquisa, maior será o risco de o pesquisador encontrar-se, impotente, diante da tentativa de interpretar montanhas de dados É fundamental decidir qual questão de pesquisa buscar primeiro; esta decisão pode ser tomada com o auxílio de triangulação As questões vão sendo reformuladas ao longo do processo de pesquisa Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 6

As Questões de Pesquisa Formulação da questão global=>formulação de questões específicas=> formulação de conceitos sensibilizantes (conceitos analíticos/categorias de análise)=>seleção de grupos de pesquisa=>seleção de planos e de métodos apropriados=>avaliação e reformulação das questões específicas=>coleta dos dados=>avaliação e reformulação das questões específicas=>análise dos dados=>generalização e avaliação das análises=>formulação das descobertas Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 7

Definindo a amostra Amostragem não se refere apenas a entrevistas: é uma técnica que também pode ser utilizada em pesquisa documental e na apresentação das descobertas Amostragem pode ser estatística ou teórica Amostragem estatística: utiliza técnicas probabilísticas para definir amostra Amostragem teórica: utiliza técnicas de construção gradual da amostra Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 8

Tipos possíveis de amostra estatística não probabilística (Fonte: Weisberg et al.) Tipo Vantagens Desvantagens Amostra Intencional Custo reduzido; usa melhor informação disponível Não se pode estimar precisão, pode perder informações importantes Painel de voluntários Respondentes cooperam Sem representatividade Amostra definida ao acaso Amostra disponível Não necessariamente se relaciona com a população Amostra por quotas Respondentes cooperam Pode ter viés ligado a acesso Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 9

Tipos possíveis de amostra estatística probabilística (Fonte: Weisberg et al.) Tipo Vantagens Desvantagens Amostra aleatória Procedimento de seleção sistemático Precisão pode ser estimada, erro pode ser estimado Conveniência Método caro, entrevistas dispersas Critério de periodicidade Amostra estratificada Representativa da Requer ponderação população Amostra por grupo Custo reduzido Erro aumentado Seleção multiestágios Custo menor que amostra aleatória simples Erro menor que amostra por grupo Erro maior que amostra aleatória simples Custo maior que amostra por grupo Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 10

Amostragem teórica Processo de coleta de dados controlado pela teoria em formação (Glaser e Strauss, 1967) Indivíduos, grupos são selecionados de acordo com seu nível esperado de novos insights para a teoria em desenvolvimento Seleção de grupos feita de acordo com esquema conceitual geral Amostragem interrompida quando nível de saturação é atingido Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 11

Amostragem teórica Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 12

Estratégias de Amostragem da Pesquisa Qualitativa 1. Determinação a priori 2. Coleta completa 3. Amostragem teórica 4. Amostragem de caso extremo 5. Amostragem de caso típico 6. Amostragem de variação máxima 7. Amostragem de caso delicado (ou politicamente importante) 8. Amostragem de conveniência 9. Seleção primária (de bons informantes) 10. Seleção secundária ( de informantes com tempo) Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 13

Decisões Relativas à Amostragem Escolha deve ser rica no que se refere às informações relevantes Alternativa: ou vários casos ou caso único irá depender dos objetivos da pesquisa Pode ser difícil fornecer descrições e explicações profundas a partir de um caso escolhido aleatoriamente, da mesma forma que é difícil generalizar os achados de um caso único Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 14

Decisões Relativas à Amostragem Escolha deve ser rica no que se refere às informações relevantes Alternativa: ou vários casos ou caso único irá depender dos objetivos da pesquisa Pode ser difícil fornecer descrições e explicações profundas a partir de um caso escolhido aleatoriamente, da mesma forma que é difícil generalizar os achados de um caso único Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 15

Características do Caso Único 1. O caso representa o resultado da socialização individual de um pano de fundo geral 2. O caso representa um contexto institucional específico 3. O caso representa conceitos e modos de atuação específicos 4. O caso representa uma subjetividade desenvolvida enquanto resultado da obtenção de certas reservas de conhecimento 5. O caso representa um contexto de atividade interativamente realizado e realizável Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 16

Como Planejar a Pesquisa Qualitativa Definir: Os objetivos do estudo A estrutura teórica As questões de pesquisa A seleção do material empírico Os procedimentos metodológicos O grau de padronização e de controle Os objetivos da generalização Os recursos temporais, pessoais e materiais disponíveis Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 17

Sobre as questões de pesquisa Formular questões de pesquisa de forma clara e precisa e reduzir / revisar as questões à medida que o projeto for avançando Lembrar que questões muito amplas não dão a necessária orientação à pesquisa e questões muito estritas podem impedir novas descobertas Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 18

Objetivos da generalização e da representação Decidir se objetivo da pesquisa é análise em profundidade ou comparativa Generalização não é feita a partir de critérios numéricos e sim teóricos Capacidade de generalização pode ser ampliada a partir da aplicação de diversos métodos e triangulação a um número limitado de casos Se quiser elaborar tipologia, é necessário o recurso a contraexemplos Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 19

Controle e Recursos Dados devem ser selecionados de forma a permitir grau de controle e comparabilidade das informações Deve-se decidir em que nível as comparações dos dados será feito (indivíduos, situações, instituições, fenômenos) Deve-se planejar a pesquisa tendo em vista recursos quantas horas de entrevista, quantas horas de transcrição, quantas horas para aprender o software (caso use) etc... Uso de atalhos (p.ex. transcrever apenas parte da entrevista) é admissível caso prazos sejam apertados Grupo Inovação Instituto de Economia da UFRJ 20